Guerra entre dois governos e califado jihadista aumentam desastre na Líbia

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Todos os dias milhares de líbios e imigrantes africanos organizam comboios para chegar até a fronteira com a Tunísia e abandonar o país. Os mais pobres arriscam a travessia do Mar Mediterrâneo. Tudo para fugir de 1700 milícias que combatem uma guerra civil sem fim e sem solução, a não ser a limpeza étnica

Brasil de Fato | Achille Lollo, de Roma (Itália)

Hoje, na Líbia, as estruturas institucionais são uma lembrança aleatória do passado, já que o modelo de unidade territorial desapareceu após a formação de dois governos, um em Tobruk e outro em Trípoli, além de um califado em Derna.

Tais “instituições” controlam apenas três regiões, equivalentes a um quarto deste imenso país. De fato, o território da Líbia foi, definitivamente, segmentado pelos clãs, os chefes das milícias, os conselhos tribais, as seitas islâmicas (Irmandade Muçulmana e salafitas), os moderados. Por último, os jihadistas associados ao Estado Islâmico (EI) e os remanescentes grupos ligados a Al-Qaeda.

Somente o governo chefiado por Abdullah al-Thani é reconhecido internacionalmente, apesar de ter sido eleito em junho do ano passado com apenas 17% dos líbios com direito a voto.

Por isso, houve uma revolta generalizada que obrigou Abdullah al-Thani, a deixar a capital Trípoli para se refugiar primeiro em Bengazi e depois em Tobruk, a quase 20 km da fronteira com o Egito. Nessa cidade ele requisitou um grande hotel para albergar os funcionários e os ministros do seu governo, que desde julho vivem praticamente entrincheirados aí.

A autoridade desse governo junto dos líbios é, na prática, nula. Somente as transnacionais e as empresas europeias que assinaram os novos contratos no “quarto de hotel ministerial” respeitam os decretos-leis assinados por Abdullah al-Thani.

Não existindo um verdadeiro exército líbio, esse governo negociou o cargo da defesa com o ex-general Khalifa Haftar que colocou à disposição do governo de Tobruk sua milícia denominada “Aliança das Forças Nacionais”. Uma pequena task force organizada em janeiro de 2012 pelos oficiais do exército egípcio, graças ao dinheiro da CIA e da Arábia Saudita.

De fato, não podemos esquecer que o ex-general Khalifa Haftar, foi o Chefe de Estado Major de Kaddafi que, em 1987, simulou sua captura na fronteira do Cha-de para ser resgatado pelos EUA, que o mantiveram “congelado” nos quarteis da CIA, em Langley, em Virgínia, para de-pois voltar à Líbia como “libertador”, após o assassinado de Kaddafi.

Os principais aliados do governo de Tobruk são o presidente do Egito, o general Al Sisi e a monarquia da Arábia Saudita. Ambos querem liquidar fisicamente os grupos ligados à Irmandade Muçulmana na Líbia como no Egito. Por isso, o novo rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdulaziz Al Sal, da mesma maneira que seu antecessor, financia todos os custos do governo de Tobruk, visto que a produção do petróleo e do gás, com os atuais preços em queda, ficou praticamente irrelevante para garantir o custo das operações militares, bem como a sustentação da administração pública.

A posição da monarquia saudita endureceu muito nos últimos dois anos para contrastar com as manobras geopolíticas da Turquia e do Qatar, que, por sua parte, reivindicam um papel central no mundo islâmico sunita pela intervenção direta na guerra civil síria, na iraquiana e logicamente na da Líbia. Por isso, apoiam a Irmandade Muçulmana e todos os grupos salafistas da Líbia, históri-cos membros do fundamentalismo islâmicos e aliados da Irmandade.

Frente Islâmica em Trípoli

Logo após o assassinato de Kaddafi, a Irmandade Muçulmana concentrou a maior parte de suas forças em Mesurada, visto que esta cidade é o principal porto petrolífero da Líbia, equipados com modernos terminais de carga para petróleo e gás, além de ser o portal do comércio exterior da Líbia e, portanto, a cidade dos grandes empresários líbios.

