Um separatista pró-russo ao norte da cidade de Donetsk, bastião da insurgência.
AFP PHOTO/ BULENT KILIC
Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (28), a ONU denunciou as mortes de 1.129 pessoas desde o início da operação do Exército contra os separatistas no leste da Ucrânia, em meados de abril. Além do elevado número de mortes, os combates deixaram 3.442 feridos, segundo a ONU.
O texto chama de alarmantes as informações sobre os combates em Donetsk e Lugansk, onde as duas partes “utilizam armas pesadas como artilharia, tanques, foguetes e mísseis” em áreas residenciais.
Citada pelo comunicado, a comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, afirma que a queda do avião da Malaysia Airlines, abatido por um míssil no leste da Ucrânia, pode se assimilar a um crime de guerra. “Tudo será feito para que os responsáveis dessa tragédia sejam levados à justiça”, disse ela. O Boeing fazia a rota entre Amsterdã e Kuala Lumpur no dia 17 de julho, com 298 pessoas a bordo. Kiev e as potências ocidentais apontam a responsabilidade dos rebeldes pró-russos e de seus aliados em Moscou.
Dez dias depois do acidente, fragmentos de corpos e pedaços da aeronave continuam espalhados pela região sob controle dos separatistas. Apesar de um frágil cessar-fogo ter sido estabelecido ao redor do área, os combates voltaram a se intensificar.
Equipes de policiais holandeses e australianos tentam chegar ao local do acidente. Ontem, eles desistiram da incursão por conta dos confrontos entre tropas ucranianas e rebeldes pró-russos, que aconteciam não só na estrada que leva à região, mas no próprio local do acidente, a cerca de 60 quilômetros de Donetsk, bastião da insurgência. A ministra australiana das Relações Exteriores, Julie Bishop, viajou a Kiev para discutir o assunto com as autoridades locais.
Desarmados, os policiais não estão encarregados da segurança do perímetro. Eles vão simplesmente observar o local em detalhes, uma etapa importante para a investigação, que deve durar entre cinco e sete dias.
A polícia britânia prendeu 660 suspeitos de pedofilia, entre eles, médicos, professores e assistentes sociais, em uma operação inédita realizada nos últimos seis meses. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (16) pela Agência Nacional contra o Crime (NCA).
De acordo com a NCA, a operação se concentrou na investigação de internautas que consultavam imagens “impróprias” de crianças na rede. Outros detidos também foram investigados por serem suspeitos de agressões sexuais contra menores de idade.
Em comunicado, a agência informa que o trabalho realizado em parceria com 45 equipes policiais em todo o Reino Unido permitiu proteger “mais de 400 crianças”. No total, os investigadores examinaram 833 sites, além de 9.172 computadores e telefones.
Na maioria dos casos, as investigações continuam e os responsáveis ainda não foram condenados. Segundo a NCA, 39 dos mais de 600 detidos já tinham passagem pela polícia.
O diretor-adjunto da NCA, Phil Gormley, declarou que a operação também tinha por objetivo identificar pedófilos potenciais. “Algumas pessoas começam a consultar imagens impróprias de crianças na internet e só depois passam a agredir sexualmente menores de idade”, justificou.
Nos últimos meses, uma série de casos de pedofilia envolvendo personalidades da mídia começaram a surgir no Reino Unido. Um antigo apresentador da rede de televisão BBC, Jimmy Savile, hoje já falecido, protagonizou um dos maiores escândalos da Grã-Bretanha. Ele teria sido responsável por cerca de 500 abusos sexuais de jovens ao longo dos últimos 40 anos.
Crime aconteceu em São Gonçalo e o suspeito, Cleiton Manuel Carvalho, 44 anos, já tinha um mandado de prisão por conta da morte de uma mulher em Maricá
O DIA
Rio – Policiais da Divisão de Homicídios (DH) de Niterói e São Gonçalo prenderam na noite de segunda-feira, Cleiton Manuel Carvalho, 44 anos. Ele é acusado de matar a companheira, Priscila de Barros Souza, 32 anos, e estuprar própria a filha de sete anos, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio.
