Rumo ao século XXXI

O filme Guardiões da Galáxia estreia hoje na Capital, estimando faturar até US$ 60 milhões em seu fim de semana de estreia

DIÁRIO DA MANHÃ | JOHNY CÂNDIDO

Preparado para fazer uma viagem ao futuro? Avançar para o século XXXI em uma aventura fictícia com muita ação? Isso é o que vai acontecer com os espectadores do filme Guardiões da Galáxia. O longa-metragem tem lançamento marcado para hoje, na Capital e em todo País. Com duração de duas horas e um minuto, pretende prender a atenção do público em eletrizantes acontecimentos no espaço.

Com orçamento em 170 milhões de dólares, almeja ser recorde de bilheteria. Dirigido por James Gunn, traz grandes nomes do cinema americano, como Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Lee Pace, Benicio Del Toro, Karen Gillan, Glenn Close, John C. Reilly, entre outros.

O filme faz parte da segunda fase cinematográfica da Marvel, chamada de “Fase 2: A Estrada para os próximos Vingadores”, integrando o universo já formado por Capitão América, Homem de Ferro, Thor e Hulk.

Guardians of the Galaxy

De acordo com o site Adoro Cinema, a história acontece em uma Terra alternativa do século XXXI, o aventureiro Peter Quill (Chris Pratt) rouba uma esfera pertencente ao poderoso vilão Ronan, e passa a ser procurado por vários caçadores de recompensa. Esses super-heróis espaciais formam uma equipe constituída pelo líder Senhor das Estrelas e os outros membros fazem parte de uma espécie de patrulha que tenta impedir crises galácticas antes que elas aconteçam.

Para escapar do perigo, Peter une forças com quatro personagens fora do sistema: Groot, uma árvore humanoide (Vin Diesel), a sombria e perigosa Gamora (Zoe Saldana), o texugo rápido no gatilho Rocket Racoon (Bradley Cooper) e o vingativo Drax, o Destruidor (Dave Bautista). Mas Quill descobre que a esfera roubada possui um poder capaz de mudar os rumos do universo, e logo o grupo deverá proteger o objeto para salvar o futuro da galáxia.

Guardiões da Galáxia é baseado na equipe ficcional, pertencente ao universo da Marvel Comics. No filme, um piloto da Força Aérea vai para o espaço e fica no meio de um conflito cósmico. Ele vai tentar fugir com um grupo futurista de ex-condenados que tem algo que interessa a ele.

Para fugir do sempre persistente Ronan, Peter é forçado a uma difícil missão com o seu quarteto de desajustados. Mas quando Peter descobre o verdadeiro poder de uma “Orb” e a ameaça que ele impõe ao cosmos, ele deve fazer o seu melhor para guiar seus rivais para uma última e desesperada resistência com o futuro da Galáxia na balança.

Luz, câmera e ação

As filmagens começaram no dia seis de julho do ano passado. Em 20 de junho de 2013, James Gunn e o elenco do filme voaram de Londres para San Diego Comic – Con International de 2013, onde foi revelado que Lee Pace interpretaria Ronan O Acusador, Karen Gillan seria Nebula, Benicio del Toro como O Collector e Djimon Hounsou tinha sido escolhido para Korath. Mais tarde foi revelado que Glenn Close seria Nova Prime. Também na convenção de San Diego, Kevin Feige declarou que Thanos faria parte do filme como um Mentor.

No dia 11 de agosto as filmagens começaram no Millennium Bridge , em Londres. No mesmo dia, o Deadline.com informou que Vin Diesel estava em negociações para interpretar Groot, depois de se reunir com a Marvel no início de julho para um papel em um de seus filmes. No dia 22, o The Hollywood Reporter informou que a Marvel Studios estava em negociações com Bradley Cooper para dar voz a Rocket Raccoon.

Em 27 de agosto, em uma entrevista para o The Hollywood Reporter, Vin Diesel afirmou que estava em negociações para estrelar um novo filme da Fase 3, mas depois de ouvir a reação dos fãs na Comic-Con, a Marvel lhe apresentou a oportunidade de dar a voz de Groot e fornecer caráter de captura de movimento. Em 30 de agosto de 2013, a Marvel confirmou oficialmente Bradley Cooper como a voz por trás de Rocket Raccoon.

Guardiões da Galáxia 2

Através de um vídeo gravado em Londres, o diretor James Gunn e o ator Chris Pratt anunciaram que Guardiões da Galáxia 2 será lançado em 27 de julho de 2017. A divulgação veio menos de uma semana antes do lançamento de Guardiões da Galáxia nos cinemas americanos e brasileiros, o que demonstra a confiança da Marvel em um bom desempenho do filme nas bilheterias. Estimativas indicam que ele pode faturar até US$ 60 milhões em seu fim de semana de estreia nos Estados Unidos.

Há pouco mais de uma semana, a Marvel divulgou seu calendário de estreias até 2019. Dias depois, incluiu mais um filme em 2018. O motivo, segundo o produtor Kevin Feige, era reservar as datas com antecedência, para que elas não fossem ocupadas por grandes lançamentos de outros estúdios. Entretanto, sete dos longa-metragens previstos ainda eram uma incógnita.

Confira o calendário de estreias da Marvel para os próximos cinco anos

    1. 2014 – Guardiões da Galáxia: 1º de agosto
    2. 2015 – Os Vingadores 2: A Era de Ultron: 1º de maio e Homem-Formiga: 17 de julho
    3. 2016 – Capitão América 3: 6 de maio e filme indefinido (acredita-se que será Dr. Estranho): 8 de julho
    4. 2017 – Filme indefinido: 5 de maio, Guardiões da Galáxia 2: 27 de julho e filme indefinido: 3 de novembro
    5. 2018 – Filme indefinido: (possivelmente Os Vingadores 3): 4 de maio, filme indefinido: 6 de julho e filme indefinido: 2 de novembro
    6. 2019 – Filme indefinido: 3 de maio

Classificação

Lançamento: 31 de julho de 2014

Duração: 2h1min

Dirigido por: James Gunn (II)

Atores principais: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Lee Pace, Benicio Del Toro, Karen Gillan, Glenn Close e John C. Reilly

Gênero: Ficção científica e ação

Nacionalidade: EUA

Título original: Guardians Of The Galaxy    

Distribuidor: Disney/Buena Vista       

Ano de produção: 2014    

Orçamento: US$ 170 milhões 

Língua: Inglês

Cor: Colorido      

Tipo de filme: longa-metragem

Assista ao trailer:

Agricultura familiar: uma revolução silenciosa no campo

A revolução silenciosa na área rural brasileira é consequência da organização dos trabalhadores rurais que assumiram a reforma agrária na prática.