Por isso, quando os grupos moderados ganharam as primeiras eleições em 2012, a Irmandade logo transformou Mesurada e suas milícias em um Estado dentro do Estado, ao ponto que o então primeiro-ministro Ali Zeidan pagou 5 milhões de dólares à milícia de Mesurada por sua “proteção pessoal”. Mesmo assim ele foi sequestrado sofrendo um rápido julgamento político que o obrigou a exilar-se na Suíça.

A nova Frente Islâmica, chamada Fajr Líbia (Alvorada da Líbia) foi criada pela Irmandade Muçulmana logo após as eleições de junho de 2014, porque as mesmas foram consideradas “uma completa fraude”. Além disso, os moderados não aceitavam legitimar na Líbia a formação de um Estado islâmico.

Por outro lado, a fuga de Abdullah al-Thani para Tobruk com todos os funcionários e ministros do governo alimentou, ainda mais, a decisão dos grupos islâmicos de transformar a região da Tripolitânia em um autêntico Estado Islâmico. Um projeto que logo recebeu a aprovação política da Turquia e a sustentação financeira do Qatar. Por isso, durante quase quatro meses a capital Trípoli e seus arredores foram objeto de sangrentos combates, entre as milícias islâmicas ligadas à Fajr Libia e às milícias da região montanhosa de Zentan, que defendia o governo de Abdullah al-Thani.

O combate acabou quando os grupos islâmicos conseguiram, finalmente, “libertar” os três aeroportos de Trípoli, sendo que dois desses ficaram totalmente destruídos. Assim com a conquista da então capital Trípoli foi logo formado outro “Governo de Salvação Nacional”, que foi reconhecido apenas pela Turquia e pelo Qatar.

Chefiado por Omar al-Hassi, o governo “islâmico” de Trípoli se recusou a participar das conversações de paz que a ONU tentou realizar em Genebra, chamando à mesa de negociação as principais lideranças políticas e  étnicas.

Ainda hoje, os islâmicos do Fajr Libia rejeitam todo tipo de mediação internacional por que acreditam que o exército do Egito, além de já ter ocupado importantes localidades situadas ao longo da fronteira e perto da cidade de Tobruk, pretende tomar posse de outras regiões da Cirenaica, a sul de Bengazi, onde estão localizadas importantes reservas de petróleo e de gás ainda inexploradas.  Por outro lado, a caça aos militantes da Irmandade Muçulmana que a polícia e, sobretudo, o exército realizaram em todo o Egito, logo após o golpe de Esta-do planejado pelo general Al Sisi, é outro argumento que justifica a recusa de negociar com Abdullah al-Thani, vul-garmente chamado de “filhote do cão egípcio Al Sisi”.

No plano militar, as milícias islâmicas que integram a Fajr Libia conseguiram reestabelecer o controle das ligações rodoviárias entre Trípoli e Mesurada e da capital até a fronteira com a Tunísia. Um sucesso que segundo Abdullah al-Thani aconteceu graças aos “comandos” enviados pela Turquia e Qatar, muito bem disfarçados com os milicianos islâmicos líbios.

Aliás, teriam sido esses “grupos especiais” que chegaram em Jufra, a 600 quilômetros ao sul de Trípoli, para abrir alguns antigos paióis do exército de Kad-dafi e levar para Misurada todos os tambores  de “gás mostarda”, com os quais é possível preparar armas químicas.

Segundo o jornal Asarq Al-Awsat – publicado em Londres e ligado à monarquia saudita – o novo Parlamento Revolucionário de Trípoli (GNC) teria autorizado a realização de testes com armas químicas nos arredores da cidade de Mizda, a 160 quilômetros da capital Trípoli.

Se as revelações do jornal forem confirmadas pelos organismos da inteligência ocidental (CIA, M15, SDECE), o uso das armas químicas na guerra civil sem fim entre os dois governos da Líbia, poderá transformar-se em uma verdadeira hecatombe. Um contexto que torna cada vez mais imprópria uma possível intervenção de tropas da ONU.

Califado em Derna?