De acordo com informações, os crimes ocorreram na Rua Albino Cupertino de Abreu, no bairro Sacramento, em São Gonçalo. Contra Cleiton havia um mandado de prisão temporária, expedido pela Vara Criminal da Comarca de Maricá, onde é investigado pelo homicídio de Junyane Débora Gomes. O preso vai ser encaminhado à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP), onde ficará à disposição da Justiça.
Iraquianos deslocados que fugiram dos combates em Mossul esperam na fila para viajar para Erbil. Foto: ACNUR / R.Nuri
A alta comissária da ONU para os direitos humanos, Navi Pillay, alertou nesta sexta-feira (13) para a deterioração dramática da situação no Iraque. A Organização recebeu relatos de execuções sumárias e extrajudiciais de militares, policiais e civis, e mostrou preocupação com o deslocamento massivo de cerca de meio milhão de pessoas provocado pela conquista das principais cidades do país pelo grupo armado Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS).
“A extensão total de vítimas civis ainda não é conhecida”, disse a alta comissária, “mas relatos sugerem que centenares de pessoas podem ter sido mortas nos últimos dias, e estima-se que o número de feridos chegue a quase mil.”
A chefe de direitos humanos afirmou ter recebido relatos de que “combatentes do ISIS têm procurado ativamente e, em alguns casos, matado, soldados, policiais e civis, que eles associam com o governo”.
“Recebemos relatos de execuções sumárias de soldados do exército iraquiano durante a captura de Mossul, e de 17 civis em uma rua nessa cidade, no dia 11 de junho”, disse Pillay.
“Estou extremamente preocupada com a extrema vulnerabilidade de civis pegos no fogo cruzado, alvo de ataques diretos por grupos armados, ou presos em áreas sob o controle de ISIS e seus aliados”, disse Pillay. “E estou especialmente preocupado com o risco para os grupos vulneráveis, as minorias, mulheres e crianças.”
A chefe de direitos humanos afirmou ainda que “haverá uma fiscalização especial da conduta do ISIS, dado seu histórico bem documentado de cometer graves crimes contra a humanidade na Síria”.
Pillay também pediu para que as forças do governo exerçam a máxima moderação em suas operações militares em curso e tomem medidas para assegurar que os civis sejam protegidos da violência.
Ajuda humanitária no terreno
Para responder a escalada de violência no país, agências da ONU já se encontram nas áreas afetadas para prestar assistência para as centenas de milhares de pessoas que fogem do conflito.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e seus parceiros priorizaram a entrega de ajuda de emergência, incluindo vacinas para prevenir a propagação de doenças como o pólio ou sarampo.
Além disso, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) lançou uma operação inicial de emergência para fornecer assistência alimentar para 42 mil pessoas mais vulneráveis. A agência indicou, através de um comunicado, que já enviou equipes de emergência e logística para Erbil, na região do Curdistão, para averiguar as necessidades adicionais de alimentos nessa zona bem como a causa do descolamento de centenas de milhares de pessoas de Mossul para Erbil e regiões vizinhas nos últimos dois dias.
A Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) também intensificou seus esforços para fornecer abrigo, proteção e kits de emergência para as famílias deslocadas. Os preparativos para um campo de deslocados em Dohuk estão em andamento. Cerca de mil tendas do ACNUR já foram entregues, e o UNICEF e seus parceiros estão coordenando o abastecimento de água e serviços sanitários no acampamento.
Iraquianos deslocados que fugiram dos combates em Mossul esperam na fila para viajar para Erbil. Foto: ACNUR / R.Nuri
A alta comissária da ONU para os direitos humanos, Navi Pillay, alertou nesta sexta-feira (13) para a deterioração dramática da situação no Iraque. A Organização recebeu relatos de execuções sumárias e extrajudiciais de militares, policiais e civis, e mostrou preocupação com o deslocamento massivo de cerca de meio milhão de pessoas provocado pela conquista das principais cidades do país pelo grupo armado Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS).
“A extensão total de vítimas civis ainda não é conhecida”, disse a alta comissária, “mas relatos sugerem que centenares de pessoas podem ter sido mortas nos últimos dias, e estima-se que o número de feridos chegue a quase mil.”
A chefe de direitos humanos afirmou ter recebido relatos de que “combatentes do ISIS têm procurado ativamente e, em alguns casos, matado, soldados, policiais e civis, que eles associam com o governo”.
