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Comissão Europeia aprova pacote de ajuda ao Banco Espírito Santo

Foto montagem com o logo do Banco do Espírito Santo e da nova instituição criada com produtos sem risco e batizada de Novo Banco.

Foto montagem com o logo do Banco do Espírito Santo e da nova instituição criada com produtos sem risco e batizada de Novo Banco.

BES.PT
RFI

A Comissão Europeia aprovou nesta madrugada o plano de ajuda do governo português ao Banco Espírito Santo. A instituição avaliou que “a solução encontrada vai contribuir para restabelecer a confiança na estabilidade do sistema financeiro de Portugal”.

 

As autoridades portuguesas decidiram dividir o banco em duas entidades a fim de permitir a separação entre ativos tóxicos e produtos sem risco. Estes últimos serão reunidos em uma instituição chamada Novo Banco, que vai recuperar os dois milhões de clientes do Banco Espírito Santo e receberá um investimento de € 4,4 bilhões de euros do Estado.

O Novo Banco deverá elaborar um plano de reestruturação segundo as novas regras europeias. Os acionistas serão afastados do Novo Banco e vão manter somente os ativos tóxicos. Já o “bad bank” (estrutura de eliminação dos ativos tóxicos), ele vai ser mantido em poder dos atuais acionistas. Os detentores de ações e credores não – prioritários do Banco Espírito Santo serão chamados a “assumir as perdas” decorrentes “de uma atividade bancária que eles não controlaram o suficiente”, advertiu o ministério das Finanças de Portugal.

Corrida contra o tempo

Segundo a televisão portuguesa RTP, um total de 60 funcionários do Banco de Portugal trabalhou em ritmo intenso todo o final de semana para criar o Novo Banco. No site, Vitor Bento, que foi nomeado para assumir o controle da instituição, tentou tranquilizar os correntistas: “Para os nossos clientes e colaboradores apenas uma coisa mudou – o seu Banco está agora mais forte e seguro que antes. As incertezas que 
ameaçavam a instituição nos últimos tempos foram afastadas”.

Reação das Bolsas

Depois de três dias no vermelho, a bolsa de Paris começou a operar hoje em alta (0,40%). Segundo os especialistas, a gestão da crise no Banco Espírito Santo pelo governo português deve acalmar os investidores e já provocou o aumento da procura pelos títulos públicos portugueses.

A Bolsa de Lisboa caiu 0,11% na abertura.

 

Ofensiva em Gaza durará ‘tempo que for necessário’, diz premiê de Israel

AFP

O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou, neste sábado, durante um pronunciamento na televisão, que as ofensivas israelenses na faixa de Gaza continuarão até que todos os túneis construídos pelo grupo islâmico radical Hamas sejam destruídos. “Vamos continuar a operação até o objetivo ser atingido”, declarou.

Além disso, ele disse que o Hamas vai pagar um “preço intolerável”, se continuar fazendo ataques de foguetes contra Israel. Ele destacou ainda que o Estado israelense não tem obrigação de proteger nenhum povo, que não o israelense. “Prometemos desde o início o retorno à calma para os cidadãos de Israel e vamos continuar a agir até que tenhamos atingido este objetivo. Isto levará o tempo que for necessário e empregaremos toda a força necessária”, declarou Netanyahu à imprensa em Tel Aviv.

De acordo com o premiê, o exército do país está prestes a concluir a “neutralização dos túneis de Gaza”. Cavados a partir da Faixa de Gaza para saírem em Israel, os túneis teriam permitido ao Hamas “sequestrar e assassinar vários cidadãos em ataques simultâneos”, segundo Netanyahu.

O premiê israelense também declarou que o exército irá reavaliar sua operação em Gaza quando as tropas completarem a demolição desses túneis. “Quero cumprir os objetivos que estabelecemos, seja militar, diplomaticamente –o que eu preferia– ou unindo ambos. Eu preferia, evidentemente, a solução diplomática, mas se não nos derem escolha, utilizaremos todos os meios a nossa disposição”, declarou.

Hamas diz que manterá resistência

Fawzi Barhum, porta-voz do Hamas, afirmou à AFP que o movimento radical palestino vai continuar lutando contra Israel.

“Vamos manter nossa resistência até que nossos objetivos sejam alcançados. Netanyahu quer reivindicar uma falsa vitória de seu governo e de seu Exército”, afirmou Fawzi Barhum, que se manifestou após o anúncio feito pelo primeiro-ministro israelense de que irá manter as operações militares “pelo tempo que for necessário”.