Tudo indica que a antiga milícia islâmica Ansar al Sharia, que, no passado ficou famosa por ter atacado o consulado dos EUA, em Bengazi, e morto a tiros todos os seus integrantes e o então embaixador estadunidense, Christopher Stevens, teria rompido com Al-Qaeda para se associar ao Estado Islâmico. De fato, o líder do EI, al Baghdadi, de Mossul, logo qualificou esse grupo “um integrante do EI”, legitimando assim o recém califado crido em Derma. Não é casual que o emir desse califado seja um miliciano, originário do Iêmen, que combateu na Síria nos batalhões do EI com o nome de guerra Abu al-Bara el Azdi.

O dito califado pode contar com o apoio e o “respeito” de outra poderosa milícia islâmica, chamada “Conselho da Shura dos Jovens Islâmicos”, que controla uma parte da costa nordeste do país. Segundo algumas informações os homens dessa milícia ganham milhares de dólares com o tráfego de vidas humanas, já que cada líbio ou africano que queria pegar uma barcaça para tentar chegar à Itália, devia pagar cotas de 3.000 até 5.000 euros. Cerca de 6.000 imigrantes foram embarcados nos últimos quatro meses dessas localidades.

Entretanto, a pergunta que mais circula nas salas das chancelarias europeias e, sobretudo, entre os membros do governo italiano – que nos últimos dez meses teve que socorrer 13.000 imigrantes no Mar Mediterrâneo –, é a seguinte: “Até quando as milícias líbias poderão suportar os custos e o peso das chacinas dessa guerra?”.

Ninguém pode e consegue dar uma resposta definitiva, visto que na Somália aconteceu um processo de desestabilização quase parecido ao da Líbia. É bom lembrar que na Somália houve duas intervenções militares – uma estadunidense e outra italiana – e ainda hoje o país continua dividido, refém dos grupos islâmicos que controlam muitas regiões do país e até bairros da capital Mogadíscio.

Por outro lado, a queda dos preços do petróleo acirrou ainda mais as tensões entre os contendentes líbios, visto que ficou evidente que, só quando houver ”Um Único” vencedor, é que será possível garantir a reconstrução do país e a administração dos lucros obtidos com a venda do petróleo e do gás. Infelizmente, esse princípio vai justificar as chacinas e os massacres que desde a “libertação em 2011” nunca acabaram.

Tsipras acusa Espanha e Portugal de liderarem “eixo de poder” contra Atenas

Diário de Notícias | por Susana SalvadorHoje

Tsipras acusa Espanha e Portugal de liderarem "eixo de poder" contra Atenas
Fotografia © REUTERS/Alkis Konstantinidis

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, acusa Madrid e Lisboa de liderarem conspiração conservadora para derrubar o seu governo anti-austeridade.

Num discurso para os membros do Syriza, Tsipras acusou Espanha e Portugal de liderar uma conspiração conservadora para derrubar o seu governo, dizendo que os executivos dos dois países temem as suas próprias forças radicais antes das eleições deste ano.

“Encontramos a oposição de um eixo de poder, liderado pelos governos de Espanha e Portugal, que por óbvias razões políticas tentaram levar as negociações para o abismo”, afirmou Tsipras, citado pela Reuters.

O primeiro-ministro também rejeitou as críticas de que Atenas tinha encenado um recuo para garantir a extensão do resgate da zona euro, argumentando que a raiva entre os conservadores gregos mostra que o seu governo conseguiu algumas concessões.

Boris Nemtsov denunciava corrupção do governo Putin e atuação russa na Ucrânia

Boris Nemtsov era uma das principais figuras de oposição na Rússia.

Boris Nemtsov era uma das principais figuras de oposição na Rússia.

REUTERS/Mikhail Voskresensky/Files

O oposicionista russo Boris Nemtsov, assassinado na noite de sexta-feira (27) no centro de Moscou, era antes de tudo um político carismático e destemido. Entre os líderes da oposição, era o único a ter passado pelo Kremlin, tendo sido vice-primeiro-ministro e Ministro da Energia no governo de Boris Iéltsin nos anos 1990, além de governador da cidade de Níjni Novgorod. Nemtsov não era unanimidade no campo oposicionista, mas era saudado como um crítico incansável de Vladimir Putin.

Veronika Dorman, correspondente da RFI em Moscou.

