Arquivo da tag: Água

‘Oceano subterrâneo’ da Amazônia tem volume estimado em 160 trilhões de metros cúbicos

Sistema hidrogeológico começou a ser formado a partir do período Cretáceo; entenda como ocorre

Portal Amazônia

 

Alguns pontos do rio Amazonas têm até 2 km de um lado ao outro das margens. Na imagem está o Encontro das Águas. Foto: Reprodução/Shutterstock

MANAUS – A Amazônia detém uma hidrografia singular. O que não se sabia é que a região também possui uma reserva de água subterrânea com volume estimado em mais de 160 trilhões de metros cúbicos, o Aquífero Amazônia. A informação é do professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Francisco de Assis Matos de Abreu. “A reserva subterrânea representa mais de 80% do total da água da Amazônia. A água dos rios amazônicos, por exemplo, representa somente 8% do sistema hidrológico do bioma e as águas atmosféricas têm, mais ou menos, esse mesmo percentual de participação”, disse Abreu.

Para se ter uma ideia, o volume é 3,5 vezes maior do que o do Aquífero Guarani – depósito de água doce subterrânea que abrange os territórios do Uruguai, da Argentina, do Paraguai e Brasil, com 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão. O conhecimento sobre esse ‘oceano subterrâneo’, contudo, ainda é muito escasso e precisa ser aprimorado tanto para avaliar a possibilidade de uso para abastecimento humano como para preservá-lo em razão de sua importância para o equilíbrio do ciclo hidrográfico regional.

De acordo com Abreu, as pesquisas sobre o Aquífero Amazônia foram iniciadas há dez anos, quando ele e outros pesquisadores da UFPA e da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizaram um estudo sobre o Aquífero Alter do Chão, no distrito de Santarém, no Pará.

Leia também:
Tubarão, rio subterrâneo, anaconda; veja mitos e verdades do rio Amazonas

O estudo indicou que o aquífero, situado em meio ao cenário de uma das mais belas praias fluviais do País, teria um depósito de água doce subterrânea com volume estimado em 86,4 trilhões de metros cúbicos. “Ficamos muito assustados com os resultados do estudo e resolvemos aprofundá-lo. Para a nossa surpresa, descobrimos que o Aquífero Alter do Chão integra um sistema hidrogeológico que abrange as bacias sedimentares do Acre, Solimões, Amazonas e Marajó. De forma conjunta, essas quatro bacias possuem, aproximadamente, uma superfície de 1,3 milhão de quilômetros quadrados”, disse Abreu.

Denominado pelo pesquisador e colaboradores Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga), o sistema hidrogeológico começou a ser formado a partir do período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos. Em razão de processos geológicos ocorridos nesse período foi depositada, nas quatro bacias sedimentares, uma extensa cobertura sedimentar, com espessuras da ordem de milhares de metros, explicou Abreu. “O Saga é um sistema hidrogeológico transfronteiriço, uma vez que abrange outros países da América do Sul. Mas o Brasil detém 67% do sistema”, disse.

Uma das limitações à utilização da água disponível no reservatório, contudo, é a precariedade do conhecimento sobre a sua qualidade, apontou o pesquisador. “Queremos obter informações sobre a qualidade da água encontrada no reservatório para identificar se é apropriada para o consumo.”

“Estimamos que o volume de água do Saga a ser usado em médio prazo para abastecimento humano, industrial ou para irrigação agrícola será muito pequeno em razão do tamanho da reserva e da profundidade dos poços construídos hoje na região, que não passam de 500 metros e têm vazão elevada, de 100 a 500 metros cúbicos por hora”, disse.

Como esse reservatório subterrâneo representa 80% da água do ciclo hidrológico da Amazônia, é preciso olhá-lo como uma reserva estratégica para o país, segundo Abreu.

“A Amazônia transfere, na interação entre a floresta e os recursos hídricos, associada ao movimento de rotação da Terra, cerca de 8 trilhões de metros cúbicos de água anualmente para outras regiões do Brasil. Essa água, que não é utilizada pela população que vive aqui na região, representa um serviço ambiental colossal prestado pelo bioma ao país, uma vez que sustenta o agronegócio brasileiro e o regime de chuvas responsável pelo enchimento dos reservatórios produtores de hidreletricidade nas regiões Sul e Sudeste do país”, avaliou.

