Circuito Favela Criativa promove maratona cultural entre agosto e setembro

Com a participação de mais de 2500 artistas, evento terá dança, música, gastronomia, artesanato e outras atrações em sete regiões do Rio

Secretaria da Cultura do Rio de Janeiro

Os fins de semana de sete comunidades do Rio de Janeiro serão especialmente criativos entre os dias 1º de agosto e 13 de setembro. Uma verdadeira maratona cultural vai invadir Vila Kennedy, Rocinha, Manguinhos, Cidade de Deus, Região Portuária, Complexo do Alemão/Penha e Grande Tijuca, com apresentações de mais de 2.500 artistas, aos sábados e domingos, das 14h às 22h, totalizando cerca de 120 horas de eventos. É o Circuito Favela Criativa, que reunirá apresentações de circo, teatro, dança, música, gastronomia, arte urbana, moda e artesanato, conectando artistas da periferia e do asfalto.

A programação tem a direção artística de Ernesto Piccolo e mais de 400 grupos participarão, se apresentando ou comercializando seus produtos. O evento terá, ainda, oficinas de dança, jogos, literatura e comunicação abertas a todo o público, além de passeios guiados pela comunidade. Em cada local será montado um grande palco para os selecionados e artistas convidados. A programação completa está disponível no site do Programa Favela Criativa.

O Circuito, que culmina quase três anos de planejamento, representa um investimento de R$ 1.308.000,00 e faz parte do programa Favela Criativa, uma realização da Secretaria de Estado de Cultura (SEC). Resultado da parceria entre o poder público e a iniciativa privada, contando com recursos de R$ 14 milhões provenientes da própria SEC, da Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude, através do Banco Interamericano de Desenvolvimento-BID e do Caminho Melhor Jovem, da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, da Light, do Programa de Eficiência Energética da ANEEL, e do Ministério da Cultura, o programa é formado por um conjunto de projetos que oferece a jovens agentes culturais  formação artística e especialização em gestão cultural. Além disso, estabelece também canais de diálogo entre esses jovens, possíveis parceiros e patrocinadores potenciais.

O conteúdo e a coordenação do Circuito Favela Criativa são da Mil e Uma Imagens. Apoio: Globo.

A primeira comunidade a receber o projeto será Vila Kennedy, nos dias 1 e 2 de agosto, das 14h às 22h, na GRES Unidos da Vila Kennedy. De 8 a 9 de agosto, o Circuito aportará no Largo da Roupa Suja, na Rocinha. No fim de semana seguinte, 15 e 16 de agosto, chegará à Biblioteca Parque de Manguinhos. Nos dias 22 e 23 de agosto será a vez da Cidade de Deus, na Quadra do Coroado. Uma semana mais tarde, nos dias 29 e 30 a programação avança até a Região Portuária, no Largo de São Francisco da Prainha. De 5 a 6 de setembro, os artistas se apresentarão na Vila Olímpica Carlos Castilho, no Complexo do Alemão/Penha. E para encerrar, nos dias 12 e 13, os artistas da Grande Tijuca se encontrarão na Vila Olímpica de Vila Isabel.

E em 2016 haverá mais. O plano é repetir a dose no ano que vem, criando um novo Circuito, integrado à programação cultural das Olimpíadas.

Preparando o Circuito

O Circuito Favela Criativa foi precedido de um mês de intercâmbios entre participantes das regiões que ele engloba. Em junho, produtores, agentes culturais e artistas de diferentes territórios do Rio de Janeiro participaram de uma salutar troca de saberes.

Neste período, moradores que tiveram seus projetos aprovados por uma comissão mista – formada por integrantes das Secretarias de Cultura e Esporte, Lazer e Juventude e por representantes da Mil e Uma Imagens –  puseram em prática suas propostas realizando ensaios e oficinas com os parceiros que eles mesmos haviam selecionado ao elaborar e inscrever os respectivos projetos.

Rocinha, Nova  Sepetiba , Complexo do Alemão/Penha, Cidade de Deus, Complexo do Lins, Morro da Conceição, Formiga, Borel, Salgueiro , Turano e Vila Kennedy são alguns dos territórios que participaram do intercâmbio.