Após cair em desgraça com a chegada de Putin ao poder, Nemtsov criou um partido de oposição, a União das Forças de Direita, que encerrou suas atividades em 2008. Nos últimos anos, ele era um dos presidentes do partido de oposição Parnas (Partido da Liberdade do Povo) e também líder do movimento Solidarnost, ao lado do antigo campeão do mundo de xadrez Gary Kasparov.

No ano passado, Nemtsov denunciou casos de corrupção por trás dos altos custos da organização dos Jogos Olímpicos de Inverno em Sáchi. Nas últimas semanas, ele protestava também contra a desestabilização da Ucrânia promovida pelo governo Putin.

Marcha seria no domingo

Essa era a causa que o levou a uma rádio russa na noite de sexta-feira, pouco antes de ser assassinado: convocar os ouvintes a participar de uma manifestação contra a guerra na Ucrânia, no próximo domingo.

Nesta última entrevista, Boris Nemtsov também comentou a situação da deputada e militar ucraniana Nadia Savtchenko, que está em greve de fome há mais de dois meses, em protesto contra sua prisão na Rússia. “O nível de sadismo e crueldade contra Nadia ultrapassa todos os limites”, disse Nemtsov.

“Ela é o símbolo da resistência da Ucrânia. Se alguma coisa acontecer a ela, será culpa de Putin, mas não dos russos”, completou, antes de convocar: “É preciso que um milhão de pessoas saiam às ruas”.

Assassinato de opositor russo Boris Nemtsov foi planejado, diz polícia

Flores no local do assassinato em Moscou.

Flores no local do assassinato em Moscou.

O russo Boris Nemtsov, antigo vice-primeiro-ministro de Boris Iéltsin e principal opositor de Vladimir Putin, foi morto em pleno centro de Moscou na noite de sexta-feira (27). Ele foi atingido com quatro tiros nas costas. A manifestação política da qual ele participaria do domingo foi cancelada e substituída por uma marcha em sua memória. Segundo as primeiras informações da polícia, o assassinato foi “minuciosamente planejado”.

Três horas antes do assassinato, Nemtsov participou ao vivo de um programa de rádio, em Moscou. A jornalista que o entrevistava, pergunta: “Você poderia ter sido presidente. Quais são suas ambições políticas?”. “Pare com estas perguntas. Na minha juventude, Iéltsin queria que eu fosse seu sucessor, mas ele mudou de ideia e designou Putin. Esse foi o seu maior erro”, respondeu Nemtsov.

O oposicionista russo de 55 anos foi morto próximo ao Kremlin, enquanto passeava com uma mulher sobre a Grande Ponte de Pedra. “Ao redor de 23h15, um carro se aproximou dos dois, alguém disparou tiros e quatro acertaram as costas de Nemtsov, causando sua morte”, declarou a porta-voz do Ministério do Interior, Elena Alexeeva, ao canal de televisão Rossiya 24.

“Não há nenhuma dúvida de que este crime foi minuciosamente planejado, assim como o lugar escolhido para cometê-lo”, afirmou o comitê de investigação que se ocupa do caso. Tudo indica que a arma utilizada era uma pistola Makarov, usada pelas forças policiais e pelo exército russo.

Obama, Hollande e Merkel se manifestam

Os investigadores também encontraram no local seis balas de calibre 9mm de diferentes fabricantes, o que torna mais difícil rastrear sua origem. “Boris Nemtsov se dirigia com sua companheira para seu apartamento, situado não muito longe dali. É evidente que os criminosos conheciam o seu trajeto”, conclui o comunicado do comitê. Testemunhas do crime já teriam sido interrogadas.

Moradores de Moscou depositaram flores nos arredores do local do assassinato. No domingo, Boris Nemtsov deveria participar de uma das mais importantes manifestações organizadas nos últimos meses na capital russa. O protesto seria contra às crises econômica e na Ucrânia.

A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherine, disse que o bloco está “idignado com esta morte brutal” e que espera que as autoridades russas ajam rapidamente, de forma “completa e transparente” para encontrar os culpados. A chanceler alemã Angela Merkel disse estar “consternada” com o “assassinato covarde” de Nemtsov. O líder francês, François Hollande, disse que o político russo era “um defensor valente e incansável da democracia”.

