Nada de canjica, fogueira ou quentão: no dia 29 de junho, dedicado a São Pedro, a festa na cidade espanhola de Haro é consagrada ao vinho. Tradição da região de La Rioja, a Batalha do Vinho de Haro reuniu neste domingo mais de 900 pessoas, entre moradores e turistas, que se encharcaram em cerca de 130 mil litros da bebida.
Parte das atrações do Festival do Vinho na cidade, o ritual da batalha começa cedo, por volta das 7h, quando os festeiros seguem juntos até os Rochedos de Bilibio, nas imediações do município. Por lá, parte dos visitantes seguem até uma capela, onde é celebrada a missa do dia.
Após o culto, a queima de fogos de artifício sinaliza o início oficial da batalha, em que os presentes atiram vinho uns contra os outros, usando garrafas, copos e qualquer instrumento que se adeque à tarefa — há quem prefira até recipientes de spray e pistolas d’água. A brincadeira prossegue até por volta do meio-dia, quando o grupo retorna à cidade para livrar-se das roupas tingidas e servir-se de comidas típicas do Norte da Península Ibérica.
Origem da batalha
Segundo a tradição oral de La Rioja, a romaria de São Pedro transformou-se na batalha ainda no século 19, quando as celebrações de romeiros após a missa se convertiam em brincadeiras regadas à bebida das vinícolas. A prática ganhou o nome de Batalha do Vinho em 1949, quando já tornava-se manifestação popular procurada por turistas.
O juiz de instrução do caso de suposta corrupção que abalou a família real espanhola manteve nesta quarta-feira o indiciamento da infanta Cristina, o que abre caminho para o julgamento apenas seis dias depois da proclamação de seu irmão, Felipe VI, como novo rei.
O indiciamento em dezembro de 2011 de Iñaki Urdangarin, de 46 anos, marido de Cristina investigado por suposto desvio de dinheiro público, e depois da infanta em janeiro passado, provocaram um escândalo que contribuiu para derrubar a popularidade do rei Juan Carlos, antes de sua abdicação em 2 de junho.
As consequências do chamado “caso Noos” constituem um dos primeiros problemas que o novo monarca Felipe VI deve enfrentar, depois de assumir o trono em 19 de junho.
Nesta quarta-feira, a Casa do Rei limitou-se a expressar seu pleno respeito às decisões judiciais.
Ao encerrar uma investigação iniciada em 2010 e que o chefe da Casa Real durante o reinado de Juan Carlos, Rafael Spottorno, chamou de “martírio”, o juiz José Castro de Palma de Mallorca decidiu manter acusados, entre quinze pessoas, Urdangarin e Cristina.
Esta última por “dois supostos crimes contra a Fazenda Pública e um de lavagem de dinheiro”.
A decisão não é firme e tanto o promotor anticorrupção de Palma, Pedro Horrach, quanto o advogado da infanta, Miquel Roca, afirmaram que recorrerão de uma decisão que, se for confirmada, colocará pela primeira vez um membro da família mais próxima ao rei no banco dos réus.
“Conhecemos a posição do juiz de instrução, mas não a compartilhamos, razão pela qual vamos apelar ante a Audiência para que resolva esta questão”, declarou Roca em uma coletiva de imprensa na sede de seu escritório em Barcelona.
“A base desta apelação é que não há crime. Não há indício de crime. E isso é o mesmo que a Agência Tributária e que o promotor disseram. Não há bases para nenhum tipo de acusação em nosso critério”, acrescentou o advogado, que apresentará o recurso nos próximos dias.
Na opinião do juiz Castro, Cristina, de 49 anos, cooperou com seu marido, acusado junto a um ex-sócio de ter supostamente desviado mais de seis milhões de euros de dinheiro público através do Instituto Noos, uma sociedade sem fins lucrativos que Urdangarin presidiu entre setembro de 2003 e março de 2006.
“Os supostos crimes contra a Fazenda Pública imputados a Don Iñaki Urdangarin Liebaert dificilmente poderiam ter sido cometido sem ao menos o conhecimento e aquiescência de sua esposa”, afirmou Castro em um auto de 167 páginas.
Em seu depoimento ao juiz no dia 8 de fevereiro, a infanta, que apareceu serena e sorridente, disse não ter nada a ver com os negócios de seu marido e ter participado deles porque Urdangarin pediu e confiava plenamente nele.