Foi o caso, por exemplo do dançarino e professor de dança de salão, Jorge dos Santos Souza, da Academia de Dança Mark e Dance, que funciona no morro do Turano, na Grande Tijuca, que concorreu ao edital com  uma proposta conjunta com o responsável pela quadra da Vila Kennedy, Heraldo Theodoro.  Jorge espera encher aquele espaço com dançarinos de todas as idades  durante o Circuito.

“Espero que a quadra da Vila Kennedy fique repleta de casais. Iremos com uns 25 alunos aqui do Turano que se unirão a pelo menos mais 25 participantes da região da Vila Kennedy.  Primeiro, faremos um aulão, depois apresentaremos três músicas.  A expectativa é grande e a experiência está sendo ótima. Tenho 25 anos de trabalho e nunca tinha tido uma oportunidade dessa. Mais para a frente queremos reunir os dançarinos da Vila Kennedy aqui na nossa comunidade”.

Dança de quadrilha também não vai faltar no Circuito Favela Criativa. Luiz Eduardo Sequeira, presidente do Polo de Desenvolvimento Cultural do Andaraí, organizador da Quadrilha Pode-C, formada por 60 jovens, se encarregará disso. Sua proposta era contemplar os 60 adolescentes da quadrilha com uma peça cenográfica, assinada por Toquinho do Grafite, artista de Manguinhos, acrescentando ao visual do grupo, além de figurinos e coreografia, um novo elemento artístico. E conseguiu, conforme ele mesmo conta.

“Estávamos torcendo para que nosso projeto fosse aprovado e no final deu tudo certo. O período de intercâmbio foi o da fase de criação do nosso cenário. Ele resultou de uma oficina ministrada por Toquinho do Grafite, que teve a participação de 15 adolescentes, alguns deles integrantes da quadrilha, e outros aqui da região. Nossos temas são a natureza e o artesanato . O resultado foi excelente, porque foram criadas árvores de PVC, pintadas com a técnica do grafite. Vamos nos apresentar no Circuito e agora estamos prontos para  concorrer no Campeonato Estadual de Quadrilhas, que é organizado pela Federação de Quadrilhas do Estado”.

A experiência do grupo Contra Bando de Teatro, do Alemão que se uniu  ao grupo de teatro Arteiros, da Cidade de Deus, também resultou em grata surpresa para os jovens artistas. O Contra Bando de Teatro teve origem no AfroReggae  em 2011, e, após a desativação do espaço da organização , seus componentes resolveram continuar  o trabalho de interpretação e criação teatral de forma independente. Desde 2013 eles ocupam uma sala do Centro de Referência da Juventude na estação Alemão do teleférico. Como contrapartida, o grupo oferece no espaço oficinas de teatro para crianças e adolescentes gratuitamente. A diretora do Contra Bando, Nilda Silva de Andrade, soube do edital da SEC através das redes sociais e, por sugestão de uma amiga, procurou o grupoArteiros para propor a parceria:

“Tive logo de início muita vontade de participar do projeto, mas aí me dei conta de que não conhecíamos nenhum grupo teatral de outra comunidade. Fiquei chocada com isso e quando conheci os jovens do  Arteiros, pude ver que, embora sejamos todos moradores de favelas , temos vivências  diferentes e metodologia de trabalho também.  O Contra Bando e o Arteiros, juntos, somam mais de 20 atores.  Nesse período do intercâmbio já fizemos uma intervenção na praça principal da Cidade de Deus, apresentando quatro esquetes.  Está sendo uma experiência incrível  de vida, porque  estamos aprendendo com adolescentes que começaram a fazer teatro ainda crianças e  fazem tudo com muita seriedade. O projeto possibilitou o nosso encontro e está sendo tão bom que temos planos de continuar trabalhando juntos,  para além do Circuito”.

