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Massacre em Israel é “injustificável e solução deve ser imposta”, diz chanceler francês

O exército de Israel anunciou um cessar-fogo de 7 horas nos ataques da Faixa de Gaza que sofre com falta de abastecimento de água.

O exército de Israel anunciou um cessar-fogo de 7 horas nos ataques da Faixa de Gaza que sofre com falta de abastecimento de água.

REUTERS/Finbarr O’Reilly
RFI

O direito de Israel à segurança não justifica o massacre de civis em Gaza, disse nesta segunda-feira (4) o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius. Segundo ele, uma “solução política” entre os israelenses e os palestinos “deve ser imposta” pela comunidade internacional.

 

A França muda o tom em relação à ofensiva israelense em Gaza, depois de se abster no voto da resolução que condena a operação, aprovada no Conselho de Direitos Humanos da ONU em 23 de julho. O chanceler Laurent Fabius criticou duramente a operação “Limite Protetor”, que já deixou mais 1800 mortos, a maioria civis.

Em um comunicado, o ministro francês lembra que “a tradição de amizade entre Israel e a França é antiga e o direito de Israel à segurança é total, mas esse direito não justifica que crianças sejam assassinadas e civis massacrados”, disse o ministro, que citou o bombardeio de uma escola em Rafah, na Faixa de Gaza.

“O Hamas tem responsabilidade no processo macabro que beneficia os extremistas, mas isso também não justifica o que o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, qualificou de crimes”, disse Fabius. Neste domingo, o respresentante da ONU declarou que o ataque da escola a Rafah é “uma nova violação flagrante do direito humanitário internacional.”

O ataque deixou pelo menos dez palestinos mortos. “Quantos mortos serão necessários para que seja colocado um fim ao que podemos chamar de matança em Gaza?”, diz o ministro. Diante da situação, ele propõe a instauração do cessar-fogo proposto pelo Egito e preconiza uma solução política baseada em dois estados imposta pela comunidade internacional.

“Uma solução política é indispensável, e acredito que isso deva ser imposto, já que as duas partes infelizmente se mostraram incapazes em concluir a negociação”, diz. “Cessar-fogo, imposição da solução de dois Estados e segurança de Israel, não existe outro caminho.”

Bombardeios continuam, apesar de trégua de sete

Uma menina palestina de oito anos morreu e 30 ficaram feridas hoje por um tiro que atingiu a região oeste da cidade de Gaza, após a entrada em vigor de uma trégua declarada unilateralmente por Israel.

Os serviços de resgate palestinos acusam a aviação israelense de ter atacado uma casa do campo de refugiados de Chati. A trégua entrou em vigor às 10h locais e deve durar sete horas.

O objetivo dessa trégua é facilitar a entrada de ajuda humanitária e deixar que palestinos retornem às suas casas. Mas esse cessar-fogo é parcial e bastante frágil. A região de Rafah, no sul de Gaza, não é beneficiada por essa pausa nos combates.

O chefe das operações militares israelenses na Cisjordânia ocupada e em Gaza, Yoav Mordechai, informou que se a trégua for violada pelo Hamas, o Exército responderá com disparos contra a origem dos ataques palestinos.

O Hamas, acusado de intransigência por Israel, tenta articular uma solução para o conflito. Hoje, membros do movimento islâmico se reúnem no Cairo com os membros da Autoridade Palestina

ONU, EUA e França condenam ataque a escola em Gaza

Sangue próximo ao portão da escola atacada hoje em Gaza.

Sangue próximo ao portão da escola atacada hoje em Gaza.

Reuters

O bombardeio de mais uma escola em Gaza levou os Estados Unidos, um dos apoiadores históricos de Israel, a fazer uma das mais duras críticas ao país aliado desde que o atual conflito começou, há cerca de um mês. As Nações Unidas e a França também condenaram a operação neste domingo (3). O bombardeio deixou pelo menos 10 mortos e 30 feridos em uma escola em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

 

O porta-voz do departamento de Estado americano, Jen Psaki, disse que os Estados Unidos “estão horrorizados com este vergonhoso bombardeio de uma escola”. Psaki completou dizendo que Israel precisa fazer mais para garantir a segurança dos civis.

