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Petrobras investe US$ 587 milhões em projetos no Amazonas

Investimentos ampliam produção de petróleo e gás nas bacias dos rios Amazonas e Solimões

Jornal do Commércio | Manaus

Procura por gás natural será na bacia do rio Solimões. Foto: Reprodução/Shutterstock

MANAUS – A produção de petróleo e gás no Amazonas deve receber investimentos estimados em US$ 587 milhões até o final deste ano, segundo a Petrobras. Pelo menos dois projetos devem ser implementados, incluindo a extração do gás natural. Entre as iniciativas destacam-se a implantação da quarta Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN-IV), em Urucu, que deverá processar inicialmente 1,8 milhão metros cúbicos diários de gás natural. E ainda, a perfuração de poços para pesquisa de petróleo na área de concessão denominada AM-T-85, na Bacia do rio Amazonas, que abrange os municípios de Silves e Itapiranga.

Segundo a assessoria de imprensa da Petrobras, a partir da implantação da UPGN-4 a produção total de Líquido de Gás Natural (LGN) da companhia, em Urucu, terá um acréscimo de cerca de 12%, número que corresponde a um ganho de mais de 2 mil barris por dia. O crescimento da produção de LGN possibilita um aumento na entrega ao mercado de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) que é uma parcela do LGN. Neste ano, a autarquia ainda iniciou uma produção no campo do gasoduto Juruá-Araracanga, na província petrolífera do Urucu, com ganho de produção de gás de cerca de 800 mil metros cúbicos diários.
De acordo com a Petrobras, a média da produção de petróleo no Estado é de 44 mil barris diários, número que vem sendo mantido. Quanto ao gás natural, a produção média é de 12,5 milhões metros cúbicos por dia. O gás natural extraído no Amazonas é consumido pelas usinas termelétricas do Sistema Eletrobras (Mauá e Aparecida), cinco PIEs (Produtores Independentes de Energia) que são: Tambaqui, Jaraqui, Manauara, Cristiano Rocha e Ponta Negra; Cigás (Companhia de Gás do Amazonas) e a Reman (Refinaria Isaac Sabbá (Reman). As empresas utilizam 3,4 milhões metros cúbicos diários de gás natural. A assessoria afirma que o gás natural produzido no Estado atende a demanda local.
De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), no período de janeiro a julho deste ano foram produzidos mais de 26,6 milhões metros cúbicos de gás natural no Amazonas. O secretário da Secretaria Estadual de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos (SEMGRH), Daniel Nava, avalia a província do Urucu como uma das reservas mais produtivas de óleo e gás natural. Ele explica que o óleo extraído após receber um tratamento dá origem a outros produtos. “A área de Urucu tem uma produção significativa.
Parte do óleo vem para a refinaria e logo após é transformado em outros produtos. O gás abastece empresas”, frisa. Nava ainda informou que do total de gás extraído no Brasil 7% é proveniente do Amazonas. “Entre três a cinco empresas, além da Petrobrás, atuam no Estado para tornar esse trabalho possível e com bons resultados de extração”, disse.
A Petrobras conta com um quadro funcional nas atividades de exploração e produção na Amazônia constituído por mais de 5,2 mil colaboradores. Deste total, mais de 4,6 mil atuam na Base de Operações Geólogo Pedro Moura, em Urucu. O petróleo produzido na província de Urucu é processado na Reman (Refinaria Isaac Sabbá), que pertence à Petrobras.
A Reman tem capacidade de processamento de 46 mil barris diários de petróleo, com relevante contribuição quanto ao abastecimento da região Norte. Sua produção é destinada ao mercado local. Dentre os derivados do petróleo produzidos pela refinaria podemos destacar o diesel, a gasolina, o querosene de aviação e o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), popularmente conhecido como gás de cozinha.

‘Oceano subterrâneo’ da Amazônia tem volume estimado em 160 trilhões de metros cúbicos

Sistema hidrogeológico começou a ser formado a partir do período Cretáceo; entenda como ocorre

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Alguns pontos do rio Amazonas têm até 2 km de um lado ao outro das margens. Na imagem está o Encontro das Águas. Foto: Reprodução/Shutterstock

MANAUS – A Amazônia detém uma hidrografia singular. O que não se sabia é que a região também possui uma reserva de água subterrânea com volume estimado em mais de 160 trilhões de metros cúbicos, o Aquífero Amazônia. A informação é do professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Francisco de Assis Matos de Abreu. “A reserva subterrânea representa mais de 80% do total da água da Amazônia. A água dos rios amazônicos, por exemplo, representa somente 8% do sistema hidrológico do bioma e as águas atmosféricas têm, mais ou menos, esse mesmo percentual de participação”, disse Abreu.

Para se ter uma ideia, o volume é 3,5 vezes maior do que o do Aquífero Guarani – depósito de água doce subterrânea que abrange os territórios do Uruguai, da Argentina, do Paraguai e Brasil, com 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão. O conhecimento sobre esse ‘oceano subterrâneo’, contudo, ainda é muito escasso e precisa ser aprimorado tanto para avaliar a possibilidade de uso para abastecimento humano como para preservá-lo em razão de sua importância para o equilíbrio do ciclo hidrográfico regional.

De acordo com Abreu, as pesquisas sobre o Aquífero Amazônia foram iniciadas há dez anos, quando ele e outros pesquisadores da UFPA e da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizaram um estudo sobre o Aquífero Alter do Chão, no distrito de Santarém, no Pará.

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O estudo indicou que o aquífero, situado em meio ao cenário de uma das mais belas praias fluviais do País, teria um depósito de água doce subterrânea com volume estimado em 86,4 trilhões de metros cúbicos. “Ficamos muito assustados com os resultados do estudo e resolvemos aprofundá-lo. Para a nossa surpresa, descobrimos que o Aquífero Alter do Chão integra um sistema hidrogeológico que abrange as bacias sedimentares do Acre, Solimões, Amazonas e Marajó. De forma conjunta, essas quatro bacias possuem, aproximadamente, uma superfície de 1,3 milhão de quilômetros quadrados”, disse Abreu.

