Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico assume Circuito e traz gestão participativa e utilização dos espaços públicos como linhas de atuação.
02/09/2015
Brasil de Fato | Rafaella Dotta, de Belo Horizonte (MG)
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Foto: Divulgação |
“O circuito que queremos… não é o que temos”, afirma João Paulo Cunha, presidente do BDMG Cultural e um dos assessores do Seminário “O Circuito que queremos”. O Circuito Cultural é um espaço no centro de Belo Horizonte, na Praça da Liberdade, onde funciona o maior complexo cultural integrado do Brasil. Nele funcionam bibliotecas, exposições artísticas, teatros, museus, entre outras atividades culturais. Foi criado em 2010 e recebe cerca de 115 mil pessoas por mês.
O debate sobre o circuito cultural que a população de BH quer construir ocupou a Biblioteca Estadual Luiz Bessa, durante os dias 24 e 25 de agosto. Dessa forma, se iniciou o diálogo entre sociedade e o Circuito Cultural da Praça da Liberdade.
A atividade foi organizada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), que a partir de março passou a ser o gestor do Circuito, e trouxe palestrantes da educação, comunicação e movimentos culturais. A busca é pelo replanejamento dos objetivos dos museus, teatros e demais espaços da Praça da Liberdade.
“A gente assumiu essa gestão com dois eixos de atuação. O primeiro, é pensar um modelo de gestão participativo, que consolide o Circuito como uma política pública para Minas Gerais. E o segundo é pensar o Circuito pra além de edifícios”, afirma Michele Arroyo, presidente do Iepha. Diretriz que, aparentemente, contempla as reivindicações dos movimentos sociais presentes.
Cara mais popular
O integrante do movimento Ocupe Estelita de Recife (PE), Francisco Laudemir, chamou a atenção para ações que sejam feitas fora dos prédios, ou seja, em praça pública. Para ele, essas atividades poderiam integrar o Circuito e dariam “cara mais popular” à Praça da Liberdade.
Representando o Espaço Comum Luiz Estrela, de Belo Horizonte, a artista Sílvia Andrade lembrou das divisões sociais existentes hoje na cidade. “As manifestações mostraram isso”, diz, lembrando que a Praça da Liberdade foi palco do ato de 16 de agosto, onde o público predominante foi de brancos com alta renda mensal.
Assim, o Iepha pretende modificar essa realidade. “A gente entende que o Circuito é um ganho para uma camada da população, mas esse ganho tem que ser consolidado e ampliado”, afirma Michele. Isso necessitaria, para a presidenta, uma gestão que não fosse feita por empresas privadas.
Por isso, os museus, teatros e demais espaços do Circuito estão passando por uma readaptação de contratos. A última gestão estadual do PSDB, de 2010 a 2014, realizou parcerias com empresas privadas, como a TIM, a Vale e a Gerdau, e terceirizaram a gestão do Circuito a uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).
A intenção declarada pelo Iepha é a formação de um Observatório do Circuito. Um espaço contínuo de diálogo entre o instituto e os movimentos sociais, para recolher sugestões e pensar ações. A realização do seminário teria sido o pontapé, afirma Michele.
Reforma e dívida
Segundo a assessoria do instituto, a prioridade do Iepha foi o pagamento da dívida de R$ 4,3 milhões deixada pela gestão anterior. Agora, partem para a reforma dos quatro prédios que estão parcial ou totalmente fechados, sendo o Palácio da Liberdade, antiga sede do governo estadual, um deles. A intenção é reabrir o Palácio na primeira quinzena de setembro. Já a Casa do Patrimônio, a Rainha da Sucata e o Solar Narbona têm prazo para 2016.
Circuito Cultural Praça da Liberdade em números
13 prédios em funcionamento
4 fechados completa ou parcialmente
6 com necessidade de reformas
4 sob parceria privada
Total: 17 prédios