Três escolas da ONU já foram atacadas desde o início da operação “Limite Protetor”. O exército israelense afirma que o Hamas transforma as escolas em bases de lançamento de foguetes e usa civis como escudos humanos.

“Ato criminoso”

O ataque também despertou reação do governo francês. O presidente François Hollande disse, na noite deste domingo, em Paris, que o bombardeio é “inadmissível”. Hollande subiu o tom das críticas que havia feito mais cedo, à tarde, durante as celebrações dos 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial. O presidente francês, no entanto, evitou dar nome a quem teria sido o autor do bombardeio, apenas disse que o crime deve ser apurado.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, fez a condenação mais dura: “É um escândalo do ponto de vista moral e um ato criminoso. Uma nova violação flagrante dos direitos humanos”.

Deslocamento de tropas

Israel decidiu neste domingo deslocar parte de suas tropas em Gaza enquanto outra retornou para seu próprio território. Embora o exército tenha batido em retirada de regiões no norte do país, o seu porta-voz, o tenente-coronel Peter Lerner, afirmou que trata-se apenas de um realocamento de forças.

O encontro entre a autoridade palestina e o Hamas, no Cairo, previsto para o sábado, foi reagendado para domingo. O objetivo é negociar uma trégua, com mediação do Egito. Mas Israel já alertou que não acatará nenhum tipo de decisão que possa vir a surgir deste encontro. O ministro da Justiça de Israel, Tzipi Livni, disse que seu país não pode confiar no Hamas, já que o grupo teria desrespeitado todos os cessar-fogo propostos até agora.NDE

América Latina endurece posição contra operação de Israel em Gaza

Durante a 46ª cúpula do Mercosul, os presidentes dos países do bloco expressaram sua posição contra os ataques de Israel à população palestina e exigiram um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Durante a 46ª cúpula do Mercosul, os presidentes dos países do bloco expressaram sua posição contra os ataques de Israel à população palestina e exigiram um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Roberto Stuckert Filho/PR
RFI

Enquanto os Estados Unidos continuam vendendo munições ao exército israelense e autoridades europeias tentam relativizar a sangrenta operação Limite Protetor com inócuos pedidos de cessar-fogo em Gaza, países da América Latina figuram como os maiores críticos do governo de Israel até o momento. Hoje (31), a Bolívia foi além dos protestos e incluiu Israel na lista de “estados terroristas”.

 

A Bolívia, que rompeu suas relações diplomáticas com Israel em 2009, após a violenta operação “Chumbo Fundido”, já havia feito um pedido à ONU para que abrisse um processo contra Tel Aviv de crime contra humanidade, logo nos primeiros dias da atual ofensiva. Ontem, o presidente boliviano, Evo Morales, declarou que incluiu Israel na lista de “países terroristas”.

“Israel não é um Estado que garante os princípios de respeito à vida e os direitos básicos para a coexistência pacífica e harmoniosa na comunidade internacional”, afirmou Morales. “Nós declaramos Israel como um Estado terrorista”, ratificou.

Outros países reagiram à continuidade das violências contra os civis em Gaza nos últimos dias. O Chile classificou as operações militares israelenses como uma “agressão coletiva contra a população” da região. Já o Peru diz estar profundamente decepcionado com a violação dos vários cessar-fogos dos últimos dias e a continuidade da operação militar de Israel em Gaza.

Na terça-feira (29), durante uma reunião privada da 46ª cúpula do Mercosul, na Venezuela, os integrantes do bloco divulgaram um comunicado contra os ataques à população palestina e exigiram um cessar-fogo. Além do presidente venezuelano Nicolás Maduro, assinaram a declaração os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, do Brasil, Dilma Rousseff, do Uruguai, José Mujica, do Paraguai, Horacio Cartes, e da Bolívia, Evo Morales.