Carta Maior | Najar Tubino

 
Arquivo

Porto Alegre (RS)– Esta é uma história que tenta retratar algumas mudanças ocorridas na zona rural brasileira nos últimos anos e que, certamente, não estão nas estatísticas. Uma das fontes consultadas é o trabalho divulgado em dezembro de 2013 pela Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo Federal, realizado pelo IPEA, IBGE e analisado pelos pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O trabalho é sobre Agroindústria Rural no Brasil. O IBGE registra, com base no censo de 2006, que 16,7% dos estabelecimentos rurais do país praticaram algum tipo de transformação da matéria-prima produzida. A agricultura familiar no país envolve 4,3 milhões de estabelecimentos rurais, com mais de 12 milhões de pessoas trabalhando, representa 38% do Valor Bruto de Produção – R$54,5 bilhões -, embora ocupe menos de 25% da área agriculturável.

A agroindústria familiar, portanto, é um passo a mais na organização da agricultura familiar, com investimentos em manufaturas, em produtos elaborados, alimentícios, que vão desde as farinhas, como de mandioca e de milho, pães, biscoitos, doces e geleias, além de mel, mas também embutidos, queijos, aguardente e vinho. O trabalho selecionou, com as devidas estatísticas por estado e por região, 32 produtos produzidos. Desses nove são os mais importantes. No caso da região nordeste e norte, é preciso acrescentar a rapadura e a tapioca.
 
Somente agroindústrias que produzem farinha de mandioca no país são mais de 266 mil, sendo que a maioria no Nordeste, quase150 mil. O Brasil produzia 30 milhões de toneladas de mandioca na década de 1970. Agora produz 21 milhões e faltam sementes. A farinha de mandioca, que faz parte do cálculo da inflação, subiu mais de 100% nos últimos anos.

PRONAF está em todo o país

A citação da região Nordeste é mais do que óbvia. É lá que está a maioria das propriedades familiares, mais de 50% segundo a estatística, e também é lá que os agricultores e agricultoras mais acessam o PRONAF, o programa de financiamento da agricultura familiar, que este ano vai investir mais de 24 bilhões de reais no segmento. Aliás, o PRONAF é um programa que está presente em todos os 5.460 municípios do país. A Revolução Silenciosa na área rural na verdade é consequência da organização dos agricultores e agricultoras, de trabalhadores rurais que assumiram a reforma agrária na prática, transformando suas áreas em campos de produção de alimentos para o país, não para exportação. Além disso, uma parte dele, produzidos sem agroquímicos, principalmente, sem veneno.

É claro, que isto não se tornaria uma realidade se não fossem as políticas públicas conquistadas de baixo para cima, como é o caso do PRONAF, dos Programas de Aquisição de Alimentos, do Programa Nacional da Merenda Escolar, e agora, mais recente, o Plano Nacional de Produção Orgânica e Agroecológica (PLANAPO), que também está viabilizando linhas de financiamento para a agricultura familiar, com juro de 1% ao ano.

Comida é uma questão de saúde

A questão da produção de alimentos e da agroindústria familiar, que também envolve a produção de alimentos, não é uma simples questão econômica. A começar pela falta de dados e informações atualizadas, fato reconhecido no próprio trabalho citado. Estamos falando de mudanças sociais, culturais e de saúde. Já é notório o fato do Brasil ser o quinto país do mundo em obesidade, de mais de 50% da população estar acima do peso, sendo 17% na condição de obesos. A dieta veiculada nos meios de comunicação está levando o Planeta para um ciclo vicioso que só beneficia a indústria química, a mesma que produz agrotóxico e remédios.
 
Isso não é uma coincidência.

A receita inventada pelos estadunidenses de consumo de sanduíches gordurosos e xaropes gaseificados levou a uma completa desorganização das dietas dos povos. “Amar tudo isso” ou “abrir a felicidade” se transformou numa armadilha que alavancou as estatísticas de obesidade, por consequência, de diabetes, doenças coronárias e hipertensão. O que foi vendido como a modernização da agricultura, com índices imbatíveis de produtividade, milagres na produção de commodities, hoje em dia, não passa de uma falácia de péssima categoria. Junto com a modernização da agricultura, ao mesmo tempo cresceram as redes de supermercados, hipermercados e shoppings centers.

A agricultura familiar ficou relegada ao patinho feio das produções de Hollywood. Era ineficaz, sem qualidade e a única saída era debandar para os grandes centros urbanos, onde as oportunidades na indústria e na construção civil surgiam como milagrosas. Hoje se sabe bem o inferno que viraram as metrópoles. A população está doente, sofre diariamente para se mover, come mal e ainda sofre com a violência em diversos estágios. Para os apóstolos do neoliberalismo, o mundo seria de concreto, a comida totalmente industrializada, inclusive com pílulas astronáuticas, e o campo uma modelo de indústria de ponta, com suas potentes colheitadeiras e seus tratores com GPS e pulverizadores eletrônicos, que dosificam milimetricamente o veneno necessário para a planta transgênica produzir.

Onde está a estatística?

Lascaram-se. O povo do campo, que realmente vive e produz onde mora se organizou. Não só produz como industrializa. Além disso, vende diretamente em feiras de todo tipo. Na capital paulista funcionam 850 feiras livres, mais de 16 mil barracas, uma história que iniciou no século XVII. Claro que este tipo de feira convencional é formada por comerciantes, outra por produtores, e mais recentemente, uma parte de agroecologistas. São 140 feiras no país de caráter agroecológico, segundo pesquisa feita em 2012 pelo IDEC, o Instituto de Defesa do Consumidor, juntamente com outras organizações que trabalham com agroecologia. Entretanto, o movimento das feiras, quer ecológicas, ou feiras de produtores, que trazem seus produtos uma ou duas vezes por semana para vender na cidade, é disseminado pelo país. Em Fortaleza são 76 feiras livres. Em Recife são 17. Porto Alegre tem a feira mais antiga em agroecologia, no Bairro Bonfim, desde 1989. Passam mais de cinco mil pessoas no sábado pela feira. O Rio de Janeiro tem 25 feiras agroecológicas. Somente cinco capitais não tem feira ecológica – Cuiabá e Boa Vista, estão entre elas.

Na Paraíba, no Polo da Borborema, com 15 municípios, funcionam oito feiras agroecológicas. Em março desse ano, os agricultores e agricultoras realizaram a 5ª Marcha das Mulheres pela Vida e pela Agroecologia. Participaram 3.500 mulheres no município de Massaranduba. Feira livre, feira agroecológica, estamos falando de relações econômicas, de compra e venda, de produtos consumidos pela população de todas as faixas, mas principalmente, da que tem menor poder aquisitivo. Isso não está na estatística. Os preços das verduras, frutas e cereais nas feiras são mais baratos do que no supermercado, além da vantagem de negociar o preço com o feirante ou produtor. Sem contar a hora da “xepa”, no final da feira, quando os preços caem. Em 2002, os supermercados faturavam 7% do total comercializado com hortifrutigranjeiros.