Denominado pelo pesquisador e colaboradores Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga), o sistema hidrogeológico começou a ser formado a partir do período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos. Em razão de processos geológicos ocorridos nesse período foi depositada, nas quatro bacias sedimentares, uma extensa cobertura sedimentar, com espessuras da ordem de milhares de metros, explicou Abreu. “O Saga é um sistema hidrogeológico transfronteiriço, uma vez que abrange outros países da América do Sul. Mas o Brasil detém 67% do sistema”, disse.

Uma das limitações à utilização da água disponível no reservatório, contudo, é a precariedade do conhecimento sobre a sua qualidade, apontou o pesquisador. “Queremos obter informações sobre a qualidade da água encontrada no reservatório para identificar se é apropriada para o consumo.”

“Estimamos que o volume de água do Saga a ser usado em médio prazo para abastecimento humano, industrial ou para irrigação agrícola será muito pequeno em razão do tamanho da reserva e da profundidade dos poços construídos hoje na região, que não passam de 500 metros e têm vazão elevada, de 100 a 500 metros cúbicos por hora”, disse.

Como esse reservatório subterrâneo representa 80% da água do ciclo hidrológico da Amazônia, é preciso olhá-lo como uma reserva estratégica para o país, segundo Abreu.

“A Amazônia transfere, na interação entre a floresta e os recursos hídricos, associada ao movimento de rotação da Terra, cerca de 8 trilhões de metros cúbicos de água anualmente para outras regiões do Brasil. Essa água, que não é utilizada pela população que vive aqui na região, representa um serviço ambiental colossal prestado pelo bioma ao país, uma vez que sustenta o agronegócio brasileiro e o regime de chuvas responsável pelo enchimento dos reservatórios produtores de hidreletricidade nas regiões Sul e Sudeste do país”, avaliou.

Vulnerabilidades

De acordo com Ingo Daniel Wahnfried, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), um dos principais obstáculos para estudar o Aquífero Amazônia é a complexidade do sistema.

Como o reservatório é composto por grandes rios, com camadas sedimentares de diferentes profundidades, é difícil definir, por exemplo, dados de fluxo da água subterrânea para todo sistema hidrogeológico amazônico. “Há alguns estudos em andamento, mas é preciso muito mais. É necessário avaliarmos, por exemplo, qual a vulnerabilidade do Aquífero Amazônia à contaminação”, disse Wahnfried.

Diferentemente do Aquífero Guarani, acessível apenas por suas bordas – uma vez que há uma camada de basalto com dois quilômetros de extensão sobre o reservatório de água –, as áreas do Aquífero Amazônia são permanentemente livres.

Em áreas de floresta, essa exposição do aquífero não representa um risco. Já em áreas urbanas, como nas capitais dos estados amazônicos, isso pode representar um problema sério. “Ainda não sabemos o nível de vulnerabilidade do sistema aquífero da Amazônia em cidades como Manaus”, disse Wahnfried.

Segundo o pesquisador, tal como a água superficial (dos rios), a água subterrânea é amplamente distribuída e disponível na Amazônia. No Amazonas, 71% dos 62 municípios utilizam água subterrânea (mas não do aquífero) como a principal fonte de abastecimento público, apesar de o estado ser banhado pelos rios Negro, Solimões e Amazonas.

Já dos 22 municípios do Estado do Acre, quatro são totalmente abastecidos com água subterrânea. “Apesar de esses municípios estarem no meio da Amazônia, eles não usam as águas dos rios da região em seus sistemas públicos de abastecimento”, avaliou Wahnfried.

Algumas das razões para o uso expressivo de água subterrânea na Amazônia são o acesso fácil e a boa qualidade desse tipo de água, que apresenta menor risco de contaminação do que a água superficial.

Além disso, o nível de água dos rios na Amazônia varia muito durante o ano. Há cidades na região que, em períodos de chuva, ficam a poucos metros de um rio. Já em períodos de estiagem, o nível do rio baixa 15 metros e a distância dele para a cidade passa a ser de 200 metros, exemplificou.

 

Produtora inglesa paga indenização após gravar documentário no Amazonas

Gravação de documentário em terra indígena de Humaitá começou antes da autorização por parte da Funai

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BRASÍLIA – Uma indenização no valor total de R$ 70 mil será paga aos índios Pirahã e Parintintim, da região de Humaitá, no sul do Amazonas. O valor é devido ao ingresso irregular em Terra Indígena, em novembro de 2013, de uma produtora inglesa que realizou filmagens para um documentário dentro da Terra Indígena Pirahã, sem autorização da Fundação Nacional do Índio (Funai). 

Na ocasião, a produtora havia solicitado junto à presidência da Fundação o ingresso na Terra Indígena, mas iniciou os trabalhos antes mesmo da conclusão do processo e emissão da autorização, sem atender a normativa vigente.

Ainda faz parte do acordo firmado entre a produtora e a Funai, a análise, pelo órgão indigenista, da filmagem produzida na Terra Índigena. Todo o material já foi entregue à Fundação, para ser avaliado previamente à edição do documentário.

Terras são dos índios Pirahã e Parintintim, na região de Humaitá. Foto: Acervo CR Madeira/ Funai

 
 

Barés pelo mundo: saiba onde estão os amazonenses que moram no exterior

Europa é o destino preferido dos amazonenses; mais da metade dos emigrantes são mulheres

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Vista aérea da cidade de Zurique, na Suíça. Foto: Shutterstock

MANAUS – Em busca de vida nova, diversão ou simplesmente para mudar de ares é que 3.582 amazonenses emigraram para 30 países nos 7 continentes. A informação é do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Em geral [a escolha de deixar o país], tem a ver com a baixa escolaridade associada a sub-remuneração e ao subemprego no Brasil”, explica o cientista social Breno Leite. O continente que abriga o maior número de barés fora do Brasil é a Europa. Estados Unidos, Japão, Suíça, Espanha e Itália, nesta ordem, são os países onde se encontra um grande número de amazonenses.

As mulheres correspondem a 65,1% do contingente de emigrantes. “A principal motivação para que mulheres emigrem mais que homens são as oportunidades de emprego como trabalhadoras domésticas ou babysitters”, aponta Breno. “As mulheres também são muito mais aceitas porque criam menos conflitos”, completa.

