Durante o Seminário Nacional: Energia, Educação e Indústria no Brasil, diversos movimentos populares definiram os próximos passos para as ações em defesa do petróleo brasileiro.
20/08/2015
Brasil de Fato | Guilherme Weimann, de São Paulo (SP)
Representantes de 30 sindicatos, federações, confederações e movimentos populares rurais e urbanos definiram o dia de fundação da Petrobras, 3 de outubro, como a data de mobilização nacional em defesa da estatal. No mesmo período, a União Nacional dos Estudantes (UNE) também estará realização a Caravana dos Estudantes da UNE, em Brasília (DF).
Reunidas no Seminário Nacional: Energia, Educação e Indústria no Brasil, nesta terça (18) e quarta-feira (19), representantes de organizações sociais e populares de dezoito estados brasileiros debateram o atual modelo energético e os próximos desafios nesse setor.
O principal encaminhamento do encontro, organizado pela Plataforma Operária e Camponesa da Energia, foi a necessidade de articular forças sociais em todos os estados e municípios brasileiros nas próximas semanas para barrar o Projeto de Lei (PLS) 131, de autoria do senador José Serra (PSDB), que pretende retirar a obrigatoriedade de participação da Petrobras como operadora única do pré-sal.
Passado neoliberal
Durante a atividade, o integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Gilberto Cervinski, traçou um paralelo entre a produção de petróleo e de energia no país. Segundo ele, a cadeia produtiva do petróleo pode sofrer as mesmas consequências da política adotada na eletricidade durante a década de 1990. “O futuro neoliberal do petróleo é a atualidade do setor elétrico. Atualmente, o setor elétrico brasileiro é um centro de especulação muito parecido com um paraíso fiscal”, comparou.
Os efeitos desse tipo de medidas são refletidos diariamente nos bolsos da população brasileira, apontaram os debatedores. Para a diretora do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (Stiu-DF), Fabíola Antezana, o setor elétrico está refém da privatização. “Não adianta a Eletrobras vender energia a R$ 33 por MW/h, se no mercado livre as empresas estão vendendo a R$ 284 por MW/h. No final, o prejuízo vai ser repassado de qualquer forma para o consumidor residencial”, explicou.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), Ulisses Kaniak, esta onda de privatizações orientadas pelo governo do PSDB durante a década de 90 também afetou diretamente as condições de trabalho dos eletricitários. “A terceirização é precarização e significa morte, mutilação, perda funcional. Isto acontece porque estas empresas apenas querem sua parte do lucro e não se preocupam com a saúde do trabalhador”, relatou.
Defender a Petrobrás é defender a educação
Uma das maiores conquistas populares dos últimos anos foi a aprovação da Lei 12.858, no final de 2013. Após uma série de mobilizações, uma ampla articulação composta de setores populares asseguraram, através dessa lei, a destinação de 50% do montante do Fundo Social e a totalidade dos royalties do pré-sal para a saúde e educação.
No ano seguinte, em mais uma extensa disputa dos movimentos populares e sindicais contra a iniciativa privada, o Congresso Nacional aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE), que destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para a educação nos próximos anos, além de uma série de outras medidas.
Entretanto, o presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, afirmou que a realização do PNE só será garantido com a manutenção da Lei de Partilha, que garante à Petrobras a exclusividade nas pesquisas e o mínimo de 30% na produção de jazidas de petróleo e gás natural do pré-sal.
“A gente só viabiliza o Plano Nacional da Educação explorando o pré-sal pela Petrobras. Um dos seus pilares fundamentais é o financiamento, que está alicerçado no pré-sal. Por isso precisamos unir forças para combater o projeto de José Serra”, afirmou.
A secretária de assuntos municipais da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Selene Michielin, concorda com Rangel. Recentemente, a confederação lançou a campanha Defender a Petrobras é Defender a Educação, como resposta aos ataques sofridos pela estatal. “Para que esse Plano se viabilize é necessário garantir os 10% do PIB para a educação, que ainda é pouco. Quando se fala nos 10% já se supõe o dinheiro dos royalties do pré-sal”, explicou.
Caso se confirme a estimativa de 176 bilhões de barris de petróleo no pré-sal, levantada pelo Instituto Nacional de Óleo e Gás da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o Fundo Soberano poderá destinar R$ 8,8 trilhões à saúde e educação, caso mantido o valor atual do barril do petróleo. Isso demonstra que o Brasil atingiu um novo patamar na geopolítica mundial
O secretário de assuntos internacionais da FUP, João Antônio Moraes. “Nós petroleiros nos consideramos herdeiros da campanha ‘O petróleo é nosso’. Na época foi fundamental a participação dos estudantes, porque nesse período ainda não existiam petroleiros, mas já existiam estudantes e professores. Por isso, nós precisamos nos unir em defesa do petróleo brasileiro”, afirmou.