A Monsanto em Petrolina

As feiras se tornaram o canal de comercialização, mas também o canal de comunicação e de divulgação de um novo tipo de agricultura que existe no campo. Também resgatou a importância dos costumes locais, da comida da vovó, das verduras e legumes sem agrotóxicos, em casos mais específicos. Principalmente, derrubaram a supremacia das grandes corporações do varejo, das corporações de commodities e, agora, da transgenia. A Monsanto trabalha na produção de sementes de hortaliças. Em Petrolina comprou duas fazendas – uma com 186 ha e outra com 64 ha – e montou seu complexo tecnológico de pesquisa dentro do perímetro irrigado, que terá a mesma função que o Havaí tem em relação aos Estados Unidos, para a produção de sementes. Trabalham com milho, depois sorgo, algodão, cana e milho doce. Nos próximos cinco anos será o centro responsável pelos lançamentos da multinacional. O semiárido, com água, favorece a produção, com até quatro safras, dependendo da cultura. Isso acelera o trabalho que seria muito maior, e mais caro, no Sul ou no Sudeste. A Monsanto inaugurou este centro em março de 2013, embora estivesse na área desde 2009. É o 19º centro de pesquisa no Brasil – ela tem 36 unidades no país.

Capacidade de resistência

“- Em que pese uma trajetória genérica de apropriação e concentração das atividades de processamento alimentar por grandes conglomerados industriais a agroindústria rural continua revelando uma notória capacidade de resiliência.
 
Assim, diferente do que se preconizava no auge da modernização da agricultura, a atividade está longe de ser um resquício, pelo contrário, trata-se de uma expressão absolutamente contemporânea de emergência de novas trajetórias de desenvolvimento no mundo rural”, registra o trabalho Agroindústria Rural no Brasil.

Outra citação: “a agricultura familiar responde pela maior parcela de valores agregados a produção associados à transformação dos alimentos. É responsável por 78,40% da agregação de valor, enquanto a agricultura não familiar abarca uma percentagem de 21,60%”. O Nordeste aparece em primeiro lugar com 43% dos valores agregados aos alimentos, seguido pelo Sudeste com 24%, o Norte com 21%, O Sul com 8% e o Centro-Oeste com 4%. Os pesquisadores ressaltaram que os dados não computaram as vendas para os programas PAA e PNAE, sem contar o crescimento das feiras de vendas diretas em todo o país.

Se a Monsanto se instalou no semiárido, região onde a ASA desenvolve o trabalho mais eficiente que existe neste país de organização de agricultores e agricultoras familiares, com a implantação de tecnologias de convivência com as agruras da seca, os próprios sertanejos tratam de dar o troco. No dia 18 de julho começa no município de Pedro II, no Piauí, o I Festival das Sementes da Fartura, como eles denominam as sementes crioulas. Na Paraíba são as sementes da paixão, onde já funcionam 225 bancos de sementes. A ASA tem registro de mais de mil práticas de uso e troca das sementes crioulas, envolvendo quase 20 mil famílias. No Piauí participarão 800 agricultores e agricultoras. Também não tem feira agroecológica ou livre nesse Brasil afora que eles não troquem semente. Enquanto as corporações despejam bilhões de dólares em marketing, para vender um mundo de facilidades inúteis e prejudicais à saúde da população e ao ambiente do Planeta, os sertanejos e outros brasileiros espalham o seu conhecimento e suas práticas no silêncio. 

Créditos da foto: Arquivo

2002, 2006, 2008, 2014: continua o genocídio sionista em Gaza

Reprodução

O objetivo do genocídio é a submissão total de um povo a outro; é uma decisão política para quebrar o espírito de resistência dos opositores

Achille Lollo, de Roma (Itália)

Pela sexta vez, em menos de oito anos, tive de escrever uma página do jor­nal para relatar o massacre dos palesti­nos em Gaza. Um genocídio politicamen­te autorizado pelo governo sionista de Benjamin Netanyahu. Um crime contra a humanidade planejado pelos generais do Tzahal e executado, cada vez mais cien­tificamente, por 74 mil soldados e cente­nas de pilotos.

Enfim, um massacre que 86% daque­le povo que se acha predileto e escolhido por Deus invoca, aplaudindo todos aque­les que o realizam, para depois linchar, física e verbalmente, quem denuncia e defende o direito dos palestinos em ter um Estado livre e independente.

Por outro lado, quem, minimamen­te critica ou questiona esse contexto só­cio-político é logo censurado, estigmati­zado, difamado e, sobretudo, acusado de ser um anti-semita.

E foi o que aconteceu com Gianni Vat­timo, filósofo e ex-deputado da esquerda no Parlamento Europeu, que em uma en­trevista condenou os sionistas pela forma bárbara com que perseguem os palesti­nos desde 1948, sublinhando que “o cer­co mortal que o exército de Israel está re­alizando em Gaza é a repetição histórica do que fizeram os nazistas”.

Logo, em toda a Europa insurgiu o lo­bby midiático sionista para varrer Gian­ni Vattimo com a infamante acusação de ser um anti-semita. Somente indivídu­os ignorantes, sectários e culturalmente pobres que nunca leram um livro desse filósofo puderam detrair, injustamente, Vattimo. Entretanto, no dia 27 de julho, o lobby sionista voltou a atuar contra a cantora israelense Noa, que devia reali­zar um show em Milão, no Teatro Man­zoni. Um cancelamento feito na última hora que, na realidade, foi decidido em Tel-Aviv e implementado em Milão pela “ADEI-WIZE-Mulheres Judaicas da Itá­lia”, com o explícito motivo de censurar e punir Noa, que – por ser uma celebri­dade em Israel e no mundo – havia “ou­sado” ir a Ramallah para se encontrar com o presidente da ANP, Abu Mazem e depois declarar aos repórteres: “Sim, encontrei o líder dos palestinos em Ra­mallah e creio que Abu Mazen quer mes­mo a paz , porém, não posso dizer o mes­mo do líder do meu país” – uma atitude que faz lembrar o “ame-o ou deixe-o” da ditadura brasileira.

Um massacre histórico

Obama e o Partido Democrata sabem muito bem que as imagens dos 1.296 civis palestinos, na maioria crianças, adolescentes e mulheres, assassinados em Gaza pelos jatos e tanques do exér­cito sionista, bem como os 7 mil feridos terão um peso determinante na esco­lha do próximo candidato à presidên­cia dos EUA.

Por isso, Obama virou um presiden­te bicéfalo. Quando está fechado na Ca­sa Branca, declara que Israel tem todo o direito a se defender, repassando-lhe 1,6 bilhão de dólares para comprar da indús­tria militar dos EUA jatos, navios, fogue­tes e bombas de todo tipo. Depois, quan­do se encontra com os jornalistas, fala como um marciano que, pela primeira vez, descobre que na terra há um conflito em um território chamado Gaza, onde é preciso uma trégua além de abrandar as operações para socorrer os civis.