A Suíça, país com o 3oº melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e renda per capta de US$ 53.792, abriga o maior número de mulheres amazonenses, 299. Em seguida, vem Estados Unidos (292), Espanha (223), Japão (189) e Itália (183).

Breno teve a oportunidade de acompanhar de perto uma experiência de emigração. “Uma moça que trabalhava na minha casa, vinda de Carauari, no interior do Amazonas, recebeu uma proposta para trabalhar na casa de uma empresária russa que morava na Suíça. Lá, ela passou a receber um salário quase 10 vezes maior que sua renda no Brasil”, recorda. “E um ano depois, casou-se com um português”, revela.

Os homens amazonenses são maioria na África e em países como Bolívia, Suriname, Canadá e China. De acordo com o IBGE, eles também são maioria na América Central, mas o órgão não discriminou os países e o número de amazonenses por gênero.

Pequim, na China. Foto: Shutterstock.

O chefe de disseminação de informações do IBGE no Amazonas, Adjalma Jacques, explica que a ascendência europeia também facilita a ida de amazonenses para a Europa. “Muitos amazonenses vão morar na Europa em função das suas origens. Alguns são descendentes de portugueses, espanhóis, ingleses, franceses e etc. Essa descendência proporciona a dupla nacionalidade e a consequente retirada do passaporte, agora Europeu, por conta da União Europeia. Assim, com um passaporte continental, fica fácil se fixar em qualquer país do Bloco”, destaca.

Adjalma ressalta que a facilidade em estabelecer-se no Velho Continente, em comparação aos Estados Unidos por exemplo, é maior. Além disso, o domínio de línguas europeias (espanhol e português), o acesso a transporte aéreo e aumento de renda também são facilitadores. Breno também avalia que outra motivação forte e polêmica diz respeito a prostituição. “Mulheres e muitos travestis emigram para exercerem a prostituição nesses países. Os programas, em geral, são muito bem pagos o que estimula todo o mercado da prostituição de mulheres brasileiras no mundo”, justifica.

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Indígenas isolados da Amazônia são desmistificados pelo sertanista Sydney Possuelo

Com mais de quatro décadas vividas em função de indígenas, Sydney Possuelo conta sua história. Confira

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Indígenas isolados em primeiro contato com servidores da Funai, no interior do Acre. Foto: Divulgação/Funai

MANAUS – Um grupo de indígenas até então isolados fez contato com servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) há poucas semanas, no interior do Acre. A divulgação deste contato gerou críticas e preocupações sobre até onde o ‘homem branco’ deve interferir na cultura de povos tradicionais, principalmente de grupos isolados. Para esclarecer esta e outras questões a reportagem do Portal Amazônia entrevistou o sertanista Sydney Possuelo. Ele foi responsável por idealizar na Funai, ainda no século passado, um setor que existe até hoje e serve para atender populações isoladas.

Possuelo foi despedido da Funai, segundo ele, por criticar o então presidente do órgão Mércio Pereira Gomes. “Fui defenestrado. Me jogaram pela janela. A história de como eu saí da Funai foi assim. Os Villas-Bôas também saíram assim”, recordou o profissional que se intitula “um sertanista sem sertão”. Sua última expedição está registrada no livro ‘Além da Conquista‘, do jornalista Scott Wallace. Confira a entrevista completa com quem dedicou 42 anos de sua vida ao sertanismo e, depois que saiu da Funai, criou o Instituto Indigenista Brasileiro – no momento com atividades suspensas por falta de dinheiro.

No final da entrevista há dois vídeos feitos por servidores da Funai que mostram o contato com indígenas isolados no Acre.

Portal Amazônia – Porque o senhor resolveu criar a Coordenação de Índios Isolados da Funai?

Sertanista Sydney Possuelo. Foto: Reprodução/YouTube

Sydney Possuelo – Eu criei pensando nos conflitos envolvendo índios isolado; os conflitos que geram o encontro entre povos tão distintos ao se encontrarem. Situações absolutamente diferenciadas uma das outras. Isso me preocupava. Eu ficava me imaginando: será que isso é o correto? Mas qualquer análise que você faça, desde o descobrimento até hoje, as técnicas [de aproximação] são sempre as mesmas: vai entra na selva, põe uns presentinhos, o índio vai e pega, pega outra vez e outra vez até que fala e pronto: estão pacificados, mansos. E a nossa sociedade os deixa morrer como tem deixado ao longo da nossa história. E cada vez mais tem ficado pior.

Tem piorado sistematicamente a cada governo. Só tem piorado a atenção que deveríamos dar a eles. Então comecei a pensar em uma política diferenciada. Essa era a política normal. Todo mundo fazia. Mas tinham administrações locais com posições diferentes e cada um fazia o que bem entendia. E não podia ser assim; não se brinca com a vida dos outros assim. Não se destrói esses povos de forma sistemática e quase impunemente. Todo mundo levava doenças para os índios. Eles morriam e pronto. “Eu fui lá cheio de boas intenções e eles morreram” [imitou o discurso de seus pares].

Eu vinha sistematicamente falando com os presidentes da Funai que nós precisávamos nos debruçar sobre essa questão para acabar com essa desordem. Quando o Romero Jucá assumiu a presidência de Funai ele foi o único que me escutou e me ajudou a criar a coordenação. Dali para frente nossos objetivos foram demarcação da terra, proteção da terra, proteção da ecologia e não contato. Deixar e respeitar o índio na sua diversidade, na sua vida diferenciada e não forçar o índio a nada; e demarcação e vigilância dos territórios, dos povos indígenas. E essa demarcação não é só pro índio. É um limite físico de até onde pode chegar nossa sociedade, pois dali para frente mora um povo que precisa daquelas águas, da ecologia, dos animais, enfim, precisa daquelas terras para viver. Eles não estão presos. A hora que eles quiserem eles saem e fazem contato. Não tem problema. Mas a nossa sociedade, inclusive a própria Funai, tem um limite até onde pode chegar. Dali pra frente não pode mais, porque você pode causar danos e até destruir povos de culturas diferenciadas.

Qual foi a sua maior aventura como sertanista?