Indignação cidadã
“A justiça começa a ser igual para todos, graças a juízes como o juiz Castro”, celebrou ante os jornalistas no Congresso de Deputados o líder da coalizão ecologista-comunista Cayo Lara. “Todos somos iguais perante a lei”, declarou a porta-voz socialista Soraya Rodríguez.
A indignação cidadã por este caso se tornou clara nas manifestações improvisadas que tomaram as ruas de toda a Espanha após o anúncio da abdicação de Juan Carlos pedindo um referendo entre monarquia e república.
Em resposta ao escândalo, Felipe VI prometeu em seu discurso de proclamação uma monarquia íntegra, honesta e transparente.
Felipe, cuja popularidade subia enquanto a de seu pai caía, se manteve até agora imune ao escândalo. Resta saber qual impacto esta nova decisão judicial terá em sua imagem.
“É claro que sim, faz algum dano ao rei, claro”, afirmava José Apezarena, biógrafo de Felipe.
Com a ascensão do novo monarca, suas duas irmãs, Cristina e Elena, saíram automaticamente do círculo restrito da família real, que inclui agora Felipe VI, sua esposa Letizia e suas duas filhas, Leonor e Sofía, assim como seus pais, Juan Carlos e Sofía, que mantêm o título de reis com caráter honorífico.
Urdangarin e Cristina estão, desde o fim de 2011, afastados de todas as atividades oficiais da família, primeira medida tomada pela Casa Real para tentar evitar que o escândalo se propagasse.
As bicicletas públicas invadiram Madri, esta segunda-feira, com a intenção de abrir espaço no denso tráfego de automóveis da capital espanhola, seguindo os passos de outras cidades europeias, como Barcelona, Paris e Londres e também cidade latino-americanas como o Rio de Janeiro.
“Está bem, um pouco pesada, mas levando em conta que é uma bicicleta elétrica, é o preço a pagar. Nos sinais de trânsito, quando se acelera, o primeiro impulso é perceptível”, explica Miguel Ángel Delgado, um madrilense de 49 anos, após dar as primeiras pedaladas nas novas BiciMad.
Odiada pelos taxistas, a ideia parece seduzir usuários e autoridades locais, que comemoram ter compensado o atraso com relação a outras capitais europeias, colocando à disposição dos moradores e turistas da capital espanhola mais de 1.500 bicicletas elétricas.
“Esta mudança cultural deve ocorrer pouco a pouco. É uma realidade em muitas cidades europeias”, disse nesta segunda-feira a prefeita conservadora de Madri, Ana Botella, após testar uma das bicicletas.
Em Barcelona, segunda cidade espanhola, desde 2007 funciona um sistema similar e o sucesso é indiscutível com 6.000 bicicletas, 420 postos e 92.000 assinantes. As outras três principais cidades espanholas – Valencia, Sevilha e Zaragoza – também têm bicicletas públicas.
“Nossa cidade é de todos e para todos. Temos que conviver com respeito entre motoristas, pedestres e ciclistas, temos que conviver”, acrescentou a prefeita, desejando que este projeto anime a deixar o carro em casa e ajude a reduzir a contaminação.
A escolha das bicicletas elétricas, explicou, pretende ampliar o perfil dos usuários, alguns dos quais poderiam desistir a utilizá-las pelos muitos custos da cidade.
Mas Madri, com poucos quilômetros com uma verdadeira ciclovia, muitas ruas estreitas e lotadas de carros, pode precisar de um tempo para aprender a conviver com este novo modo de transporte.
“Vai haver problemas e vai haver incidências, que serão resolvidas pelo nosso esforço”, disse Miguel Vital, diretor da BonoPark, a sociedade que administrará o serviço.
Extremamente perigoso
Esperando passageiros em frente à prefeitura de Madri, um taxista de 45 anos, Juan Carlos Gordillo, mostra suas dúvidas sobre o projeto.
“Os motoristas terão muitos problemas. Nenhum está acostumado aos ciclistas. Será mais perigoso”, reclamou.
“Será para nos acostumarmos todos, nos impuseram e teremos que nos adaptar”, acrescentou.
Segundo Pascual Berrone, professor da escola de comércio IESE Business School, autor de um estudo sobre desenvolvimento urbano, os espanhóis gostam da ideia de circular de bicicleta, mas têm reticências em Madri por razões de segurança.