O cinismo de Obama, mas também de François Hollande, Angela Merkel, Nick Cameron e do próprio presidente italia­no, Giorgio Napolitano, é tão seleto, tão bem dissimulado que muitos acreditam que os apelos para uma trégua humani­tária de 8 horas sejam verdadeiros ape­los para a paz.

Na realidade, todos eles querem que o exército do governo sionista seja me­nos açougueiro e mais cirurgião. Todos eles esperam que Israel consiga que­brar o Hamas, porque esse é o último sustentáculo da luta de resistência do povo palestino.

Se o Hamas for derrotado, com a con­sequente desmilitarização e monitora­mento internacional-sionista das ativi­dades políticas na Faixa de Gaza, todo o povo palestino ficará definitivamente desbaratado e vencido. Pois, nos últimos dez anos, o Estado de Israel conseguiu aprisionar o povo palestino limitando a representação política da chamada ANP (Autoridade Nacional Palestina) em ter­ritórios, praticamente separados e fecha­dos pelo Muro da Vergonha e por corre­dores rodoviários municiados pelo exér­cito sionista.

Acordos de Oslo

Por outro lado, os governos ociden­tais e também os árabes ficaram calados diante da contínua ocupação de terras palestinas para construir colônias e con­domínios judaicos – um projeto financia­do por transnacionais e bancos europeus e estadunidenses que, gradualmente, de­sarticulam e desintegram a única vitória de Yasser Arafat nos Acordos de Oslo, is­to é: a esperança de construir um Estado palestino independente.

Hoje, a esperança de poder, finalmen­te, realizar o projeto político “Dois Es­tados para Dois Povos”, com a criação do Estado da Palestina, livre e indepen­dente, ao lado do Estado de Israel pra­ticamente morreu com a operação mili­tar “Protective Edge”, na qual prevale­ceu a sistematização do massacre e a ló­gica do extermínio, nos moldes do que dizia Karl Von Clausewitz “A guerra na­da mais é que a continuação da política por outros meios”.

Porém, é preciso sublinhar que o go­verno sionista não foi o único responsá­vel desse crime histórico. Benjamin Ne­tanyahu e Shimon Peres, hoje, são ape­nas os coveiros de um processo histórico repleto de finalidades ambíguas e opor­tunistas, já que os Acordos de Oslo, em 1993, foram também a solução que a Ca­sa Branca encontrou para engavetar as reivindicações de Arafat e permitir a Tel Aviv controlar a primeira Intifada, que explodiu, em 1987, como um grande le­vante popular do povo palestino. Levan­te que tinha referências políticas especí­ficas ditadas pelas organizações revolu­cionárias (Al-Fatah, FPLP, FDLP) que, por isso, foram massivamente reprimi­das pelo exército sionista.

De fato, o aprisionamento da maior parte dos dirigentes e militantes dessas organizações foi também uma contribui­ção política da burguesia palestina que, em troca, ganhou o direito de enriquecer fazendo grandes negócios com a indús­tria israelense graças aos planos de ajuda internacional para a reconstrução das ci­dades da Cisjordânia.

Por exemplo, após o assassinato, por agentes sionistas do Mossad, do então secretário-geral da FPLP, Abu Ali Mus­tafá (que substituiu George Habash, um dos fundadores da FPLP), o governo sio­nista exigiu, em 2002, que a polícia da ANP prendesse em Gaza Ahmad Sa’adat, o novo secretário-geral da Frente Popu­lar pela Libertação da Palestina (FPLP). Ahmad Sa’adat foi preso e depois entre­gue aos tribunais israelenses que o con­denaram a 30 anos de isolamento, finali­zando, assim, o processo de decapitação política das organizações revolucionárias e marxistas palestinas.

O papel do Hamas

Se organizações como Al-Fatah, FPLP, FDLP, CG-FLP nasceram para derrotar o Estado de Israel, o Hamas vi­rou opositor de Israel por efeito da con­juntura política. De fato, o Hamas foi criado em 1987 pelos xeques Ahmed Yassim, Mohammad Taha e Abdel Aziz al-Rantissi, que representavam a ala palestina na Irmandade Muçulmana do Egito, oficialmente reconhecida em Is­rael. A Arábia Saudita financiou o pro­jeto dos três xeques para, inicialmente, desenvolver uma ampla assistência so­cial, a construção de mesquitas e uma intensa ação comunitária na Cisjordâ­nia e na Faixa de Gaza.

O partido político do Hamas apare­ceu somente depois da primeira Intifa­da, para depois, em 2006, assumir uma dimensão nacional derrotando o Al-Fa­tah nas eleições para o Parlamento Pa­lestino, para o governo da Faixa de Ga­za e das cidades de Nablus e Qalqilyah. Em 2007, os combates para expulsar o Al-Fatah de Gaza determinaram a afir­mação do braço militar do Hamas, de­nominado Brigadas Izz ad-Din al-Qas­sam. Começava, então, para o Hamas uma nova perspectiva política e militar, virada para o enfrentamento direto com Estado sionista e para criar um Estado muçulmano palestino. Uma tese que, em 1988, era vagamente mencionada na Carta de Princípios do Hamas.

Para o governo sionista, a atividade be­neficente do Hamas continua sendo a fa­chada artificial de uma organização fun­damentalista, voltada para mobilizar e transformar os jovens palestinos em ter­roristas. Na realidade, a popularidade do Hamas é uma consequência dos erros do grupo político majoritário do Al-Fatah, ligado a Yasser Arafat, e da conduta cor­rupta da burguesia palestina, cujo candi­dato à sucessão de Arafat foi o inexpres­sivo Abu Mazen.

Por isso, nessas condições específicas e com o Estado de Israel que aumentava a repressão e o latrocínio das terras, o Ha­mas se tornou o símbolo da resistência para a maioria dos palestinos. Um sen­timento que, inevitavelmente, concreti­zou-se em pouco tempo, também, graças às ações violentas praticadas pelos co­lonos e, sobretudo, pelo exército sionis­ta nas inúmeras tentativas de subjugar e expulsar o Hamas de Gaza.

Podemos, portanto, dizer que em Ga­za se fechou o ciclo político do Al-Fatah, a partir do qual a luta do povo palestino assumiu uma nova dimensão, determi­nada por um novo ciclo que as três ver­tentes políticas do Hamas decidiram as­sumir diante da arrogância expansionis­ta do Estado sionista.

Responsabilidades da ONU

Quando em julho de 2001, em entre­vista a uma rádio, o falecido ministro do Turismo de Israel, Rehavam Ze’evi, líder da extrema-direita sionista, manifestou­-se publicamente a favor da limpeza ét­nica dos palestinos, afirmando: “Nós de­vemos nos livrar daqueles que não são cidadãos israelenses como quem se li­vra de um câncer”, a ONU, e em parti­cular o Conselho de Segurança, deveria ter tomado uma drástica posição, porque aquelas declarações, proferidas publica­mente por um membro do governo isra­elense, na realidade, revelavam como a política da impunidade havia transfigu­rado os ideais do sionismo.