Ah, é muito difícil falar! Eu não saberia dizer. Foram muitas situações de conflito, aventurosas, de primeiros contatos, de situações que pensei que teria grandes problemas físicos de luta e que acabou não acontecendo. Outras que eu pensei que não ia acontecer e que aconteceram conflitos. Enfim, é muito difícil eu dizer qual a situação. Mas, por exemplo, eu me lembro de uma situação interessante lá no Vale do Javari, quando estávamos eu e um amigo meu chamado Wellington [Figueiredo], de um grupo de índios que estava se aproximando de madeireiros e havia um perigo muito grande entre os madeireiros e este grupo. Então nós fomos lá ver o que podíamos fazer.

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Acabamos ‘barruando’, encontrando, no meio da selva estes índios. Uma situação… assim… é… a gente pensou que isso poderia acontecer, o encontro com eles, porém, era muito difícil. Pensávamos ser quase impossível isso acontecer, mas acabou acontecendo. Nós estávamos preparados. Passamos uma noite com eles. Eles dormiram com os pés em cima de nós. Eu e o Wellington no chão e eles com os pés atravessados em cima do nosso peito, da barriga, das pernas porque tinham medo da gente. Para não sairmos eles puseram peso em cima de nós. Passamos ali aquela noite interminável com aqueles homens em cima da gente. Foi uma situação muito interessante.

No dia seguinte chegou um grupo da selva, o restante do grupo indígenas, e nós não sabíamos o que ia acontecer. “Será que vão nos atacar? Vão nos matar? O que vão fazer com a gente?” [perguntou a ninguém em especial, apenas para dar sentido à narração]. E eles chegaram, se aproximaram, cantando bastante etc e tudo, e com um monte de gongo [lagarta comum em palmeiras]. Trouxeram as mãos cheias de alimento para gente. Fora isso, tem várias outras situações vividas. Boas ou más.

Qual era o maior desafio da profissão de sertanista?

A atividade principal do sertanista era chefiar as expedições para realizar os primeiros contatos com grupos indígenas isolados. Historicamente, esses grupos que viviam isolados foram muito perseguidos por frentes pioneiras. Normalmente, esses indígenas são muito belicosos principalmente quando se entra no território deles. E nessas aproximações, tentativas de aproximação, foram muitos companheiros que ficaram feridos, foram mortos nessa tentativa de aproximação. Eu penso que era a coisa mais relevante que o sertanista tinha como profissão era realmente os contatos com grupos isolados, como aquele que apresentou ao mundo aquele grupo. Essa apresentação também era uma coisa muito má, muito deletéria, nefasta para os índios. Mas era a política vigente para trazer os índios para o convívio da civilização como se isso acontecesse. Mas só traziam problemas maiores e outros menores.

Através disso nós matamos; destruímos. Mas não foi só nossa sociedade, mas todas as frentes. E isso foi desde 1500 que essa atividade vinha ocorrendo no País e se tornou uma política através de [Cândido] Rondon, que era um general do Exército, positivista. Ele era devotado, pois sua mãe era indígena, ele nasceu no Mato Grosso numa aldeia indígena e estudou.

Qual cultura chamou mais a sua atenção?

Eu tive a oportunidade de fazer sete contatos com grupos indígenas diferentes. Não existe uma cultura que sobrepuje a outra. Uma tem um aspecto material mais interessante, mais diversificado. A outra tem um universo mítico fantástico. É tudo muito relativo. E a importância desses povos não é numérica, se eles são muitos ou se são poucos, a importância deles em si mesmos é por serem humanos, segundo por serem donos de uma cultura absolutamente diferenciada da nossa, com línguas desconhecidas, universos míticos vastíssimos. Todas são importantes.

Existem diferenças físicas, linguísticas, materiais, mas todas elas têm o mesmo valor. Elas são cheias de um conhecimento que nós até hoje não sabemos aproveitar e desprezamos, deixando de aprender coisas interessantes e boas para a nossa existência.

Servidores da Funai contatam indígenas isolados no Acre e gravam dois vídeos para relatar aproximação cultural

Batalhão Ambiental apreende mais de 1t de carne ilegal no Amazonas

Operações executadas no fim de semana interceptaram carne de peixes e animais silvestres em Manaus e Manacapuru

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Carne de animais silvestres apreendidas em barco em Manacapuru. Foto: Divulgação/BPAmb-AM

MANAUS – Neste fim de semana, entre os dias 9 e 10, o Batalhão de Policiamento Ambiental do Amazonas (BPAmb-AM) apreendeu mais 1 mil quilos (kg) de carne de animais silvestres e peixes ilegais. As operações que resultaram nas apreensões foram realizadas em Manacapuru (84 quilômetros de Manaus) e na capital. Quatro pessoas foram conduzidas à polícia para serem flagranteadas.

Carne de animais silvestres apreendidas em barco em Manacapuru. Foto: Divulgação/BPAmb-AM

Em Manacapuru, as abordagens foram realizadas no porto da cidade, neste sábado (9). O barco ‘Mapará’ despertou a atenção dos agentes ao empreender fuga do local com a chegada do Batalhão. Nos porões da embarcação, foram encontrados 500 kg de peixes curimatá e jaraqui e mais 508 kg de carnes de paca, veado, anta e porco do mato. Além disso, ainda havia 120 kg de pirarucu seco no local. Toda carne de animais silvestres estava encoberta por peixes na tentativa de dificultar a fiscalização.

Carne de animais silvestres apreendidas em barco em Manacapuru. Foto: Divulgação/BPAmb-AM

No momento da abordagem estavam presentes no barco Carlos Mário de Souza Pucu, 45, José Carvalho de Souza, 54, e Juscelino Lima de Castro, 51. Eles foram conduzidos à Delegacia de Manacapuru. Segundo o BPAmb-AM, todo o material apreendido geraria o lucro ilegal de aproximadamente 15 mil reais aos infratores. “Porém, não há como se mensurar em valores o grande dano ambiental causado a fauna”, disse a nota divulgada em rede social.

Pirarucu apreendido na feira da Ceasa em Manaus. Foto: Divulgação/BPAmb-AM

Os peixes apreendidos foram doados para projetos sociais da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré e para o abrigo de menores Monte Salém. A carne de animais silvestres foi doada ao Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para alimentação de outros animais.