Colaboração de Ascom

Tecnologia de congelamento é utilizada na exploração mineral do Amazonas

Tecnologia permite que a perfuração no solo aconteça com segurança. A mina ficará entre 700 e 900 metros abaixo do aquífero Alter do Chão

MANAUS – Após o recebimento da licença ambiental prévia para a exploração mineral em Autazes(distante 113 quilômetros de Manaus), a empresa Potássio do Brasil dá continuidade aos estudos de engenharia e investigação da área a ser utilizada, assim como da hidrogeologia do local. Uma das tecnologias a serem implementadas na construção da mina é a de congelamento da água. A técnica será empregada durante a perfuração dos poços utilizados para a extração do potássio.

O diretor da Potássio do Brasil Ltda., José Fanton, explica que a tecnologia, utilizada no Canadá, permite que a perfuração no solo aconteça com segurança. A mina é subterrânea e ficará entre 700 e 900 metros de profundidade, abaixo do aquífero Alter do Chão. Para ter acesso à mina serão construídos dois elevadores com profundidade de aproximadamente 900 metros, com 100 metros de distância entre eles.

De acordo com Fanton, o congelamento consiste na injeção de nitrogênio líquido à superfície porosa, onde há composição arenosa, ocasião em que ocorre o resfriamento. Após o congelamento será possível fazer novas escavações e cimentação, que é a utilização do concreto. “Faremos o congelamento da parte superficial, nos primeiros 400 metros, até conseguirmos vencer a área porosa que é menos consolidada”, disse o diretor. “As perfurações não oferecem risco ao aquífero porque são localizadas e serão feitas na circunscrição do poço, sem a intenção de contaminação”, completou.

A expectativa, segundo o diretor, é que as obras para a instalação da mina iniciem no próximo ano. Após o recebimento da licença ambiental prévia, outorgada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) na última quarta-feira (22), a empresa aprimora os estudos de beneficiamento do potássio, assim como os levantamentos de engenharia, hidrogeologia, refinamento das informações relacionadas ao meio ambiente, e implicações socioeconômicas e sociais, critérios exigidos pelo Ipaam. “Também vamos avaliar as questões de vias de acesso ao município e da logística utilizada para o escoamento do produto, a comercialização. A produção será fornecida ao território nacional, que hoje importa 95% do que consome. Seremos responsáveis pelo fornecimento de 25% do total demandado pelo país”, assegura.

O projeto contará com investimento total de US$2 bilhões. Na fase de construção deverá empregar cerca de 4,5 mil trabalhadores. A matéria-prima importada é adquirida a partir de países como Rússia, Canadá, Alemanha e Israel, que são os principais produtores do cloreto. De acordo com o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), em 2014 o Brasil importou 9,041 milhões de toneladas de cloreto de potássio, o equivalente a US$2,8 bilhões.

Igreja gera polêmica por reivindicar Catedral de Santo Isaac

31 de julho de 2015 OLGA MAMÁIEVA, ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Apesar de receios da população, representantes da Igreja Ortodoxa Russa garantem que templo, um dos símbolos de São Petersburgo, manterá acesso livre a todos. Custo alto de restauração da catedral deve recair sobre orçamento do governo, mesmo que Igreja passe a administrar o espaço.
Mais de 3 milhões de pessoas visitam a Catedral de Santo Isaac anualmente Foto:Shutterstock/Legion Media

A administração da Província Eclesiástica de São Petersburgo pediu às autoridades municipais que a Catedral de Santo Isaac passe a ser de usufruto livre e ilimitado da Igreja Ortodoxa Russa. Hoje o templo faz parte do conjunto museológico estatal da Catedral de Santo Isaac.

Segundo o arcipreste Vsevolod Tchaplin, chefe  do departamento sinodal da Igreja Ortodoxa Russa para comunicações sociais, a transferência do monumento para a administração da diocese irá torná-lo acessível a mais visitantes. O mesmo pedido foi feito em relação à Catedral do Salvador do Sangue Derramado, também em São Petersburgo.

“Na Rússia existem muitas igrejas que não têm regime de acesso livre, como é o caso das catedrais do Kremlin de Moscou, mas que não são administradas pela comunidade eclesiástica, e sim por organizações seculares”, disse o arcipreste à Gazeta Russa.