“Recebemos relatos de execuções sumárias de soldados do exército iraquiano durante a captura de Mossul, e de 17 civis em uma rua nessa cidade, no dia 11 de junho”, disse Pillay.
“Estou extremamente preocupada com a extrema vulnerabilidade de civis pegos no fogo cruzado, alvo de ataques diretos por grupos armados, ou presos em áreas sob o controle de ISIS e seus aliados”, disse Pillay. “E estou especialmente preocupado com o risco para os grupos vulneráveis, as minorias, mulheres e crianças.”
A chefe de direitos humanos afirmou ainda que “haverá uma fiscalização especial da conduta do ISIS, dado seu histórico bem documentado de cometer graves crimes contra a humanidade na Síria”.
Pillay também pediu para que as forças do governo exerçam a máxima moderação em suas operações militares em curso e tomem medidas para assegurar que os civis sejam protegidos da violência.
Ajuda humanitária no terreno
Para responder a escalada de violência no país, agências da ONU já se encontram nas áreas afetadas para prestar assistência para as centenas de milhares de pessoas que fogem do conflito.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e seus parceiros priorizaram a entrega de ajuda de emergência, incluindo vacinas para prevenir a propagação de doenças como o pólio ou sarampo.
Além disso, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) lançou uma operação inicial de emergência para fornecer assistência alimentar para 42 mil pessoas mais vulneráveis. A agência indicou, através de um comunicado, que já enviou equipes de emergência e logística para Erbil, na região do Curdistão, para averiguar as necessidades adicionais de alimentos nessa zona bem como a causa do descolamento de centenas de milhares de pessoas de Mossul para Erbil e regiões vizinhas nos últimos dois dias.
A Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) também intensificou seus esforços para fornecer abrigo, proteção e kits de emergência para as famílias deslocadas. Os preparativos para um campo de deslocados em Dohuk estão em andamento. Cerca de mil tendas do ACNUR já foram entregues, e o UNICEF e seus parceiros estão coordenando o abastecimento de água e serviços sanitários no acampamento.
Foto da jornalista Anna Politkovskaya com flores, em frente ao tribunal, em 9 de junho de 2014|Reuters/Alexander Demianchuk
Nesta segunda-feira (9), os cinco homens responsáveis pelo assassinato da jornalista de oposição Anna Politkovskaya, em 2006, foram condenados a penas de 12 anos à prisão perpétua. Os mandatários do crime não foram identificados até hoje.
“Eu só ficarei satisfeito no dia em que os que mandaram matar minha mãe forem condenados”, declarou à TV russa o filho da jornalista, Ilya Politkovski.
Mesmo se o mandatário não foi identificado, o organizador e o assassino foram condenados à prisão perpétua. Roustam Makhmoudov foi condenado por ter atirado na jornalista na entrada do seu prédio, enquanto que Lom-Ali Gaitoukaïev, tio do atirador, reconheceu ter organizado o assassinato.
O tribunal de justiça russo condenou a 20 anos de cadeia o policial Serguei Khadzhikourbanov, que também participou da preparação do crime. Os dois irmãos do atirador, Ibragim e Djabraïl Makhmoudov, acusados de ter seguido a jornalista e avisado o atirador de sua chegada em casa, foram condenados a penas de 12 e 14 anos.
Os advogados dos acusados anunciaram que vão apelar das condenações.
Quem mandou matar Anna Politkovskaya?
Para Lioudmila Alekseev, a diretora do Grupo de Helsinki, a mais antiga organização de Direitos Humanos da Rússia, todos os condenados receberam sentenças duras, mas não tinham nenhum motivo pessoal para perseguir e matar Anna Politkovskaya. “A questão fundamental é quem mandou matá-la”.
O filho da vítima, Ilya, também acha que os cinco acusados representam um pequeno número das pessoas culpadas pelo crime e que nenhum deles conheceu os mandatários”.
A redação do jornal independente Novaïa Gazeta, para o qual Anna trabalhava, declarou ter ficado satisfeita com o veredicto.
O porta-voz da comissão encarregada anunciou a abertura de uma investigação especial destinada a identificar os mandatários.