Outra apreensão

Já em Manaus, a apreensão foi realizada da manhã do último domingo (10). Em fiscalização, realizada na feira da Ceasa, o BPAmb-AM apreendeu 40 kg de pirarucu irregular. A permissionária, Maria Conceição Lopes, foi conduzida ao 9° DIP por crime ambiental. No local, foi lavrado o flagrante e feito o auto de exibição e apreensão. O material apreendido foi destinado ao Abrigo de Idosos São Vicente de Paula.

Pirarucu apreendido na feira da Ceasa em Manaus. Foto: Divulgação/BPAmb-AM

Denuncie

O consumo, fornecimento e comercialização de carne de caça, pescado ilegal, madeira sem Documento de Origem Florestal (DOF), só para citar alguns exemplos, caracteriza crime ambiental entre outros. O Batalhão de Policiamento Ambiental pede a população que o ajude realizando denúncias.

A previsão dos tipos penais ambientais para as condutas consideradas crimes contra a fauna está no artigo 29 da Lei 9.605/98. “Alertamos que a fauna silvestre normalmente se encontra com números populacionais relativamente pequenos e associados a expressivos endemismos, o que a torna extremamente frágil aos diversos tipos de impactos sobre o meio ambiente. Com a cheia dos rios estes animais perdem espaço do habitat natural, o que facilita a ação dos infratores”, considerou.

 

Amazonas define medidas emergenciais de prevenção e tratamento de Ebola

Diretor-presidente da instituição anunciará FMT como hospital de referência e tratamento de possíveis casos

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Foto: Shutterstock

MANAUS – As quase mil mortes provocadas pelo vírus Ebola na África tem tirado o sono da população mundial. No Amazonas, a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) anunciará em coletiva de imprensa, nesta terça-feira (12), medidas a serem adotadas diante de casos suspeitos de ebola no Estado. “A Fundação de Medicina Tropical já está definida como hospital de referência para tratamento de possíveis casos. Mas fora isso, precisamos trabalhar também com nossa rede de urgência”, revelou o diretor-presidente da instituição, o médico infectologista Bernardino Albuquerque.

Sobre a probabilidade de disseminação da doença, Bernardino também disse que medidas preventivas serão adotadas principalmente na estrutura aeroportuária. “Vamos ter que fazer um processo de discussão que vai desde a possível chegada de pessoas dos quatro países africanos com casos da doença, o que fazer na recepção de aeroporto, como vai se dar e trabalhar com a possibilidade de pessoas sem sintomatologia”, explicou. “A manifestação dos sintomas do Ebola levam de 2 a 21 dias para apareceram, este é o período de incubação”, completou.

De acordo com Bernardino, nos próximos dias serão alinhadas tratativas de fluxo de atendimento, transferência de possíveis infectados e diagnóstico laboratorial. Para saber mais sobre a doença, o Ministério da Saúde disponibilizou em seu blog perguntas e respostas sobre o tema. OMinistério da Saúde recebe informações diárias da OMS para avaliar a situação do surto de Ebola na África Ocidental e recomendar as medidas adequadas para a proteção do Brasil.

Estado do Amazonas anunciará medidas de prevenção e contenção do Ebola. Foto: Shutterstock

O que é a doença causada pelo vírus Ebola?

A doença do vírus Ebola (anteriormente conhecida como febre hemorrágica Ebola) é uma doença grave, muitas vezes fatal, com uma taxa de letalidade que pode chegar até os 90%. A doença afeta os seres humanos e primatas não-humanos (macacos, gorilas e chimpanzés). O Ebola foi identificado pela primeira vez em 1976, em dois surtos simultâneos: um em uma aldeia perto do rio Ebola, na República Democrática do Congo, e outro em uma área remota do Sudão. A origem do vírus é desconhecida, mas os morcegos frugívoros (Pteropodidae) são considerados os hospedeiros prováveis do vírus Ebola.

Como as pessoas são infectadas com o vírus?

O Ebola é introduzido na população humana por meio de contato direto com o sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de animais infectados. Na África, os surtos provavelmente originam-se quando pessoas têm contato ou manuseiam a carne crua de chimpanzés, gorilas infectados, morcegos, macacos, antílopes florestais e porcos-espinhos encontrados doentes ou mortos na floresta.

O vírus Ebola passa de pessoa para pessoa?

Depois que uma pessoa entra em contato com um animal que tem Ebola, ela pode espalhar o vírus na sua comunidade, transmitindo-o para outras pessoas. A infecção ocorre por contato direto com o sangue, fluidos corporais, secreções, fezes, urina, saliva e sêmen de pessoas infectadas. A infecção também pode ocorrer se a pele ou membranas mucosas de uma pessoa saudável entrarem em contato com objetos contaminados com fluidos infecciosos de um paciente com Ebola, como roupa suja, roupa de cama ou agulhas usadas. Cerimônias fúnebres em que os enlutados têm contato direto com o corpo da pessoa falecida, como é comum em comunidades rurais de alguns países africanos, também podem desempenhar um papel importante na transmissão do Ebola. Pessoas que morreram da doença devem ser manipuladas apenas por quem esteja usando roupas de proteção e luvas. O corpo deve ser enterrado imediatamente. O vírus Ebola não é transmitido pelo ar.

Quais os riscos para os profissionais de saúde que cuidam dos doentes?

Os profissionais de saúde têm sido frequentemente expostos ao vírus ao cuidar de pacientes com Ebola na África. Isso acontece quando eles não usam adequadamente equipamentos de proteção individual, como luvas e máscaras. Os profissionais de saúde devem seguir rigorosamente as precauções de controle de infecção recomendados. Além dos cuidados usuais, os trabalhadores de saúde devem aplicar estritamente as medidas de controle de infecção recomendadas para evitar a exposição a sangue infectado, fluidos ou ambientes ou objetos contaminados – como a roupa suja de um paciente ou agulhas usadas:
– devem usar equipamentos de proteção individual, tais como aventais, luvas, máscaras e óculos de proteção ou protetores faciais;
– não devem reutilizar equipamentos ou roupas de proteção, a menos que tenham sido devidamente desinfectados;
– devem trocar as luvas ao passar de um paciente para outro.
Procedimentos invasivos que podem expor os médicos, enfermeiros e outros à infecção devem ser realizado sob estritas condições de segurança. Os pacientes infectados devem ser mantidos separados dos outros pacientes e pessoas saudáveis, tanto quanto possível. A dificuldade de manter esses padrões adequados nos serviços de saúde dos países africanos acometidos tem propiciado a infecção em profissionais de saúde.