Vulnerabilidades

De acordo com Ingo Daniel Wahnfried, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), um dos principais obstáculos para estudar o Aquífero Amazônia é a complexidade do sistema.

Como o reservatório é composto por grandes rios, com camadas sedimentares de diferentes profundidades, é difícil definir, por exemplo, dados de fluxo da água subterrânea para todo sistema hidrogeológico amazônico. “Há alguns estudos em andamento, mas é preciso muito mais. É necessário avaliarmos, por exemplo, qual a vulnerabilidade do Aquífero Amazônia à contaminação”, disse Wahnfried.

Diferentemente do Aquífero Guarani, acessível apenas por suas bordas – uma vez que há uma camada de basalto com dois quilômetros de extensão sobre o reservatório de água –, as áreas do Aquífero Amazônia são permanentemente livres.

Em áreas de floresta, essa exposição do aquífero não representa um risco. Já em áreas urbanas, como nas capitais dos estados amazônicos, isso pode representar um problema sério. “Ainda não sabemos o nível de vulnerabilidade do sistema aquífero da Amazônia em cidades como Manaus”, disse Wahnfried.

Segundo o pesquisador, tal como a água superficial (dos rios), a água subterrânea é amplamente distribuída e disponível na Amazônia. No Amazonas, 71% dos 62 municípios utilizam água subterrânea (mas não do aquífero) como a principal fonte de abastecimento público, apesar de o estado ser banhado pelos rios Negro, Solimões e Amazonas.

Já dos 22 municípios do Estado do Acre, quatro são totalmente abastecidos com água subterrânea. “Apesar de esses municípios estarem no meio da Amazônia, eles não usam as águas dos rios da região em seus sistemas públicos de abastecimento”, avaliou Wahnfried.

Algumas das razões para o uso expressivo de água subterrânea na Amazônia são o acesso fácil e a boa qualidade desse tipo de água, que apresenta menor risco de contaminação do que a água superficial.

Além disso, o nível de água dos rios na Amazônia varia muito durante o ano. Há cidades na região que, em períodos de chuva, ficam a poucos metros de um rio. Já em períodos de estiagem, o nível do rio baixa 15 metros e a distância dele para a cidade passa a ser de 200 metros, exemplificou.

 

Falta d’água em São Paulo muda cotidiano de famílias afetadas

 
Sabesp nega que exista racionamento ou restrição de consumo de água nos municípios.

Sabesp nega que exista racionamento ou restrição de consumo de água nos municípios.

Flickr/ Creative Commons

A população reclama da falta d’água, mas o governo do Estado de São Paulo nega que exista racionamento. Entre a estiagem recorde e a falta de planejamento público para evitar o problema, a crise no abastecimento de água assusta quem mora na cidade e também quem pretendia se instalar na capital paulista.

Rhossane Lemos, colaboração especial para RFI

Desde o ano passado não chove o suficiente em São Paulo para repor o nível da água dos mananciais que abastecem a população. O sistema Cantareira, formado por 5 reservatórios, mais perece um deserto nos últimos dias. Ele garantia água para cerca de 9 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo e nessa segunda-feira (28) o volume útil não ultrapassava a marca dos 8%. A SABESP, fornecedora de água do estado, recorre ao volume morto, uma reserva técnica de água que é acionada em casos de urgência. A companhia também foi obrigada a buscar água em outros sistemas como o Alto Tietê e o Gurapiranga.

A população convive há mais de um mês com racionamentos que chegam a até 21 horas de corte. Na casa da diarista Rosa Cardoso, em Diadema, ABC Paulista, não tem água nos fins de semana. “Eles cortam a água na sexta-feira e voltam a ligar na madrugada de segunda. Na casa da minha filha é ainda pior, porque falta água durante a semana também”, conta ela. Para garantir o abastecimento, a Sabesp conta atualmente com outros sistemas de captação de água e espera as chuvas anunciadas pelo fenômeno climático El Niño.

Crise da água altera projetos de vida

O administrador de empresas Raymundo de Freitas Junior conta que o prédio onde mora já é ambientalmente responsável, e eles aproveitam, por exemplo, a água da chuva. Mas mesmo assim, se a crise no abastecimento de água se agravar, Raymundo considera a possibilidade de mudar de cidade.
“Pessoalmente eu fico chateado porque estamos nos sacrificando cada vez mais na utilização consciente da água tratada, mas 40% da água é desperdiçada em encanamentos. Para apurar uma denúncia de vazamento, por exemplo, a empresa demora de 20 a 22 horas. Então, em último caso eu me mudaria de São Paulo, porque não dá para viver sem água”, desabafa Freitas.