“Há áreas em que é relativamente fácil circular de bicicleta, mas há áreas em que é extremamente perigoso. Muitas vezes dá medo andar de bicicleta em Madri”, explicou à AFP antes do lançamento da BiciMad.
A capital espanhola, que costuma sofrer com picos de contaminação relacionados com a circulação automobilística, tem atualmente 320 quilômetros de ciclovia ou vias adaptadas, segundo a prefeitura, que pode adicionar outros 70 km.
Segundo Ana Botella, a circulação de bicicleta em Madri aumentou 17% entre 2012 e 2013. Para fazer frente a esta demanda, a cidade instalou 123 postos no centro da capital para as 1.560 bicicletas elétricas disponíveis.
O preço para usá-las vai variar entre um e quatro euros, em função de se tratar de um assinante ou um usuário ocasional.
Protegendo-se do sol na sombra das árvores de uma avenida próxima ao grande parque do Retiro, bem ao lado de um dos postos, Miguel Ángel Delgado está disposto a recuperar sua bicicleta, cujo futuro não lhe parece claro nesta cidade.
“Madri é uma cidade um pouco peculiar, com pouca implantação de bicicletas. Ninguém sabe se será um sucesso ou um fracasso”, admite.
Jogadores da Espanha ainda festejaram o resultado positivo
O mundo foi agraciado nesta segunda-feira com os últimos 90 minutos da maior geração espanhola de todos os tempos. O fim da trajetória de Xavi, Iniesta e Villa chegou com uma vitória por 3 a 0 sem sustos e com bons lampejos do velho “tiki-taka”, na Arena da Baixada, em Curitiba. Fica a sensação de que se a Fúria tivesse forçado um pouco mais teria chegado longe no Brasil! Os gols do duelo foram marcados por Villa, Fernando Torres e Juan Mata.Os dois times voltam para casa e já começam, depois da Copa do Mundo, a preparação para objetivos completamente diferentes. A Espanha deve passar por uma reformulação intensa, que deve passar inclusive pelo técnico Vicente del Bosque, e já mira a Eurocopa de 2016 para se recuperar. Por sua vez, a Austrália começa a preparação para a Copa da Ásia que será disputada no próprio país, no ano que vem.
Se Vicente del Bosque soubesse que David Villa estava tão fominha, não teria sequer pensado em escalar Diego Costa como titular nos dois primeiros jogos da Fúria na Copa do Mundo. No primeiro tempo do duelo contra a Austrália, o camisa 7, que se despedia da seleção, driblou, armou, deu passe de calcanhar e marcou um gol aos 35 minutos, após linda jogada pensada por Iniesta e com cruzamento certeiro de Juanfran. Um lampejo do bom e velho “tiki-taka”, que se aposentou junto com esta geração.
Espanha fez mais uma partida apagada na Copa do Mundo (Foto: Luis Acosta/ AFP) A animosidade em cima da Austrália era grande, mas o time comandado pelo grego Ange Potescoglou não assustou muito. A melhor coisa do time da Oceania acabou sendo a torcida a seu favor que, durante todo momento, cantava olé e criticava os espanhóis. Verdade seja dita, esta postura foi comandada pelos muitos brasileiros que estiveram no local para assistir a partida.
A única chama de bom futebol do primeiro tempo foi David Villa e o que Del Bosque fez para que a Espanha continuasse mostrando um bom futebol? Tirou o camisa 7 e lançou Juan Mata. Resumo da história: a Fúria apagou e voltou a ser o time apático dos dois primeiros jogos. Sem o atacante, Iniesta e companhia não criaram sequer uma boa chance até os 20 minutos e a torcida perdeu a paciência. Apesar da sonolência, a Espanha era muito melhor que o adversário. Prova disso é que sem forçar, ampliou o placar com Fernando Torres, aos 24 minutos, no maior estilo “tiki-taka” novamente, com mais um lindo passe de Iniesta. Aos 37, deu tempo de Fàbregas ainda achar Juan Mata, que finalizou entre as pernas de Ryan e fez o terceiro!
