Filme será exibido amanhã em comercação ao 450° aniversário do Rio de Jeneiro

COPACABANA ME ENGANA (1968)

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FICHA TÉCNICA

Outros Títulos: Copacabana fools me (USA)
Pais: Brasil
Gênero: Comédia Dramática
Direção: Antônio Carlos da Fontoura
Roteiro: Antônio Carlos da Fontoura
Produção: Antônio Carlos da Fontoura
Música Original: Caetano Veloso
Fotografia: Affonso Beato, Jorge Bodanzky
Edição: Mário Carneiro
Efeitos Sonoros: Aloísio VIana, Geraldo José
Nota: 7.2
Filme Assistido em: 1969

ELENCO

Odete Lara Irene
Carlo Mossy Marquinhos
Paulo Gracindo Alfeu
Cláudio Marzo Hugo
Ênio Santos Leôncio, o pai
Joel Barcelos Macalé
Lícia Magno Isabel, mãe de Marquinhos
Yolanda Cardoso Amante do pai de Marquinhos
Maria Gladys Mulher currada na Barra
Emanoel Cavalcanti Líder sindical
José Medeiros Currador na Barra
Marcos Aníbal Pedrinho
Vítor Albuquerque Membro da patota do superbacana
Edu Mello Membro da patota do superbacana

SINOPSE

Marquinhos é um jovem de vinte e poucos anos que vive em Copacabana com seus pais burgueses e seu irmão mais velho.  Seu pai mantém relações com as mulheres que trabalham para ele em seu escritório.

Assista ao trailer:

O jovem não vai à escola nem trabalha.  Ele assiste TV, joga futebol na praia e, à noite, sai com os amigos para bares e boates.  Sonha com carros velozes e hotéis luxuosos.  Com os amigos, reclama da vida mas não faz nada para mudá-la.

Um dia, com o auxílio de um binóculo, ele observa Irene, uma solitária mulher de 40 anos que mora no prédio em frente, tirar a roupa antes de deitar-se.  Após um encontro numa lanchonete, ele passa a freqüentar seu apartamento.  Com o tempo, ele se apaixona e sua vida começa a mudar, já que ela passa a satisfazer seus desejos.

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COMENTÁRIOS

“Copacabana Me Engana” é um razoavelmente bom filme nacional.  Realizado pelo cineasta Antônio Carlos da Fontoura, que também assina o roteiro, o filme narra o cotidiano de um jovem de vinte e poucos anos que mora em Copacabana com seus pais.

Trata-se do primeiro longa-metragem de Fontoura que, embora não realizando um trabalho perfeito, se sai bem.  O filme conta com uma ótima trilha sonora, assinada por Caetano Veloso, e com boas interpretações dos atores principais.

Rio antigo é destaque no IMS

Exposição Rio: Primeiras Poses – Visões da Cidade a Partir da Chegada da Fotografia (1840-1930) reúne 450 imagens produzidas durante o Segundo Reinado e as primeiras décadas da República

Secretaria da Cultura do Rio de Janeiro

Avenida Rio Branco em 1906, uma das imagens em destaque na exposição  (Crédito: Augusto Malta)

Vista do morro do Corcovado em 1906
Vista aérea da Praça Mauá e Avenida Rio Branco em 1921
Praia de Copacabana, vista do sopé do morro do Leme em 1890

Da janela de sua casa, o francês Joseph Nicéphore Niépce registrou o pátio ensolarado no verão de 1826, dando início à história da fotografia, cuja invenção só seria anunciada oficialmente em agosto de 1839. Quatro meses depois, o daguerreótipo, precursor da máquina fotográfica, desembarcava no Brasil para logo conquistar um fervoroso mecenas: D. Pedro II. Incentivados pelo imperador, que promovia exposições anuais na Academia de Belas Artes e concursos para eleger o fotógrafo da Casa Imperial, profissionais e amadores passaram a retratar o cotidiano da cidade, através de seus personagens e paisagens.

No início do século XX, após a proclamação da República, a cidade passou por importantes intervenções urbanísticas, como a promovida pelo prefeito Pereira Passos, entre 1902 e 1906. À época, foram inauguradas as avenidas Central (atual Rio Branco) e Beira-Mar, registradas em particular pelo fotógrafo Augusto Malta. Parte deste acervo, que compreende nove décadas da história do Rio de Janeiro, poderá ser apreciado pelo público na exposição Rio: Primeiras Poses – Visões da Cidade a Partir da Chegada da Fotografia (1840-1930), que entra em cartaz neste sábado (28), no Instituto Moreira Salles(IMS), onde permanece até 31/12. Foram reunidas, ao todo, 450 imagens – uma para cada ano de vida da cidade –, sob curadoria de Sergio Burgi.

Organizada em seis ambientes dispostos em ordem cronológica, a exposição apresentará cerca de 250 imagens originais, boa parte delas restauradas, de fotógrafos como Augusto Stahl, Georges LeuzingerJoaquim Insley Pacheco, Marc Ferrez e Guilherme Santos, além de três conjuntos de imagens projetadas em uma parede de 2,2 metros de altura por nove metros de comprimento, o que faz com que o público possa acompanhar de perto detalhes que passariam despercebidos. Dois mapas interativos comandados por telas touchscreene imagens tridimensionais completam a exposição, montada a partir do acervo do próprio IMS, que conta, hoje, com aproximadamente 900 mil itens e 10 mil fotos do período retratado.