Brasil critica Israel

Na semana passada, o governo brasileiro condenou  “energicamente” o uso desproporcional da força de Israel na Faixa de Gaza, “do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças”. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil também reiterou seu chamado a um imediato a uma trégua. Além disso, Brasília convocou seu embaixador em Tel Aviv para consultas.

O porta-voz do governo de Israel, Yigal Palmor, ironizou a posição brasileira. “Desproporcional é perder uma partida de futebol por 7 a 1”, disse, em entrevista ao Jornal Nacional. Já em declaração ao The Jerusalem Post, Palmor, afirmou que a convocação do embaixador brasileiro em Israel “era uma demonstração lamentável de como o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático”.

As declarações do governo israelense contra o Brasil não intimidaram outros países da América Latina, como Equador, Chile, Peru e El Salvador que convocaram igualmente seus embaixadores em Tel Aviv para consultas.

Desde o início da operação

A reação dos países latinos não é tardia. Desde o começo da ofensiva israelense contra o movimento islâmico Hamas em Gaza, vários países do continente americano já haviam se posicionado contra o governo de Israel. Uma semana após o início dos ataques, o ministério mexicano das Relações Exteriores pediu a proteção dos palestinos e condenou o uso da força e a operação militar.

Há três semanas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, classificou a ofensiva de “guerra de exterminação” contra o povo palestino. Já em Cuba as autoridades pediram que “a comunidade internacional exija que Israel cesse a escalada de violência”. Ambos os países também romperam as relações com Tel Aviv em 2009.

Logo nos primeiros dias da operação Limite Protetor, o ministério das Relações Exteriores do Uruguai condenou a “resposta desproporcional” dos israelenses aos tiros lançados pelos palestinos. Em meados de julho, o Equador “condenou com energia todos os atos de violência” na região e pediu “o fim imediato das hostilidades”.

Após ataque a escola, Israel decreta trégua humanitária de quatro horas em Gaza

Bombardeios israelenses atingiram nesta quarta-feira uma escola administrada pela ONU na Faixa de Gaza.

Bombardeios israelenses atingiram nesta quarta-feira uma escola administrada pela ONU na Faixa de Gaza.

REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa

Israel adota uma “trégua humanitária” unilateral nesta quarta-feira (30) na Faixa de Gaza, entre 8h e 12h pelo horário de Brasília. Um comunicado militar esclarece que “a interrupção não se aplica a zonas onde soldados estão atualmente envolvidos em operações”.

 

O Exército também recomendou aos moradores de áreas afetadas por uma ordem de evacuação a não retornar a esses locais e advertiu que responderá a “qualquer tentativa de agressão a soldados ou civis israelenses”.

Pelo menos 76 palestinos foram mortos nesta quarta-feira em Gaza, onde o Exército de Israel intensificou sua ofensiva contra o movimento islâmico Hamas. O balanço de vítimas palestinas chegou a 1.290 mortos e 7.200 feridos, desde o início da guerra, em 8 de julho. O campo israelense contabiliza 53 soldados mortos e três civis.

Israel havia declarado no último sábado uma trégua humanitária de 12 horas, prolongada por quatro horas, mas as hostilidades foram retomadas antes do final do prazo.

Outra breve trégua não-declarada aconteceu na manhã de segunda-feira, para a festa muçulmana do Eid al-Fitr, ao final do Ramadã. Nesse caso, os combates também foram retomados rapidamente.

A agência da ONU de Ajuda aos Refugiados Palestinos (UNWRA) acusou formalmente o Exército de Israel de “grave violação do direito internacional”, após um bombardeio que matou 16 palestinos em uma das escolas da ONU na Faixa de Gaza. A ONU conclama a comunidade internacional “a agir rapidamente para colocar um fim imediato à carnificina em Gaza”.