“Para mim, essa é uma situação estranha. Todas as questões relacionadas com a realização de serviços religiosos e restauração de igrejas devem ser primeiramente decididas pela comunidade eclesiástica.”

O pedido recebeu críticas de defensores do patrimônio público e cidadãos que temem que um dos principais símbolos de São Petersburgo venha a ter acesso restrito. Estima-se que mais de 3 milhões de pessoas visitam a catedral anualmente.

No site change.org foi criado um abaixo-assinado contra a transferência da Catedral de Santo Isaac e da Igreja do Salvador do Sangue Derramado para o domínio da Igreja Ortodoxa Russa. A lista já conta com mais de 8.000 assinaturas.

Os deputados da Assembleia Legislativa de São Petersburgo prometeram preparar um recurso e apresentar ao Comitê Eleitoral Municipal uma proposta de realização de referendo sobre o assunto.

A Igreja Ortodoxa Russa garante que, se a decisão da transferência da Catedral de Santo Isaac para a diocese foi aceita, o acesso ao espaço será livre e gratuito para todos.

“A catedral pode ser gerida não por 400, mas por 40 pessoas, incluindo restauradores profissionais e curadores”, disse o arcipreste Tchaplin. “As catedrais que foram transferidas para usufruto da Igreja Ortodoxa Russa, são exemplo de maior acesso e eficiência do que os museus do Estado.”

A Catedral de São Isaac da Dalmácia, construída segundo o projeto do arquiteto francês Auguste de Montferrand em 1858, é Patrimônio Mundial da Unesco. Desde 1948, a catedral funciona como museu.

A Igreja do Salvador do Sangue Derramado também faz parte do conjunto museológico.

A comunidade eclesiástica local tem a permissão da administração do conjunto para realizar missas nesses templos aos domingos e feriados.

Preço nas alturas

O coordenador do grupo de proteção do patrimônio arquitetônico Arkhnadzor, Konstantin Mikhailov, acredita que a questão da transferência da Catedral de Santo Isaac não pode sequer ser discutida enquanto a Igreja Ortodoxa Russa não apresentar garantias financeiras para preservação e restauração do monumento arquitetônico.

O orçamento dos trabalhos de restauração da Catedral de Santo Isaac e da Igreja do Salvador do Sangue Derramado, até 2020, é estimado em quase US$ 13 milhões. Hoje os fundos arrecadados pelo museu são suficientes para manter todo o conjunto arquitetônico.

No caso da Igreja Ortodoxa Russa, para realizar as obras necessárias, será preciso recorrer aos cofres públicos. “Como estamos falando da transferência de imóvel não para propriedade, mas para usufruto da comunidade eclesiástica, os trabalhos de restauração deverão ser financiados pelo Estado”, disse o arcipreste.

No primeiro semestre, as autoridades de São Petersburgo decidiram transferir a Catedral de Smolny, que também integra o conjunto museológico de Santo Isaac, para a jurisdição da Igreja Ortodoxa Russa. Os quase US$ 5 milhões necessários para a restauração de Smolny foram cedidos pelo Estado.

“Na Grécia e em alguns outros países, monumentos cuja fundação remonte a épocas anteriores ao século 19, não podem, em geral, ser transferidos para a propriedade de nenhuma comunidade”, diz o restaurador Viktor Korchunov. “Apenas o Estado consegue mantê-los em boas condições.”

Nos últimos dois anos, a Rússia aumentou os requisitos técnicos para conservação de monumentos. A manutenção de objetos grandes como a Catedral de Santo Isaac e a Igreja do Salvador do Sangue Derramado exigem não só financiamento pesado, como pessoal altamente qualificado.

“Se a Igreja Ortodoxa Russa realmente tiver capacidades financeiras, técnicas e humanas para investir na preservação desses monumentos, então não há o que se questionar. Mas esse tipo de decisão deve ser tomada também levando em conta a opinião dos cidadãos”, conclui o restaurador.