Nos diferentes ambientes em que as imagens estão expostas, as pessoas terão acesso aos principais avanços tecnológicos do período, como o transporte urbano e a iluminação pública, o automóvel, o início da aviação e a mudança na relação das pessoas com a própria imagem fotográfica. Na imagem de Augusto Malta, de 1906, uma figura solitária observa a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Pão de Açúcar do alto do Corcovado, cartão postal carioca praticamente intocado. No mesmo ano, Malta registrou a Avenida Central, facilmente confundida com uma cidade européia, um ano após a instalação da iluminação incandescente. Em outro registro, clicado em 1921 por um fotógrafo não identificado, é possível ver a região portuária sendo praticamente reconstruída, com a Avenida Central e a Igreja da Candelária ao fundo. Uma viagem no tempo. Esta é a principal proposta da exposição.

Mais detalhes em Programação Cultural.

Colaboração de Danielle Veras

FHC propõe mão-de-gato do PSDB nas passeatas pró-impeachment

GGN

Jornal GGN – A cúpula do PSDB decidiu pegar carona nas movimentações marcadas para o dia 15 de março. Os movimentos, se acontecerem, trazem a marca do impeachment para Dilma. O PSDB, na carona, não vincula seu apoio ao impeachment de Dilma. Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente é o articulador.

FHC reuniu ontem, em seu Instituto, os senadores mais expressivos de seu partido, o PSDB. Estiveram presentes em sua convocação para o almoço o senador Aloysio Nunes (SP), Cássio Cunha Lima (PB), Tasso Jereissati (CE), José Serra (SP) e do senador e também presidente nacional da sigla e candidato derrotado a presidente do Brasil, Aécio Neves (MG). No almoço, FHC fez a defesa de que o PSDB deve estimular as manifestações, desde que fique longe do mote “Fora Dilma”.

“Tem que ficar claro que nós apoiamos, mas não somos promotores”, disse o ex-sociólogo FHC, segundo relatos de participantes. Prontamente o senador Aloysio Nunes concordou em participar, mas José Serra e Aécio Neves não prometeram nada.

Os tucanos apostam nos movimentos alimentados em redes sociais. Para eles, em São Paulo o movimento irá obter adesão expressiva, parte do motivo da participação do PSDB, que tem na cidade seu reduto maior. O ajuntamento inicial se dará na Avenida Paulista, mas o roteiro ainda está indefinido.

Aloysio declarou não ser a favor do “Fora” pois pessoas que defendem tal bandeira não estão “conscientes dos mecanismos constitucionais”. Disse o candidato a ex-presidente derrotado nas últimas eleições, que esta bandeira representa mais a indignação das pessoas. Sua ida se deve ao fato de que movimentos são contra o governo, e o PSDB é a “oposição”.

Cunha Lima concordou com tudo e reforçou dizendo que o não irão fazer pirotecnia e que o impeachment não está na pauta do partido. Avisou, contudo, que “a palavra não pode ser criminalizada”.

Ao fim da reunião, Aécio e Serra foram os escolhidos para explicarem à imprensa o posicionamento do partido. Aécio afirmou que ato não é uma bandeira partidária, uma manifestação partidária, e que é preciso que se tenha isso bem claro.

Segundo o Estadão, que deu a notícia, diferente do que aconteceu nos dois movimentos pró-impeachment depois da democratização – o Fora Collor em 1992 e o Fora FHC em 1999 -, desta vez os partidos e organizações do movimento social não estão formalmente envolvidos.

No dia 15, a convocação do ato é feita por dezenas de organizações virtuais, que não consideram produtivo que seja partidário. A declaração foi dada por Rogério Chequer, líder do “Vem pra Rua”  e maior aglutinador de tucanos nesta movimentação.

Memes

No encontro, os tucanos deixaram clara a ideia de que vão usar o humor no embate político com os petistas. O ex-presidente FHC foi fotografado segurando uma folha sulfite e uma nota de R$2 com a frase: “Foi FHC”. A foto foi postada no twitter.

Depois do evento, Serra mostrou ter também senso de humor e, ao ser questionado sobre a tentativa do PT de ampliar as investigações da CPI da Petrobras para a gestão FHC, foi simpático: “Eu soube agora que vão fazer uma CPI sobre a mudança da capital do Rio para Brasília e que foi o Fernando Henrique o responsável”.

Sobre as memes: viralizaram, e não fez bem para a imagem do ex-presidente.

Com informações do Estadão

7 passos para entender os custos da Arena da Amazônia

Por quê os clubes amazonenses não querem jogar na Arena da Amazônia? O Portal Amazônia ajuda a explicar

MANAUS – A inauguração da Arena da Amazônia completa um ano no próximo dia 9 de março. O que prometia ser a ‘ressurreição’ do futebol amazonense ainda é motivo de incógnita. O alto custo do local é uma barreira para os times locais mandarem jogos no maior estádio da Amazôniaconstruído para a Copa do Mundo. É aí que surge a questão: quanto custa fazer um jogo na Arena da Amazônia? A questão é complexa e depende de muitos fatores, mas o Portal Amazônia dá 7 dicas para te ajudar a entender os custos.