A fotógrafa Isabelli Neri e o artista plástico Ari Vicentini tinham planos de mudar de Curitiba para morar em São Paulo até o final desse ano. Lá, eles têm perspectivas profissionais mais interessantes por conta da região ser um centro cultural efervescente. Mas o casal decidiu adiar a mudança por medo de ter que enfrentar racionamentos com o filho pequeno. “Não posso dizer que vou mudar para São Paulo nessa semana ou no próximo mês, sabendo que logo posso passar por uma situação extremamente ruim. Eu não quero passar por situações assim com meu filho de dois anos. É preciso pensar na questão ambiental em São Paulo para resguardar a qualidade de vida do paulista”, afirma ela, temerosa.

Sabesp nega crise no abastecimento de água

A assessoria de imprensa da Sabesp enviou uma nota a Rádio França Internacional em que afirma não existir rodízio, racionamento ou restrição de consumo de água em nenhum dos 364 municípios operados pela empresa no Estado de São Paulo. Ainda segundo a nota, a Sabesp vai garantir o abastecimento de água na Região Metropolitana de São Paulo até meados de março de 2015. A empresa acredita que, com a volta do período chuvoso na região, que inicia em outubro, os níveis de armazenamento dos sistemas que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo devem voltar à normalidade.

 
Captura vídeo da barragem do sistema Cantareira.

globo.com

Falta de água afeta empregos e investimentos em municípios de São Paulo

Correio do Brasil, com RBA – de São Paulo

 

 

O trabalho indica que o risco de falta de água, ainda este ano, é um fator de preocupação para 67,6% das 413 indústrias ouvidas na pesquisa

Uma crise ampla. Assim é o cenário definido por representantes de prefeituras e órgãos de desenvolvimento regional como consequência da falta de água no Estado de São Paulo. Desemprego e problemas em atividades econômicas diversas já atingem cidades e empresas na bacia dos rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari (Bacia PCJ) e na região metropolitana. Secretários municipais relatam que o governo estadual envia poucos dados sobre a situação e que a Sabesp não é transparente na divulgação de informações, o que aumenta a dificuldade de fazer planejamentos.

As colocações são coerentes com os dados levantados pela Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp) – únicos dados disponíveis – que apontam duas em cada três empresas com temor de falta de água e fechamento de, ao menos, 3 mil postos de trabalho. Com o agravamento da crise, as perspectivas são de piora do cenário.

No último dia 11, a Sabesp admitiu que precisará utilizar a água do volume morto do Sistema Alto Tietê, que vinha sendo usado para suprir parte da demanda de 8 milhões de pessoas atendidas pelo Sistema Cantareira, na capital e na região metropolitana de São Paulo. O volume normal do Cantareira acabou há duas semanas e a água do volume morto deve durar até outubro, caso a estiagem continue, segundo dados da companhia.

O trabalho indica que o risco de falta de água, ainda este ano, é um fator de preocupação para 67,6% das 413 indústrias ouvidas na pesquisa. O levantamento foi feito com 229 empresas de micro e pequeno porte (até 99 empregados), 140 de médio porte (de 100 a 499 empregados) e 44 de grande porte (500 ou mais empregados). As empresas de grande porte são as que revelaram mais preocupação: 75% delas temem que a falta d’água prejudique operações.

A pesquisa, divulgada na última sexta-feira (18), revela ainda que foram fechados mais de 3 mil postos de trabalho na região da Bacia PCJ. A redução do ritmo da produção das indústrias pela falta de água é o grande motivador das demissões. De acordo com a Fiesp, a tendência é que o quadro se agrave nos próximos meses.

O diretor do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Hamilton Lacerda, revelou que os municípios têm dificuldade em obter retorno dos ofícios enviados à Sabesp. “Estamos tendo muita dificuldade em levantar dados. Nós temos um problema para fazer esse diagnóstico porque o sistema está completamente centralizado nas mãos da Sabesp. E a gente sabe que essa é uma informação que pode trazer prejuízos políticos, ainda mais em um ano eleitoral”, avaliou.