Quando uma pessoa passa a transmitir o vírus a outra?

O período em que a pessoa infectada pode transmitir só inicia após o surgimento dos sintomas. Durante o período de incubação, a pessoa não transmite o Ebola. As pessoas podem infectar outras enquanto seu sangue e secreções contiverem o vírus. Por esta razão, os pacientes infectados têm que ser cercados de cuidados específicos para evitar que profissionais de saúde ou parentes e amigos que os visitam no hospital entrem em contato com o sangue e secreções.

Quem corre mais risco?

Durante um surto, como o que agora ocorre na Libéria, Serra Leoa e Guiné, as pessoas com maior risco de infecção são:
-profissionais de saúde que atendem pacientes sem que as medidas de proteção estejam adotadas;
– membros da família ou outras pessoas que têm contato próximo com as pessoas infectadas;
– pessoas que têm contato direto com os corpos dos mortos como parte de cerimônias fúnebres; e
– caçadores que entram em contato com animais mortos encontrados na floresta.

Quais são os sinais e sintomas do Ebola?

O Ebola produz uma doença grave. O início súbito de febre, fraqueza intensa, dores musculares, dor de cabeça e dor de garganta são os sinais e sintomas típicos. Isto é seguido por vômitos, diarreia, disfunção hepática, erupção cutânea, insuficiência renal e, em alguns casos, hemorragia tanto interna como externa. O período de incubação, ou o intervalo de tempo entre a infecção e o início dos sintomas, pode variar de dois até 21 dias. Os pacientes tornam-se contagiosos apenas quando começam a apresentar os sintomas. Eles não são contagiosos durante o período de incubação. A confirmação dos casos de Ebola é feita por exames laboratoriais específicos.

Qual é o tratamento?

Não há tratamento específico que cure o Ebola. Alguns tratamentos experimentais têm sido testados, mas ainda não estão disponíveis para uso geral. Os pacientes de Ebola requerem tratamento de suporte intensivo, realizado em hospitais de referência para tratamento de doenças infecciosas graves. Eles geralmente ficam desidratados e precisam de fluidos intravenosos ou de reidratação oral com soluções que contenham eletrólitos. Alguns pacientes podem se recuperar se receberem tratamento médico adequado. Para ajudar a controlar a propagação do vírus, as pessoas suspeitas ou confirmadas de ter a doença devem ser isoladas de outros pacientes e tratadas por profissionais de saúde usando equipamentos de proteção.

Como prevenir a infecção pelo Ebola?

Atualmente não há nenhuma vacina para a doença do vírus Ebola. Várias vacinas estão sendo testadas, mas nenhuma delas está disponível para uso clínico no momento. Nos países onde existe transmissão do Ebola, a melhor maneira de se prevenir é evitar contato com o sangue ou secreções de animais ou pessoas doentes ou com o corpo de pessoas falecidas em decorrência dessa doença, durante rituais de velório.

É seguro viajar durante um surto?


A Organização Mundial da Saúde não recomenda restrições de viagens para os países que apresentam transmissão porque o risco de infecção para os viajantes é muito baixo, já que a transmissão de pessoa a pessoa só se dá com o contato direto com os fluidos corporais ou secreções de um paciente infectado. Além disso, a transmissão ocorre, principalmente, em vilas e povoados de áreas rurais. Pessoas que viajam a trabalho para as capitais ou cidades desses países devem evitar qualquer contato com animais ou com pessoas doentes. Os profissionais de saúde que viajam para as áreas com transmissão, nesses países, devem seguir estritamente as medidas recomendadas pela OMS para o controle da infecção. Os brasileiros que residem nos países onde há transmissão do Ebola (Libéria, Serra Leoa e Guiné) devem evitar deslocamentos para as áreas rurais e vilas onde estão ocorrendo os casos, ficar alerta às informações e recomendações prestadas pelos Ministérios da Saúde desses países e evitar contato com animais ou pessoas doentes.

É possível termos casos de Ebola no Brasil?

Pelas características da infecção pelo Ebola, a possibilidade de ocorrer uma disseminação global do vírus é muito baixa. Desde sua descoberta em 1976, o vírus tem produzido, ocasionalmente, surtos em um ou mais países africanos, sempre muito graves pela alta letalidade, mas, autolimitados. A seriedade do atual surto é a sua extensão, atingindo três países e a demora em se atingir seu controle. Isso ocorre pela precariedade dos serviços de saúde nas áreas em que ocorre a transmissão, que não dispõem de equipamentos básicos de proteção aos profissionais de saúde e aos demais pacientes, bem como pelas práticas e tradições culturais de manter pacientes em casa, inclusive escondendo sua condição das autoridades sanitárias, e a realização de rituais de velórios em que os parentes e amigos têm bastante contato com o corpo do falecido. No Brasil, não há circulação natural do vírus Ebola em animais silvestres, como em várias regiões da África.

Como é feita a detecção de casos?

Como o período de transmissibilidade só começa depois que a pessoa inicia os sintomas e como todo caso de Ebola produz sintomas fortes que exigem que o doente procure um serviço de saúde, a detecção de casos pode ser feita oportunamente em locais com serviços de saúde e sistemas de vigilância estruturados, facilitando a interrupção da transmissão. Se uma pessoa vier de um país onde ocorre transmissão e apresentar a doença durante a viagem, a equipe de bordo aplica as normas internacionais vigentes, visando a proteção dos demais passageiros e informa às autoridades sanitárias do aeroporto ou porto de destino para a remoção e transporte do paciente ao hospital de referência, em condições adequadas.

O que fazer se um viajante proveniente desses países africanos apresentar sintomas já no nosso país?