Arena da Amazônia custou R$ 757,5 milhões. Foto: Gabriel Seixas/Portal Amazônia

1 – Tudo depende da estimativa de público

O quadro móvel da Arena da Amazônia varia de acordo com a estimativa de público. Para um jogo de cinco mil pessoas (com variação para mais ou para menos), só o quadro móvel custa R$ 11.946 – mais que o dobro dos R$ 5 mil da Colina, por exemplo. Em um jogo para dez mil pessoas, o valor sobe para R$ 15.201. Com estimativa de 15 mil pessoas, o preço é R$ 19.345. Por fim, para um jogo com capacidade máxima do anel inferior (23 mil pessoas), o valor é de R$ 23.617. Mas lembre-se: tudo isso é apenas o quadro móvel.

2 – Despesas operacionais

Outros custos também englobam as despesas operacionais, como policiamento, ambulância, aluguel de gradil, lanches, arbitragem e muitos outros. No jogo do Nacional contra o Vilhena no último domingo (22), o custo de despesas operacionais foi de R$ 19 mil, sem contar com o quadro móvel. Em um evento com estimativa de público superior a cinco mil pessoas, naturalmente o gasto com funcionários privados aumenta.

3 – ¼ da renda vai embora

Os clubes mandantes em jogos na Arena já sabem, de antemão, que 25% da renda do jogo não vai para os cofres do clube. A porcentagem corresponde a despesas com alugueis, taxas e impostos. Uma lei governamental determina que 10% da renda é destinada ao aluguel do campo, usada para a manutenção do mesmo. A Federação Amazonense de Futebol (FAF) tem direito a 5% da renda de qualquer jogo na Arena. Por fim, 5% da renda custeia o INSS e outros 5% são destinados ao ISS.

4 – R$ 40 mil de renda é prejuízo

Em um jogo com operação mínima (até cinco mil pessoas), não tem erro: R$ 40 mil ou menos de renda é sinônimo de prejuízo. Ou seja, com ingressos a R$ 20, por exemplo, seriam necessários mais de 2 mil ingressos vendidos para evitar o ‘vermelho’ no cofre. O Nacional lucrou R$ 61 mil em bilhetes contra o Vilhena, porém mais da metade deles foram vendidos a R$ 40.


Nacional fez o primeiro jogo oficial da Arena da Amazônia em 2015. Foto: Ennas Barreto/Nacional

5 – O torcedor faz a diferença

Vamos com calma: a Arena também não é nenhum bicho de sete cabeças. Se o torcedor comparecer ao estádio, o lucro é garantido. Usemos Nacional x Vilhena como exemplo: supondo que os 5 mil ingressos disponíveis realmente fossem vendidos para o jogo, sendo metade deles a R$ 40 e outra metade a R$ 20, o lucro do time amazonense seria de R$ 150 mil. As despesas aumentariam para R$ 69 mil, porém uma boa quantia de R$ 81 mil entraria nos cofres do Naça.

6 – Não é qualquer pessoa que opera a Arena

Pode parecer óbvio, mas os gastos com funcionários privados são exorbitantes justamente pelo fato de a Arena exigir mão de obra altamente qualificada em sua operação. Segundo o diretor-técnico da Fundação Vila Olímpica (FVO), Ariovaldo Malizia, cerca de 40 pessoas que trabalham na Arena possuem curso superior.

7 – Os custos já foram maiores

A operação com base na estimativa de público foi criada justamente para facilitar a vida dos clubes locais. Na Copa do Mundo, por exemplo, as despesas operacionais eram bem maiores. Um exemplo prático: na Copa, eram necessários 12 eletricistas para trabalhar na operação no estádio. Atualmente, a exigência é de cinco.


Arena da Amazônia, em Manaus. Foto: Gabriel Seixas/Portal Amazônia

Onde está o problema?

Desta forma, a reflexão cabe a dois pontos. Primeiro: o futebol amazonense conta com três estádios ‘padrão Fifa’. Naturalmente, mandar um jogo na Colina ou no Carlos Zamith é muito mais barato do que fazer um jogo na Arena da Amazônia. Mas será que um jogo nos dois primeiros estádios consegue ser tão atrativo quanto um duelo no estádio da Copa? O público de um jogo na Arena seria o mesmo em estádios como Colina e Zamith? No fim das contas, o prejuízo ou o lucro pequeno pode acontecer em qualquer lugar.

Não menos importante, o segundo ponto: o problema em mandar jogos na Arena da Amazônia está realmente no ‘alto custo’ ou na ineficiência dos clubes amazonenses em atrair torcedores aos estádios? “Se o nosso futebol não está acompanhando, paciência. Mas eu acredito que a Arena ainda vai ser a nossa redenção”, disse Ariovaldo Malizia à reportagem do Portal Amazônia. Uma esperança que, no dia 9 de março, vai completar um ano. Enquanto isso, a sombra do ‘elefante branco’ seguirá perseguindo a ‘menina dos olhos’ da Amazônia.