Maricá mantém ônibus gratuitos

Mesmo depois da proibição da Justiça, a prefeitura decide manter “vermelhinho”

31/07/2015

Brasil de Fato | Fania Rodrigues, do Rio de Janeiro (RJ)

Foto Crédito: Reprodução

O prefeito de Maricá, Washington Quaquá (PT), garante que os ônibus da Empresa Pública de Transportes (EPT) não vão deixar de circular. A decisão foi tomada depois que a Justiça proibiu o funcionamento dos ônibus, que oferecem transporte gratuito. Também foi estipulada uma multa diária de R$ 20 mil, em caso de descumprimento.

“A população não pode ficar sem transporte, por isso decidimos manter os ônibus. Posso até ser preso, mas não vamos dar nem um passo atrás nos direitos conquistados”, destaca Washington Quaquá.

A decisão judicial é o resultado de uma ação, movida por empresários do transporte, contra a Prefeitura de Maricá. Eles alegam que a tarifa zero causa prejuízos e desequilíbrio financeiro às empresas privadas.

Segundo o integrante do Movimento Passe Livre (MPL-RJ) José AntônioAbraão, o transporte fornecido pela prefeitura não foi criado voluntariamente. “Existe uma enorme demanda por transporte público em Maricá, então a iniciativa da prefeitura veio atender essa necessidade da população”, explica o militante. Ele afirma ainda que “as empresas privadas não querem tarifa zero só porque não fazem parte desse projeto, pois até poderiam participar oferecendo o mesmo transporte gratuito e recebendo do poder público. Mas, isso implicaria perder o controle de sua planilha de custo”, destaca o militante do MPL.

TRANSPORTE PRIVADO PRECÁRIO

Polêmicas à parte, uma coisa é certa. Os usuários do transporte em Maricá não estão contentes com o sistema empresarial. “O único empresário de

Foto Crédito: Reprodução

ônibus de Maricá controla o mercado há 30 anos, ele faz o que quer. As tarifas são altas, o ônibus não tem horário e as linhas são insuficientes”, explica o vice-presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Recanto de Itaipuaçu (AMAI), Ricardo Gutierrez.

Para verificar problemas como esses, assim como a qualidade dos ônibus em circulação, a Prefeitura de Maricá está realizando uma força tarefa para fiscalizar as empresas de ônibus. “Apreendemos alguns ônibus irregulares essa semana. Caso for provado que as empresas não estão atendendo os pré-requisitos, vamos ter que suspender a concessão pública”, ressalta Quaquá.

Os moradores de Itaipuaçu, um bairro distante do centro da cidade, estão preocupados com a decisão judicial. “Maricá é um município grande e nas zonas periféricas da cidade mora muita gente humilde. Essa é uma oportunidade de as pessoas poderem circular livremente” explica Gutierrez, também conhecido no seu bairro como Ricardinho Noturno.

Jogos Olímpicos expulsaram 67 mil pessoas de suas casas

Vila Autódromo será demolida para obras do Parque Olímpico

31/07/2015

Brasil de Fato | André Vieira, do Rio de Janeiro (RJ)

Crédito Foto: Reprodução

Em 2007, o Rio de Janeiro se candidatou para sediar os Jogos Olímpicos. Um ano depois veio a confirmação de que a cidade receberia o maior evento esportivo do mundo. Maior, inclusive, que a Copa do Mundo. Já com o título garantido, os cariocas elegeram em 2009 o prefeito Eduardo Paes. Daí por diante, esse conjunto de fatores trouxe consequências na vida daqueles que moram na cidade maravilhosa.

Mudanças que, para 67 mil pessoas, tiveram um mesmo fim: elas foram removidas de suas casas entre 2009 e 2013 pela Prefeitura do Rio. Comparando os números é como se fossem desalojados de suas residências todos os moradores dos bairros da Urca, Cosme Velho, Glória, São Conrado, Leme e Gávea de uma vez só – tomando por base o senso do IBGE de 2010. O alarmante dado foi revelado pelo livro “SMH 2016: remoções do Rio de Janeiro Olímpico”, dos autores Lena Azevedo e Lucas Faulhaber, com fotos de Luiz Baltar e publicado este ano pela editora Mórula.