Imafgem de Justin Bourque caminhando pelas ruas de Moncton fortemente armado em 4 de junho de 2014|REUTERS/Viktor Pivovarov//Times & Transcript/telegraphjournal.c
Após 30 horas de buscas que paralisaram totalmente a cidade de Moncton, a polícia canadense prendeu o homem suspeito de um ataque que deixou três policiais mortos e dois feridos. O homem se rendeu sem resistência. O país, que não está acostumado a violências de atiradores, está traumatizado.
A polícia canadense isolou uma área de 10 km²de um bairro residencial da cidade de Moncton, na província de Nova-Brunswick, no extremo leste do Canadá. A prisão do suspeito Justin Bourque, de 24 anos, foi anunciada na madrugada de sexta-feira (6).
Segundo a principal televisão privada do país, CTV, o principal suspeito do tiroteio de quarta-feira (4), visando a Polícia militar real do Canadá (GRC), teria se rendido sem resistir às forças de segurança. Testemunhas viram o jovem, originário de Moncton, atirando nos policiais da GRC. Fotos também mostram o suspeito com roupas de cor caqui, carregando dois fuzis, enquanto caminhava nas ruas da cidade.
Cidade paralisada
Enquanto o suspeito não foi preso, a polícia deu ordens para que os habitantes da cidade permanecessem em casa. Eles só puderam sair depois que o homem foi preso.
A cidade foi paralisada, com todos os comércios, escolas e estabelecimentos oficiais fechados. O país ficou em estado de choque, pois, ao contrário do vizinho americano, o Canadá não está acostumado com tiroteios. Esta foi a pior tragédia para a Polícia real desde o assassinato, em 2005, de quatro policiais no estado de Alberta (oeste do Canadá).
Interesse por armas e ódio pela polícia
Justin Bourque, que havia se escondido na casa da jovem Michelle Thibodeau, vivia em uma trailer e demonstrava um grande interesse por armas e por milícias. Segundo os vizinho, ele não era uma pessoa agradável.
Na sua página Facebook, Bourque teria publicado horas antes do tiroteio um vídeo da banda de metal americana Megadeth, no qual cada letra da palavra “Liberdade” é utilizada em frases de ódio como, por exemplo,“Liberdade não significa nada para mim”. Mensagens de ódio pela polícia e por instituições são igualmente visíveis na página do suspeito.
Vitali Sediuk está preso sob fiança estipulada em 20 mil dólares
Brad Pitt foi agredido durante a estreia do filme Malévola Crédito: Jason Merritt / Getty Images / AFP / CP
O homem que agrediu o ator Brad Pitt na estreia do filme “Malévola” em Hollywood na última quarta-feira foi condenado a três anos de liberdade condicional e a 20 dias de trabalho comunitário por um tribunal de Los Angeles. O agressor é o jornalista ucraniano Vitali Sediuk, de 25 anos, que também foi proibido de se aproximar de qualquer estreia cinematográfica ou evento relacionado a personalidades, e da sede da Academia de Cinema.
Na decisão tomada nesta sexta-feira, a justiça também decretou que Vitali Sediuk, inicie um tratamento psicológico e se mantenha a mais de 460 metros de distância de Pitt e de sua mulher, a atriz Angelina Jolie. De acordo com as autoridades, o jornalista “tocou no ator e quebrou seus óculos”.
Brad Pitt não foi a primeira vítima do jornalista. Ele também já atacou os atores Will Smith e Leonardo DiCaprio, e recentemente se enfiou debaixo do vestido da atriz America Ferrera durante o tapete vermelho de Festival de Cannes.
Sediuk permanece preso com uma fiança estipulada em 20 mil dólares.
Com documentos de ‘clientes’, grupo abria processos para lesar grandes empresas
O DIA|ADRIANA CRUZ
Rio – Uma banquinha com a inscrição ‘Limpe o seu nome’ foi o chamariz para moradores das comunidades Final Feliz, em Costa Barros, e Inhoaíba, na Zona Oeste, caírem no conto do advogado. Com os documentos de pessoas com o nome sujo na praça, ações eram distribuídas na Justiça sem que o interessado soubesse.