O presidente norte-americano Barack Obama chamou o crime de “brutal” e disse esperar uma investigação transparente por parte das autoridades russas. “Admirava a valente luta contra a corrupção empreendida por Nemtsov”, disse Obama.

Porochenko: “Não foi por acaso”

Imediatamente após o assassinato, uma outra figura da oposição, Ksenia Sobchak, disse que Nemtsov estava trabalhando em um relatório que denunciaria a presença das Forças Armadas russas na Ucrânia, o que sempre foi negado pelo Kremlin, apesar das evidências.

O presidente ucraniano Pedro Porochenko tratou de estabelecer a ligação entre a morte de Nemtsov e a situação de seu país: “Ele era uma ponte entre a Ucrânia e a Rússia, e esta ponte foi destruída pelos tiros de um assassino. Não acho que tenha sido por acaso”.

Segundo analistas, embora costumasse publicar relatórios denunciando a corrupção no país, a oposição estava tão fraca que Nemtsov não representava nenhum tipo de ameaça real ao presidente Putin. No entanto, muitos responsabilizam Putin por ter criado um clima de caça às bruxas no país, com frequência classificando a oposição de traidora da nação, o que poderia ter incentivado os assassinos de Nemtsov.

Projeto português de difusão da arte contemporânea inaugura mostra no Rio

Paulo Virgílio – Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro

Um projeto português de arte contemporânea, que já percorreu cidades como Nova York, Berlim, Barcelona e Bruxelas, chegou ao Rio de Janeiro, com a exposição inaugurada hoje (27) no espaço cultural XXVinte, no bairro do Jardim Botânico, zona sul da cidade. A mostra Edições Carpe Diem exibe obras de cerca de 50 artistas plásticos de diversas nacionalidades, entre eles os brasileiros José Bechara e Tatiana Blass, a belga Jeanine Cohen  e o português Manuel Caiero.

Promover a arte contemporânea, por meio de edições que possibilitam sua comercialização a preços acessíveis, é um dos objetivos do projeto criado pelo Carpe Diem Arte e Pesquisa, sediado em Lisboa, no Palácio Pombal. Além de exposições, a instituição promove conferências,masterclasses, conversas com artistas, workshops e programas educativos.

O projeto conta com parcerias de agentes privados e entidades internacionais para a produção de edições limitadas de obras, apresentadas em galerias de arte de todo o mundo. “As obras têm pequeno formato e edição limitada de 30 exemplares e mais três provas de artista, e são geralmente impressões fotográficas, além de serigrafias e desenhos”,  explica Bruna Latini, responsável pela curadoria da etapa carioca do tour internacional da Edições Carpe Diem. “O objetivo é atingir novos públicos e divulgar o trabalho dos artistas que integram o projeto”, ressalta.

A exposição pode ser vista de segunda a sexta-feira, com entrada grátis, das 9h às 19h. Aos sábados, das 18h às 22h30, haverá exposição de vídeos dos artistas participantes, na Rua Visconde de Carandaí, 20, no Jardim Botânico.

Dilma participa da posse do novo presidente do Uruguai

Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro

A presidenta Dilma Rousseff viaja neste sábado (28) para o Uruguai, onde participa da posse do novo presidente Tabaré Vázquez, amanhã (1º), e da inauguração, hoje (28), de um parque eólico no país vizinho.

A presidenta Dilma Rousseff recebe o presidente do Uruguai, José Mujica, no Palácio do Planalto (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Dilma Rousseff e Pepe Mujica inauguram parque eólico no Uruguai  Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em Colonia del Sacramento, ao lado do presidente José Pepe Mujica, Dilma inaugura o Parque Eólico Artilleros, construído pelos dois países por meio de parceria entre as empresas Eletrobras e UTE/Uruguai. De acordo com o governo uruguaio, o empreendimento custou US$ 100 milhões, e será capaz de gerar cerca de 65 megawatts de energia. Parte dos investimentos foi financiado pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina.

Depois, a presidenta brasileira  em barca para Montevidéu, ao lado de Mujica. Na capital uruguaia, Dilma assistirá, neste domingo, a posse do presidente eleito no fim do ano passado para governar o Uruguai. Tabaré Vázquez sucederá Mujica no terceiro mandato consecutivo da Frente Ampla no poder, que ajudou a aprovar projetos de lei como a legalização do aborto, do casamento de pessoas do mesmo sexo e do consumo, da produção e venda de maconha.