No início de março, o prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida (PT), reclamou que fora informado por e-mail, com apenas 48h de antecedência, sobre a decisão da Sabesp de cortar parte do fornecimento de água para a cidade. A companhia alegou que o município não realizou uma redução satisfatória no consumo.

Guarulhos já tinha um déficit de 10% na relação entre consumo e disponibilidade de água. No município, mais de um milhão de pessoas sofrem com o racionamento.

Para Lacerda, a falta de água pode comprometer tanto questões sanitárias quanto econômicas. “A crise de abastecimento pode prejudicar o desenvolvimento das empresas e dos serviços, colocando em xeque a qualidade de vida da população.”

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Bragança Paulista, Hilmar de Moraes, confirma a situação na região da Bacia PCJ. “Temos dados empíricos. São informações passadas pelos moradores e comerciantes da cidade”, afirmou.

O problema não se dá somente pelo fornecimento de água, mas pelo esvaziamento da represa Jaguaribe, uma das cinco que compõe o Sistema Cantareira. A represa tem 30 anos, mas não recebeu nenhum tipo de manutenção ou investimento nesse período. Para Moraes, é preciso observar que, além do fornecimento de água, estão em risco o empreendedorismo, os empregos e o turismo da região.

O secretário garantiu que atividades de pequeno porte, como transporte e passeios de barco, hotelaria e serviços sofrem com a seca direta da represa. “Temos ali cerca de mil barcos e cinco pousadas que sobreviviam de turismo náutico. Isso gerava até dois mil empregos diretos. Algumas pousadas e restaurantes demitiram todos os empregados. E isso mobilizava parte do comércio, supermercados, postos de gasolina, oficinas”, descreveu Moraes.

A cidade tem 154 mil habitantes. Dois mil postos de trabalho fechados podem ter um impacto considerável na população. Moraes defende que se deve avaliar o momento como sendo uma “crise ampla”, que pode se alastrar pelo estado. “Essa situação é muito séria. Se a pessoa que tinha uma pousada não tem mais, ou a que era funcionário não é mais, o que resta? Ir embora para os centros urbanos. E aí vão viver como dá. Como se define isso? Crise. A seca nas represas em São Paulo é uma crise ampla e real”, ressaltou.

Essa dificuldade em obter dados é generalizada. E se alia ao fato de que as empresas, sobretudo as de grande porte, evitam falar em problemas de ordem econômica, que poderiam afetar confiança e valorização no mercado financeiro.

O diretor do Ciesp em Campinas, José Nunes Filho, disse que as empresas e os 43 municípios que compõem a região da Bacia PCJ são afetadas. “Nós, como bacia doadora, fomos tremendamente afetados. A concessão de outorgas está suspensa e isso prejudica o investimento. Novas empresas não vão se instalar se você não tem garantia de água disponível.”

Segundo o diretor, empresas de grande porte do polo petroquímico de Paulínia correm riscos sérios, porque são “hidro-dependentes”. São refinarias que recebem e reenviam petróleo e derivados para todo o Brasil. E não há refino de petróleo sem água. “Afetaria todo o sistema econômico”, destaca.

Nunes também não poupou o governo Alckmin de críticas pela demora em admitir o problema ou em reagir a ele. “Um avião cai não só por um problema, mas por uma série de problemas. A estiagem é um problema natural, que se deve ser capaz de prever, mas as medidas para evitar esse problema não foram tomadas.”

Em Piracicaba, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Tarcísio Mascarim, explicou que a cidade não tem falta de água, pois faz a captação direta em dois rios. No entanto, o município tem dificuldades para produzir alimentos. “Temos várias formas para irrigar, mas a falta de chuvas e de água em boa disponibilidade pode levar a um aumento dos custos e isso pode promover aumento do preço dos alimentos”, avaliou.

Mascarim comentou que a produção de cana para combustíveis e açúcar sofreu uma redução sensível, passando de 40 milhões de toneladas em 2013 para 32 milhões neste ano. Uma redução de 20% no volume produzido, que afeta tanto o fornecedor quanto as usinas que produzem açúcar e álcool.

Em Atibaia, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Lívio Giosa, ressalta que “a situação é muito preocupante”. “É lógico que temos risco de desemprego. Não temos nenhuma situação específica, mas está claro isso. Se as empresas começam a ter problemas, nós logo teremos”, completou.