FICHA TÉCNICA ESPANHA X AUSTRÁLIA Local: Arena da Baixada, em Curitiba (PR) Data/Hora: 23/6/2014 – 13h (Horário de Brasília) Árbitro: Nawaf Shukralla (BHR) Auxiliares: Yasser Tulefat (BHR) e Ebrahim Saleh (BHR) Público: 39.375 presentes Cartões Amarelos: Sergio Ramos (ESP); Spiranovic e Jedinak (AUS)
GOLS: Villa, aos 35’/1ºT (1-0), Fernando Torres, aos 24’/2ºT (2-0) e Juan Mata, aos 37’/2ºT (3-0)
ESPANHA: Reina, Juanfran, Sergio Ramos, Albiol e Jordi Alba; Cazorla (Fàbregas, aos 22’/2ºT), Xabi Alonso (David Silva, aos 38’/2ºT), Koke e Iniesta; Fernando Torres e Villa (Juan Mata, aos 12’2ºT). Técnico: Vicente del Bosque. AUSTRÁLIA: Ryan, Davidson, Spiranovic, Wilkinson e McGowan; Jedinak, McKay, Bozanic (Bresciano, aos 26’/2ºT) e Leckie; Oar (Troisi, aos 16’/2ºT) e Taggart (Halloran, no intervalo). Técnico: Ange Potescoglou.
Técnico espanhol comentou entrevero com Fábregas e disse que não definiu se permanecerá na seleção espanhola
IG
Paraná – A passagem frustrante da Espanha pelo Brasil na Copa do Mundo de 2014 acaba nesta segunda-feira, quando os espanhóis encaram a Austrália, na Arena da Baixada, em Curitiba, às 13h. Sem a definição sobre o futuro no comando da seleção, Vicente del Bosque criticou a postura dos jogadores, eliminados precocemente do mundial.
Del Bosque reclama da atitude dos jogadores da Espanha
Foto: Reuters
O técnico respondeu sobre a polêmica com o meia Cesc Fábregas. O jogador teria relutado a entregar o colete de titular para Xabi Alonso durante treinamento. Del Bosque teve de insistir para Fábregas, que teria reprovado o pedido do treinador.
“Eu não tirei o colete dele. Foi um assunto menor. Eles estavam com um a menos no time, pois Piqué estava machucado e coloquei Xabi Alonso. Estou agradecido aos jogadores. Mas eu penso em todos e eles só pensam em si mesmos”, afirmou em entrevista à emissora espanhola Cuatro.
Sobre a eliminação precoce da Copa, após derrotas para Holanda e Chile, o técnico evitou culpar aspectos fora de campo. “Foi uma questão futebolística. Não quero buscar desculpas como o calendário. Talvez tenha pesado algum aspecto físico ou tático”.
Campeão do mundo em 2010, o técnico disse que ainda não definiu se permanece na seleção espanhola depois da Copa do Mundo, mas assegura que tem a confiança dos dirigentes.
“Se temos a confiança da Federação, é porque algo de bom fizemos nesses seis anos. Vou pensar, preciso ver o que é melhor para a Espanha. Não tomei nenhuma decisão. É certo que tenho tido apoio da Federação, mas isso não quer dizer que não haverá uma conversa após o Mundial para saber qual é a situação real”, concluiu Vicente del Bosque.
Sergio Busquets fica abatido após a eliminação da Espanha no jogo contra o Chile, nesta quarta-feira (18), no Maracanã|REUTERS/Jorge Silva|Adriana Moysés
A imprensa mundial é unânime: a eliminação da Espanha na primeira fase da Copa do Mundo, após duas derrotas consecutivas contra a Holanda e o Chile, representa o fim de um ciclo, de uma geração de campeões que se esgotou. Na Alemanha, o Bild diz que o futebol tique-taque dos espanhóis está morto. “Foi um desastre”, afirma o italiano Gazzeta dello Sport, enquanto o francês L’Equipe destaca que ser campeão do mundo não é garantia de proteção e a Espanha entregou sua coroa.
“A Espanha afundou como o Titanic”, diz o jornal El País. “Foi bonito enquanto durou, mas a Fúria não teve jogadas nem sorte”, diz o diário espanhol AS. “A Espanha se despede pela porta dos fundos”, lamenta o Mundo Deportivo. “Triste adeus”, exclama o Marca, destacando que “a Espanha deixa a Copa com uma imagem muito pobre”. Xabi Alonso reconhece no Marca que mentalmente os jogadores espanhóis não estavam preparados para o Mundial no Brasil.
A imprensa britânica também é dura com os espanhóis. O Mirror afirma que após seis anos de domínio internacional, a Espanha jogou o pior Mundial de sua história. Para o Daily Mail, a vitória do Chile no Maracanã foi merecida e o diário questiona se o futebol tique-taque realmente existiu algum dia. A era da Espanha terminou no Maracanã, diz o The Guardian, comparando o estádio carioca a um “cemitério de grandes expectativas”.
