28 de agosto de 2015

A empresa Gazprom Sistemas Espaciais (GKS na sigla russa), braço da estatal de gás Gazprom, iniciou os trabalhos para a fabricação própria de satélites e espera montar sua primeira unidade até 2018. O investimento no projeto está estimado em 17 bilhões de rublos (US$ 252 milhões) e a capacidade de produção esperada é de quatro satélites por ano, disse Igor Kot, representante da GKS, à publicação de negócios “RBC”.
A tecnologia em questão envolve aparelhos de comunicação e sensores remotos. Segundo Kot, o valor de mercado de cada um desses satélites será de aproximadamente US$ 150 milhões. Além de Gazprom, a empresa espera encontrar compradores no exterior.
A Gazprom Sistemas Espaciais foi criada em 1992 para monitorar gasodutos e hoje é o segundo maior operador nacional de satélites, depois da Companhia Russa de Comunicação por Satélites. Sua cota no mercado de prestação de serviços de telecomunicações via satélite é de cerca de 30%, segundo estimativas da própria empresa, a quem pertence o sistema de comunicação por satélite Yamal, formado por quatro aparelhos. A Gazprom não recebe mais do que 10% dos seus serviços de telecomunicações. Os clientes restantes são empresas russas de prestação de serviços, agências governamentais e empresas estrangeiras (cerca de 30% dos serviços).
A GKS nunca teve produção própria de satélites, tendo comprado todas as suas unidades operacionais da empresa ISS Rechetnev. Apenas no final de 2013, a Gazprom Sistemas Espaciais assinou um contrato para desenvolver o aparelho Yamal-601 junto com a francesa Thales Alenia Space.
O braço espacial da Gazprom decidiu construir seus próprios satélites para reduzir os custos e os prazos de produção, explicou Kot. “A empresa espera que, ao reduzir a quantidade de componentes estrangeiros, os satélites da Gazprom se tornem 30% mais baratos do que os atuais modelos no mercado. Ao mesmo tempo, os prazos para sua fabricação podem ser reduzido quase pela metade (de 24 a 30 meses)”, disse o representante.
Para especialistas na área espacial, as sanções econômicas do Ocidente também podem ter influenciado a decisão da Gazprom de lançar sua própria produção de satélites, evitando assim riscos de interrupção no fornecimento de serviços de comunicação.
Empresa quer conquistar 5% do mercado mundial
Atualmente são lançados por ano em todo o mundo cerca de 50 satélites de comunicações e 30 satélites com sensores remotos. Isso significa que a empresa espera conquistar cerca de 5% do mercado global dos satélites.
“O mercado dos satélites pesados já está basicamente dividido entre cinco empresas principais: as norte-americanas Lochheed Martin, Boeing e Loral e as europeias Thales Alenia Space e Airbus Defese and Space”, explicou o especialista da empresa ROEL Consulting, Andrei Ionin. Mas existe ainda um nicho no mercado dos pequenos e médios satélites. Ainda segundo ele, o braço da Gazprom pode tentar “iniciar a conquista de mercados estrangeiros pelos países da América Latina e do Sudeste Asiático”.
Para o diretor-geral da empresa Infomost, Boris Ribak, os satélites da Gazprom também terão demanda no mercado interno. “Depois de cada falha na colocação de um satélite em órbita, é preciso esperar mais de um ano por novos aparelhos. A Gazprom pode cobrir parte desse déficit de emergência”, acredita Ribak.