Giosa é mais que avalia negativamente a gestão da água no governo Alckmin. Para ele, a administração tucana não age diante da crise. “O problema é muito sério e as autoridades públicas estaduais não estão se posicionando. Não tem nenhuma discussão sobre alternativas, a não ser ficar esperando chover.”

Ele também ressaltou que os problemas com o abastecimento levaram as empresas a buscarem alternativas de emergência, utilizando carros pipa ou mesmo abrindo poços artesianos para não depender do sistema de água. “É um absurdo a gente chegar nessa situação”, enfatizou.

O secretário também atacou a cobertura da situação pela mídia. Para ele, o assunto é tratado superficialmente. “A única instituição que pode fazer com que esse assunto seja colocado em pauta prioritária é a imprensa. Deveriam estar 24 horas cutucando as autoridades: o governador, a presidente da Sabesp, diretorias de agências reguladoras”, argumentou.

Com volume morto, nível do Sistema Cantareira cai para 21,9%

Sistema tem registrado baixa no nível de armazenamento há 33 dias consecutivos

REUTERS

São Paulo – O nível do Sistema Cantareira, principal conjunto de reservatórios de água da região metropolitana de São Paulo, recuou para 21,9% nesta segunda-feira, segundo dados da companhia de saneamento e abastecimento do estado, Sabesp.

O dado considera o uso da chamada “reserva técnica” ou “volume morto”, água que está abaixo do nível de captação das comportas das represas e precisa ser bombeada para chegar às estações de tratamento. Desconsiderando esse volume, o nível do sistema seria atualmente de 3,4%.

O Cantareira tem registrado baixa no nível de armazenamento há 33 dias consecutivos, numa média de redução diária de 0,1 ponto percentual. O Estado enfrenta a pior crise hídrica em 80 anos, diante de um início de ano com chuvas bem abaixo da média que não serviram para recuperar represas para temporada de estiagem do inverno, cujo pico ocorre entre julho e setembro.

Se o ritmo de redução do nível de água do Sistema Cantareira for mantido, o volume armazenado será esgotado entre final de janeiro e início de fevereiro do próximo ano.

Desconsiderando o volume morto, o nível do sistema seria atualmente de 3,4%

Foto:  Reuters

A Sabesp tem calculado que o Sistema Cantareira poderá continuar fornecendo água à população até março, considerando expectativas de meteorologistas de retorno das chuvas a partir do final de setembro.

Segundo o grupo de usuários de água Consórcio PCJ, desde o início do ano choveu 300 milímetros a menos do que a média histórica do sistema e a vazão de água que entra no Cantareira foi 60% menor que a média histórica para o período. O grupo inclui 30 grandes empresas, como a cervejaria Ambev.

Além dos cerca de 9 milhões de moradores da região metropolitana de São Paulo, o Sistema Cantareira abastece cidades do interior do estado. Porém, a crise fez a Sabesp atender cerca de 2 milhões de pessoas desse universo com água de outros sistemas, como o Guarapiranga e Alto Tietê, que exibiam níveis de 73,2% e 27,4%, respectivamente, nesta segunda-feira.

Além da transferência de água entre sistemas, a Sabesp implantou a partir de fevereiro medida de incentivo à economia pela população na forma de desconto nas contas. O programa foi ampliado nos meses seguintes e atualmente envolve cerca de 19 milhões de habitantes, nos 31 munícipios atendidos pela Sabesp na região metropolitana e 11 cidades da região Bragantina, no noroeste do estado.

Segundo a empresa, atualmente 91% da população reduziu consumo de água. Desse total, 54% cortou o consumo médio em pelo menos 20%, o suficiente para terem direito ao desconto de 30% na conta.

A Sabesp afirmou que desde fevereiro a produção no Sistema Cantareira tem caído sem parar. Naquele mês, saíam 31.770 litros por segundo da Estação de Tratamento de Água Guaraú. Em março, a produção média diminuiu para 27.650 litros; em abril foram 25.200 litros e em maio, a média até o dia 13 foi de 23.180.

A redução no período foi de 8.590 litros por segundo. “Essa água é suficiente para abastecer 2,6 milhões de habitantes, uma cidade do porte de Fortaleza”, afirmou a Sabesp, sem comentar se poderá implantar novas medidas para enfrentar a estiagem nos próximos meses.