Como tudo é uma questão de ponto de vista, o jornal chileno La Tercera declara que o Maracanã “não é um estádio maldito e sim um estádio épico, da glória chilena”. O argentinoOlé fala em despedida cruel para essa geração de craques espanhóis. O tique-taque é um modelo de jogo admirado em todo o mundo, mas, pelo visto, exige mudanças, avalia o jornal argentino.
O novo rei da Espanha Felipe VI, sua esposa, a rainha Letizia, e as princesas, Sofia e Leonor, durante a cerimônia de posse no Parlamento em 19 de junho de 2014|REUTERS/Juan Medina
A partir desta quinta-feira (19), Felipe VI é o novo rei da Espanha, recebendo a coroa de seu pai, Juan Carlos, que surpreendeu no início do mês ao anunciar que abdicaria do cargo. A mudança é vista como uma estratégia para a família real espanhola recuperar sua popularidade e acabou gerando uma onda de manifestações no país em prol de um regime republicano.
Luisa Belchior, correspondente da RFI Brasil em Madri
Felipe VI foi proclamado rei nesta manhã (19) no Parlamento, após ler um juramento ao cargo. Este foi o último trâmite oficial da transição da coroa de Juan Carlos I a seu filho. Na quarta-feira (18), o antigo rei assinou seu pedido de abdicar do trono, que havia sido aprovado por maioria no Parlamento espanhol. Então, a partir de hoje, Felipe VI começa oficialmente seu reinado. No início da tarde, ele receberá dois mil espanhóis de vários setores para comprimentá-los em cerimônia no Palácio Real.
Expectativas
O que já se diz é que o rei Felipe VI deve modernizar a monarquia em muitos aspectos e torná-la mais ativa e ligada a temas atuais. Mas, sobretudo, criar um diálogo maior com o Parlamento, um caminho aberto pelo seu pai. Juan Carlos I, vale lembrar, renunciou a seus poderes plenos para incentivar a formação de uma democracia constitucional no país após o fim da ditadura franquista. Felipe VI vai tentar dar um ar mais dinâmico também à coroa espanhola, já que agora ele é o rei mais jovem da Europa.
Reação popular
Por enquanto, o que essa transição provocou foi uma maré de manifestações por um referendo sobre a instauração de uma República na Espanha, o que na prática significaria o fim da monarquia. O país, desde o fim da ditadura de Francisco Franco, no fim da década de 1970, tem um regime de monarquia parlamentar. Os protestos acontecem nesta quinta-feira novamente em todo país e em cidades fora dele, como Paris e Berlim.
Papel de Juan Carlos I
Juan Carlos entregou a coroa e com ela todos os papeis de decisão, de apoio ao governo e de mensagens aos espanhóis que tinha. Mas também não se aposenta. Ele passará a ser capitão geral do Exército da Espanha, embora ficará na reserva.
Na sexta-feira (20), o governo tentará aprovar a lei que garantirá sua imunidade parlamentar; depois disso, ele deve tirar uns dias para descansar mas já prometeu à população de seu país que não voltará a caçar elefantes, como fez em uma viagem à Àfrica em 2012, gerando uma das maiores polêmicas de seu reinado.
Após tumulto antes do jogo, vitória por 2 a 0 no Maracanã sela classificação chilena e holandesa para a fase final do Mundial
O DIA
Rio – Nada deu certo para a Espanha. O Chile transformou os 90 minutos da partida desta quarta-feira, no Maracanã, num verdadeiro drama para a atual campeã do mundo. A única coisa que a Fúria não podia era perder, mas foi assim que terminou o segundo capítulo da história espanhola na Copa do Mundo. Vargas e Aránguiz foram os maiores vilões e deixaram o campo dando adeus para o “tiki-taka” no Mundial. Nem mesmo ter barrado Piqué e Xavi fez Del Bosque ver sua equipe dar a volta por cima após a goleada sofrida na estreia. Muita coisa ainda vai acontecer na Copa, mas não para a eliminada Espanha.
Antes de a bola rolar, o Maracanã já havia se deparado com grandes confusões. Primeiro, um grupo de torcedores chilenos invadiu o estádio e foi contido por seguranças e policiais na área de imprensa. Além disso, fogos foram soltos na arquibancada antes do apito inicial do árbitro. Dentro de campo, a invasão também foi chilena, mas para garantir a vaga nas oitavas e despachar os atuais campeões do mundo.