No Conselho de Segurança daqueles anos, ninguém quis entender que as pa­lavras de Ze’evi não eram apenas slogans de um extremista direitista. Lamentavel­mente, a partir desse período, os concei­tos de limpeza étnica e de separação ter­ritorial começaram a ganhar o coração e as mentes da maioria dos cidadãos do Estado de Israel.

Mesmo assim e apesar do que tinha acontecido em Beirute e no sul do Líba­no, o Conselho de Segurança nunca cau­telou o povo palestino com uma resolu­ção efetiva e capaz de garantir com auto­ridade a paz e a convivência entre o po­vo judeu e o palestino. Um Conselho de Segurança que, também, nunca pensou que os palestinos tivessem direito a ter um próprio Estado, já que os interesses geoestratégicos dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da França sempre jus­tificaram o veto político, enquanto as poucas resoluções que saíram em favor do povo palestino, na realidade, nunca foram implementadas.

Hoje, a patética aparição do secretário­-geral da ONU, Ban Ki-moon evidencia, ainda mais, a incapacidade estrutural das Nações Unidas de ser, efetivamente, a entidade mundial que tem uma reco­nhecida autoridade política e moral ap­ta a se colocar acima dos interesses dos governos. Por outro lado, a continuação de um massacre realizado por um exérci­to considerado um dos mais fortes e bem equipado do mundo demonstra quanto é inútil um Conselho de Segurança que é eficaz em defender, sobretudo, os in­teresses geoestratégicos das grandes po­tências imperiais, porém, incapaz de ga­rantir a paz, a convivência e a segurança a todo o mundo.

Chile: Justiça acusa 18 pessoas de envolvimento em extermínio de militantes

Reprodução/Contra Injerência

Dos acusados, quatro são altos oficiais do Exército Chileno e serão processados por participação em associação ilícita e por homicídio

31/07/2014

Da Adital

Trinta anos após o crime, o juiz Carlos Aldana Fuentes acusou 18 pessoas por envolvimento no extermínio de sete militantes do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR, na sigla em espanhol), ocorrido em 23 de agosto de 1984, nas cidades de Hualpencillo, Talcahuano, Concepción, Los Ángeles e Valdivia, na região sul do Chile. Dos acusados, quatro são altos oficiais do Exército do país e serão processados por participação em associação ilícita e por homicídio. Eles teriam planejado e liderado o homicídio do grupo na Operação Alfa Carbón 1.

São eles: Marcos Spiros Derpich Miranda, à época coronel do Exército, chefe e supervisor da operação; Álvaro Julio Federico Corbalán Castilla, major do Exército, um dos chefes de operação, hoje preso por vários outros crimes; Jorge Camilo Mandiola Arredondo, major do Exército, chefe regional da Central Nacional de Informações (CNI) em Concepción; e Patricio Lorenzo Castro Muñoz, apelidado de “El Bejota”, então capitão do Exército.

Os outros 14 acusados deverão responder apenas por homicídio: Roberto Antonio Farías Santelices, Luis Hernán Gálvez Navarro, Manuel Morales Acevedo, José Abel Aravena Ruiz, Luis Enrique Andaur Leiva, Sergio Mateluna Pino, José Zapata Zapata, Bruno Soto Aravena, Luis Alberto Moraga Tresckow, Óscar Boehmwald Soto, Gerardo Meza Acuña, Patricio Alfredo Berton Campos, Luis René Torres Méndez e a única mulher, Ema Verónica Ceballos Núñez.

A CNI era considerada uma “associação ilícita”, que operava dentro do Exército, planejando, por vários meses, assassinatos em série sob o nome de Operação Alfa Carbón 1. O número leva à suposição de que haveria outras ações previstas para a região sul do país, tal como ocorreu três anos depois, nos dias 15 e 16 de junho de 1987, com a Operação Albania (ou Matança de Corpus Christi), que assassinou 12 membros da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR), do Partido Comunista. Anos depois, Hugo Dolmestch, ministro da Corte Suprema do Chile, chamou a Alfa Carbón de “Operação Albania do Sul”.

Na época em que houve os sete assassinatos, planejados em detalhes e executados a sangue frio, o fato foi apresentado à imprensa como “enfrentamentos”, com a cumplicidade de grandes meios de comunicação. Vivendo um Regime Militar (de 1973 a 1990), encabeçado pelo general Augusto Pinochet, o Governo do Chile pretendia exportar uma imagem internacional de “luta permanente contra o terrorismo armado marxista”, tentando ocultar o crescente êxito político da resistência e a oposição à ditadura.

O MIR é uma organização ainda existente no Chile, de extrema esquerda, fundada em 1965, com a finalidade de combater o capitalismo e conquistar o poder político para operários e camponeses, de orientação marxista-leninista. No caso de 1984, foram mortos Luciano Humberto Aedo Arias (30 anos), Nelson Adrián Herrera Riveros (31), Mario Octavio Lagos Rodríguez (32), Mario Ernesto Mujica Barros (32), Rogelio Humberto Tapia de la Puente (31), Raúl Jaime Barrientos Matamala (24) e Juan José Boncompte Andreu (31).

Além dos assassinatos, diferentes operações simultâneas em Concepción, Los Ángeles, Temuco e Valdivia, da CNI, detiveram 19 pessoas, que vinham sendo vigiadas desde o início de 1984, incluindo uma menina de quatro anos de idade. Os homicídios foram ordenados e monitorados pela Direção Nacional da CNI, cujo chefe era o general Humberto Gordon Rubio (já falecido), sucedido pelo coronel Hugo Salas Wenzel, promovido depois a general. Este último cumpre prisão perpétua como protagonista da Operação Albania.

Dia mais sangrento da ofensiva israelense deixa 119 mortos e 500 feridos em Gaza

Reprodução

Total de mortos chega a 1.349 e os feridos são mais de 7,5 mil, a maioria civis, incluindo mulheres e crianças

31/07/2014

Da Redação*

As Forças Armadas de Israel mataram 119 palestinos e deixaram mais de 500 feridos na Faixa de Gaza nesta quarta-feira (30). As informações são dos agentes humanitários em território palestino. Com esses números, ontem foi o dia mais sangrento desde o início da atual ofensiva militar israelense.

O porta-voz do Ministério da Saúde em Gaza, Ashraf al Qedra, especificou que os dois episódios mais graves ocorreram quando o Exército israelense atingiu uma escola gerida pela ONU no norte da Faixa de Gaza e um mercado na capital.

