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Das 500 agroindústrias, metade é de processamento de polpa de frutas. Produção está concentrada ao norte e no centro do Estado
PORTO VELHO – Em meio a região amazônica, onde as condições ambientais e climáticas são favoráveis, Rondônia representa um potencial para o desenvolvimento da fruticultura. Das 500 agroindústrias do Estado, metade é de processamento de polpa de frutas.
*Fonte: Emater, dados de janeiro a novembro de 2014
A industrialização cresce, mas a maioria das frutas ainda são vendidas in natura. A produção está concentrada ao norte e no centro do Estado, principalmente nos municípios de Porto Velho, Cujubim, Buritis; Cacoal; Ariquemes; Guajará-Mirim; Seringueiras; Presidente Médici; Novo Horizonte; Pimenta Bueno; Espigão do Oeste; Rolim de Moura; Itapuã do Oeste e Ji-Paraná.
O abacaxi é a fruta mais produzida do Estado, seguida da banana, cupuaçu; coco; maracujá; melancia; laranja; açaí; pupunha e mamão. ‘‘A fruticultura é um seguimento que temos que avançar mais, principalmente na pesquisa. Nós estamos trabalhando em uma parceria com a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária]’’, destacou o titular da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária do Estado de Rondônia (Seagri), Evandro Padovani. O titular acredita que é possível dobrar a produção com as novas tecnologias.
Outro fator citado pelo secretário como importante para desenvolver a fruticultura no Estado é a assistência técnica. ‘‘Quem trabalha com a fruticultura no Estado são os agricultores familiares. E a Secretaria da Agricultura através da Emater [Associação de Assistência Técnica e de Extensão Rural] oferece assistência técnica para a agricultura familiar. Nós investimos mais de R$ 70 milhões por ano. São mais de 36 mil famílias atendidas pelas assistência técnica no Estado’’, enfatizou.
Investimentos
De acordo com o secretário, toda a produção do Estado é consumida pelos próprios rondonienses e que ainda não uma oferta suficiente para atender a demanda do Estado. Cenário que deve ser mudado com políticas públicas para o setor. ‘‘Nós temos clima favorável, temos solo favorável, o que nós precisamos é organizar o seguimento e isso o que estamos fazendo junto ao setor produtivo’’, observou.
Para o secretário, o escoamento das produções é uma das principais dificuldades enfrentadas pelos agricultores de Rondônia, especialmente pelos ribeirinhos. ‘‘Os agricultores do Baixo Madeira, por exemplo, tem dificuldade de transportar os produtos. O custo ainda é alto, é preciso melhorar o transporte hidroviário e estamos trabalhando para isso’’, afirmou.
O secretário anunciou uma novidade para o setor – a criação da Central de Abastecimento e Comercialização de Produtos Hortifrutigranjeiros (Ceasa) que deve beneficiar principalmente os agricultores familiares. A primeira Central deve ser inaugurada em Porto Velho, outra na região central e a terceira no Cone Sul do Estado.
Viabilidade
‘‘Hoje o campo é viável não só para a agricultura familiar, mas para o agronegócio como um todo. O que ajuda a combater o êxodo rural, ajuda a fixar o jovem na área rural. E nesse setor Rondônia tem se destacado em produção e comercialização’’, explicou.
O agricultor conta com linhas de crédito que o possibilitam de investir na propriedade rural e na produção. ‘‘Nós temos crédito pelo Pronaf [Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar], pelo Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Caixa Econômica Federal, cooperativas de crédito e temos também microcrédito para o pequeno produtor através do Banco do Povo, recurso do Governo do Estado. Já foram investidos mais de R$ 26 milhões’’, disse.
Com recurso, o agricultor pode pensar mais alto. Deixa de comercializar apenas a fruta in natura para transformá-la em produtos industrializados. ‘‘Até um tempo atrás a fruticultura de Rondônia era só para subsistência, ou seja, para o consumo da própria família. Com as agroindústrias, as famílias viram que o negócio era rentável. Perceberam que agregando valor as frutas aumentam a renda’’, contou a secretária adjunto da Seagri Mary Terezinha Braganho.
Fato que se reflete no número de agroindústrias. São cerca de 500 e metade processam polpa de frutas. Além de incrementar a renda familiar, as agroindústrias vão de encontro com um problema da fruticultura – a durabilidade do produto. ‘‘A fruta é de difícil transporte e agora transformando em poupas congeladas o produtor ganha mais tempo para comercializar’’, disse a secretária. O cupuaçu é entre as frutas o ‘carro-chefe’ das agroindústrias, seguido do maracujá e banana.
Sustentabilidade
Ao contrário de outras atividades econômicas que vivenciam conflitos ambientais, a fruticultura é considerada uma atividades viável não só economicamente e socialmente, mas também ambientalmente. ‘‘A fruticultura se destaca na questão da produção com sustentabilidade. Rondônia tem cerca de 60% de áreas florestais. Não precisamos desmatar mais. Nós podemos dobrar a produção e até triplicar usando as novas tecnologias. Nossos produtores estão conscientizando que com novas tecnologias ele pode preservar sua mata, não precisar abrir novas áreas’’, afirmou o secretário.