Adiós, ‘tiki-taka’! Chile vence a Espanha por 2 a 0 e atual campeã dá adeus à Copa do Mundo
Foto: André Luiz Mello
Show nas arquibancadas
Os chilenos roubaram a cena logo durante o início da tarde carioca. Os bairros ao redor do Maracanã foram pintados de vermelho desde cedo. A “invasão” chilena tomou conta das ruas e bares da região. Ônibus, carros, bicicletas… Os visitantes não queriam saber qual seria a melhor maneira de chegar ao estádio, mas a certeza era uma só: ia ter festa!
Nas arquibancadas, o Chile levava vantagem. Com um contingente de torcedores maior que os espanhóis, os gritos que embalaram a vitória sobre a Austrália na Arena Pantanal se repetiram: “chi, chi, chi… le, le, le… Chile, Chile, Chile!”. Mesmo em menor número, os espanhóis também maracaram presença e fizeram a festa. O lado triste ficou mesmo pela eliminação.
Durante o segundo tempo, os espanhóis ainda sofreram com a provocação dos torcedores chilenos, que gritavam “olé” a cada toque de bola da seleção sul-americana. No fim, até o adeus foi decretado pelos torcedores aos gritos de “eliminados”. Agora, o jeito para os espanhóis é começar a preparar as malas. Já o Chile ainda vai em busca da liderança do Grupo B, no duelo com a Holanda, na próxima segunda-feira.
Crianças pintam o rosto e colaboram no show da torcida do Chile no Maracanã
Foto: André Luiz Mello
O JOGO
Em campo, não foi preciso nem sequer um minuto para o Chile assustar a Espanha pela primeira vez. O ataque foi rápido e resultou em escanteio após chute de Vargas, tendo uma boa cabeçada de Jara indo para fora e concluindo a jogada. O início de jogo contou com um volume bem maior do futebol chileno.
Buscando o resultado, a Espanha passou a apostar em David Silva para a criação das jogadas. O camisa 21 buscava espaços e tentava organizar o setor ofensivo espanhol, mas acabava parado com faltas. Num dos melhores ataques dos europeus, Diego Costa recebeu na direita e tentou chute cruzado. Na sobra, a bola acabou sendo rebatida na área, mas o lance foi parado em razçao de um impedimento.
O início de reação, no entanto, não foi o suficiente. O Chile voltou a acordar e deu um passo importante para encaminhar a vaga nas oitavas. Velocidade e tranquilidade marcaram a jogada chilena que foi finalizada com maestria por Vargas. Após o passe de Sánchez, o camisa 11 deslocou Casillas e abriu o placar no Maracanã.
O gol chileno foi um balde de água fria na reestruturação espanhola. Depois de terem aberto o placar, os sul-americanos passaram a reforçar o sistema defensivo e ainda pressionavam toda saída de bola da Fúria. Os europeus encontravam grandes dificuldades para articular as jogadas e, quando chegavam ao ataque, o último passe não era feito com sucesso.
A Espanha era irreconhecível. Sem “tiki-taka” e sequer um bom trabalho tático, a Fúria sofreu o segundo gol ainda no primeiro tempo. Eram 42 minutos quando Casillas espalmou cobrança de falta para o meio da área, mas não conseguiu segurar o rebote de Aranguiz. Bola na rede e vaga ainda mais perto do Chile ao término do primeiro tempo.
Espanha teve muita dificuldade para segurar o Chile
Foto: André Luiz Mello
A postura no segundo tempo começou diferente. Del Bosque apostou na entrada do jovem Koke no lugar do experiente Xabi Alonso logo no intervalo e viu a equipe iniciar a segunda etapa com um ímpeto muito mais ofensivo. Iniesta passou a aparecer mais para o jogo, tirando o peso de cima de David Silva, mas a situação estava mesmo difícil para os espanhóis.
Um drama marcava o segundo tempo da Espanha. A atual campeã precisava, no mínimo, do empate para seguir viva na Copa e passou a buscar totalmente o ataque no Maracanã. Diego Costa chegou a ter uma grande chance de marcar o primeiro gol da Fúria, mas perdeu a oportunidade de maneira incrível. Enquanto o Chile passava a jogar num sistema mais defensivo, os europeus buscavam o ataque a todo custo.