O porta-voz detalhou que o total de mortos desde o início da ofensiva israelense, que começou em 8 de julho, chega a 1.349 e os feridos são mais de 7,5 mil, a maioria civis, inclusive mulheres e crianças.

O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, declarou hoje (31) a Faixa de Gaza como “área de desastre humanitário” e pediu à comunidade internacional para proteger e dar assistência à região devastada pela ofensiva israelense.

O dirigente palestino acusa Israel de cometer crimes de guerra e aconselha a ONU a pressionar as instituições internacionais para que enviem ajuda de emergência à Faixa.

*com informações do Opera Mundi

Indústria do Amazonas cobra novo porto público para regular mercado

Hoje é mais caro transportar de Manaus para Santos do que de Shangai para Santos

Portal Amazônia

MANAUS – A indústria defende a instalação de um novo porto público em Manaus, para regular o mercado, ampliar a competitividade e reduzir os custos de transporte. A análise é do coordenador da Comissão de Assuntos de Transporte e Logística da Fieam em parceria com o Cieam, Augusto César Barreto Rocha, doutor em Engenharia de Transportes. Ele cita o caso do porto do Centro da cidade desalfandegado pela Receita Federal como uma deficiência portuária.

Na questão do custo elevado, Rocha afirma que hoje é mais caro transportar de Manaus para Santos do que de Shangai para Santos. O que torna economicamente viável o transporte por rodovias do que pelo modal aquaviário. De acordo com a Comissão, há uma expectativa por iniciativas privadas e uma iniciativa pública onde era a Siderama. “Entendemos que há a necessidade de novos portos em Manaus. Temos deficiência de portos, pois no passado tínhamos Porto Público (que serve para regular o mercado) e hoje em dia não temos mais”, frisou Rocha. O Roadway, porto do Centro da cidade, foi desalfandegado pela Receita Federal e também possui limitações de área no retroporto.

Segundo Rocha, o custo Brasil somado ao custo Amazônia são elevados, principal entrave que prejudica o tempo de permanência das cargas nos portos privados de Manaus (transbordo e burocracia dos órgão públicos). “Os custos são elevados. Hoje é mais caro transportar de Manaus para Santos do que de Shangai para Santos. Como avaliação adicional hoje é por vezes mais econômico o transporte por rodovias do que pelo modal aquaviário”, afirma.

Ainda segundo Rocha, não é possível indicar uma única fonte de custos. “O problema é a soma de um conjunto de ineficiências, que especialistas têm chamado de Custo Brasil: excesso de taxas, custo de mão de obra elevado, custo operacional elevado, baixa automatização, excesso de regulações, exigências excessivas etc.”, explicou.

Na comparação dos portos de sucesso na questão de eficiência na logística: Roterdã, na Holanda, maior porto marítimo da Europa e o Porto de Shangai o maior na China, Manaus permanece no século passado. “Devido ao excesso de custo e pouco investimento público”, frisou Rocha. Para ele o serviço de transportes é de responsabilidade do governo. “O serviço de transportes é papel do governo. No caso dos portos, é papel do governo federal”, disse.

Praticagem

Outro fator apontado por Augusto Rocha, que aumenta consideravelmente os custos de transportes para Manaus é o serviço de praticagem. Entre a foz do rio Amazonas até Manaus há duas Zonas de Praticagem. “A primeira começa em Fazendinha (AP) e vai até Itacoatiara (AM) e a segunda é de Itacoatiara para Manaus (AM). Assim, os navios precisam de práticos o que eleva os custos operacionais e às vezes eleva a espera”.

De acordo com Rocha, a região que gera entrave é Tabocal (PA), pois naquela área há restrições de calado que limitam a passagem de navios de maior porte. “Temos realizado demandas para ampliar o calado da região, de tal forma que navios maiores possam vir até Manaus e que não existam restrições para capacidade dos navios que vêm até aqui”, informou.

Ainda não é possível criar uma rota por alto mar para evitar essas duas passagens, Fazendinha (AP) e Tabocal (PA), consideradas gargalos logístico pelos gestores de portos privados operando em Manaus. A Comissão acredita que novos investimentos são a solução para viabilizar (custo x tempo) para esse setor, de fundamental, importância para a sobrevivência do Polo Industrial de Manaus. “Entendemos que a liberação de outros terminais privados, a criação de um porto público e também a dragagem da região do Tabocal (PA) poderão contribuir bastante”, sugeriu o coordenador.

Para o modal aquaviário a pauta da Comissão tem sido em torno da criação de um porto público, para regular a operação e balizar os custos operacionais. Da liberação do Porto das Lages e apoio a Portonaus e qualquer novo empreendimento portuário.

A empresa Portonaus S.A. é um terminal portuário que tem como objetivo desenvolver soluções logísticas de apoio à Indústria e Comércio de Manaus e servir de base às operações de cabotagem, armazenagem e movimentação de contêineres. “A Portonaus também é um novo projeto para o setor a partir de 2016 e terá nosso apoio, como qualquer outro empreendimento que leve ao desenvolvimento da infraestrutura no Amazonas.

Para o desenvolvimento da indústria, Rocha, afirma que deve haver uma abundância de capacidade operacional simultânea, permitindo a atração de novas operações fabris”, disse o executivo.

Melhoria das hidrovias

De acordo com a Comissão é preciso melhoria na dragagem e sinalização no rio Amazonas e Solimões, dragagem em Tabocal (PA), permitindo uma melhor navegação de navios com contêineres em todos os meses do ano. Na época da vazante dos rios da região existem restrições de calado, fazendo com que os navios cobrem custos maiores para o transporte de contêineres para Manaus, uma vez que é reduzida a capacidade operacional dos navios, o que também gera incerteza com respeito ao tempo de trânsito para a região. “As hidrelétricas na região, quando construídas, devem possuir eclusas em seu projeto. Além de melhoria das vias de acesso aos portos; defendemos a presença de representação empresarial no Conaportos; Rodovia Lethem-Georgetown para permitir multimodal por Porto de Georgetown e Berbice (novo porto de águas profundas). O grande desafio é reduzir os custos de transporte”, concluiu Augusto Rocha.

 

Falta d’água em São Paulo muda cotidiano de famílias afetadas

 
Sabesp nega que exista racionamento ou restrição de consumo de água nos municípios.

Sabesp nega que exista racionamento ou restrição de consumo de água nos municípios.

Flickr/ Creative Commons

A população reclama da falta d’água, mas o governo do Estado de São Paulo nega que exista racionamento. Entre a estiagem recorde e a falta de planejamento público para evitar o problema, a crise no abastecimento de água assusta quem mora na cidade e também quem pretendia se instalar na capital paulista.

