19 de agosto de 2015

A reunião girou em torno da implementação do “Plano de ação sobre o programa nuclear iraniano”, que será conduzido em parceria entre os países. Em coletiva após o encontro, Lavrov sugeriu que o Kremlin irá usar essa oportunidade “para estreitar laços comerciais com Teerã”.
Segundo a proposta, a Rússia vai retirar do Irã os estoques de urânio pouco enriquecido em troca de urânio natural e ajudará o país a desenvolver a produção de isótopos estáveis na instalação nuclear iraniana de Fordow. O país também construirá oito reatores nucleares no Irã.
Os diplomatas discutiram ainda um acordo para a simplificação do sistema de vistos entre os dois países.
Coincidência ou intercessão
A situação no Oriente Médio, sobretudo o futuro do presidente sírio Bashar al-Assad foi um dos pontos abordados na reunião de segunda-feira (17). “Durante todo o tempo defendemos que os próprios sírios decidam o destino da Síria”, disse o chanceler russo, que recebeu o apoio do homólogo iraniano. “A única maneira de resolver a crise síria é pela via política”, disse Zarif.
Dias antes da visita do diplomata iraniano, esteve em Moscou o chanceler da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir, e representantes da Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias, gerando rumores de uma possível mediação de Moscou.
Para Evguêni Satanovski, presidente do Instituto do Oriente Médio, o fato de Lavrov ter se reunido em um curto período de tempo com partes opostas é “pura coincidência”.
“Devido a diferenças religiosas, a Arábia Saudita não é capaz de chegar a acordo com os xiitas iranianos, e, portanto, em princípio, a Rússia não pode ter papel de mediadora”, diz Satanovski.
Já o ex-embaixador russo na Arábia Saudita, Andrêi Baklanov, não descarta a hipótese de Moscou estar tentando aliviar as tensões nas relações saudito-iranianas, embora a Rússia “não disponha atualmente de recursos para agir como intermediária entre o Irã e Arábia Saudita”.