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Organizações populares articulam jornada de mobilizações em defesa da Petrobras
Durante o Seminário Nacional: Energia, Educação e Indústria no Brasil, diversos movimentos populares definiram os próximos passos para as ações em defesa do petróleo brasileiro. 20/08/2015 Por Guilherme Weimann, De São Paulo (SP) Representantes de 30 sindicatos, federações, confederações e movimentos populares rurais e urbanos definiram o dia de fundação da Petrobras, 3 de outubro, como a data de mobilização nacional em defesa da estatal. No mesmo período, a União Nacional dos Estudantes (UNE) também estará realização a Caravana dos Estudantes da UNE, em Brasília (DF). Reunidas no Seminário Nacional: Energia, Educação e Indústria no Brasil, nesta terça (18) e quarta-feira (19), representantes de organizações sociais e populares de dezoito estados brasileiros debateram o atual modelo energético e os próximos desafios nesse setor. O principal encaminhamento do encontro, organizado pela Plataforma Operária e Camponesa da Energia, foi a necessidade de articular forças sociais em todos os estados e municípios brasileiros nas próximas semanas para barrar o Projeto de Lei (PLS) 131, de autoria do senador José Serra (PSDB), que pretende retirar a obrigatoriedade de participação da Petrobras como operadora única do pré-sal. Passado neoliberal Durante a atividade, o integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Gilberto Cervinski, traçou um paralelo entre a produção de petróleo e de energia no país. Segundo ele, a cadeia produtiva do petróleo pode sofrer as mesmas consequências da política adotada na eletricidade durante a década de 1990. “O futuro neoliberal do petróleo é a atualidade do setor elétrico. Atualmente, o setor elétrico brasileiro é um centro de especulação muito parecido com um paraíso fiscal”, comparou. Os efeitos desse tipo de medidas são refletidos diariamente nos bolsos da população brasileira, apontaram os debatedores. Para a diretora do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (Stiu-DF), Fabíola Antezana, o setor elétrico está refém da privatização. “Não adianta a Eletrobras vender energia a R$ 33 por MW/h, se no mercado livre as empresas estão vendendo a R$ 284 por MW/h. No final, o prejuízo vai ser repassado de qualquer forma para o consumidor residencial”, explicou. De acordo com o diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), Ulisses Kaniak, esta onda de privatizações orientadas pelo governo do PSDB durante a década de 90 também afetou diretamente as condições de trabalho dos eletricitários. “A terceirização é precarização e significa morte, mutilação, perda funcional. Isto acontece porque estas empresas apenas querem sua parte do lucro e não se preocupam com a saúde do trabalhador”, relatou. Defender a Petrobrás é defender a educação Uma das maiores conquistas populares dos últimos anos foi a aprovação da Lei 12.858, no final de 2013. Após uma série de mobilizações, uma ampla articulação composta de setores populares asseguraram, através dessa lei, a destinação de 50% do montante do Fundo Social e a totalidade dos royalties do pré-sal para a saúde e educação. No ano seguinte, em mais uma extensa disputa dos movimentos populares e sindicais contra a iniciativa privada, o Congresso Nacional aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE), que destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para a educação nos próximos anos, além de uma série de outras medidas. Entretanto, o presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, afirmou que a realização do PNE só será garantido com a manutenção da Lei de Partilha, que garante à Petrobras a exclusividade nas pesquisas e o mínimo de 30% na produção de jazidas de petróleo e gás natural do pré-sal. “A gente só viabiliza o Plano Nacional da Educação explorando o pré-sal pela Petrobras. Um dos seus pilares fundamentais é o financiamento, que está alicerçado no pré-sal. Por isso precisamos unir forças para combater o projeto de José Serra”, afirmou. A secretária de assuntos municipais da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Selene Michielin, concorda com Rangel. Recentemente, a confederação lançou a campanha Defender a Petrobras é Defender a Educação, como resposta aos ataques sofridos pela estatal. “Para que esse Plano se viabilize é necessário garantir os 10% do PIB para a educação, que ainda é pouco. Quando se fala nos 10% já se supõe o dinheiro dos royalties do pré-sal”, explicou. Caso se confirme a estimativa de 176 bilhões de barris de petróleo no pré-sal, levantada pelo Instituto Nacional de Óleo e Gás da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o Fundo Soberano poderá destinar R$ 8,8 trilhões à saúde e educação, caso mantido o valor atual do barril do petróleo. Isso demonstra que o Brasil atingiu um novo patamar na geopolítica mundial O secretário de assuntos internacionais da FUP, João Antônio Moraes. “Nós petroleiros nos consideramos herdeiros da campanha ‘O petróleo é nosso’. Na época foi fundamental a participação dos estudantes, porque nesse período ainda não existiam petroleiros, mas já existiam estudantes e professores. Por isso, nós precisamos nos unir em defesa do petróleo brasileiro”, afirmou.