Logo depois, no início da tarde, Dilma retornará ao Brasil, diretamente para o Rio de Janeiro, onde participará de dois eventos por conta das comemorações dos 450 anos da cidade: a inauguração do Túnel Rio 450 e a cerimônia oficial promovida pela prefeitura carioca.

Doenças raras: pacientes cobram maior divulgação nas faculdades de medicina

Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro

No Dia Mundial das Doenças Raras, lembrado hoje (28), associações e pacientes cobram que elas sejam amplamente discutidas dentro das próprias faculdades de medicina, na tentativa de acelerar o diagnóstico e melhorar o prognóstico de quem depende de tratamento.

São consideradas doenças raras as enfermidades que acometem até 65 pessoas em um grupo de 100 mil. No Brasil, estima-se que cerca de 15 milhões de pessoas tenham algum tipo de doença rara, como a doença de Fabry, de Gaucher, a neurofibromatose, a esclerose lateral amiotrófica (ELA), a síndrome de Hunter, a osteogênese imperfeita, a hipertensão pulmonar e o angioedema hereditário.

Mônica Vilela, de 38 anos, foi diagnosticada nos Estados Unidos com hipertensão pulmonar aos 2 anos e 8 meses de vida. Segundo ela, trata-se de uma doença extremamente desconhecida do público e da classe médica. “Conversamos com os pacientes e nem eles sabem ao certo sobre a doença que têm”, disse.

Segundo Mônica, também é comum encontrar pacientes que receberam diagnósticos errados até que se chegasse ao problema de fato, o que pode comprometer a qualidade de vida de quem luta contra uma doença rara.

“Por serem raras, elas ficam escondidas, não chamam a atenção tanto quanto doenças crônicas como diabetes e câncer que, embora também sejam graves, são altamente difundidas na sociedade. No caso da doença rara, dá pra contar nos dedos quem tem e, infelizmente, não há o investimento necessário”, disse.

Para José Léda, diagnosticado com ELA há dez anos, é preciso investir no aperfeiçoamento contínuo dos profissionais de saúde e também das equipes multidisciplinares que atendem os pacientes, como fonoaudiólogos, fisioterapeutas e enfermeiros. Sandra Mota, esposa de Léda, também defende a notificação compulsória para o encaminhamento de pacientes com doenças raras a centros especializados.

“Há pouca coisa a favor dessas pessoas, uma delas é o tempo. Em um contexto social precário, até elas conseguirem chegar ao serviço especializado, já se perdeu muito tempo. Então, precisamos de um bom gerenciamento da saúde dos pacientes”, disse Sandra, que é diretora da Associação Pró-Cura da ELA.

Na última quarta-feira (25), organizações sociais, pesquisadores e parlamentares participaram do Seminário do Dia Mundial das Doenças Raras, na Câmara dos Deputados, e cobraram mais empenho político para dar visibilidade ao assunto, e celeridade às ações previstas na Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras.

Durante o evento, a secretária de Atenção à Saúde, Lumena Furtado, disse que em 2015 o Ministério da Saúde pretende trabalhar na construção de protocolos clínicos para o conjunto de doenças raras. “Assim, poderemos discutir incorporações tecnológicas e os tipos de serviços necessários para cada conjunto de doenças”, disse. Ela explicou que também está prevista a criação de uma plataforma online para troca de informações entre sociedade, comunidade científica, pacientes e seus parentes.

Usuários aprovam 1ª madrugada com ônibus em SP

28/02/2015

Agência Estado

São Paulo, 28 – “Pode entrar, mas vem aqui me ensinar o caminho.” Foi desta forma que o motorista de ônibus Clodoaldo José da Silva, de 40 anos, abordou a reportagem dentro de uma das linhas da madrugada da Prefeitura.

A frota de 151 itinerários entrou em operação na madrugada deste sábado, 28. O motorista teve a ajuda tanto da reportagem quanto dos primeiros passageiros da linha Terminal Parque Dom Pedro/Terminal Pinheiros, que passa pela Rua Augusta e atende uma das principais reivindicações dos usuários de ônibus que querem aproveitar a balada: não ter que “dormir”na rua para esperar os ônibus começarem a rodar às 4 horas.