Bombardeio mata oito crianças palestinas que brincavam num parquinho em Gaza

Criança palestina, vítima do ataque israelense contra uma escola da ONU em Gaza, espera por atendimento no hospital.

Criança palestina, vítima do ataque israelense contra uma escola da ONU em Gaza, espera por atendimento no hospital.

REUTERS/Finbarr O’Reilly/Files

Dez palestinos, incluindo oito crianças, morreram nesta segunda-feira (28) em um bombardeio ao campo de refugiados de Al Chati, na cidade de Gaza. As crianças teriam sido atingidas quando brincavam no parquinho do campo, na beira da praia. Quatro civis israelenses morreram, por sua vez, devido à explosão de um morteiro lançado de Gaza. O artefato caiu perto da fronteira, na região de Eshkol, no sul de Israel.

 

O bombardeio ao campo de refufiados de Al Chati deixou 40 feridos. Os corpos das crianças e de dois adultos foram levados para o hospital de Chifa, o maior do enclave palestino, que também foi alvo de uma explosão. Apenas um muro do estabelecimento foi danificado. O Exército de Israel acusa o Hamas pelos dois incidentes. Um comunicado militar afirma que eles foram provocados por “foguetes mal direcionados pelos terroristas de Gaza”.

Durante a madrugada e o período da manhã, os bombardeios diminuíram de ambos os lados, dando a impressão que havia uma trégua não-declarada entre os beligerantes. Porém, à tarde, os disparos recomeçaram.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que a declaração do Conselho de Segurança da ONU exigindo um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza “não atende às exigências de segurança de Israel, principalmente no que diz respeito à desmilitarização” do território palestino.

Netanyahu conversou por telefone com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e lamentou que o texto do Conselho não faça alusão “aos ataques contra a população civil israelense nem ao uso dos palestinos como escudos humanos pelo Hamas”.

Ban Ki-Moon pede “humanidade” aos dirigentes

Ban Ki-Moon reiterou o apelo para que Israel e o Hamas ponham um fim ao conflito em Gaza, insistindo na necessidade de ambas as partes “honrarem” os pedidos de cessar-fogo da comunidade internacional. “Em nome da humanidade, a violência tem de parar”, disse o secretário-geral da ONU.

Ontem, reunidos emergencialmente em Nova York, os 15 países do Conselho de Segurança da ONU pediram que Israel e o Hamas aplicassem uma trégua humanitária durante e depois da festa muçulmana do Eid al-Fitr, que marca, nesta segunda-feira, o fim do jejum do Ramadã. O Conselho pediu assistência humanitária à população de Gaza, com o aumento das contribuições ao escritório da ONU para os refugiados palestinos.

Palestinos de Jerusalém pedem fim da ofensiva

Cerca de 45 mil palestinos se reuniram na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel, para manifestar neste último dia do Ramadã um fervoroso apoio aos moradores de Gaza.

Muitos participantes usavam camisetas com frases de solidariedade aos vizinhos, como “estamos com vocês nesta festa do Eid al-Fitr” e “daremos nosso sangue por Gaza”. Outros vestiam camisetas de apoio ao braço armado do Hamas, as Brigadas Ezzedine al-Qassam, com dizeres do tipo “sequestrem mais soldados israelenses”.

A polícia israelense se manteve à distância dos manifestantes.

Faixa de Gaza tem trégua não-declarada para festa religiosa muçulmana

Criança palestina, vítima do ataque israelense contra uma escola da ONU em Gaza.

Criança palestina, vítima do ataque israelense contra uma escola da ONU em Gaza.

REUTERS/Finbarr O’Reilly/Files

O Conselho de Segurança da ONU adotou na madrugada desta segunda-feira (28) uma declaração unânime exigindo um “cessar-fogo humanitário imediato e incondicional” na Faixa de Gaza. Desde ontem, as hostilidades praticamente pararam, por conta da festa muçulmana do Eid al-Fitr, que marca o fim do jejum do Ramadã.