Ofensiva começou no dia 8 de julho

Em 27 dias de ofensiva, Israel lançou mais de quatro mil ataques aéreos em Gaza, sem ter minguado a capacidade do Hamas de disparar foguetes contra seus centros urbanos.

Segundo a EFE, uma alta fonte de segurança explicou que nas últimas três semanas e meia o número de foguetes à disposição das milícias caiu para um terço, de nove mil para cerca de três mil.

Momento de parar

Os principais comentaristas acreditam que a grande destruição que a ofensiva militar das últimas três semanas e meia deixou em Gaza, assim como o alto número de vítimas mortais, convencerão o Hamas que é o momento de parar.

O número de mortos chega a 1.674, e os feridos somam quase 9.000. De acordo com a Unicef, os ataques já mataram 296 crianças e adolescentes palestinos.

Sobre a política israelense de longo prazo em relação a Gaza, as fontes do governo citadas nos principais meios falam da busca de um acordo com o Egito, a ANP (Autoridade Nacional Palestina) e a comunidade internacional para a reconstrução da Faixa e sua eventual desmilitarização. (Com AFP e EFE)

Quase 300 crianças morreram na ofensiva israelense em Gaza

AFP – Agence France-Presse

02/08/2014 

A ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza, iniciada em 8 de julho, provocou a morte de pelo menos 296 crianças e adolescentes palestinos, anunciou o Unicef.

“As crianças representam 30% das vítimas civis”, afirma o Fundo das Nações Unidas para a Infância.

“O número de crianças mortas nas últimas 48 horas pode aumentar, após uma série de verificações que estão sendo feitas”, afirma o Unicef.

Os dados ainda não são definitivos.

Segundo a informação que o Unicef possui atualmente, “entre 8 de julho e 2 de agosto foram registradas as morte de pelo menos de 296 crianças palestinas”.

Mais de 1.650 palestinos, em sua ampla maioria civis, morreram em consequência da ofensiva israelense.

O Estado de Israel acusa o movimento islamita palestino Hamas, que controla Gaza, de usar a população como “escudo humano”.

Senado dos EUA aprova US$ 225 milhões para escudo antimísseis israelense

Ópera Mundi (*) | São Paulo – 01/08/2014 

Pedido agora será discutido na Câmara, onde também deve ser facilmente aprovado

O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta sexta-feira (01/08) por unanimidade que o Pentágono repasse recursos suplementares no valor de US$ 225 milhões para o financiamento do escudo antimísseis de Israel conhecido como “Domo de Ferro”.

Israel e Hamas começaram há quase um mês uma nova troca de ataques entre a Faixa de Gaza e Tel Aviv, que já levaram à morte de 1.500 palestinos e cerca de cem israelenses.

“Estamos com os israelenses, porque se não têm o ‘Domo de Ferro’ não podem se defender”, argumentou o senador republicano e ex-candidato à presidência do país, John McCain.

Agência Efe

Israel receberá nova leva de investimentos norte-americanos para compra de armamentos

Os conservadores exigiam o financiamento “limpo”, sem nenhum outro fundo suplementar.

“(Israel) está ficando sem mísseis para o ‘Domo de Ferro’ para se proteger. Estamos com eles. Aqui estão os mísseis”, disse, após a votação, o republicano pela Carolina do Sul, Lindsey Graham.

Agora o texto passará para a Câmara dos Representantes onde também deve ser aprovada facilmente.

Os Estados Unidos permaneceram do lado israelense durante o conflito, cuja mais recente tentativa de cessar-fogo fracassou apenas duas horas depois de ser pactuada. A comunidade internacional, com o Brasil incluído, por sua vez, tem repudiado cada vez mais as ações de Tel Aviv, que atacou inclusive escolas sob controle das Nações Unidas, que cuidavam de refugiados palestinos.

O Pentágono já anunciou na quarta-feira que tinha recebido um pedido de Israel através de um sistema de emergência para a compra de mais munição, e que ele tinha sido aceito. 

Trégua dura pouco e Faixa de Gaza vive novo banho de sangue

AFP

A trégua de 72 horas entre Israel e o grupo Hamas na Faixa de Gaza durou poucas horas e se transformou em um novo banho de sangue, com mais de 60 palestinos mortos, enquanto dois soldados israelenses morreram em uma operação na qual outro teria sido sequestrado.

O governo israelense não tardou em acusar o movimento islamita palestino e seus aliados de violação flagrante do cessar-fogo de três dias estabelecido entre Israel e o Hamas e que teoricamente entrou em vigor às 08h00 da manhã local (23h00 de quinta-feira em Brasília).

O Hamas também atribuiu o rompimento da trégua ao Estado hebreu.