Faltando um ano para o início da competição, o número de remoções continua aumentando. “Nosso sonho era construir um plano de urbanização para continuarmos aqui e que fosse um bairro modelo”, relata a moradora da Vila Autódromo Jane Nascimento, de 59 anos. A casa onde ela, seu marido e duas filhas viviam foi desocupada na última terça-feira (28) e será demolida para dar lugar às obras do Parque Olímpico, que fica ao lado da comunidade no bairro de Jacarepaguá, na zona oeste.

VILA AUTÓDROMO

Dos mais de 700 imóveis que existiam, poucos estão de pé. Os moradores que continuam na Vila Autódromo têm de conviver com os escombros e com as máquinas que de um lado fazem obras no Parque Olímpico e do outro destroem casas. “Como o governo viu que a Vila Autódromo conseguiu se organizar, ele tenta comprar as pessoas, subornar o direito das pessoas com uma indenização”, criticou Jane. Assim como ela, os moradores que foram obrigados a sair de suas casas receberão indenizações pagas pela Prefeitura.

Pinochet encobriu caso de jovens queimados por militares

31/07/2015

AFP /Agence France-Presse

Augusto Pinochet, falecido ditador do Chile

O ex-ditador chileno Augusto Pinochet ordenou que fosse descartado um relatório que responsabilizava uma patrulha militar por queimar vivos em uma vala dois jovens em 1986, de acordo com documentos tornados públicos dos Estados Unidos.

Pinochet recebeu do general Rodolfo Stange, diretor dos Carabineros (polícia), um breve relatório escrito por esse organismo que identificava a patrulha militar e um dos soldados que atearam fogo ao fotógrafo Rodrigo Rojas e a Carmen Gloria Quintana em 2 de julho de 1986.

Rojas morreu quatro dias depois, enquanto Quintana sobreviveu ao ataque com queimaduras em mais de 60% de seu corpo.

Mas o ditador “disse ao general Stange que não acreditava no relatório e recusou-se a recebê-lo”, segundo um informe do Departamento de Estado americano publicado quase três décadas depois pelos Arquivos de Segurança Nacional americanos.

Os jovens, que participavam de protestos contra a ditadura de Pinochet (1973-1990), foram espancados, presos, encharcados com gasolina e queimados vivos em um dos crimes mais hediondos da ditadura.

De acordo com estas novas informações, após a rejeição de Pinochet, o exército aceitou o relatório da polícia e prometeu que o caso seria resolvido no prazo de 48 horas.

Mas o que se seguiu foram trinta anos de impunidade por um suposto “pacto de silêncio” entre os militares, a intimidação de testemunhas e pressão sobre juízes e procuradores chilenos.

Na semana passada, um juiz chileno ordenou a detenção de doze ex-militares envolvidos no caso, graças ao testemunho de um ex-militar que colaborou com a justiça.

O caso recebeu atenção especial nos Estados Unidos, uma vez que Rojas residia em Washington com sua mãe Veronica de Negri, uma exilada da ditadura, e chegou aos olhos do presidente Ronald Reagan.

Um relatório secreto da Casa Branca ao presidente, e também desclassificado, já apontava que a inteligência chilena “acusava militares de estar claramente envolvidos” no crime.

De acordo com Peter Kornbluh, analista dos Arquivos de Segurança Nacional, o assassinato de Rojas atingiu nas relações entre Washington e Santiago e contribuiu para a decisão posterior de Reagan de pressionar por um retorno à democracia em 1989.

A ditadura de Pinochet fez mais de 3.200 vítimas, entre mortos e desaparecidos.

Saltadora Kira Gruenberg fica paraplégica após queda em treinamento

A saltadora austríaca Kira Gruenberg, recordista em seu país no salto com vara com 4,45 metros, ficou paraplégica depois de sofrer uma grave queda durante seu treinamento, informou o empresário da atleta, Thomas Herzog.

Gruenberg, de 21 anos, caiu sobre sua cabeça depois de um salto durante uma rotina de treinamento em Innsbruck, na quinta-feira de manhã, segundo Herzog.

A atleta sofreu uma fratura na vértebra cervical e foi operada por horas em uma clínica da cidade.

A saltadora iria participar no Mundial de Atletismo de Pequim, de 22 a 30 de agosto.