A partir de agora, a cidade conta diariamente com linhas de 0h às 4h, com intervalos de 15 e 30 minutos. Apesar do problema pontual no ônibus dirigido por Silva, o público aprovou o serviço e foi surpreendido pela pontualidade das linhas. “Eu acho ótimo. Ninguém merece ter que ficar na rua até de manhã esperando ônibus e metrô. Se a balada estiver ruim, posso sair e ir direto para a minha casa”, afirmou a estudante Tamires Ruiz, de 19 anos. Ela e a professora Viviane Santana, de 28 anos, saíram da Penha, na zona leste, na noite de sexta-feira, 27, chegaram ao Terminal Parque Dom Pedro e seguiram para a Rua Augusta.

Segundo a diretora de planejamento da São Paulo Transporte (SPTrans), Ana Odila de Paiva Souza, a expectativa da Prefeitura é que 20 mil pessoas utilizem diariamente o transporte da madrugada. O número, segundo ela, pode aumentar. De acordo com a SPTrans, um programa piloto realizado em 12 linhas que já existiam e passaram e ter uma frequência maior entre a meia-noite e às 4 horas, tiveram aumento de 43%.

Aeroporto de Confins fecha por causa do mau tempo e passageiros enfrentam transtornos

Por causa do mau tempo, pousos e decolagens ficaram suspensos nesta madrugada. Pelo menos oito voos foram cancelados e 5 sofreram atrasados

Jociane Morais/EM/D.A.Press

Passageiros do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, voltam a ter transtornos por causa do mau tempo. Desde a madrugada deste sábado, o terminal está fechado para pousos e decolagens. Voos foram cancelados e outros estão atrasados. Por causa disso, várias pessoas ficaram revoltadas e lotaram as salas de embarque.

Funcionários das companhias aéreas informaram que o terminal ficou sem teto por causa do mau tempo. Por volta das 5h40, foi fechado para decolagens. Para pousos, o terminal já estava operando com restrição antes deste horário. De acordo com o último boletim da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), divulgado às 9h, dos 35 voos programados até o horário, oito foram cancelados e 5 sofreram atrasados. Uma das prejudicadas é a jornalista Ana Carolina de Almeida Nacimento, de 25 anos. Ela estava com uma viagem marcada para o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, porém, a Tam transferiu o pouso para o Galeão. A jovem namora um homem que mora próximo ao Santos Dumont e que iria buscá-la, porém, a companhia aérea informou que não vai arcar com o transporte de um terminal para o outro. “Pesquisei na Internet e ainda tenho dúvidas sobre o pagamento do transporte. Eles alegam que não fazem o pagamento por causa do mau tempo, mas acho que tenho esse direito”, questionou.

A mesma dúvida é vivida por Alice Bernardes, de 22 anos, Mário Bernardes, de 25, e Elizabete Bernardes, de 82. Quando ficaram sabendo sobre o fechamento do aeroporto e a posição da empresa aérea de não pagar o transporte entre os aeroportos do Rio de Janeiro, se revoltaram. A mais nervosa é Alice que tirou apenas quatro dias de férias para aproveitar a capital carioca e não sabe o horário que vai embarcar.

Por volta das 7h15, funcionários das empresas aéreas começaram a chamar os passageiros. Eles informaram que as condições meteorológicas melhoraram e que os clientes aguardariam na aeronave pela decolagem.

De acordo com a BH Airport, concessionária que administra o aeroporto, o terminal ficou fechado das 5h43 até as 8h02 por causa da neblina forte. Depois disso, passou a operar por instrumentos.

Jociane Morais/EM/D.A.Press

Temporal

Nessa sexta-feira, os passageiros também enfrentaram problemas no terminal. O temporal que atingiu BH e a região metropolitana causou transtornos no local. Goteiras se espalharam pelo saguão inferior e superior. Vários locais foram isolados e funcionários montaram uma força-tarefa para limpar o terminal.