O relógio era mais um adversário da Espanha e Del Bosque resolveu apostar as fichas no veterano Fernando Torres. O atacante entrou no lugar de Diego Costa que, mais uma vez, deixou o campo vaiado. A tática do Chile funcionava como era planejado. Os contra-ataques eram perigosos e Isla chegou perto de matar o jogo aos 23 minutos: bola cruzada, Casillas batido, mas bola por cima do gol.
A reta final da partida serviu para sacramentar o drama espanhol. Nem mesmo a entrada de Cazorla ajudou a Fúria. Boas chances até foram criadas, mas nada dava certo, e o goleiro Claudi Brava brilhava no gol chileno. Os atuais campeões foram dominados mais uma vez e deram adeus ao Mundial de maneira traumática e antecipada.
Agora, o Chile volta a campo às 13h da próxima segunda-feira, na Arena Corinthians. O compromisso valerá a liderança do Grupo B, definindo quem enfrenta quem no cruzamento com o grupo do Brasil. A despedida espanhola do Mundial acontecerá no mesmo horário, mas no duelo com a Austrália, na Arena da Baixada.
Casillas voltou a falhar na partida e viu a Espanha ser eliminada da Copa do Mundo
Foto: André Luiz Mello
FICHA TÉCNICA
Espanha 0x2 Chile
Estádio: Maracanã (Rio de Janeiro) Público: 74.101 presentes Árbitro: Mark Geiger (Estados Unidos) Gols: Vargas (20′ do 1ºT), Aránguiz (42′ do 1ºT) Cartão amarelo: Xabi Alonso (Espanha); Vidal e Mena(Chile) Cartão vermelho: –
Espanha: Casillas, Azpilicueta, Sergio Ramos, Javi Martínez, Jordi Alba; Busquets, Xabi Alonso (Koke), Iniesta, David Silva; Pedro (Cazorla) e Diego Costa (Fernando Torres). Técnico: Vicente del Bosque.
O rei de Espanha, Juan Carlos, assinou esta quarta-feira, na Sala de Colunas do Palácio Real, em Madrid, a lei orgânica da sua abdicação a favor do filho, Felipe de Borbón, encerrando um reinado de quase 40 anos.
Acompanhado pela família real, Juan Carlos concluiu assim os trâmites previstos na Constituição espanhola para a sucessão na coroa que, neste caso, obrigou à aprovação do texto de um só artigo pelo Governo e, posteriormente, pelas Cortes Gerais.
O monarca assinou o texto, em pé, numa mesa preparada para o efeito, às 18.13 horas locais (17.13 em Lisboa), num ato histórico que antecede a proclamação do seu sucessor como rei Felipe VI na quinta-feira.
Rafael Duque | Madri – 18/06/2014 | Ópera Mundi|Uol
Mariano Rajoy admitiu a preocupação com o desemprego juvenil, que atinge mais da metade das jovens com até 25 anos no país
Maio de 2014 foi um dos meses mais comemorados pelo governo espanhol. Com cerca de 198 mil novas vagas, o mês registrou a maior criação de empregos na Espanha desde julho de 2005. Entretanto, o problema do desemprego está longe de ser solucionado em um país onde quase 26% das pessoas não encontram um trabalho.
gaelx/Flickr Crise na Espanha: desemprego juvenil atinge mais da metade das jovens com até 25 anos
O presidente do governo espanhol Mariano Rajoy afirmou que a criação das 198 mil vagas é um fato “esperançoso”, mas admitiu a preocupação com o desemprego juvenil, que atinge mais da metade das jovens com até 25 anos, e o aumento das vagas a tempo parcial.
De fato, dos 16,6 milhões de trabalhadores espanhóis, apenas 49,7% possuem um contrato de regime geral, ou seja, por tempo indeterminado e trabalhando todos os dias da semana. Este resultado é o pior desde 2007. Em tendência contrária, o número de trabalhadores com contratos temporários aumenta desde outubro de 2013.
“Os poucos jovens que conseguem trabalhar têm empregos de até quatro meses, isso significa que nós não podemos ter um projeto de vida porque não sabemos como estaremos dentro de alguns meses. Esta situação impede as pessoas de serem independentes. O pior é que parece que não vai melhorar, cerca de 90% dos novos contratos são precários”, analise José Arias, secretário de emprego da Juventude Socialista, grupo ligado ao PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol).