Produtores de Roraima relatam prejuízos com estiagem e incêndios

O Portal Amazônia visitou os municípios de Mucajaí e Cantá e agricultores relataram os problemas. Quatro municípios estão em estado de emergência

Produtores rurais sofrem com a seca. Foto: Jaqueline Pontes/ Portal Amazônia

BOA VISTA – Após Roraima decretar estado de emergência em quatro municípios em função da estiagem, os produtores rurais enfrentam prejuízos com a criação de animais. Em algumas comunidades a falta de água é mais crítica, pois até o consumo humano é prejudicado. A solução encontrada são os carros-pipa que saem de Boa Vista com destino às regiões afetadas pela seca.

No ano de 1982, José Ferreira fugiu da seca do Nordeste do País e mudou-se para Roraima em busca de uma vida melhor para a família. Durante os 33 anos que vive no Estado, o piscicultor, de 86 anos, afirma que nunca viu uma estiagem tão forte atingir a região. “Nunca imaginei ficar assim. Nunca vi deste jeito. Eu moro aqui e nunca vi esse lugar tão seco como está”, contou.

Açude de produtores secaram. Foto: Jaqueline Pontes/ Portal Amazônia

Ferreira afirma que há três meses percebeu que a falta de água estava se agravando, pois os tambaquis que criava começaram a morrer devido o açude secar mais que o previsto. “Antes de secar tudo os peixes morreram. Já estava com a água baixa, aí morreram. Não pude fazer nada. O que resta é ter paciência”, contou o morador da Vila Tamandaré, localizada em Mucajaí.

Para evitar um prejuízo maior, o piscicultor se sentiu obrigado a retirar os peixes vivos do açude. A produção de tambaqui foi distribuída entre os moradores da Vila Tamandaré, pois não tinham condições de serem vendidos devido ao pequeno tamanho. “O dinheiro dos peixes era para manter a casa”, contou. Ferreira afirma que enfrenta um prejuízo de aproximadamente R$ 4 mil com a perda dos peixes.

Além da população, animais sofrem com seca. Foto: Jaqueline Pontes/ Portal Amazônia

De acordo com o roraimense e agricultor Francisco da Silva, a situação é crítica e se a chuva não chegar tudo vai se agravar. “Não vejo chuva há mais de três meses aqui em Tamandaré”, afirmou. Ainda segundo o agricultor, o sustento de toda a família depende de água, pois a piscicultura é a única renda que possui. Francisco criava 1,4 mil peixes e perdeu tudo devido à seca.

Ainda no município de Mucajaí, na Vila Serra Dourada, onde mora pouco mais de 20 famílias, os moradores enfrentam maiores consequências causados pela forte estiagem, pois faltou água para o consumo humano.  Os poços da pequena população secaram e os moradores tiveram que dividir o pouco de água que ficou com os animais que criam, mas mesmo com a divisão os prejuízos são grandes.

Um carro-pipa chega à comunidade Serra Dourada a cada dois dias para abastecer os moradores com água. Sem irrigação, Maria de Fátima de Souza perdeu toda a plantação de laranja, a roça de arroz e os peixes do açude. Mas luta para continuar a manter as sete cabeças de gado que possui no pasto. Moradora da Vila há 18 anos, Fátima conta que nunca enfrentou situação parecida como a que vive.

População divide água com os animais. Foto: Jaqueline Pontes/ Portal Amazônia

Para tentar amenizar a realidade causada pela estiagem, a Defesa Civil de Roraima passou a realizar escavações próximas as nascentes nas propriedades dos pecuaristas em busca de água. O objetivo é manter a criação de gado. Maria de Fátima afirma que o açude começou a secar no mês de agosto de 2014, mas somente no final do ano para o início de 2015 que o problema se agravou.

A produtora rural afirma que a água que chega à propriedade é utilizada com muito cuidado, pois é tudo muito regrado. “Tenho hora para tudo. Lavo roupa apenas duas vezes por semana. Aqui está parecido com São Paulo”, lembra. Mesmo diante da forte seca, os moradores não perdem a esperança de que comece a chover em Roraima.

Incêndios no Estado

Incêndios ameaçam animais de produtores. Foto: Jaqueline Pontes/ Portal Amazônia

Além da forte estiagem, os roraimenses enfrentam os frequentes incêndios causados pela seca. De acordo com a Defesa Civil de Roraima, cerca de 40 focos de incêndios foram apagados no interior do Estado somente no mês de fevereiro. As queimadas ilegais de produtores rurais complicam ainda mais a situação, conforme a Defesa Civil.

O município de Cantá ainda não entrou na lista das cidades em estado de emergência decretado pelo Governo de Roraima há mais de uma semana. No entanto, a situação é critica no município. Os moradores enfrentam frequentes focos de incêndios devido ao tempo seco em toda a região.

A reportagem do Portal Amazônia presenciou um incêndio em uma serra do Cantá que avança e ameaça a plantação e criação de animais de alguns produtores que moram próximo ao local do incêndio. Conforme os moradores, a serra tem fogo há 15 dias e até o momento continua a aumentar a proporção.

Incêndio pode atingir animais. Foto: Jaqueline Pontes/ Portal Amazônia

O pecuarista, Felipe Francisco, conta que o gado está bem próximo ao fogo e se torna preocupante. “Tenho medo. Se o fogo chegar no capim perde todo o gado e toda a plantação”, disse. Francisco afirma que não pode fazer nada para evitar que o fogo chegue ao pasto, mas que está de olho na esperança de que o incêndio pare de avançar.