Os confrontos mataram 62 pessoas perto de Rafah, sul de Gaza, e além das vítimas palestinas das últimas horas, um soldado israelense, o subtenente Hadar Goldin, de 23 anos, teria sido capturado.

Este conflito já deixou, em 25 dias, mais de 1.500 palestinos mortos, em sua maioria civis, assim como 63 soldados israelenses e três civis em Israel.

Segundo as forças israelenses, “terroristas” atacaram os militares que destruíam um túnel do Hamas perto de Rafah, onde um palestino detonou explosivos que levava consigo. Dois soldados hebreus foram mortos e um outro foi supostamente sequestrado.

“As primeiras informações sugerem que um soldado das forças de defesa de Israel foi sequestrado por terroristas”, durante uma operação que pretendia destruir os túneis do Hamas quando estava em vigor um cessar-fogo, anunciou o Exército em um comunicado.

Os Estados Unidos acusaram o Hamas de cometer uma barbárie ao violar o cessar-fogo.

“Os israelenses indicaram nesta manhã que o cessar-fogo foi violado e que os militantes do Hamas utilizaram a trégua humanitária para atacar soldados israelenses e tomar um refém. Isso é uma violação bárbara do acordo de cessar-fogo”, declarou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, à cadeia CNN.

“Trata-se de uma ação escandalosa e pedimos ao resto do mundo que se una a nós para condená-la”, afirmou o assessor adjunto de Segurança Nacional da Casa Branca, Tony Blinken, à televisão MSNBC.

N/A

Conflito já deixou mais de 1.500 palestinos mortos em 25 dias, a maioria civis

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, exigiu a libertação imediata do soldado sequestrado e indicou que, se for confirmado, o ataque contra militares israelenses constitui uma “grave violação do cessar-fogo”.

“A ONU não possui meios independentes para verificar exatamente o que aconteceu”, lembrou Ban. Apesar disso, “esses atos colocam em questão a credibilidade das garantias que o Hamas deu à ONU”, considerou.

O rei Abdullah da Arábia Saudita criticou o silêncio indesculpável do mundo diante dos crimes de guerra realizados por Israel em Gaza, em um discurso difundido pela agência oficial SPA.

“Vemos derramar o sangue de nossos irmãos da Palestina nas matanças coletivas que não poupam ninguém, e nos crimes de guerra contra a humanidade que acontecem à vista de toda a comunidade internacional, que permanece indiferente aos acontecimentos da região”, afirmou.

Linha vermelha

Para Israel, o sequestro de um soldado representa uma linha vermelha. O rapto em junho de 2006 do soldado israelense Gilad Shalit desencadeou operações militares que duraram cinco meses na Faixa de Gaza. Shalit foi libertado em outubro de 2011 em troca de mil prisioneiros palestinos.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o Hamas e outros grupos de terem violado de forma flagrante o cessar-fogo.

Para o porta-voz do Hamas em Gaza, Fawzi Barhum, “a ocupação (Israel) violou o cessar-fogo. A Resistência palestina agiu em nome de seu direito a se defender (e) para colocar fim ao massacre de nosso povo”.

Apesar do rompimento da trégua, o Egito indicou que vai manter as negociações previstas nesta sexta-feira no Cairo por um cessar-fogo duradouro.

População de Gaza desiludida

A trégua foi antecedida de duas horas de intensos bombardeios israelense e disparos de foguetes palestinos.

O conflito em Gaza desencadeia manifestações esporádicas de apoio nas grandes cidades da Cisjordânia ocupada, onde as forças israelenses mataram nesta sexta-feira um palestino perto de Nablus (norte).

A trégua havia sido estabelecida depois que o Conselho de Segurança das Nações Unidas pediu um “cessar-fogo imediato e sem condições”.

Durante a reunião do Conselho, o chefe da Agência da ONU para a Ajuda aos Refugiados Palestinos (UNRWA), Pierre Krähenbühl, disse que a população da Faixa de Gaza está no limite.

Segundo Krähenbühl, que não conseguiu conter as lágrimas durante suas declarações, as condições de vida nos abrigos lotados da ONU, que reúnem cerca de 220 mil pessoas, “são cada vez mais precárias”, gerando riscos de epidemias.

A diretora de Operações Humanitárias da ONU, Valerie Amos, lembrou “a obrigação absoluta” dos beligerantes de proteger ao máximo os civis e os trabalhadores humanitários. “A realidade em Gaza hoje é que nenhum lugar está seguro”, lamentou, lembrando que 103 instalações da ONU haviam sido alvo de ataques desde o início do conflito.