No ano passado, ela quebrou o recorde de salto com vara da Áustria ao ultrapassar a barreira de 4,45 metros no Campeonato Europeu em Zurique, Suíça.

Zimbábue pede extradição de caçador americano que matou leão Cecil

O governo de Zimbábue solicitou nesta sexta-feira a extradição de Walter Palmer, o cidadão americano que se encontra foragido desde que a revelação de que foi o responsável pela morte do leão Cecil causou uma revolta mundial.

Palmer teria pagado 50 mil dólares a um caçador no começo do mês para matar o leão símbolo do país africano com um poderoso arco e flecha, depois atraí-lo para fora do Parque Nacional Hwange.

Cecil, macho dominante do parque que se destacava por sua juba preta pouco comum e era alvo de uma pesquisa científica sobre a longevidade dos leões da universidade britânica de Oxford, que o equipou com um colar de localização.

“Pedimos às autoridades competentes sua extradição ao Zimbábue para que possa ser julgado pelas infrações que cometeu”, declarou a ministra do Meio Ambiente Oppah Muchinguri em uma coletiva de imprensa, na qual lamentou que não tenha sido possível detê-lo no território do país, “já que havia desaparecido rumo ao seu país de origem” quando o escândalo explodiu.

Palmer, que está sendo investigado pelo Serviço Americano de Vida Selvagem pela morte de Cecil, se desculpou e disse que foi enganado pelo guia profissional Theo Bronkhorst.

Segundo a ministra, Palmer, Bronkhorst e o dono da fazenda onde o leão foi morto são culpados por caça ilegal depois de ter atraído o animal para fora do parque nacional com uma carcaça de elefante.

Oppah afirmou que Cecil era “uma atração icônica que tivemos êxito em cuidar tanto em termos de conservação quando proteção, desde filhote até virar um leão adulto de treze anos de idade”.

Apenas um leão velho

Theo Bronkhorst, por sua vez, declarou nesta sexta-feira à AFP que não fez nada de errado ao acompanhar Walter Palmer durante a caçada que acabou na morte de Cecil.

“Não acho que faltei com nenhum de meus deveres. Fui contratado por um cliente para organizar uma caçada para ele e disparamos contra um leão macho velho, que, para mim, superou sua idade reprodutiva, e acho que não fiz nada de ruim”, declarou.

Ele também revelou que Palmer tirou uma foto de comemoração ao lado do corpo do leão Cecil.

“Essa foto foi tirada com a câmera do cliente, então eu não tenho acesso a ela e, francamente, mesmo se tivesse, jamais a daria a ninguém”.

“Meu cliente e eu estamos extremamente devastados por saber que essa coisa tinha um colar de localização porque em momento algum nós vimos isso no leão antes de atirar nele”.

“Eu não prevejo nenhuma mandado de prisão. Eu acho que isso virou algo fora de proporção graças à mídia e que tem sido uma manobra deliberada para proibir a caça, especialmente de leões, por todo o Zimbábue”, o guia prosseguiu.

“Palmer é totalmente inocente nessa coisa toda, e conduziu e comprou de mim uma caça que era legítima”, acrescentou.

Bronkhorst afirmou ainda que Palmer esteve no Zimbábue por apenas três dias e que os dois não entraram em contato desde que as notícias sobre a morte de Cecil causaram fúria mundial.

Ele acredita que a caça sustentável é essencial para a conservação. “Nós crescemos caçando, nossos ancestrais cresceram caçando, e isso faz parte da nossa cultura”, enfatizou.

Ratazana obriga avião da Air India retornar ao aeroporto

Um avião da Air India que deveria fazer a rota Nova Délhi-Milão, precisou dar meia volta duas horas depois de decolar devido a provável presença de uma ratazana, declarou à AFP um funcionário da companhia aérea.

Os roedores, que costumam destruir cabos elétricos e outros materiais, são um verdadeiro perigo para as aeronaves.

“O voo AI 123 (de quinta-feira) precisou retornar para Nova Délhi devido à provável presença de uma ratazana”, informou o funcionário que preferiu não se identificar.