Cuba indica “progressos” nas negociações com os EUA

Tribuna do Norte

Cuba “registrou progressos” nas negociações com os Estados Unidos sobre o restabelecimento das relações diplomáticas e a reabertura de embaixadas nos dois países disse hoje (27) a diplomata cubana Josefina Vidal.

“Tivemos uma boa reunião. Registramos progressos nas negociações”, disse aos jornalistas a diretora responsável pelos assuntos relacionados com os Estados Unidos do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Cuba.

Este foi o segundo encontro oficial entre os representantes dos dois países depois do anúncio, em dezembro passado, sobre o reatamento de relações entre os Estados Unidos e Cuba, sem relações diplomáticas desde 1959.

A diplomata cubana disse também que, apesar do governo reclamar a saída de Cuba da lista de países patrocinadores de terrorismo do governo norte-americano, não é uma “pré-condição” para retomar as relações bilaterais com os Estados Unidos.

Agência Lusa* e Agência Brasil

Maior reserva de água doce do mundo, Lago Baikal, baixou para “nível crítico”

Tribuna do Norte

O nível do Lago Baikal – no sul da Sibéria, na Rússia -, maior reserva de água doce do mundo, baixou para um nível considerado crítico, aumentando os temores de escassez para a população e de consequências negativas para o ecossistema.

“O nível caiu dois centímetros abaixo dos 456 metros acima do nível do mar, o mínimo aceitável de acordo com o governo”, disse Arkady Ivanov, da ONG Greenpeace. As autoridades da Buryatia, uma das regiões russas que fazem fronteira com o lago, tinham alarmado para a situação em janeiro.

O departamento local do Ministério de Situações de Emergência russo anunciou que colocou o “estado de alerta” para monitorização do abastecimento de água das aldeias vizinhas, que estão em risco de escassez.

“Os primeiros seres afetados por este nível mais baixo são os peixes e todo o ecossistema”, explicou Ivanov, ressaltando que a diminuição do nível de água se deve à atividade humana e a um ano seco. “Não há nada a fazer. Esperemos que o próximo ano seja mais chuvoso”, concluiu.

Agência Lusa* e Agência Brasil

Americano líder de seita religiosa procurado pela Interpol é preso em Pipa

Tribuna do Norte

Uma equipe da Polícia Militar prendeu na noite desta sexta-feira (27) o americano Victor Ardem Barnard, de 53 anos, líder da seita religiosa “River Road Fellowship”, no estado de Minnesota, e que é acusado de pelo menos 59 crimes sexuais nos Estados Unidos. O suspeito foi detido em condomínio fechado na praia da Pipa, no litoral Sul do Rio Grande do Norte.

Divulgação/Polícia MilitarVictor Barnard foi preso pela PM da na noite desta sexta-feira (27) na praia da Pipa, no litoral SulVictor Barnard foi preso pela PM da na noite desta sexta-feira (27) na praia da Pipa, no litoral Sul

Os policiais cercaram a casa de Barnard por volta das 21h para cumprir um mandado de prisão expedido pelo ministro Celso de Melo, do Supremo Tribunal Federal. De acordo com a Polícia Militar, Barnard não resistiu à prisão.

De acordo com Paulo Henrique Rocha, superintendente adjunto da Polícia Federal no RN, a suspeita é de que Barnard estivesse vivendo em Pipa desde 2012. Além do americano, uma mulher brasileira que seria proprietária da casa em que ele vivia também foi presa.

A PF acredita que membros da seita comandada por Barnard chegaram a visitá-lo no Rio Grande do Norte. O órgão descartou ainda que o americano estivesse mantendo algum núcleo da seita no estado.

Barnard era procurado pela Interpol e pela polícia americana a pelo menos um ano. Segundo o jornal Huffington Post, em agosto do ano passado o suspeito teria sido visto na cidade em uma lanchonete na cidade de Raymond, no estado de Washington, nos Estados Unidos. Não se sabe há quanto tempo ele estava residindo no Brasil. A polícia brasileira não confirma se ele chegou a voltar aos Estados Unidos durante o período em que viveu no Brasil.

Nos Estados Unidos, Barnard é acusado de agredir sexualmente meninas entre 12 e 13 anos que viviam com ele na comunidade River Road Fellowship, em Finlayson, no estado de Minnesota. De acordo com a polícia americana, ele se referia as meninas como “donzelas”.

Em 20 novembro de 2014, Barnard foi incluído na lista dos 15 criminosos mais procurados dos Estados Unidos pela US Marshals, agência de aplicação da lei e unidade da Polícia Federal americana. De acordo com órgão, o líder religioso é uma “ameaça significativa” é acusado de fugir para evitar processos. A recompensa para quem capturá-lo era de 25 mil dólares.

US Marshals/DivulgaçãoPolícia americana incluiu líder religioso na lista dos mais procurados do paísPolícia americana incluiu líder religioso na lista dos mais procurados do país

Católicos paulistas adotam costume do Nordeste e vão às ruas orar por chuva

Agência Estado

Os católicos de São Paulo vão sair em procissão pelas ruas do centro da cidade, no dia 22 de março, quando se comemora o Dia Mundial da Água, para pedir a Deus “a bênção de chuvas generosas”, por causa da “gravidade da atual crise hídrica”.