A enxurrada de processos chamou a atenção do Tribunal de Justiça e do Ministério Público. Em pouco mais de dois anos, uma rede de 11 profissionais que lesou empresas e pessoas foi investigada. Nove respondem por estelionato, falsificação de documentos, uso de documento falso e falsidade ideológica.
A promotora Angélica Glioche, da 1ª Promotoria de Investigação Penal, revela que recebe em média de 50 a 100 queixas-crime, por mês, enviadas por juízes contra advogados suspeitos. “Já fiz mais de 300 denúncias desse tipo”, afirmou Angélica. O golpe começa com a captação de clientela, proibida pelo estatuto da OAB. Na comunidade Final Feliz, um grupo de mulheres foi arregimentado pelo advogado Thiago David Fernandes, com intuito de limpar o nome no Serasa.
Juiz Flávio Citro, um dos responsáveis pela descoberta das fraudes, critica empresas que fazem acordos antes da audiência e a falta de combate da OAB às ações irregulares
Foto: Luiz Henrique Vicente / Agência O Dia
Com os documentos, procurações fraudadas e comprovantes de residência montados, ele acionava a Justiça. Para o sucesso do trambique, os advogados contam com o fato de as empresas optarem por fazer acordos extrajudiciais. “Eles agem individualmente. Contam com o fato das empresas, para economizar, fazerem acordo de R$ 700 a R$ 1 mil antes da audiência. Ou seja, a empresa não verifica se o que está sendo alegado é correto, mas paga”, critica o juiz Flávio Citro, do 2º Juizado Especial Cível, da capital.
O magistrado descobriu fraude em 100 das 300 ações do advogado Thiago David. Para isso foram feitos exames grafotécnicos. Em um dos casos, ele processou a Itaucard, Casas Bahia, Telemar e Itaú por inserção do nome do consumidor no Sistema de Proteção ao Crédito. “Em depoimento, o cliente negou a contratação do advogado. Entregou os documentos dele a quatro mulheres que se autointitulavam assistentes sociais para retirar a restrição ao crédito, mas nunca assinou procuração para Thiago David”, explicou Flávio Citro.
Para a promotora Angélica Glioche, os recordistas são o casal Fernanda Kengen Taboas e Pedro Borba Taboas. Sócios de um escritório, segundo o juiz da 43ª Vara Criminal, Rubens Roberto Casara, em cinco anos em varas cíveis, ela patrocinou mais de 7.500 demandas.
Felipe Santa Cruz garante que, só no ano passado, a OAB cassou mais de 60 carteiras de advogados
Foto: Divulgação
Alegava que os autores, que na maioria das vezes não sabiam do processo em curso, não tinham relação com as empresas que levaram seu nome ao Serasa. O Tribunal de Justiça criou uma comissão em 2011 para analisar os casos nas varas cíveis. Fernanda responde a 180 ações ou inquéritos.
Na semana passada, a desembargadora Maria Sandra Kayat Direito manteve a decretação de prisão preventiva da advogada Fernanda. “A comissão concluiu que esta foi uma das maiores fraudes perpetradas por advogados no Rio”, afirmou Maria.
Juiz cobra mais ação, e OAB diz que analisa denúncias
O juiz Flávio Citro cobra da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) combate à captação irregular de clientela. “Já enviei dois ofícios ao presidente Felipe Santa Cruz e não há resultados”, argumentou. Para o presidente da entidade é preciso separar o joio do trigo. “Cometer fraude depõe contra a advocacia. A Ordem também não quer esse profissional”, disse Felipe Santa Cruz. Só no ano passado, a Ordem cassou mais de 60 carteiras.
O presidente da OAB faz questão de ressaltar que a instituição não é um tribunal de exceção. Alega que não basta enviar ofício à entidade e exigir resultado imediato. “Toda semana comunico ao tribunal que tem juiz que não quer trabalhar. São uns 25 magistrados. Os chamados TQQs (referência aos que só trabalham as terças, quartas e quintas-feiras). Então, não basta a comunicação do juiz Flávio Citro. Há procedimento a ser feito, com direito a defesa”, explicou.