Rhossane Lemos, colaboração especial para RFI

Desde o ano passado não chove o suficiente em São Paulo para repor o nível da água dos mananciais que abastecem a população. O sistema Cantareira, formado por 5 reservatórios, mais perece um deserto nos últimos dias. Ele garantia água para cerca de 9 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo e nessa segunda-feira (28) o volume útil não ultrapassava a marca dos 8%. A SABESP, fornecedora de água do estado, recorre ao volume morto, uma reserva técnica de água que é acionada em casos de urgência. A companhia também foi obrigada a buscar água em outros sistemas como o Alto Tietê e o Gurapiranga.

A população convive há mais de um mês com racionamentos que chegam a até 21 horas de corte. Na casa da diarista Rosa Cardoso, em Diadema, ABC Paulista, não tem água nos fins de semana. “Eles cortam a água na sexta-feira e voltam a ligar na madrugada de segunda. Na casa da minha filha é ainda pior, porque falta água durante a semana também”, conta ela. Para garantir o abastecimento, a Sabesp conta atualmente com outros sistemas de captação de água e espera as chuvas anunciadas pelo fenômeno climático El Niño.

Crise da água altera projetos de vida

O administrador de empresas Raymundo de Freitas Junior conta que o prédio onde mora já é ambientalmente responsável, e eles aproveitam, por exemplo, a água da chuva. Mas mesmo assim, se a crise no abastecimento de água se agravar, Raymundo considera a possibilidade de mudar de cidade.
“Pessoalmente eu fico chateado porque estamos nos sacrificando cada vez mais na utilização consciente da água tratada, mas 40% da água é desperdiçada em encanamentos. Para apurar uma denúncia de vazamento, por exemplo, a empresa demora de 20 a 22 horas. Então, em último caso eu me mudaria de São Paulo, porque não dá para viver sem água”, desabafa Freitas.

A fotógrafa Isabelli Neri e o artista plástico Ari Vicentini tinham planos de mudar de Curitiba para morar em São Paulo até o final desse ano. Lá, eles têm perspectivas profissionais mais interessantes por conta da região ser um centro cultural efervescente. Mas o casal decidiu adiar a mudança por medo de ter que enfrentar racionamentos com o filho pequeno. “Não posso dizer que vou mudar para São Paulo nessa semana ou no próximo mês, sabendo que logo posso passar por uma situação extremamente ruim. Eu não quero passar por situações assim com meu filho de dois anos. É preciso pensar na questão ambiental em São Paulo para resguardar a qualidade de vida do paulista”, afirma ela, temerosa.

Sabesp nega crise no abastecimento de água

A assessoria de imprensa da Sabesp enviou uma nota a Rádio França Internacional em que afirma não existir rodízio, racionamento ou restrição de consumo de água em nenhum dos 364 municípios operados pela empresa no Estado de São Paulo. Ainda segundo a nota, a Sabesp vai garantir o abastecimento de água na Região Metropolitana de São Paulo até meados de março de 2015. A empresa acredita que, com a volta do período chuvoso na região, que inicia em outubro, os níveis de armazenamento dos sistemas que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo devem voltar à normalidade.

 
Captura vídeo da barragem do sistema Cantareira.

globo.com

América Latina endurece posição contra operação de Israel em Gaza

Durante a 46ª cúpula do Mercosul, os presidentes dos países do bloco expressaram sua posição contra os ataques de Israel à população palestina e exigiram um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Durante a 46ª cúpula do Mercosul, os presidentes dos países do bloco expressaram sua posição contra os ataques de Israel à população palestina e exigiram um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Roberto Stuckert Filho/PR
RFI

Enquanto os Estados Unidos continuam vendendo munições ao exército israelense e autoridades europeias tentam relativizar a sangrenta operação Limite Protetor com inócuos pedidos de cessar-fogo em Gaza, países da América Latina figuram como os maiores críticos do governo de Israel até o momento. Hoje (31), a Bolívia foi além dos protestos e incluiu Israel na lista de “estados terroristas”.

 

A Bolívia, que rompeu suas relações diplomáticas com Israel em 2009, após a violenta operação “Chumbo Fundido”, já havia feito um pedido à ONU para que abrisse um processo contra Tel Aviv de crime contra humanidade, logo nos primeiros dias da atual ofensiva. Ontem, o presidente boliviano, Evo Morales, declarou que incluiu Israel na lista de “países terroristas”.

“Israel não é um Estado que garante os princípios de respeito à vida e os direitos básicos para a coexistência pacífica e harmoniosa na comunidade internacional”, afirmou Morales. “Nós declaramos Israel como um Estado terrorista”, ratificou.

Outros países reagiram à continuidade das violências contra os civis em Gaza nos últimos dias. O Chile classificou as operações militares israelenses como uma “agressão coletiva contra a população” da região. Já o Peru diz estar profundamente decepcionado com a violação dos vários cessar-fogos dos últimos dias e a continuidade da operação militar de Israel em Gaza.

Na terça-feira (29), durante uma reunião privada da 46ª cúpula do Mercosul, na Venezuela, os integrantes do bloco divulgaram um comunicado contra os ataques à população palestina e exigiram um cessar-fogo. Além do presidente venezuelano Nicolás Maduro, assinaram a declaração os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, do Brasil, Dilma Rousseff, do Uruguai, José Mujica, do Paraguai, Horacio Cartes, e da Bolívia, Evo Morales.

Brasil critica Israel

Na semana passada, o governo brasileiro condenou  “energicamente” o uso desproporcional da força de Israel na Faixa de Gaza, “do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças”. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil também reiterou seu chamado a um imediato a uma trégua. Além disso, Brasília convocou seu embaixador em Tel Aviv para consultas.

O porta-voz do governo de Israel, Yigal Palmor, ironizou a posição brasileira. “Desproporcional é perder uma partida de futebol por 7 a 1”, disse, em entrevista ao Jornal Nacional. Já em declaração ao The Jerusalem Post, Palmor, afirmou que a convocação do embaixador brasileiro em Israel “era uma demonstração lamentável de como o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático”.

As declarações do governo israelense contra o Brasil não intimidaram outros países da América Latina, como Equador, Chile, Peru e El Salvador que convocaram igualmente seus embaixadores em Tel Aviv para consultas.

Desde o início da operação

A reação dos países latinos não é tardia. Desde o começo da ofensiva israelense contra o movimento islâmico Hamas em Gaza, vários países do continente americano já haviam se posicionado contra o governo de Israel. Uma semana após o início dos ataques, o ministério mexicano das Relações Exteriores pediu a proteção dos palestinos e condenou o uso da força e a operação militar.

Há três semanas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, classificou a ofensiva de “guerra de exterminação” contra o povo palestino. Já em Cuba as autoridades pediram que “a comunidade internacional exija que Israel cesse a escalada de violência”. Ambos os países também romperam as relações com Tel Aviv em 2009.

Logo nos primeiros dias da operação Limite Protetor, o ministério das Relações Exteriores do Uruguai condenou a “resposta desproporcional” dos israelenses aos tiros lançados pelos palestinos. Em meados de julho, o Equador “condenou com energia todos os atos de violência” na região e pediu “o fim imediato das hostilidades”.