Abraço na Represa de Guarapiranga alerta para problema de abastecimento

Estadão Conteúdo

Diversas entidades ambientalistas organizaram neste domingo um grande abraço simbólico na Represa de Guarapiranga, na zona sul de São Paulo, para alertar sobre a urgência de ações para a preservação dos mananciais e o uso racional da água na capital paulista, principalmente por causa da crise de abastecimento vivida atualmente pela cidade. O lema da campanha deste ano é “Água: somos todos responsáveis. Cuidar para não secar”.

Segundo lembraram os organizadores do evento, São Paulo vive sua pior crise de água, com os níveis baixos do Sistema Cantareira, que abastece cerca de 9 milhões de habitantes da região metropolitana.

De acordo com o governo paulista, o ano hidrológico 2013-2014 apresentou índices pluviométricos fortemente desfavoráveis na bacia de contribuição do Cantareira, caracterizando a maior seca desde que as medições dos institutos de meteorologia começaram, há 84 anos.

Para superar a situação atípica, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) passou a transferir vazões dos sistemas Guarapiranga e Alto Tietê para a área de influência do Sistema Cantareira. Para os organizadores do evento, a maior utilização do Sistema Guarapiranga para o abastecimento da cidade pode trazer problemas à represa, que já sofre com o despejo de esgotos, as ocupações desordenadas e os desmatamentos.

Essa foi a nona edição do Abraço à Represa de Guarapiranga e ocorreu em três diferentes pontos: no Parque da Barragem de Guarapiranga, no Solo Sagrado e no Parque Ecológico de Guarapiranga. No Solo Sagrado, onde a reportagem da Agência Brasil esteve, centenas de pessoas deram as mãos para abraçar a represa ao meio-dia de hoje e para cantar a música Planeta Água, de Guilherme Arantes.

“O Abraço à Guarapiranga é uma homenagem simbólica da comunidade à represa. Estamos convivendo atualmente com o Cantareira com seus problemas e Guarapiranga é uma grande abastecedora de água potável para São Paulo. Então, preservar e conscientizar sobre o respeito a ela é fundamental para o valor à vida”, disse José Luiz Tomita, coordenador de atividades ambientais do Solo Sagrado. “Para termos água de qualidade, é preciso cuidar: não jogar lixo, não maltratar e usar com cuidado”, acrescentou ele.

Segundo Nilton de Oliveira, subprefeito de Parelheiros, uma força-tarefa envolvendo várias secretárias municipais deverá ocorrer em breve na região para combater o desmatamento e do loteamento irregular em Parelheiros, distrito rural localizado no extremo sul da cidade de São Paulo.


 

Em 15 dias, Cantareira perde quase 10% do ‘volume morto’

Estadão Conteúdo

Quinze dias após o início do bombeamento inédito do chamado “volume morto” dos reservatórios, o Sistema Cantareira já perdeu 17,5 bilhões de litros de água. A quantidade equivale a 9,6% dos 182,5 bilhões de litros que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) pretende retirar da reserva profunda do manancial para manter o abastecimento da Grande São Paulo sem adotar o racionamento generalizado.

O déficit representa uma queda de 1,7 ponto porcentual no nível do Cantareira em duas semanas. Nesta sexta-feira, 30, o manancial está com 25% da capacidade, de acordo com a Sabesp, já considerando o “volume morto”. Sem o acréscimo da água represada abaixo do nível das comportas, o sistema está com 6,4% de armazenamento, segundo o boletim diário do comitê anticrise que monitora o manancial.

Antes do início da utilização do “volume morto”, no dia 15 de maio, o Cantareira tinha 8,2% da capacidade, índice mais baixo de sua história. Com o acréscimo de 182,5 bilhões de litros, o índice saltou para 26,7%, ou cerca de 262,6 bilhões de litros. Nesta sexta-feira, porém, a medição aponta que os cinco reservatórios que compõem o manancial têm juntos 245,2 bilhões de litros.

Segundo a Sabesp, esse volume será suficiente para manter o abastecimento de água na Grande São Paulo até o “início das próximas chuvas”, em outubro. Hoje, o Cantareira ainda fornece água para cerca de 7,2 milhões de pessoas na Região Metropolitana, além de mais de 5 milhões de pessoas na região de Campinas. Até setembro, mais 500 mil pessoas devem deixar de receber água do manancial em crise, com a reversão de água de outros sistemas, como Alto Tietê, Guarapiranga, Rio Claro e Rio Grande.