Para Felipe Santa Cruz, a enxurrada de processos no Judiciário também não é sinônimo de fraude ou litigância de má-fé, ou seja, quando o advogado age para enganar a Justiça. “O tribunal acha que tem problema ter muitas ações. Não é bem assim. A Cedae, por exemplo, não presta um bom serviço. Cobra taxa de esgoto onde não tem, então há muitas ações. Mas o tribunal é o maior amigo das concessionárias”, criticou.
O presidente da Ordem criticou ainda a atuação dos Juizados Especiais, chamando o órgão de uma espécie de ‘jogo de faz-de-conta’. “O juiz é leigo. Os servidores são estagiários. No tribunal, os juizados são considerados lixões”, analisou. De acordo com a Ordem, dos nove advogados denunciados à Justiça, três já foram excluídos, e os outros respondem a procedimentos disciplinares. “Se forem condenados também serão excluídos”, informou Santa Cruz.
Por dentro dos golpes
Com a atuação dos advogados, o juiz do 2ª Juizado Especial Cível, Flávio Citro, identificou como são as fraudes nos processos e até litigância de má-fé, quando o profissional tenta enganar a Justiça.
Captação irregular de clientela para praticar fraudes. A pessoa entrega a documentação para retirada do nome do Serasa. A partir daí, procurações são fraudadas e endereços falsos são anexados aos processos. Ao ser acionada, a empresa, sem checar as informações, propõe acordos extrajudiciais de R$ 700 a R$ 1 mil.
Litigância de má-fé, quando o advogado age para enganar a justiça. Distribui vários processos em nome de uma única pessoa. Exemplo: o autor da ação reclama que uma empresa de telefonia cobra taxas. Para cada mês do ano, ele entra com uma ação diferente. O juiz Flávio Citro chama isso de industrialização da demanda. Segundo o magistrado, quando a litigância de má-fé é identificada, o advogado é multado em 20% do valor da causa, ou seja, quanto ele estima receber pelo dano moral e material.
Processo artificial ocorre quando na ação o autor reclama de ter sofrido dano, mas sabe que é mentira. Ou seja, quer ser ressarcido porque teve o nome colocado no Serasa, mas sabe que estava em dívida com a empresa. O golpe dá certo porque as empresas preferem fazer acordos e pagar do que checar se as informações estão corretas.
TJ faz alerta geral para evitar ações irregulares
O combate do Tribunal de Justiça às fraudes, processos onde os autores mentem com relação a reclamações contra as empresas, a chamada industrialização, e o fracionamento de pedidos em várias ações reduziram o número de processos nos sete Juizados Especiais Cíveis da capital, o equivalente a 33.600 ações, desde setembro.
“O tribunal está alertando os outros juizados do estado. Com essas medidas reprimimos as demandas”, revelou o juiz Flávio Citro. Um dos principais alertas aos magistrados são os acordos extrajudiciais entre advogados e empresas. “Isso foi uma das coisas que mais me chamaram a atenção. Imagine um advogado fazendo inúmeros acordos. O que significa que não havia a audiência”, contou.
Segundo o magistrado, para sacramentar a descoberta da fraude, os supostos clientes foram chamados e os peritos do tribunal analisaram os processos e identificaram a falsificação de assinaturas.
O laboratório Labogen, controlado pelo doleiro Alberto Youssef, lavou US$ 113,38 milhões, entre janeiro de 2009 e dezembro de 2013. O poderio do esquema foi descoberto com a quebra de sigilo bancário e fiscal da empresa no âmbito da Lava Jato – operação deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março, que derrubou organização criminosa liderada por Youssef e seu aliado principal, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás.
O sofisticado esquema do “laboratório lavanderia” desprezou o surrado modelo dólar cabo – transferência virtual de valores para paraísos fiscais – e deu lugar ao uso de contratos de câmbio para importações fictícias de medicamentos. O dinheiro foi parar na China.
A Lava Jato descobriu que o laboratório firmou 1.945 contratos de câmbio em nome de duas coligadas, a Labogen Química Fina e Biotecnologia e a Indústria e Comércio de Medicamentos Labogen.
A primeira realizou 1.294 operações, que somaram US$ 75,31 milhões. A outra efetuou 651 “transações de papel”, ao valor global de US$ 38,07 milhões.