Além dos temporários, outras modalidades precárias de contratos também seguem crescendo na Espanha. Os acordos de formação e aprendizagem subiram 37,2% no último ano e os de tempo parcial, no qual o trabalhador tem menor carga horária, também registraram aumento em comparação ao ano passado. Segundo o INE (Instituto Nacional de Estatísticas), nestes dois tipos de contrato, que estão substituindo os postos fixos, as empresas pagam 33% menos por hora aos empregados pelo mesmo trabalho realizado por uma pessoa com um contrato de regime geral.
Reforma trabalhista
“O que está ocorrendo é o aumento do que chamamos de emprego precário. As empresas contratam, principalmente para postos que exigem baixa qualificação, pessoas jovens e estes empregos têm um salário inferior se compararmos com a pessoa que estava trabalhando antes. Então uma das consequências da reforma trabalhista foi o aumento da precarização”, explica o economista Miguel Angel Bernal.
Bernal se refere à reforma idealizada pelo PP (Partido Popular) para combater o desemprego e lançada em fevereiro de 2012. Entre os diversos pontos polêmicos desse novo conjunto de leis estão as demissões por justa causa caso o trabalhador tire mais de 12 dias seguidos de licença médica, a possibilidade de demissões, aumento de jornadas de trabalho e diminuição salarial caso a empresa tenha três trimestres seguidos de prejuízo ou de diminuição de lucro e a possibilidade de assinar um contrato de formação, que garante menos direitos trabalhistas, com jovens de até 25 anos (antes o limite era 21 anos).
“Fizeram uma reforma trabalhista com a desculpa de criar mais empregos e a principal medida da reforma é baratear a demissão. No lugar de fomentar a contratação, baratearam a demissão. Agora contratamos gente nova para cada posto porque é mais barato despedir depois”, reclama Arias, que ainda afirma que se ao menos as medidas tivessem êxito, haveria um lado positivo nesta história: “se o desemprego tivesse caído para 10%, diríamos que temos um problema nas condições de trabalho, mas as pessoas estão trabalhando. Claramente não é o nosso caso”.
Minijobs e corrupção
Para tentar remediar esta situação, Bernal e outros economistas espanhóis pedem a regulamentação de uma espécie de minijob à espanhola. Minijobs são contratos com regras de horários e salários restritos implementados na Alemanha para facilitar a entrada de jovens alemães no mercado de trabalho. Segundo o economista, “estes tipos de contrato permitiriam que os jovens trabalhassem por alguns dias e investissem em formação nos dias restantes”.
Entretanto esta solução não é uma unanimidade no país. O secretário de emprego da Juventude Socialista critica abertamente o modelo alemão. “É verdade que os minijobs podem ser uma maneira atrativa para eliminar um certo tipo de desemprego, mas, no final das contas, o salário é muito baixo. O que acontece na Alemanha é que as pessoas têm que procurar dois ou três trabalhos e resulta que elas têm um salário muito mais baixo trabalhando o mesmo número de horas”, analisa Arias.
Enquanto os minijobs ainda seguem em discussão, a única medida que parece agradar a todas as partes é o investimento de recursos em cursos de capacitação profissional gratuitos. “Temos um problema porque na Espanha os cursos de formação profissional não são tão divulgados”, admite Bernal, “mas são a principal saída para o desemprego”.
Nos últimos 10 anos, a Espanha investiu 21 bilhões de euros em cursos de capacitação, dinheiro proveniente da Previdência Privada e de fundos europeus. Entretanto, nos últimos anos foram descobertos três grandes casos de corrupção envolvendo recursos destinados a este tipo de serviço.
Tanto o PP quanto o PSOE respondem por desvio de verba pública destinada a aulas de recapacitação profissional e, na última semana, empresários espanhóis também foram acusados de manipular o número de alunos de alguns cursos para receber ilegalmente o dinheiro de suas matrículas.
Sobre as diversas denúncias, José Arias admite a parte de culpa que cabe ao seu partido e defende punição exemplar aos políticos e empresários que forem julgados culpados. Mas, ainda assim, o secretário das Juventudes Socialistas não diminui a importância deste tipo de formação: “sempre falamos que precisamos de alguma vantagem competitiva no mercado global, eu acredito que esta vantagem tem que ser o fator humano e é por isso que temos a obrigação de investir nas pessoas”.
noticias gerais e, especificamente, do bairro do Brás, principalmente do comércio