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Durante o Seminário Nacional: Energia, Educação e Indústria no Brasil, diversos movimentos populares definiram os próximos passos para as ações em defesa do petróleo brasileiro.
20/08/2015
Por Guilherme Weimann,
De São Paulo (SP)
Representantes de 30 sindicatos, federações, confederações e movimentos populares rurais e urbanos definiram o dia de fundação da Petrobras, 3 de outubro, como a data de mobilização nacional em defesa da estatal. No mesmo período, a União Nacional dos Estudantes (UNE) também estará realização a Caravana dos Estudantes da UNE, em Brasília (DF).
Reunidas no Seminário Nacional: Energia, Educação e Indústria no Brasil, nesta terça (18) e quarta-feira (19), representantes de organizações sociais e populares de dezoito estados brasileiros debateram o atual modelo energético e os próximos desafios nesse setor.
O principal encaminhamento do encontro, organizado pela Plataforma Operária e Camponesa da Energia, foi a necessidade de articular forças sociais em todos os estados e municípios brasileiros nas próximas semanas para barrar o Projeto de Lei (PLS) 131, de autoria do senador José Serra (PSDB), que pretende retirar a obrigatoriedade de participação da Petrobras como operadora única do pré-sal.
Passado neoliberal
Durante a atividade, o integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Gilberto Cervinski, traçou um paralelo entre a produção de petróleo e de energia no país. Segundo ele, a cadeia produtiva do petróleo pode sofrer as mesmas consequências da política adotada na eletricidade durante a década de 1990. “O futuro neoliberal do petróleo é a atualidade do setor elétrico. Atualmente, o setor elétrico brasileiro é um centro de especulação muito parecido com um paraíso fiscal”, comparou.
Os efeitos desse tipo de medidas são refletidos diariamente nos bolsos da população brasileira, apontaram os debatedores. Para a diretora do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (Stiu-DF), Fabíola Antezana, o setor elétrico está refém da privatização. “Não adianta a Eletrobras vender energia a R$ 33 por MW/h, se no mercado livre as empresas estão vendendo a R$ 284 por MW/h. No final, o prejuízo vai ser repassado de qualquer forma para o consumidor residencial”, explicou.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), Ulisses Kaniak, esta onda de privatizações orientadas pelo governo do PSDB durante a década de 90 também afetou diretamente as condições de trabalho dos eletricitários. “A terceirização é precarização e significa morte, mutilação, perda funcional. Isto acontece porque estas empresas apenas querem sua parte do lucro e não se preocupam com a saúde do trabalhador”, relatou.
Defender a Petrobrás é defender a educação
Uma das maiores conquistas populares dos últimos anos foi a aprovação da Lei 12.858, no final de 2013. Após uma série de mobilizações, uma ampla articulação composta de setores populares asseguraram, através dessa lei, a destinação de 50% do montante do Fundo Social e a totalidade dos royalties do pré-sal para a saúde e educação.
No ano seguinte, em mais uma extensa disputa dos movimentos populares e sindicais contra a iniciativa privada, o Congresso Nacional aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE), que destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para a educação nos próximos anos, além de uma série de outras medidas.
Entretanto, o presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, afirmou que a realização do PNE só será garantido com a manutenção da Lei de Partilha, que garante à Petrobras a exclusividade nas pesquisas e o mínimo de 30% na produção de jazidas de petróleo e gás natural do pré-sal.
“A gente só viabiliza o Plano Nacional da Educação explorando o pré-sal pela Petrobras. Um dos seus pilares fundamentais é o financiamento, que está alicerçado no pré-sal. Por isso precisamos unir forças para combater o projeto de José Serra”, afirmou.
A secretária de assuntos municipais da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Selene Michielin, concorda com Rangel. Recentemente, a confederação lançou a campanha Defender a Petrobras é Defender a Educação, como resposta aos ataques sofridos pela estatal. “Para que esse Plano se viabilize é necessário garantir os 10% do PIB para a educação, que ainda é pouco. Quando se fala nos 10% já se supõe o dinheiro dos royalties do pré-sal”, explicou.
Caso se confirme a estimativa de 176 bilhões de barris de petróleo no pré-sal, levantada pelo Instituto Nacional de Óleo e Gás da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o Fundo Soberano poderá destinar R$ 8,8 trilhões à saúde e educação, caso mantido o valor atual do barril do petróleo. Isso demonstra que o Brasil atingiu um novo patamar na geopolítica mundial
O secretário de assuntos internacionais da FUP, João Antônio Moraes. “Nós petroleiros nos consideramos herdeiros da campanha ‘O petróleo é nosso’. Na época foi fundamental a participação dos estudantes, porque nesse período ainda não existiam petroleiros, mas já existiam estudantes e professores. Por isso, nós precisamos nos unir em defesa do petróleo brasileiro”, afirmou.