O bombardeio, na quarta-feira, de uma escola da UNRWA no campo de refugiados de Jabaliya (norte da Faixa de Gaza), uma das 83 escolas da ONU usadas para abrigar os civis que fogem dos combates, foi energicamente condenado pelas Nações Unidas e por diversas capitais, incluindo Washington.

Apesar da pressão internacional, Netanyahu alertou na quinta que o Exército “vai terminar o trabalho” visando à destruição da capacidade militar do Hamas na Faixa de Gaza.

Colono israelita explica a palestinianos por que tem “direito divino” às suas terras (c/vídeo)

Um colono israelita expõe perante um grupo de palestinos por que pode ocupar as suas terras. “Sereis nossos escravos quando Messias regressar”, diz aos cinco palestinos.

Uma gravação, realizada num ponto indeterminado da Palestina ocupada, dá uma clara ideia sobre as motivações dos colonos israelitas ao deixarem as suas casas para ocuparem território palestino.  O vídeo mostra o colono israelita a tentar explicar a um grupo de pelo menos cinco palestinos as razões pelas quais têm de lhe ceder metade das suas terras para cultivar trigo.   

“Em breve o Messias virá, você entende isso, está escrito no Corão”, afirma o colono que adverte ainda os palestinos de que “quando o Messias vier serão nossos escravos”.

Os agricultores palestinos tentam discutir com o colono, “estas são as nossas terras”, dizem. Perante o argumento, o colono responde, “só se nos quisermos”,  para depois fazer uma oferta: “Tu queres pão e nós também queremos pão, para que isso seja justo tu semeias metade da terra e eu semeio a outra metade, o que é que te parece?”

“Mas estas terras são do meu pai, não posso deixar que semeies aqui”, responde um dos palestinos. “Não. A terra de Israel foi dada por Deus a Abraão, Isaac e Jacob e nós somos o povo de Israel, filhos de Jacob. Essa foi a sua vontade”, finaliza o colono israelita.

Palestino transforma imagens do conflito de Gaza em obras de arte: ”é uma mensagem de repúdio”

Tawfik Gebreel é residente de Gaza, arquiteto e artista; ele e outros dois palestinos ganharam fama ao publicar montagens sobre fotos dos bombardeios. Os três não se conhecem

Estado de Minas

01/08/2014 

Artista utiliza técnica digital para criar linhas que dão novos contornos nas imagens dos bombardeios em Gaza (Tawfik Gebreel/Divulgação)

Artista utiliza técnica digital para criar linhas que dão novos contornos nas imagens dos bombardeios em Gaza

* por Luiz Felipe Nunes 

 
Em meio a imagens chocantes do conflito entre Israel e o grupo Hamas em Gaza, artistas palestinos buscaram na arte uma maneira de passar uma mensagem sobre a vivência de quem está entre o fogo cruzado. Desde o início da operação militar israelense, os jovens Tawfik Gebreel, Belal Khaled e Bushra Shanan estão se reapropriando de fotografias dos bombardeios em Gaza, aplicando sobre elas uma técnica de sobreposição de desenhos.
 
 
O que antes era fumaça e destruição transforma-se em imagens de resistência à guerra. Apesar de usarem métodos semelhantes, os três jovens não se conhecem; começaram os desenhos espontaneamente e a arte ganhou o mundo. Conversamos com um deles, o palestino Tawfik Gebreel, que falou ao Divirta-se sobre a arte, a guerra e os planos para o futuro.
 
O artista 
 
Gabreel é arquiteto e artista, começando também uma carreira como professor na Universidade da Palestina. Tem 27 anos e é morador de Gaza, maior cidade dos territórios palestinos, com mais de 500 mil habitantes. A cidade fica localizada na Faixa de Gaza, palco dos bombardeios israelenses.

'Um ato de repúdio à guerra' é como o artista classifica o projeto (Tawfik Gebreel/Divulgação)

“Um ato de repúdio à guerra” é como o artista classifica o projeto
 

Em menos de três décadas de vida, Gabreel já viu três guerras na região e também participou da Segunda Intifada, uma série de revoltas promovidas pelo povo palestino em 2000 contra a administração de Israel na Palestina. No mais recente conflito, o artista quis passar a sua mensagem sobre a guerra e usou a internet como aliada.

 
“No primeiro dia da guerra em Gaza vi a fumaça dos bombardeios israelenses. Decidi então esboçar alguns desenhos para mandar uma mensagem para as pessoas ao redor do mundo”, contou Tawfik, que relatava ouvir barulhos de explosões em diversos locais enquanto ocorria a entrevista.
 