 

Os 15 países reunidos emergencialmente em Nova York pediram que Israel e o Hamas apliquem essa trégua “plenamente”, não só durante a data religiosa, mas depois também. E, que respeitem o direito internacional, principalmente no que diz respeito à proteção dos civis.

O Conselho pediu assistência humanitária à população de Gaza, com o aumento das contribuições ao escritório da ONU para os refugiados palestinos. Em alusão ao bombardeio de uma escola das Nações Unidas, o comunicado frisa que instalações civis e humanitárias devem ser respeitadas e protegidas. Único membro árabe do Conselho, a Jordânia pediu que a declaração seja adotada solenemente sem demora.

O embaixador palestino na ONU, Ryad Mansur, lamentou que o Conselho não tenha pedido o fim do embargo israelense a Gaza e que tenha optado por uma simples declaração no lugar de uma resolução. Do lado israelense, o embaixador Ron Prosor condenou o texto por não citar o Hamas nem seus foguetes. Ele voltou a acusar o movimento islâmico de usar a população como escudo humano.

Desde ontem à noite, os ataques praticamente cessaram, por ocasião da festa muçulmana. Um porta-voz do Hamas afirmou que “Israel será responsabilizado por qualquer escalada durante o Eid al-Fitr”. De acordo com o exército israelense, desde as 23 horas do domingo, o Hamas não atira nenhum foguete e Israel não realiza nenhum ataque aéreo.

Apesar disso, hoje de manhã, dois palestinos que haviam sido feridos na semana passada morreram na Faixa de Gaza. Com isso, o número de palestinos mortos desde o início da operação Limite Protetor, em 8 de julho, chega a 1.035. Os hospitais de Gaza receberam 6.200 feridos. Do lado israelense, o conflito deixou até agora 43 soldados mortos e três civis, atingidos pelos foguetes do Hamas.

Ministro francês diz que atos antissemitas em manifestações pró-palestinas serão punidos

Manifestação pró-palestina será realizada nesta quarta-feira (23) em Paris.

Manifestação pró-palestina será realizada nesta quarta-feira (23) em Paris.

REUTERS/Philippe Laurenson
RFI

O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, afirmou nesta quarta-feira (23) que “provocadores” em manifestações pró-palestinas serão castigados. “Não vamos aceitar que se grite ‘morte aos judeus’ em uma marcha. Se isso acontecer hoje, os manifestantes serão punidos”, sublinhou. A capital francesa abriga nesta noite a primeira marcha autorizada, após a proibição dos protestos no último fim de semana.

 

Cazeneuve reconheceu que as dezenas de manifestações autorizadas foram realizadas de forma pacífica em todo o país. Apenas dois protestos, proibidos pelo governo, terminaram em atos de vandalismo e agressões antissemitas, em Paris, no último sábado (19), e em Sarcelles, no último domingo (20).

Interrogado sobre as provocações dos integrantes da Liga de Defesa Judaica (LDJ), que se juntaram à primeira manifestação pró-palestinos parisiense, no dia 13 de julho, o ministro classificou os atos como “repreensíveis”. A invasão do grupo judaico teria incitado a revolta de manifestantes pró-palestinos, que, em seguida, foram protestar diante de uma sinagoga.

O presidente francês François Hollande reafirmou hoje que a responsabilidade do Estado “é de fazer respeitar a ordem republicana”. Criticado por uma parte da opinião pública por proibir as manifestações e agravar a tensão entre judeus e muçulmanos, o chefe de Estado é repetiu que o governo não vai aceitar “slogans que exprimam o ódio”.

Manifestações em toda a França

Várias manifestações em apoio aos palestinos estão programadas para esta quarta-feira (23) na França, em Paris, Lyon, Lille ou Toulouse. O governo francês autorizou uma passeata na capital, organizada pelo Coletivo Nacional pela Paz Justa e Durável entre Israelenses e Palestinos, apesar das agressões ocorridas no último fim de semana contra judeus em atos que estavam proibidos.