“Não foi possível confirmar a presença do roedor, mas por segurança decidimos dar meia volta” para que o avião fosse desinfectado, acrescentou.

Esta não é a primeira vez que um caso deste tipo afeta a companhia estatal indiana que enfrenta graves problemas financeiros.

Em SP, passageira do Metrô será indenizada após assédio em vagão

31/07/2015

Agência Estado

São Paulo, 31 – O Metrô de São Paulo foi condenado pela Justiça a pagar uma indenização de R$ 20 mil para uma passageira que foi assediada dentro de um vagão da Linha 1-Azul, no dia 2 de setembro de 2014. A estudante de 17 anos estava dentro de uma composição, às 13h40, na Estação São Joaquim, na região central, quando notou que um homem se aproveitou da lotação, abriu o zíper da calça e colocou o pênis para fora. Um outro passageiro, segundo a jovem, alertou a adolescente que durante a viagem o assediador passou o órgão genital entre as pernas dela. O advogado da vítima, o criminologista Ademar Gomes, comemorou a decisão, mas disse que vai pedir uma indenização maior, na ordem de R$ 50 mil.

De acordo com o juiz André Augusto Salvador Bezerra, da 42º Vara Cível, o Metrô, que é réu no processo, teve responsabilidade no ato. “Todavia, não há dúvida de que a responsabilidade daquele que oferece transporte, como a empresa demandada, é contratual e objetiva, de modo a ter o dever de conduzir o passageiro são e salvo a seu local de destino.”

Naquele mesmo ano, a Companhia do Metropolitano lançou uma campanha publicitária na Rádio Transamérica que revoltou passageiros, causou polêmica nas redes sociais e foi alvo de investigação do Ministério Público Estadual (MPE). Na peça, a empresa diz que “trem lotado é bom para xavecar a mulherada”. A peça foi retirada do ar. O Metrô alega que a rádio não tinha autorização para veicular a mensagem. Na época, a companhia disse que a “produção desse infeliz comercial” era de responsabilidade da rádio.

A gafe também foi usada na argumentação do magistrado, contrapondo a posição do Metrô no processo, que afirmou que combate os assédios dentro dos vagões. “A propósito, pelo contrário, a ré chegou, até mesmo, a, de certa forma, incentivar (ou aceitar) tal reprovável prática. Tanto é assim que no primeiro semestre de 2014 anteriormente mas no mesmo ano dos fatos narrados na inicial a requerida veiculou peça publicitária no sentido de ser o metrô lotado um bom lugar ‘para xavecar’.”

O juiz Bezerra também acusa o Metrô de manter um comportamento sexista na operação dos trens. “Trata-se, em outros termos, de uma inegável legitimação do sexismo contra as passageiras que sofrem as mais variadas violências em composições lotadas, como a autora. Vale dizer, a demandada, além de frequentemente tratar seus usuários como verdadeiras cargas em vagões lotados, também legitima o censurável tratamento das mulheres como objeto de domínio dos homens, terminando por dar causa a assédios como o descrito na inicial.”

Ao longo do processo, o Metrô tentou contestar o pedido de indenização por danos morais, alegando que as composições estavam vazias no momento do ataque contra a adolescente, que o boletim de ocorrência foi feito “com base em meras alegações da autora, não tendo nenhuma testemunha prestado depoimento” na Delegacia do Metropolitano (Delpom). À Justiça, a empresa explicou que faz campanhas contra o assédio sexual nas linhas e que prestou apoio à estudante.

Resposta

Procurado, o Metrô informa que “repudia e combate o abuso sexual dentro e fora do transporte público. Mais de 80% dos autores denunciados por crimes de conotação sexual são detidos pelos mais de mil agentes de segurança do Metrô e conduzidos para a autoridade policial.”

Segundo nota da assessoria de imprensa da empresa, “a Companhia faz um trabalho intenso de prevenção, com campanhas de cidadania e de alerta aos usuários sobre condutas que possam colocar em risco a segurança de todos”. As irregularidades podem ser informadas pelo SMS-Denúncia (97333-2252) ou aos funcionários.