Prejuízo recorde do Banco Espírito Santo derruba Bolsa de Lisboa

O Banco Espírito Santo anunciou um prejuízo de 3,488 bilhões de euros no segundo trimestre de 2014.

O Banco Espírito Santo anunciou um prejuízo de 3,488 bilhões de euros no segundo trimestre de 2014.

REUTERS/Denis Balibouse/Files
RFI

O mercado português foi contaminado pela queda profunda das ações do Banco Espírito Santo (BES) que despencaram mais de 45% hoje. A Bolsa de Lisboa abriu em queda de 4,28% nesta quinta-feira (31).

 

Os papéis do Banco Espírito Santo, o maior de Portugal, atingiram o nível mais baixo da história no pregão desta quinta-feira. Ontem à noite, a instituição anunciou um prejuízo de € 3,488 bilhões no segundo trimestre deste ano.

Em pânico, investidores venderam rapidamente os títulos do BES aprofundando ainda mais a queda da cotação. O prejuízo bilionário acontece em meio à crise financeira do controlador. 
Essa crise já provocou um calote de empresas do Grupo Espírito Santo e um pedido de recuperação judicial.

Segundo o balanço divulgado ontem, a operação no Brasil foi a única operação a gerar lucro entre as três regiões que integram o “Triângulo Estratégico” do BES. Ou seja, Brasil, Espanha e África.

Problemas na gestão

A exposição excessiva a empresas do próprio grupo foi um dos motivos apontados para o buraco na contabilidade do banco.

A entidade responsável por supervisionar o setor bancário português acusou a cúpula do banco de ter feito operações fraudulentas. Os diretores envolvidos no escândalo deixaram seus cargos.

O Banco de Portugal pretende “determinar as responsabilidades individuais” pela derrocada do BES, incluindo o ex-presidente Ricardo Salgado, e seu ex-diretor financeiro 
Amilcar Morais Pires.

Argentina inaugura o primeiro calote por impasse judicial da História

O vice-ministro da Economia, Axel Kicillof, durante coletiva no consulado da Argentina em Nova York. 30 de julho de 2014.

O vice-ministro da Economia, Axel Kicillof, durante coletiva no consulado da Argentina em Nova York. 30 de julho de 2014.

REUTERS/Carlo Allegri
RFI

O prazo de 30 dias que a Argentina tinha para chegar a um acordo com os credores que não aceitaram as reestruturações anteriores da dívida venceu nesta quinta-feira (31). A Justiça obrigou o país a pagar US$ 1,650 bilhão aos fundos especulativos, mas o governo recusou a pagar a sentença.

 

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Com a decisão, o país entra em defaut técnico, seletivo ou transitório. A Argentina inaugurou o primeiro calote da História por impasse judicial ao não chegar a um acordo com os chamados fundos abutres.

A sentença judicial obriga o país a pagar 1,650 bilhão de dólares a esses fundos especulativos que não aceitaram as reestruturações anteriores de 2005 e de 2010. Também obriga a quitar essa dívida antes de continuar a pagar aos credores normalizados, que representam 92,4% do montante de US$ 102 bilhões declarados em moratória em dezembro de 2001.

O governo argentino não aceitou cumprir com a sentença e não ofereceu nada que levasse os abutres a concordarem com uma liminar que permitisse à Argentina ganhar mais tempo de negociação. Com isso, os 539 milhões de dólares que o país depositou há mais de um mês para pagar aos credores em dia vão continuar congelados. Sem que os credores recebam, o país entrou em moratória.

A agência classificadora de risco Standard & Poor’s declarou a dívida argentina em “default seletivo”.

Governo lamenta que fundos não aceitaram proposta de renegociação

Mesmo diante de uma sentença que ordena o país a pagar integralmente a dívida, o ministro da Economia argentino, Axel Kicillof, lamentou que os fundos abutres não tenham aceitado uma proposta de receber menos dinheiro como aqueles que aceitaram as reestruturações anteriores com 66% de desconto e prazo de pagamento até 2038.

“Essa oferta não foi aceita pelos fundos abutres. Não foi aceita porque evidentemente querem mais. Não vamos assinar nada que comprometa o futuro dos argentinos”, anunciou Kicillof. “Vamos tomar medidas, ações, instrumentos dos nossos contratos, do direito nacional e internacional para que esta situação insólita, inédita e injusta não se perpetue no tempo”, advertiu, sem recordar que foi a própria Argentina que escolheu Nova York como jurisdição que desse credibilidade aos títulos da dívida.

A sentença do juiz Thomas Griesa foi retificada em segunda instância pela Câmara de Apelações e convalidada pela Corte Suprema que rejeitou inclusive tratar do assunto. O ministro ainda mostrou-se surpreso com a nota do mediador judicial, Daniel Pollack, dizendo disse que “a Argentina estará iminentemente em default” e que isso “não é uma mera condição técnica”, “é um evento real e doloroso” e que “a última vítima será o cidadão argentino”.

“Fico surpreso com o comunicado. Parece escrito para favorecer uma das partes”, avaliou Kicillof.

Bancos tentaram negociação paralela

Os bancos privados argentinos tentaram uma negociação direta com os fundos abutres para comprar a dívida, evitar um calote que também afeta os seus balanços patromoniais e negociar depois domesticamente com o governo. Mas as negociações, por enquanto, também fracassaram quando os representantes dos fundos especulativos entenderam que o ministro Kicillof não reconhecia a negociação. A reunião foi adiada para esta quinta-feira.

“Podem aparecer soluções entre privados”, admitiu Kicillof, desvinculando o Estado das negociações.

A preocupação por não envolver o Estado numa negociação está associada à cláusula RUFO (Rights Upon Future Offers ou Direitos Sobre Ofertas Futuras). A cláusula estabelece que, se a Argentina conceder voluntariamente uma melhora parcial a qualquer credor, está obrigada a estender a mesma vantagem a todos os credores.

Calote pode gerar outros defaults

Pelos cálculos do governo, a RUFO pode permitir demandas por, no mínimo, UU$ 120 bilhões. Como a cláusula vence em 31 de dezembro, a única estratégia argentina era conseguir levar qualquer acordo a janeiro.

A sentença de Griesa cria jurisprudência para outros “holdouts” que já demandam a Argentina em Nova Iork e pela Europa. Seriam outros US$ 15 bilhões, mais da metade das atuais reservas internacionais do Banco Central argentino, de US$ 29 bilhões.

Mesmo o default pode disparar ainda outro grande problema: o cross default. Se um país não paga um título público, os credores podem pedir o pagamento antecipado de todos os títulos soberanos desse Estado. Essa aceleração (ou cobrança antecipada) dos compromissos de longo prazo, só se requer apenas o apoio de 25% dos credores.