Etapas

A captação do “volume morto” começou no dia 15 de maio nas represas Jaguari-Jacareí, em Joanópolis, que correspondem a cerca de 80% do Cantareira, mas estão com apenas 0,4% da capacidade nesta sexta-feira. De lá serão retirados 105 bilhões de litros da reserva profunda. Entre agosto e setembro, a Sabesp deve iniciar a captação de outros 77 bilhões de litros da Represa Atibainha, em Nazaré Paulista.

Qualidade da água é fator fundamental para o desempenho do rebanho

Merce Gregório | Guarantã do Norte|MT|Rural BR

Pouco consumo de água pode provocar problemas de digestão, perda de peso, pele flácida e afundamento na área dos olhos

Jorge SaensA nutrição dos animais requer atenção o ano todo, mas o começo da estiagem é um dos picos da preocupação. Antes de pensar na armazenagem de comida é bom verificar como está o fornecimento de água. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Rodinei Arruda Mauro, a oferta e a qualidade da água são fatores fundamentais para o bom desempenho do gado.

Um bovino bebe cerca de 50 litros por dia, em aproximadamente dez visitas ao bebedouro. Se ele consumir menos da necessidade resulta em problemas de digestão, perda de peso, pele flácida e afundamento na área dos olhos.

– Se um taurino perder 10% da água do seu organismo ele pode vir a óbito. Se você oferece matéria seca a água auxilia nesse metabolismo. E se oferece sal mineral vai ter que ter água disponível para esses animais – diz o pesquisador.

Rodinei conta que o espaçamento do bebedouro para o acesso dos animais é em torno de cinco centímetros por cabeça e não precisa ter grande profundidade.

O engenheiro agrícola Rodolfo Luis Gabbiatti conta ele calcula a quantidade água necessária transformando o peso desses animais em unidade animal (UA), em 450 quilos de peso vivo e dimensionando de acordo com o consumo.

No entanto, todos esses cuidados com os bebedouros devem ser maiores quando o assunto é o tanque reservatório. O ideal é que o reservatório fique no ponto mais alto da propriedade para que a água chegue aos bebedouros por queda natural, evitando assim gastos com bombeamento. Outra dica é que a capacidade de armazenamento deve ser suficiente para atender todos os pastos da fazenda por no mínimo três dias em caso de interrupção do fornecimento.

O pecuarista Rodrigo Agustini conta que o primeiro passo é ver qual é a fonte de captação de água na propriedade (poço, rio, córrego etc.) e observar qual a entidade responsável pela liberação de outorga.

– Depois de tudo pronto é só olhar para o resultado e comemorar. O que vem primeiro é a água. O pasto vem em segundo e a mineralização completa. Aliado a genética é resultado garantido.

Mesmo com chuva em São Paulo, cai volume de água no Cantareira

De A Tribuna On-line

Apesar das chuvas que atingiram a Grande São Paulo no fim de semana, a reserva de água no Sistema Cantareira, que abastece cerca de oito milhões de pessoas na região, caiu 0,1% nesta segunda-feira, 26. Com isso, o volume acumulado de água chegou a 25,5% da capacidade total.

No domingo, os reservatórios do Cantareira contavam com 25,6%. Desde 15 de maio, por determinação do governador Geraldo Alckmin (PSDB), a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) está retirando água do volume morto para tratamento e posterior venda para o consumidor.

Naquele dia, o volume útil de água das represas do Cantareira havia chegado a 8,2% da capacidade total de armazenamento. Desde então, com o acréscimo do volume morto, a quantidade total de água armazenada subiu.

De acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as chuvas do fim de semana se concentraram mais ao sul do Estado de São Paulo – o Cantareira, por sua vez, fica mais ao norte, já na divisa com Minas Gerais.

Na cidade de São Paulo, onde a chuva foi constante nos últimos dias, houve acúmulo de 48,1 milímetros de chuva desde sexta-feira, 23, segundo a técnica em meteorologia do Inmet, Simone Souza. De acordo com ela, esse volume não é tão elevado. “Porque ficou na garoa, e as pessoas acabam confundindo, achando que vou choveu bastante.”