No caso do viajante realizar o deslocamento durante o período de incubação, no qual a infecção ainda é indetectável, e só apresentar os sintomas da doença depois da chegada ao país, o serviço de saúde que for procurado por esse paciente deverá notificar imediatamente o caso para a Secretaria Municipal ou Estadual de Saúde ou à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. A partir da identificação de que se trata de um caso suspeito, já são adotadas as medidas para proteção dos profissionais de saúde envolvidos no atendimento ao caso, bem como para evitar que a infecção seja transmitida para outras pessoas.

 

Bombeiros resgatam jiboia em residência de Manaus

Moradora assustou-se ao ver que animal estava na residência; ocorrências do tipo são comuns na cidade

Portal Amazônia

Jiboia resgatada em residência de Manaus. Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

MANAUS – Uma jiboia foi resgatada na noite desta quarta-feira (07) no bairro Alvorada 2, zona Oeste de Manaus. A ocorrência foi registrada às 20h23 pelo Corpo de Bombeiros Militar. A cobra provavelmente teve acesso ao local por algum cano que dá acesso ao esgoto. O animal mede 60 centímetros e foi encaminhado para o Refúgio da Vida Silvestre Sauim Castanheiras.

De acordo com a líder da operação, tenente Janderson Lopes, o animal estava sob o teto do banheiro entre as frestas do telhado da casa localizada na rua Macaúba, no conjunto Promorar. “A solicitante estava bastante assustada. Quando chegamos, não visualizamos a cobra, precisamos fazer barulho para que ela aparecesse. Por ser pequena, foi fácil resgatá-la”, relatou. A jiboia não é peçonhenta.

Esse tipo de ocorrência é comum em Manaus. O Corpo de Bombeiros orienta que, quem se deparar com essas situações, deve acionar o 193 imediatamente. E se posicionar em um local de segurança. Se o animal estiver em um local passível de confinamento, deve ser mantido lá até a chegada de ajuda especializada.

Exploração das jazidas de caulim revitaliza setor oleiro do Amazonas

Extração do mineral, próximo a Manaus, amplia o portfólio com a produção de pisos cerâmicos, pratos e outras louças

Jornal do Commércio

MANAUS – A revitalização do setor oleiro do Amazonas pode enfim ganhar um novo aporte, o projeto da empresa Kalamazon Estudos Geológicos, especializada na extração e processamento de caulim, apresentou à Companhia de Gás do Amazonas (Cigás) propostas para exploração das jazidas de Caulim existentes nos município de Manaus, Rio Preto da Eva e Presidente Figueiredo.

A empresa é formada por sócios brasileiros, australianos, americanos e chineses. Só o sócio chinês, Guangdong Highsun, que possui 35% do capital do grupo, firmou um contrato de compra de 150 mil toneladas/ano, nos primeiros oito anos, mas a empresa planeja produzir entre 250 a 500 mil toneladas por ano.

O caulim é um mineral (argila de cor branca) com diversas aplicações na indústria farmacêutica, de cosméticos, tintas, papel e na construção civil. A extração do caulim, próximo a Manaus, abre a possibilidade do setor oleiro ampliar seu portfólio com a produção de pisos cerâmicos, pratos e outras louças. Atualmente, o setor, instalado basicamente nos municípios de Iranduba e Manacapuru, sustenta suas atividades produzindo tijolos, telhas e blocos. “Em média os produtos que usam o caulim, chegam ao Estado com um acréscimo de 70% no valor, só referente aos impostos e custos de transporte.

Com a produção aqui, poderemos exportar para o Acre, Amapá, Pará e Roraima”, conta a presidente do Sindicato da Indústria de Olaria do Estado do Amazonas (Sindcer/AM), Hyrlene Ferreira. Para extrair o caulim, a Kalamazon deverá gerar aproximadamente 250 empregos diretos e 2.500 indiretos, podendo passar de 5 mil a 10 mil postos de trabalho. Mas, para tocar seu projeto, a empresa prevê o uso de 40 a 50 mil metros cúbicos de gás natural por dia na primeira etapa, combustível que está em negociação com a Cigás.

De acordo com o diretor-presidente da Kalamazon, Marcelo Pinto, o resultado das negociações está previsto para os próximos três meses. “Nossos estudos para a extração da jazida estão concluídos, agora vemos as questões de economicidade e competitividade. Não será fácil, a atual etapa é de capitalizar investimentos”, disse.

A chegada da Kalamazon ao mercado amazonense passou por várias etapas e a Secretaria de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos (SEMGRH) foi de extrema importância nas articulações. Para o titular da secretaria, Daniel Nava, o projeto de um novo Polo ganha força. “Amarramos estas conversas entre a Kalamazon e a Cigás esperando por resultados que nos deem alternativas de exploração do nosso solo, além de petróleo e gás”, conta Nava.

Segundo Nava, a reserva na Região Metropolitana de Manaus é de “bilhões de toneladas. É um caulim de excelente qualidade. Só a reserva estimada pela empresa Kalamazon é na ordem de 40 milhões de toneladas. Mas sabemos que esse volume é muito maior”, explica o secretário.

Sem gás

O setor oleiro localizado nos municípios de Iranduba e Manacapuru abriga 38 empresas que juntas empregam quatro mil pessoas diretamente e 13 mil de forma indireta. O setor lamenta a falta de combustível para a queima e secagem dos produtos, conta a presidente do Sindcer/AM, Hyrlene Ferreira. “Precisamos, assim como o caulim, de material para queima constante, para melhorar nossa produção. Em épocas do ano não contamos com lenha e a Cigás passa em nossas portas e não podemos usar o gás, que seria a opção mais viável. Necessitamos de subsídios estaduais que torne o uso do gás natural mais barato”, resume a presidente, lembrando que em cidades como Natal (RN) e Rio de Janeiro, os subsídios atingem 70% e 80% respectivamente.

Na contramão

O Polo Oleiro de Iranduba e Manacapuru, ao contrário do que acontece com o PIM (Polo Industrial de Manaus) tem pouco a comemorar com a prorrogação da ZFM e a possível expansão dos benefícios para a Região Metropolitana de Manaus (RMM). “O Polo Oleiro tem incentivos do Estado, como a isenção do ICMS, que seriam perdidos com o ingresso no modelo ZFM. Os incentivos pouco valeriam para nós, já que não precisamos de grandes e modernos maquinários”, ressalta Hyrlene Ferreira.