“É uma mensagem de repúdio à guerra”, completou o artista, que teve cinco amigos feridos nos recentes ataques. Gebreel ainda declarou que gosta de desenhar como forma de resistir ao que classifica como “agressão israelense”.

No perfil pessoal de Tawfik no Facebook é possível acompanhar mensagens de apoio enviadas de usuários dos mais variados países. “Espero que isso me ajude a levar minha mensagem para o mundo”, agradeceu o artista, que pretende participar de exposições de arte.

Europa dá passo importante no combate à violência contra mulheres

A cada dia, no continente europeu, 12 mulheres morrem, vítimas de violência e maus tratos.

A cada dia, no continente europeu, 12 mulheres morrem, vítimas de violência e maus tratos.

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Na Europa, a cada dia, mulheres são vítimas de inúmeras formas de violência. Elas são assediadas, estupradas, mutiladas, esterilizadas, forçadas pelas famílias a se casar com quem não querem, além de serem vítimas de abusos físicos e psicológicos. Para limitar essas violações hediondas, entra em vigor nesta sexta-feira (1°), a Convenção do Conselho da Europa para Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres.

Por Leticia Fonseca, correspondente da RFI Brasil em Bruxelas
 

Infelizmente, a violência contra as mulheres, incluindo as meninas, constitui uma das violações dos direitos humanos mais praticadas no mundo. Parece que não bastou a revolução feminina ter marcado o século passado. A violência contra as mulheres continua, e com índices alarmantes. Apesar da entrada da mulher no mercado de trabalho, da descoberta dos métodos contraceptivos, enfim, de todas as lutas emancipatórias, a falta de igualdade entre homens e mulheres, por incrível que pareça, ainda é bastante presente na Europa.

Segundo estatísticas do Conselho da Europa, no ano passado, 121 mulheres foram assassinadas por seus companheiros na França, 134 na Itália, 143 na Grã-Bretanha, e pelo menos 214 na Turquia. O que os países signatários dessa Convenção se comprometeram foi passar a considerar como delitos ou crimes esses atos de violência e processar os acusados criminalmente. Esses governos também deram garantias de criar estruturas que acolham e forneçam ajuda material e psicológica às mulheres maltratadas. Um grupo independente de especialistas será criado para acompanhar de que maneira os países estão cumprindo essas normas.

Países que assinaram a Convenção

É bom lembrar que o Conselho da Europa é uma organização internacional, sediada em Estrasburgo, na França, que defende os direitos humanos e a democracia no continente. Ele foi criado logo após a Segunda Guerra Mundial e hoje é constituído por 47 países, 28 dos quais fazem parte da União Europeia.

Essa nova Convenção de Combate à Violência contra as Mulheres já foi ratificada por 14 países, outros 22 assinaram e estão a caminho da ratificação. Esses governos terão que modificar as legislações nacionais com as alterações necessárias para que estes crimes sejam julgados. Onze países ainda não se posicionaram sobre a questão.

Silêncio fatal

Segundo as Nações Unidas, uma em cada três mulheres no mundo são ou serão vítimas de violência. E muitas dessas vítimas têm medo ou sentem vergonha de buscar ajuda. Os dados do Conselho da Europa demonstram que, a cada dia, doze mulheres morrem de maus tratos e violência no continente europeu.

A principal causa das mortes é a violência doméstica, que inclui agressão física, abuso sexual, violação, além das ameaças. O pior nessa guerra dos sexos é o pacto de silêncio entre agressor e agredida. Nos episódios mais trágicos, essas vítimas silenciosas pagam com suas próprias vidas.

A violência doméstica representa 28% dos homicídios voluntários na Europa. Segundo a Convenção que entra em vigor a partir desta sexta-feira, religião, tradições ou conceitos como a honra não podem servir como desculpa para nenhum tipo de violência.

Homens também são vítimas

Mas a violência contra as mulheres não é apenas a doméstica, cometida por seus parceiros. A entrada em vigor dessa Convenção deve ajudar a diminuir os casamentos forçados, as mutilações genitais femininas, o aborto e as esterilizações, também presentes nos países europeus. O assédio moral e/ou sexual e a violência psicológica no trabalho, por exemplo, poderão ser denunciados como crimes à polícia. E isso pode ajudar a deter esse tipo de comportamento.

É importante salientar que essa Convenção não se aplica apenas às mulheres. Ela é válida também para os homens, vítimas de assédios, uniões ou esterilizações forçadas, entre outros casos. Pela primeira vez na história da Europa, a questão da violência contra mulheres deixa de ser considerada como uma questão privada. A partir desta nova Convenção, os Estados terão obrigação de prevenir a violência, proteger as vítimas , assim como julgar os agressores.

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