Adriana Moysés e Elcio Ramalho
O novo escândalo de suspeita de financiamento ilegal da campanha do ex-presidente está sendo chamado de Bygmalion, nome da empresa de comunicação que emitiu as notas frias. O esquema, segundo denúncias, serviu para desviar gastos exorbitantes da campanha de Sarkozy, que eram limitados por lei a 22,5 milhões de euros. A fraude também teria beneficiado financeiramente os donos da Bygmalion, amigos de Copé.
Em entrevista ao canal de BFM-TV, na noite desta segunda-feira, o ex-diretor-adjunto da campanha de Sarkozy admitiu que o partido utilizou notas frias da Bygmalion para justificar despesas de comícios e deslocamentos do ex-presidente que ultrapassavam o teto autorizado pela lei. Chorando diante das câmeras de TV, Lavrilleux assumiu a responsabilidade pela fraude e explicou que foi vítima de “uma engrenagem que foi longe demais”. Lavrilleux tentou inocentar Sarkozy e Copé, dizendo que eles não tinham conhecimento do esquema.
A empresa Bygmalion chegou a emitir notas frias em nome de deputados que sequer tinham conhecimento da fraude. Furiosos, eles exigiram a demissão de Copé. Na manhã de hoje, em uma reunião extraordinária do diretório do partido, Copé jogou a toalha. Ele anunciou sua demissão e de toda a cúpula do partido. A medida será efetiva no dia 15 de junho.
A confissão pública de Lavrilleux levou a polícia a realizar uma devassa na sede do partido. Uma dezena de policiais passaram a madrugada recolhendo documentos na sede da UMP e nas casas de personalidades citadas no escândalo.
Amigos relatam descontentamento de Sarkozy com as acusações
O tesoureiro da campanha de Sarkozy, Philippe Briand, nega qualquer problema nas contas apresentadas pelo ex-presidente. No entanto, em julho do ano passado, o Conselho Constitucional já havia apontado irregularidades no valor de 400 mil euros nas contas do partido. Por conta disso, a UMP deixou de receber 10 milhões de euros do financiamento oficial previsto pelo Estado. Para cobrir o rombo no caixa, a legenda realizou uma campanha de arrecadação excepcional de fundos junto dos militantes.
Sarkozy ainda não comentou o caso Bygmalion. Mas amigos do ex-presidente dizem que ele está profundamente “descontente” que seu nome seja associado à fraude das notas frias.
O advogado da empresa Bygmalion declarou que as notas falsas foram apresentadas a pedido da UMP.
Diante do escândalo e da demissão da cúpula do partido, ficou definido que três ex-premiês franceses – François Fillon, Jean-Pierre Raffarin e Alian Juppé – vão comandar a legenda até a realização de um Congresso extraordinário do partido no segundo semestre.
Quanto a Jérôme Lavrilleux, ele foi eleito deputado pela UMP no Parlamento Europeu, no último domingo, e espera se beneficiar da imunidade parlamentar.