Porto Velho ainda está em reconstrução depois da enchente histórica do rio Madeira

Acre, Rondônia e Amazonas sofreram com subida do nível do rio, que atingiu quase 20 metros

Portal Amazônia

PORTO VELHO – O nível da água do rio Madeira atingiu cota máxima de 19,74 metros (pico em 30 de março) neste ano e deixou um rastro de prejuízo no Acre, Rondônia e Amazonas. Em Porto Velho, as ruas antes ocupadas pelos veículos foram tomadas por embarcações, que se tornaram os veículos de transporte dos habitantes. Passados quatro meses do clímax da enchente, a cidade ainda luta para reconstruir-se.

Porto Velho luta pela reconstrução após grande cheia do rio Madeira

Confira o relato da repórter do Portal Amazônia, Vanessa Moura, sobre a enchente, os estragos e a luta de um Estado para reconstruir-se.

Porto Velho luta pela reconstrução após grande cheia do rio Madeira

Para eu que acompanhei e noticiei a grande cheia do rio Madeira, pelo Portal Amazônia, foi impactante ver com o baixar das águas os estragos deixados por onde elas chegaram. Os prejuízos foram contabilizados em mais de R$ 4 bilhões, mas nas entrevistas que fiz com as pessoas atingidos pela enchente ficou claro que os danos iriam além do que pode ser calculado.

Porto Velho luta pela reconstrução após grande cheia do rio Madeira

Foto: Vanessa Moura/Portal Amazônia

Foram esforços de uma vida inteira cobertos por água e lama. As vozes embargadas e os rostos sofridos fizeram com que eu entendesse melhor a proporção dos estragos da grande cheia. No discurso dos desabrigados, uma unanimidade persistiu, o relato de que perderam praticamente tudo porque não acreditavam que as águas alcançariam a dimensão que tiveram na cidade.

Porto Velho luta pela reconstrução após grande cheia do rio Madeira

  Confira como está o local atualmente:

Porto Velho luta pela reconstrução após grande cheia do rio Madeira

Na última grande enchente registrada no rio Madeira, a de 1997, o nível do rio chegou 17,52 metros, dois metros a menos que neste ano de 2014. A enchente não poupou nem um dos mais relevantes patrimônios históricos da cidade, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré, que marca o início da cidade que em 2014 completa 100 anos de criação.

Porto Velho luta pela reconstrução após grande cheia do rio Madeira

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Reconstrução

Já se passaram quatro meses desde que as águas começaram a recuar e ainda há muito trabalho a ser feito. Durante todo o período que as águas avançavam sobre a cidade, a Defesa Civil de Rondônia e também a de Porto Velho já alertavam que ainda viria à fase ainda mais trabalhosa – a da reconstrução.

Porto Velho luta pela reconstrução após grande cheia do rio Madeira

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Porto Velho luta pela reconstrução após grande cheia do rio Madeira

A cheia histórica atingiu prédios públicos como o da Delegacia da Receita Federal, o Tribunal Regional Eleitoral, o Shopping Popular e o Mercado do Peixe, construções de décadas. Também prejudicou os trabalhos nos portos e arrasou a agricultura no alto, médio e baixo rio Madeira.

Porto Velho luta pela reconstrução após grande cheia do rio Madeira

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No complexo ferroviário também afetado, os esforços são para deixar tudo pronto para que o cenário seja palco das comemorações do centenário da cidade, em outubro. As águas invadiram os galpões, obrigaram a transferência das peças dos museus, nem todas puderam ser salvas e sofreram todos os danos da atuação da água sobre elas durante meses. 

Porto Velho luta pela reconstrução após grande cheia do rio Madeira

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Nós últimos meses, mutirões são realizados para dar celeridade ao trabalho de limpeza no complexo ferroviário que chegou a acumular mais de dois metros de lama. O trabalho no local é realizado pela Secretaria Municipal de Serviços Básicos com apoio do Exército.

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A enchente também afetou os mais antigos bairros da cidade. Os que nasceram a partir da construção da Estrada de Ferro. Mas não foi só a parte urbana que sofreu com cheia, a população dos distritos na margem esquerda do rio Madeira também foram afetados. Em algumas localidades as águas encobriram toda a comunidade. No auge da cheia, mais de 1,6 mil famílias ficaram desabrigadas e 5,1 mil propriedades rurais foram inundadas.

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Parte dos moradores, com um mês, após as águas começaram a recuar, não esperaram a intervenção do Poder Público e por conta própria fizeram limpeza e reforma das residências para voltar às propriedades. Outros ainda aguardam em um abrigo único montado pela Defesa Civil de Rondônia no Parque dos Tanques, localizado no bairro Nacional, a definição de seus destinos.

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Cerca de 90 famílias ainda vivem no local, outros já deixaram o local e sobrevivem de auxílio-aluguel. Um levantamento sobre as moradias que estão aptas para serem reocupadas após a enchente é feito pela Defesa Civil de Porto Velho e está previsto para ficar pronto no próximo dia 15.

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A Prefeitura busca resolver o problema da falta de moradias através de programas de habitações populares. A medida faz parte do Plano Integrado de Recuperação e Prevenção de Desastres no Pós-Enchente, coordenado pela Secretaria de Estado de Assuntos Estratégicos.

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Depois disso tudo o que fica para uma pessoa como eu, que nasci e fui criada nesta cidade, é a expectativa de que os estragos e lições deixados pela grande cheia se reflitam na construção de uma cidade mais sustentável e com estrutura. Pelo menos é isso o que prevê o plano pós-enchente. São mais de 50 projetos divididos nos eixos de infraestrutura, saúde, inclusão social e meio ambiente.

Porto Velho luta pela reconstrução após grande cheia do rio Madeira

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Entre as ações prioritárias estão a elaboração do modelo digital de terreno em todas as áreas dos municípios afetados e requalificação de Áreas de Preservação Permanente  urbanas, remodelação de áreas portuárias, drenagem urbana e desocupação da área pública, inclusive de prédios público de áreas afetadas pela enchente. É a chance de remodelar Porto Velho.