Em carta circular endereçada na sexta-feira, dia 27, aos leigos, religiosos, diáconos, padres de bispos da arquidiocese, o cardeal-arcebispo, d. Odilo Pedro Scherer, recomenda que, no domingo anterior à manifestação, se faça uma intensa oração nas missas das paróquias e comunidades para pedir chuva.

Trajeto – A procissão sairá às 15 horas da Igreja da Consolação, na Rua da Consolação, na direção da Praça da Sé, passando pelo Viaduto do Chá e pelo Largo de São Francisco.

Dependendo de autorização a ser solicitada à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), um grupo de motociclistas deve escoltar a imagem da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Penha, da Igreja de São Luís, na Avenida Paulista, até a concentração na Igreja da Consolação.

Dali, a imagem, seguiria em um caminhão do Corpo de Bombeiros até a Catedral da Sé. O evento, que terá início às 15 horas, deverá ser encerrado com uma missa às 17 horas.

Faça sol ou caia chuva, a procissão será realizada, provavelmente com a participação de milhares de fiéis. Se chover as orações serão em ação de graças a Deus pelo atendimento do pedido. Em sua carta circular, d. Odilo pede que todos carreguem uma garrafinha para matar a sede e para receber a bênção da água. Ele aconselha também que se carreguem faixas com dizeres religiosos ou com frases sobre o bom uso da água.

O Vicariato de Comunicação da Arquidiocese de São Paulo anexou à carta do cardeal uma oração do papa Paulo VI, para pedir chuva. “Faze cair do céu sobre a terra árida a chuva desejada, a fim de que renasçam os frutos e sejam salvos homens e animais”, implora o texto de Paulo VI, ampliando as orações do antigo Missale Romanum (Missal Romano), do Concílio de Trento, do século 16.

Na sequência das orações para pedir chuvas, o Missal Romano acrescentou precavidamente duas orações para conter possíveis excessos – uma oração para pedir bom tempo e outra para repelir as tempestades. Esses ainda servem de inspiração nas celebrações litúrgicas, mas caíram em desuso ou foram atualizadas após as reformas do Concílio Vaticano II, encerrado em 1965.

História 

Não é esta a primeira vez, na história de São Paulo, que o povo sai às ruas para pedir chuva. Em 1957, o cardeal Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta liderou uma procissão, do Santuário da Penha até a Catedral da Sé, carregando a imagem de Nossa Senhora para rezar contra a seca.

Com a divisão da Arquidiocese de São Paulo, realizada em 1989, o santuário passou à jurisdição da Diocese de São Miguel Paulista, na zona leste, mas Nossa Senhora da Penha não perdeu o título de padroeira da capital paulista.

A Arquidiocese de São Paulo tem sete bispos auxiliares e cerca de mil padres, somando diocesanos e religiosos, que atuam em 305 paróquias, colégios e outras obras pastorais. Os diáconos permanentes (casados) são 80.

Como se faz humor político?

Reprodução

Livro de Tárik de Souza expõe ideias do criador dos Fradinhos, de Ubaldo, o Paranóico, da Graúna e do Cemitério dos Mortos-Vivos

Brasil de Fato | Maria do Rosário Caetano, de São Paulo

“Como se faz humor político?” Esta pergunta foi feita a Henrique de Souza Filho, o Henfil (1944-1988), pai da Graúna, do bode Orelana, do cangaceiro Zeferino, dos fradinhos Comprido e Baixim. E também dos futeboleiros Urubu, Bacalhau, Cri-Cri e Popó. Corria o ano de 1984 e ele estava no auge da fama. Era um popstar que vendia milhares de revistinhas e livros. E brilhava nos palcos, na TV, nos jornais e na última página da revista Istoé, com hilária Carta (endereçada semanalmente) à Mãe.

A peça “A Revista do Henfil”, montada pela trupe de Ruth Escobar correra o Brasil, lotando teatros. Os cartuns do irmão do Betinho (sociólogo e ativista político) e Chico Mário (compositor e violonista) eram apreciados por milhões de brasileiros.
Tornara-se até verso de belíssima composição de João Bosco & Al-dir Blanc, “O Bêbado e a Equilibrista”, que Elis Regina transformaria em retumbante sucesso no disco “Essa Mulher”/1979 (“O bêbado com chapéu-côco/ fazia irreverências mil/ pra noite do Brasil/ Meu Brasil!/ que sonha com a volta do irmão do Henfil/ com tanta gente que partiu”…).

Suas declarações políticas eram ouvidas com atenção. Seus problemas de saúde (a hemofilia, mal que também atormentava seus irmãos Betinho e Chico Mário) eram acompanhados por muitos brasileiros. Até um filme (o longa-metragem “Tanga, Deu no New York Times”), Henfil planejava fazer. E faria nos anos seguintes.

Com tantos afazeres e com os problemas de saúde que encurtariam sua vida (Henfil morreu de Aids, contraída em transfusão de sangue, com apenas 43 anos), o cartunista convocou o amigo e parceiro (na criação de Ubaldo, o Paranóico, um de seus personagens mais famosos) Tárik de Souza, para ajudá-lo. Ou seja, o livro – encomendado pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) e pela Editora Vozes – seria escrito por Tárik, um dos mais importantes críticos musicais do país, a partir de uma longa conversa a ser mantida pelos dois.As conversas se desdobraram em encontros dos mais animados. E o livro chegou ao público ainda em 1984.