O trajeto da manifestação parisiense, a partir das 18h30 locais (13h30 pelo horário de Brasília), foi alterado para evitar passar em frente a sinagogas. A polícia francesa contará com o apoio de seguranças treinados por Israel para proteger os judeus de agressões. Não se trata de uma milícia, mas de voluntários não armados de uma organização judaica francesa, treinados em lutas marciais.

O último ato organizado pelo Coletivo, há uma semana, reuniu 900 pessoas em Invalides, no centro da capital. Os policiais prevêem que o número de participantes será maior hoje.

Novo antissemitismo

Em editorial, o jornal Le Monde aponta para o surgimento de um novo fenômeno na França: “o novo antissemitismo”. Em sua edição de hoje, o diário lembra que a maioria das manifestações realizadas em solo francês foram pacíficas, mas que as agressões antissemitas em três delas trouxeram a tona slogans “intoleráveis” como “Morte aos judeus” ou “Hitler tinha razão”.

Para Le Monde, há 15 ou 20 anos, esse tipo de violência erra inadmissível, mas atualmente, ela não é “excepcional”. “É o novo antissemitismo banalizado, normalizado, geralmente expressado por uma parte da população muçulmana ou por seguidores de extrema direita”, publica.

O jornal acredita que é compreensível que o conflito israelo-palestino sensibilize particularmente os muçulmanos e os judeus franceses, suscitando uma solidariedade natural. Mas que “essa maneira mecânica de se alinhar sem nuances sobre o conflito” mostra que o “antissionismo nada mais é que a face escondida do antissemitismo”.

Franceses a favor da proibição

Uma pesquisa divulgada hoje pelo Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop) para o jornal Le Figaro, aponta que 62% dos franceses são a favor da proibição das manifestações. Para o público entrevistado, os protestos geram atos violentos.

“Esperamos pela nossa bomba”, relatam moradores de Gaza

Centenas de famílias palestinas fugiram depois de Israel ter intensificado seus ataques aéreos contra alvos do Hamas.

Centenas de famílias palestinas fugiram depois de Israel ter intensificado seus ataques aéreos contra alvos do Hamas.

REUTERS/Finbarr O’Reilly
RFI

Depois de 14 dias da ofensiva militar israelense contra o Hamas na Faixa de Gaza, a população civil é a mais afetada. Segundo a ONU, mais de 100 mil palestinos estão refugiados. E, aos jornalistas da RFI, Nicolas Ropert e Véronique Gaymard, moradores da região relatam o temor constante de novos ataques.
 

 

O dia de segunda-feira e as primeiras horas desta terça-feira (22) foram novamente marcados por ataques. Ontem, cerca de 50 pessoas morreram. O hospital Al-Aqsa, situado ao sul da Faixa de Gaza, foi atingido e quatro pessoas morreram. Um outro prédio residencial também foi alvo de um bombardeio que deixou 11 mortos, sendo 5 crianças.

Entrevistado pela RFI, Anal Charwan, um médico do hospital Al-Shifa, também localizado em Gaza, relata o cotidiano sob os ataques de Israel. “Domingo, muitas pessoas chegaram de Al-Shuja’iyeh, onde havia ataques de mísseis israelenses. Havia muitos mortos, muitos feridos. Não havia mais lugar para ninguém. Nem para os mortos. Os serviços de cirurgia estão cheios. Não temos instrumentos cirúrgicos. Faltam médicos, especialistas em queimaduras e em ferimentos causados por mísseis. No hospital Al-Aqsa, que foi atingido [ontem], havia serviços de cirurgia, de reanimação e de ginecologia. Mas tudo foi destruído”, contou.

