Soprano Hiromi Omura será a intérprete do papel-título da ópera, sob a regência do Maestro Isaac Karabtchevsky
Secretaria da Cultura do Riod e Janeiro
O tenor Fernando Portari e a premiada soprano japonesa Hiromi Omura interpretam o casal Pinkerton e Cio-Cio San (Crédito: Sheila Guimarães)
A cultura japonesa sempre exerceu certo fascínio, seja por sua tradição milenar envolvendo gueixas e samurais, seja por sua política isolacionista, que se manteve até meados do século XIX. É nesta época que navios da Marinha dos Estados Unidos atracaram na costa do país, exigindo que se firmassem acordos comerciais com o mundo ocidental, a fim de garantir abertura econômica e medidas expansionistas. Muitos marinheiros acabaram, também, se envolvendo com a cultura local e com as mulheres japonesas, como acontece na ópera Madama Butterfly, escrita pelo italiano Giacomo Puccini, com libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa, e que estreia neste domingo (30/11) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Com montagem assinada por Carla Camurati e regência do maestro Isaac Karabtchevsky, também responsável pela direção musical, a ópera é estrelada pela premiada soprano japonesa Hiromi Omura, intérprete do papel-título, e pelo tenor Fernando Portari, que dá vida ao oficial da marinha Benjamin Franklin Pinkerton.
Amor, devoção, inocência e traição permeiam a história de Cio-Cio-San (Hiromi Omura), uma menina de 15 anos prometida a Pinkerton, que compra uma casa na colina com vista para o mar e o porto de Nagasaki, levando de brinde a jovem gueixa, que trata de maneira leviana: ela não passa de um passatempo até que ele encontre uma esposa de verdade, ou seja, americana. Após algum tempo, Pinkerton retorna aos Estados Unidos, prometendo a Cio-Cio-San, apelidada por ele de Madama Butterfly em referência à leveza de seus movimentos, que um dia voltaria. Durante três anos, a jovem não recebe nenhum sinal de que o oficial de fato retornará mas, nem assim, perde suas esperanças, demonstrando cariho e fidelidade.
Ópera explora diferenças culturais
Para Karabtchevsky, através de estudos e observações, o italiano Puccini conseguiu captar bem as diferenças entre as culturas ocidental e oriental, o que contribuiu para o arranjo das músicas. “Para o japonês, o amor surge primeiro, depois, a concepção de como cultivá-lo. Esta liberdade é a tônica da religiosidade japonesa. Talvez aí resida todo o drama da pobre Cio-Cio-San, uma gueixa vítima de um casamento leviano. É em torno dela que o compositor criou as mais belas páginas vocais de toda a história da ópera, com climas psicológicos de extrema densidade e uma orquestração que sublinha as nuances, impregnando-as de calor ou desespero”, comenta o maestro. Carla Camurati completa. “Madama Butterfly encanta pela capacidade de despertar emoções ao revelar a felicidade e a dor dos seus personagens, repleta de requinte na sua teatralidade”, afirma.
Colaboração de Danielle Veras