Reedição

Passados 30 anos, Tárik sentiu que a publicação, que nascera como “um improviso jazzístico”, resistira à ação do tempo e merecia nova chance. A Editora Kuarup caprichou na reedição do texto. Tárik escreveu perfil introdutório do parceiro Henfil e anexou nota explicativa da origem do livro. E pediu prefácio a Sérgio Augusto, jornalista, pesquisador e escritor (Esse Mundo É Um Pandeiro – A Chanchada de Getúlio a JK, Companhia das Letras, 1989), além de grande amigo de Henfil, com quem conviveu principalmente nos anos de ouro do semanário Pasquim.
Em seu texto, Sérgio Augusto define Henfil como “o mais singular, brilhante, moleque e engajado cartunista de sua geração” e põe-se a imaginar o que faria o amigo setentão, se vivo fosse e estivesse no “gozo de suas faculdades físicas e mentais”? E arrisca palpites: “Provavelmente, estaria atirando em todas as direções, testando as mídias disponíveis, quem sabe confinado a um site na internet onde pudesse dar vazão a seu humor malicioso, anárquico, raivoso, grotesco – e politicamente incorreto para os padrões de hoje”.

“Como Se Faz humor Político – Depoimento de Henfil a Tárik de Souza” traz na capa imagem sorridente e colorida de Henrique Souza Filho. Traz também a econômica imagem da Graúna (que Tárik define como “sua mais genial e sucinta criação, nascida de um mero ponto de exclamação”) com três máscaras, uma sorridente como a de seu criador.

Em 126 páginas, Henfil fala do processo de criação de seus desenhos, de suas criaturas (inclusive do polêmico Cabôco Mamadô, que sepultava colaboracionistas (e que enterrou, também, criadores do naipe de Elis Regina e Drummond), de sua educação religiosa em Minas Gerais, de futebol (torcia pelo Atlético Mineiro, em BH, e tinha simpatia pelo Flamengo, no Rio) e das agruras políticas e sociais do Brasil.

Para completar a reedição, o livro traz cinco cartuns escolhidos pelo próprio Henfil. Num vemos os terríveis mascotes do Flamengo (Urubu), do Vasco (Ba-calhau), do Fluminense (Popó, ou pó de arroz) e Cri-Cri (Botafogo). Em outro, assinado por ele e Tárik, aparece uma figura feminina que vai apresentar-se a Ubaldo, o paranóico. Ele tapa a boca da mulher e implora: “Não fala! Qualquer tapa e eu conto tudo”. Na página dedicada ao misto de Exu e babalorixá Cabô-co Mamadô (Cemitério dos Mortos-Vivos), vemos Paulo Maluf com seus óculos fundo de garrafa, com asas e sobrevoando túmulos.

No cartum da Graúna, aparecem, sob sol escaldante, o Cangaceiro Zeferino seviciando a pequena ave. Chega o bode Orelana e questiona o que vê: “Não me parece ser este um típico comportamento de esquerda….” A Graúna retruca, em êxtase: “Hora de gozar a vida, Orelana, eu sou de direita…”.O primeiro dos cartuns selecionados por Henfil é, talvez, o mais sádico (e repulsivo) já publicado no Brasil: Baixim manda o ingênuo Cumprido fechar os olhos e coloca algo na boca do longilíneo frade, que devora tudo. “Crunch! Crunch!”… E pergunta: “O que é isto, Baixim? Fritas?”. Ao que o sádico fradinho responde: “Casquinha de leproso!”.

Será que, hoje, Henfil selecionaria este cartum para a nova edição de “Como se Faz Humor Político”? Com a palavra, Tárik de Souza: “Sensível como ele era, tenho certeza que muitas coisas que desenhou na época, ele não faria em tempos politicamente corretos. No livro, ele já fala da preocupação em ferir as pessoas. Mas se você for analisar o que o Charlie Hebdo publicava (e ainda publica) a possível crueldade do Henfil em uma tira ou outra, nem chega perto”.

Nesta entrevista ao Brasil de Fato, Tárik de Souza fala da temporada de Henfil nos EUA (onde buscou tratamento de saúde e espaço para suas criações), do “enterro” simbólico de Elis Regina e Drummond no Cemitério dos Mortos-Vivos, do Cabôco Mamadô, e da criação conjunta de “Ubaldo, o Paranóico”.

Brasil de Fato – Em que circunstâncias você conheceu Henfil? Como se tornaram amigos, a ponto de criarem juntos o Ubaldo, o Paranóico?