“Esperando pela nossa bomba”

No sul de Gaza, em Rafah, nove palestinos da mesma família foram mortos em um ataque aéreo israelense. Islam Adhaïr mora no mesmo bairro com a mãe, a mulher e três filhos. Ele conta sobre o medo diário. « Aqui é horrível porque ficamos sempre à espera da nossa bomba. A bomba que vai destruir a nossa casa. Temos problemas de infraestrutura, como esgoto, e problemas de abastecimento de água e de eletricidade. Temos apenas quatro horas de eletricidade por dia. Aproveitamos esse tempo para carregar os celulares, ver informações na internet e na televisão », relatou.

Sobre a possibilidade de fugir de Gaza, como já fizeram cerca de 100 mil pessoas, segundo a ONU, Islam Adhaïr responde: “Deixar minha casa para ir para onde? Não há mais lugar nenhum para ir. Não temos abrigo”.

Wahiba, habitante de Gaza, também diz que todos estão aterrorizados: ” Há bombardeios 24 horas por dia. Vivemos num quarto nos fundos do apartamento. Para nós, esse é o lugar mais seguro. Mas nada é seguro diante dos bombardeios de Israel. Eu e meus filhos dormimos 3 horas por noite. Não podemos sair de casa.O medo não faz parte da nossa vida, o medo é a nossa vida atualmente”, disse à RFI.

 

Medo em Israel

Do lado israelense, a ofensiva também deixa mortos. Segundo o exército, 27 soldados morreram desde o começo do conflito. O deputado Shimon Salomon esteve na cerimônia fúnebre dos militares e lamentou o confronto em Gaza. “Queremos a paz. Estamos tocados [pelo sofrimento] da população, mas o Hamas usa os civis como escudos humanos. Há dez anos, eles nos lançam mísseis. Somos a favor de um cessar-fogo, mas, do outro lado, eles não querem”.

Enquanto um cessar-fogo definitivo não é acertado, os esforços diplomáticos se concentram no Egito. No Cairo, o secretário-geral da ONU, Ban ki-Moon e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, se reuniram ontem à noite. Ao término do encontro, Kerry anunciou uma ajuda de US$ 47 milhões (R$ 104 milhões) para os moradores de Gaza.

Mais de 60 palestinos morrem e 200 ficam feridos em ataque israelense na periferia de Gaza

Vista da periferia de Gaza após o violento ataque do exército israelense neste domingo (20) contra o bairro de Shajaya.

Vista da periferia de Gaza após o violento ataque do exército israelense neste domingo (20) contra o bairro de Shajaya.

REUTERS/Mohammed Salem
RFI

Pelo menos 60 palestinos morreram e mais de 200 ficaram feridos na manhã deste domingo (20) em ataques do exército israelense na periferia de Gaza. No começo da tarde, um bombardeio no sul da região deixou mais cinco mortos. De acordo com os serviços de socorro, 425 palestinos morreram e cerca de 3 mil ficaram feridos durante os 13 dias de ofensiva israelense.

 

O ataque deste domingo é o pior desde que Israel deu início à operação Limite Protetor na Faixa de Gaza, há 13 dias. Ao menos 60 palestinos morreram no ataque do exército israelense no bairro Shajaya, na periferia de Gaza hoje. De acordo com fontes médicas, o filho, a nora e os dois netos de um alto responsável do movimento radical Hamas, Khalil al-Hayya, morreram na ofensiva.

Durante o ataque, milhares de moradores em pânico fugiram do bairro como puderam, a pé, de carro ou mesmo empilhando-se em caçambas de caminhões. Muitos feridos se dirigiram diretamente ao hospital Chifa de Gaza, que em poucos minutos foi invadido por centenas de pessoas feridas. Idosos contaram aos jornalistas no local que este foi o ataque mais violento que viveram desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Interrogada sobre a violenta ofensiva, uma porta-voz dos militares respondeu que os palestinos de Shajaya haviam sido avisados há dois dias por Israel para deixarem suas casas e se protegerem em abrigos. Mas o Hamas pediu que as ordens de evacuação fossem ignoradas.