O mau tempo também fez o aeroporto funcionar por aparelhos. Mesmo assim, não afetou, significativamente, a situação dos voos. O aparelho que ajuda os pilotos nos pousos em caso de condições meteorológicas ruins, ILS (sigla em inglês para sistema de pouso por instrumentos) estava ligado, segundo a BH Airport. No começo do mês, quando o aparelho estava desligado por causa de uma obra na pista de pouso, centenas de voos foram cancelados, o que causou um caos no terminal.

Para evitar os transtornos durante o carnaval, a concessionária decidiu religar os instrumentos. Para isso, a BH Airport suspendeu as obras de melhorias da pista. Neste sábado, o aparelho também está ligado, conforme a empresa.

Jociane Morais/EM/D.A.Press

As tendências (e os interesses) por trás da revista ‘The Economist’

Jornal do Brasil

Assim como a agência americana Moody’s, que na última quarta-feira (24/02) rebaixou a nota da Petrobras de Baa3 para Ba2, fazendo a empresa ter um grau especulativo, a revista britânica The Economist também concedeu a si mesma o papel de juíza do Brasil. Segundo ela, o país vive seu pior momento econômico desde o início dos anos 90. Com o título “O atoleiro do Brasil”, a capa mostra uma passista de escola de samba presa em um pântano verde.

Não é a primeira vez que a Economist  dá seus palpites. A mesma publicação havia recomendado em seu editorial do dia 18 de outubro de 2014, o voto em Aécio Neves (PSDB) quando faltavam menos de dez dias para as eleições presidenciais. Nessa edição, a capa trazia a ilustração de uma mulher estilizada como Carmen Miranda, mas com ar de tédio e desconfiança e com frutas apodrecidas sobre a cabeça. Com o título “Por que o Brasil precisa de mudança?” (“Why Brazil needs change?”), o texto faz um balanço pessimista dos quatro anos de governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

"O atoleiro do Brasil" na nova edição da Economist (reprodução)
“O atoleiro do Brasil” na nova edição da Economist (reprodução)

O mesmo havia acontecido em outubro de 2010, quando também faltavam dias para a votação do segundo turno. A Economistsugeriu o voto em José Serra (PSDB) defendendo a alternância de poder e a austeridade: “É difícil imaginar Dilma e o PT colocando um ponto final nos gastos públicos”, argumentava o artigo.

Voltando ainda mais no tempo, a revista britânica publicou em novembro de 2009 uma edição com uma capa que ficoufamosa. Nela, o Cristo Redentor aparece levantando vôo como um foguete.  Mas o tom era de puro otimismo na matéria intitulada “O Brasil decola” (“Brazil takes off”).

Na época, o mundo ainda estava atolado na crise financeira internacional e o Rio havia sido escolhido sede das Olimpíadas de 2016 apenas um mês antes. Os capitais de investidores ávidos por lucros rápidos fluíam para os países emergentes. A Economist deu destaque ao Brasil entre os Brics e mostrou suas vantagens. “Ao contrário da China, é uma democracia, ao contrário da Índia, não possui insurgentes, conflitos étnicos, religiosos ou vizinhos hostis. Ao contrário da Rússia, exporta mais que petróleo e armas e trata investidores estrangeiros com respeito”.

Quatro anos depois, em setembro de 2013, o Cristo Redentor voltava à capa, mas em queda livre. Falando do Brasil, a matéria carregava no tom alarmista: “Uma economia estagnada, um Estado inchado e protestos em massa significam que Dilma Rousseff deve mudar o rumo”

Em 2009 e 2013, duas capas bem opostas (Reprodução)
Em 2009 e 2013, duas capas bem opostas (Reprodução)

O Jornal do Brasil já se pronunciou claramente contra a arbitrariedade das agências de classificação de risco, que se apresentam como isentas e imunes a pressões políticas e econômicas.

Agora, diante de capas caricatas e desrespeitosas de “renomadas” revistas, é sempre bom lembrar a famosa frase do escritor inglês William Shakespeare, esse sim uma autoridade em seu ofício: “A desconfiança é o farol que guia o prudente”.

A pergunta a se fazer é: Quais são os maiores interessados que estão por trás dessas “avaliações” negativas? Serão banqueiros apátridas que torcem pelo “quanto pior, melhor”? Quem estará ajudando a Economist a desqualificar o Brasil?