Tárik de Souza – Quando foi lançado o Pasquim, me interessei pelo jornal (até hoje tenho a coleção completa) no qual queria muito trabalhar, já que tinha completa afinidade com seus integrantes, linha editorial etc. Quando garoto, eu editava um jornal de humor na escola e sempre quis participar de um. Conheci o Henfil e o Jaguar no júri de um festival de música em Cachoeiro do Itapemirim, para o qual me convidei apenas para conhecê-los e tentar entrar para o jornal. Logo nos tornamos amigos e acabei ficando mais próximo do Henfil, por afinidades mineiras (minha família é toda de lá), políticas e estéticas, tanto na música quanto nos quadrinhos

O livro Henfil – Como Se Faz Humor Político teve uma edição encomendada pela Vozes e pelo Ibase. Esta coleção teve vida breve ou gerou vários livros? Em que esta nova edição enriquece a anterior?
A coleção teve vários outros títulos: Como se Faz Análise da Conjuntura, de Herbert de Souza, o Betinho, Como se Faz para Sobreviver com um Salário Mínimo, de Ana Lagoa, Como se Faz uma Comunidade Eclesial de Base, de Dom Luis Fernandes, Como se Faz a Luta dos Bairros, de Jó Resende, Como Cuidar de Bebês de Zero a um Ano, de Maria Teresa Maldonado, Como Trabalhar com o Povo, de Clodovis Boff. A nova edição traz um perfil do Henfil e apresentação feitos por mim, além de um prefácio do Sérgio Augusto. Saiu num formato ampliado – a anterior era em edição de bolso.

Henfil viveu pouco, mas intensamente. E num tempo muito polarizado. Com os “a favor” e “os contrários” à ditadura militar. Com seu humor corrosivo, enterrou Elis Regina, Drummond, entre outros, no “Cemitério dos Mortos-Vivos do Cabôco Mamadô”. O episódio com Elis se deve à participação dela em projeto musical das Olimpíadas do Exército? E com Drummond, o que houve?

Acredito que o enterro da Elis no Cemitério dos Mortos-Vivos teve a ver com o episódio de ela ter cantado nas Olimpíadas do Exército. Quanto ao Drummond, se não me engano, foi pelo fato dele se omitir em relação à ditadura. Elis e Henfil reataram e ficaram muito amigos, não só por causa de “O Bêbado e a Equilibrista”. Elis foi muito solidária também nas greves do ABC. Chegou a ligar para mim para que eu me engajasse na campanha de donativos para os grevistas.

O bode Francisco Orelana teve mesmo o compositor baiano, Elomar, como fonte de inspiração? Que outras fontes (pessoas) são reconhecíveis no trabalho de Henfil?

O bode Orelana foi, de fato, inspirado no Elomar. Zeferino é um retrato estilizado do pai do próprio Henfil. A onça Glorinha homenageia uma das irmãs do cartunista. O jornalista Humberto Pereira foi o molde do Henfil para o Fradinho Comprido.

A geração anterior à de Henfil conquistou imenso sucesso com o humor gráfico. Millôr (1923-2012), Ziraldo e Verissimo, nomes estelares, consagraram-se também com ilustrações, traduções, livros para adultos ou infantis. Foi o momento histórico que fez de Henfil um “astro pop”? Há alguém, hoje, na ativa, que desfrute de sucesso similar? Angeli, Laerte?

Há vários astros pop no humor de hoje, no desenho ou não, como discípulos do Henfil, o Angeli, o Laerte (o Glauco também foi), além do Zé Simão, um craque do humor concretista. E ainda há o Reinaldo (que começou no Pasquim) e a turma do Casseta &Planeta e, agora, o pessoal do Porta dos Fundos (entre eles, o João Vicente, filho do Tarso de Castro, um dos fundadores do Pasquim).

O fracasso de Henfil nos EUA o marcou de forma negativa? Ou retornar e fazer a revista Bicho, uma publicação-manifesto, o fez esquecer os dissabores com os poderosos sindicatos de quadrinhos estadunidenses?
Henfil teve duas terríveis decepções com a pátria da (estátua da) Liberdade. A primeira com a medicina, já que se mudou porque achou que teria melhores condições de tratar sua hemofilia. Descobriu que lá a saúde era tão ruim quanto a daqui – até porque a matriz patrimonialista é a mesma. Por isso, o Obama sofreu tanto para tentar dar uma melhoradinha com seu “Obamacare”… A segunda foi com a liberdade de expressão. Daqui, da ditadura, imaginávamos que ela seria ilimitada nos EUA. Mas, lá eles não precisavam de censura porque o próprio público reacionário já fazia a rejeição. Os quadrinhos dele foram considerados sick (doentes) e rejeitados pelo “sistemão”. Ele teria que sobreviver na marginalidade como o Robert Crumb. Aqui, apesar da ditadura, ele era popular e conseguia furar o cerco dos Catões de plantão.

Por que ele, que se saiu tão bem no humor gráfico, não conseguiu fazer de “Tanga – Deu no NY Times” (1987) um bom filme?
“Tanga” é um filme feito por um quadrinista. Henfil desenhou-o quadro a quadro. Definitivamente, não é um filme de cineasta, o que não quer dizer que seja ruim. Retrata uma época e antecipa muitas “cabeçadas” da esquerda nativa.

Que papel a imprensa alternativa, em especial o Pasquim, ocupou na imensa projeção de Henfil? Ela, a mídia de combate à ditadura, foi fundamental para criar a mística que o cercou?
A imprensa alternativa foi um sopro de vida na mídia. Muita coisa iniciada pelo Pasquim (incluindo a informalidade das entrevistas) foi assimilada pelos chamados jornalões. A ajuda foi mútua: tanto a imprensa alternativa promoveu o Henfil (que também atuou muito na grande imprensa em diversas frentes, e até na TV Mulher, da Globo, além da imprensa sindical) quanto ele ajudou a dinamizá-la e a dilatar seus limites.