Bombardeio no sul

Um bombardeio no início desta tarde em Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza, matou mais cinco palestinos. Três pessoas de uma mesma família, entre elas, uma mulher de 33 anos e um garoto de 12 anos, estão entre as vítimas. Intensos ataques também foram registrados no leste da cidade de Gaza e em Jabaliya, no norte.

O porta-voz do serviço de urgências medicais da Faixa de Gaza, Achraf al-Qodra, disse esperar que o número de vítimas aumente neste domingo. “A maioria das pessoas mortas e feridas até o momento são civis”, informou, contabilizando mais de 3 mil feridos nos últimos 13 dias.

Do lado de Israel, sete pessoas morreram desde o início da ofensiva, no dia 8 de julho: dois civis e cinco soldados.

Trégua humanitária

Após os violentos ataques em Shajaya, a Cruz Vermelha fez um pedido de trégua a Israel e ao Hamas, que aceitaram pausar a ofensiva na região durante duas horas, entre 13h30 e 15h30 locais. No entanto, o cessar-fogo não durou o tempo previsto e o exército israelense deu seqüência aos ataques argumentando que o Hamas não respeitou o acordo.

No plano diplomático, os esforços que envolvem especialmente o Egito, o Qatar, a França e a ONU não obtiveram nenhum resultado nos últimos dias.

Neste domingo, o presidente palestino Mahmoud Abbas se encontra com o chefe do Hamas no exílio, Khaled Mechaal, no Qatar. Logo depois, Abbas se reúne também com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

Ontem (19), o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, encontrou o premiê israelense Benjamin Netanyahu, após participar de reuniões sobre a questão israelo-palestina no Egito e na Jordânia. Decepcionado, após o encontro com Netanyahu, Fabius declarou: “Neste momento, a sensação que paira é que os pedidos para um cessar-fogo não estão sendo considerados e que há um risco ainda maior que civis morram nos próximos dias, e isso nos assusta muito”.

Ataques israelenses matam quatro crianças em praia de Gaza

Ataques aéreos israelenses matam quatro crianças em praia de Gaza.

Ataques aéreos israelenses matam quatro crianças em praia de Gaza.

REUTERS/Mohammed Salem

Dois morteiros israelenses atingiram um grupo de crianças na tarde desta quarta-feira (16), em uma praia de Gaza, diante dos olhos de vários jornalistas. Quatro menores, com idades entre 9 e 11 anos, todos primos, morreram. Pelo menos cinco outras crianças ficaram feridas.

 

Os ataques aconteceram em um porto pesqueiro. Assustadas com as bombas, as crianças, várias ensanguentadas e queimadas, saíram em direção a um hotel perto da praia, onde jornalistas estão hospedados. Um responsável pelos serviços médicos de emergência em Gaza confirmou quatro mortes e quatro feridos à Agência France Presse.

Os corpos dos meninos foram entregues às famílias e encaminhados, em seguida, a uma mesquita da vizinhança. Depois, os meninos foram enterrados com bandeiras amarelas do Fatah, o movimento nacionalista do presidente Mahmoud Abbas. Questionado, o exército israelense não se manifestou.

Os ataques israelenses já fizeram 220 mortos entre os palestinos desde o início da operação “Limite Protetor”, no dia 8 de julho, segundo os serviços palestinos de emergência médica. A maioria das vítimas são civis, incluindo dezenas de mulheres e crianças, de acordo com a ONU e ONGs humanitárias.

Paralelamente, grupos armados de Gaza já lançaram cerca de 1.200 foguetes contra Israel, matando um civil.

Protesto em Paris

Centenas de pessoas se reuniram no final da tarde na praça dos Inválidos, em Paris, para protestar contra a violência em Gaza. A manifestação foi organizada pelo Coletivo nacional por uma paz justa e durável entre palestinos e israelenses.

A iniciativa teve apoio do sindicato CGT, do partido Frente de Esquerda e dos ecologistas. Os manifestantes denunciaram a “passividade” dos governos, enquanto os bombardeios contra Gaza aumentam em intensidade.