Correio da Manhã

Reprodução/YouTubeO documentário Apple’s Broken Promises (As Promessas Quebradas da Apple), realizado pelo canal BBC, foi exibido pelo programa Panorama no mês de dezembro de 2014 e mostra as condições de trabalho em fábricas de Iphone na China.
A produção tem menos de uma hora de duração e mostra um repórter que foi infiltrado como funcionário na linha de produção da Pegatron (que presta serviços para a Apple). Ele entra na empresa com câmeras escondidas e mostra as condições de trabalho do local e o dia-a-dia dos funcionários.
No começo da matéria, é mostrado o processo de contratação do “novo funcionário”, que está no centro de recrutamento da empresa. Após ser admitido, ele fica com sua identidade retida, uma forma de prender o mesmo à empresa, já que os cidadãos chineses são obrigados a andar sempre junto às suas identidades.
No momento que ele chega à fábrica, a identidade é devolvida, e o supervisor avisa que a retenção temporária precisa ser mantida em segredo, pois é algo não permitido pela lei.
Na sequência, é possível acompanhar o cotidiano dos funcionários, que frequentemente são submetidos a pressões psicológicas, com a ameaça constante de que se eles “pisarem na bola” ou até mesmo se perderem nos corredores, serão substituídos por outras pessoas que já estão no local só esperando para começarem a trabalhar.
Para pagar os funcionários pelas horas além do combinado, a empresa registra só as horas combinadas e paga o excedente como se fosse um “bônus”, assim ninguém, nem a Apple, fica sabendo a quantidade total de horas que o funcionário realmente trabalhou.
Em 2010, 14 funcionários da Foxconn (que faz produtos para a Apple e HP) chegaram a cometer suicídio por conta das condições estressantes de trabalho. Na época, esses acontecimentos causaram uma resposta imediata da Apple, que se comprometeu a trabalhar junto com os fornecedores para regulamentar as condições de trabalho e de moradia dos funcionários, que vivem em alojamentos dentro das próprias fábricas.
Porém, o documentário mostra o contrário de tudo o que Apple tenta fazer e demonstrar. Desde que os suicídios nas fábricas da Foxconn ganharam projeção internacional, a empresa tenta mostrar que se preocupa com as condições de trabalho em todos os estágios da linha de produção.
A Apple ficou bastante incomodada com o documentário, que além das filmagens na fábrica, mostrou registros de trabalho infantil em mineradoras de estanho, e entrevistas com analistas e especialistas em condições de trabalho, que condenaram a postura da Apple.
Na época da exibição, o vice-presidente de operações da Apple, Jeff Williams, enviou um e-mail aos mais de 5000 funcionários da empresa no Reino Unido, dizendo que ele e Tim Cook estavam ‘profundamente ofendidos‘ com a premissa de que a Apple não se importa com as condições de trabalho nas fábricas chinesas. Ele ainda afirmou que foi enviada à TV uma grande quantidade de informações e dados que mostram a preocupação, mas que tais dados ficaram de fora do documentário.
No e-mail, ele ainda diz que não sabe “de nenhuma outra empresa que trabalhe tanto para garantir condições seguras e justas de trabalho, para descobrir e investigar problemas, para resolver e acompanhar a resolução quando problemas aparecem, e para providenciar transparência nas operações dos seus prestadores de serviço”. Ele admite que “dá pra melhorar”, e que a empresa irá melhorar.
A Pegatron disse que iria investigar cuidadosamente tudo o que foi exibido, e que tomaria “todas as medidas cabíveis”.
Com informações do ‘Blog do Iphone’.
O documentário também expõe as longas jornadas de trabalho. Algumas vezes funcionários foram flagrados caindo de sono e até dormindo sentados em seus postos na linha de produção. O documentário ressalta que além das longas jornadas, que ultrapassam 12 horas, os funcionários chegam a trabalhar 18 dias sem folga.