A previsão da Climatempo mostra possibilidade de chuva na Grande São Paulo nesta segunda-feira, com máxima prevista de 22 graus Celsius. Ao longo da semana, deve chover ainda na quarta-feira. Nos demais dias, não há previsão de precipitações.

Nível do volume morto da Cantareira segue em queda e atinge 26,4%

18/05/2014 

São Paulo, 18 – O nível do Sistema Cantareira, conjunto de reservatórios de água usados para abastecer oito milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo, continua a diminuir. Conforme a assessoria de imprensa da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o reservatório contabiliza 26,4% da capacidade total neste domingo, 18, queda de 0,1 ponto porcentual na comparação com o nível de 26,5% de ontem. Na sexta-feira estava em 26,7%.

Desde o começo do mês até hoje até às 16h30, o acúmulo de precipitações na região é de 0,7 milímetros. Para o período, a mínima histórica era de 8,8 milímetros de chuva e a média para o mês de maio é de 83,7 milímetros, de acordo com a Sabesp. A página da internet da empresa que contém esses dados está fora do ar por problemas técnicos que, conforme a companhia, devem ser brevemente sanados.

Por conta da falta de chuva, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) autorizou o bombeamento das águas que ficam nos níveis mais profundos das represas, o chamado “volume morto”, desde a última quinta-feira. Por isso, o nível do Sistema, que estava em 8,2% elevou-se para 26,7% na sexta-feira. Esse volume adicional de água já está chegando na casa dos consumidores.

 

Com menor nível da história, São Paulo recorre à reserva técnica do Cantareira

Agência Brasil

O Sistema Cantareira, que responde pelo abastecimento de água para 9 milhões de habitantes da região metropolitana de São Paulo, chegou nesta quinta ao menor nível de sua história, 8,2%, de acordo com a Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp).

O governo estadual e a Sabesp iniciaram a captação de água da reserva técnica da represa Jaguari/Jacareí, anunciada para ter início hoje. A reserva técnica é o volume de água das represas que fica abaixo da cota mínima de captação.

A água retirada da reserva técnica ou volume morto, como também é chamada, será levada para a Estação de Tratamento de Água Guaraú, na zona norte de São Paulo. O nível do Sistema Cantareira será acrescido de 182,5 bilhões de litros de água, o que fará com que o nível suba 18,5% a partir de sexta-feira.

Para retirar a água do volume morto, foram instaladas 17 bombas flutuantes, que levarão a água por túneis até a estação de tratamento. A instalação das bombas foi iniciada em 17 de março, com a construção de dois canais com  3,5 quilômetros de extensão. Foram dois meses de obras e investimento de R$ 80 milhões.

O volume da reserva técnica é formado pela mesma água do atual volume útil do sistema e o total chega a 400 bilhões de litros. A estimativa da Sabesp é que a quantidade de água seja suficiente para abastecer a região metropolitana de São Paulo até 2015. Se começar a chover com regularidade o uso do volume morto será suspenso.

O governador Geraldo Alckmin, que acompanhou o acionamento das bombas que farão a captação da água, disse que o governo está se empenhando para sanar o problema de abastecimento de água.

“O Governo de São Paulo não está esperando São Pedro para resolver o problema da seca. Nós estamos trabalhando 24 horas por dia com todo o empenho, engenharia e técnica para garantir o abastecimento de água à população. Quero agradecer à população da região metropolitana de São Paulo, que tem aumentado, mês a mês, o uso racional da água. Chegamos à primeira quinzena de maio com um índice de 84% de redução no consumo”, falou Alckmin.

O Sistema Cantareira trata em média 32.560 litros por segundo, representando 47% da água distribuída na região metropolitana de São Paulo e 65% da demanda da capital paulista. O Sistema Cantareira libera também, no mínimo, 3.000 litros por segundo para as regiões de Campinas e Piracicaba.

De acordo com nota do governo estadual, entre 2013 e 2014 a quantidade de chuva foi desfavorável na bacia de contribuição do Cantareira, provocando a pior seca desde que as medições dos institutos de meteorologia começaram, há 84 anos. Em dezembro de 2013, foi registrado índice 72% menor que a média. Em janeiro e fevereiro, choveu 65% menos que o normal.
 

noticias gerais e, especificamente, do bairro do Brás, principalmente do comércio