A lavanderia pode ter ocultado dinheiro sujo em volume ainda maior, alcançando a cifra máxima de US$ 184,44 milhões em quatro anos. A Procuradoria da República descobriu que as contas de outras três empresas foram utilizadas para movimentar recursos que o laboratório do doleiro amealhou por meio de contratos superfaturados em órgãos públicos.
Essas três empresas – Hmar Consultoria em Informática, GFD Investimentos e Piroquímica Comercial (fabricante de produtos farmacêuticos) – fecharam naquele período 991 contratos de câmbio para remessa de mais US$ 71,06 milhões para a China.
Beneficiários
A PF e a Procuradoria da República querem identificar os beneficiários reais do dinheiro ilícito aportado em contas de doleiros de Hong Kong e Taiwan, praças escolhidas pelo laboratório para avançar o ciclo da lavagem.
O laboratório é o foco central da Lava Jato porque liga o doleiro ao ex-diretor da Petrobrás – ambos presos em março – e ao deputado paranaense André Vargas, que anunciou na sexta-feira sua desfiliação do PT após pressão dos próprios colegas de partido.
O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, é citado na Lava Jato. Usando o laboratório como carro-chefe, o doleiro tentou obter contrato milionário no Ministério da Saúde, amparado em um programa de parceria da pasta.
No grampo da PF, Vargas – que só pode ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal por ser deputado – disse que Padilha indicou o executivo Marcus Moura para atuar no Labogen. O ex-ministro nega relações com o doleiro e rechaça a versão de que recomendou um profissional para o laboratório. O ministério diz que não celebrou contrato com o Labogen.
Para a PF, “pode-se estar diante de mais uma ferramenta para sangria dos cofres públicos, uma vez que os relatórios de inteligência financeira indicam claramente a atuação da empresa Labogen para objetivos bem distintos de seu objeto social”.
A Procuradoria imputa a Youssef e a Costa lavagem de dinheiro ilícito arrecadado a partir de corrupção e peculato. O ex-diretor da estatal teria recebido R$ 7,95 milhões em propinas no âmbito das obras supostamente superfaturadas da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Controle
A “lavanderia” entrou em operação quando Youssef assumiu o controle do laboratório – oficialmente sob direção do administrador Leonardo Meirelles, “operador e testa de ferro” do doleiro, segundo a PF. A produção da “lavanderia” impressionou os investigadores. Os contratos de câmbio se sucederam em ritmo frenético, quase sempre em valores relativamente baixos, em média de até US$ 100 mil cada um, justamente para evitar cair no radar dos órgãos fiscalizadores.
“A organização criminosa agia estruturalmente ordenada, caracterizada pela divisão formal de tarefas e com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem indevida derivada dos crimes de peculato, corrupção ativa e corrupção passiva e lavagem de dinheiro em detrimento da Petrobrás, entre 2009 até 2014”, sustenta a Procuradoria.
O advogado Ricardo Lopes Hage foi preso em Salvador, acusado de extorsão e crimes sexuais pela internet. Ele é casado com uma juíza do Trabalho e parente do ministro-chefe da CGU (Controladoria Geral da União), Jorge Hage.
A prisão temporária de 30 dias, realizada na última sexta-feira (18), foi solicitada pela Justiça após denúncias de mulheres e adolescentes que acusaram o advogado de chantagem. O sigilo telefônico do jurista foi quebrado e mandados de busca e apreensão para captura de fotos, papéis, celular, aparelhos eletrônicos e qualquer mídia que armazene dados que estejam em poder do investigado e na sua residência, localizada em um condomínio de luxo, foi expedido.
Fake
Segundo investigações do setor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública, o acusado tinha um perfil feminino falso no Facebook (fake), conquistava a amizade das mulheres e pedia fotos íntimas. O advogado conseguia número de telefone, revelava que era homem, fazia propostas indecentes e enviava imagens obscenas. Ele ameaçava divulgar na internet o teor do contato, caso não obtivesse sexo. O processo já está em segunda instância e corre na Segunda Turma da Segunda Câmara Criminal do TJ-Ba (Tribunal de Justiça da Bahia).
Foto:Advogado tinha um perfil feminino falso nas redes sociais Reprodução/Record Bahia
noticias gerais e, especificamente, do bairro do Brás, principalmente do comércio