A polícia estima que a quadrilha tenha movimentado até R$ 200 milhões com a venda a preços exorbitantes
O DIA|ATHOS MOURA
Rio – Onze pessoas foram presas acusadas de envolvimento com uma quadrilha de cambismo que estava revendendo ingressos para a Copa do Mundo nesta terça-feira. Três empresas de turismo foram fechadas e as contas correntes dos envolvidos serão bloqueadas. A operação teve o apoio de agentes de dezenas de delegacias e do Ministério Público.
Com a quadrilha foram apreendidos diversos ingressos da Copa do Mundo, assim com dinheiro, passaportes e aparelhos celulares
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
De acordo com o delegado da 18ª DP (Praça da Bandeira), Fábio Baruke, o chefe do bando é um francês de origem argelina identificado como Mohamadou Lamine Sofana, de 57 anos. Segundo as investigações, este seria o quarto Mundial que o grupo agia. A polícia estima que a quadrilha tenha movimentado até R$ 200 milhões com a venda a preços exorbitantes. O valor do ingresso estava alternando à medida que o Brasil se aproximava da final da Copa, podendo chegar até R$ 35 mil.
Segundo a polícia, a quadrilha conseguia os ingressos através de cortesias e ONGs. Todos os ingressos eram legais. E a valorização era de 200 a 1000%. O grupo conseguia vender até R$ 700 mil por cada lote de ingresso.
Os acusados foram presos nesta terça-feira no Rio de Janeiro e também em São Paulo
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
A Civil também está investigando algum funcionário da Fifa para apurar se alguém liberava os ingressos para o chefe da quadrilha. Mohamadou Lamine Sofana estava no Brasil só para a Copa do Mundo. Ele mora em Dubai e seu escritório fica na Suíça.
“Outras sete pessoas já foram identificadas, mas falta descobrir o nome para que elas sejam presas”, disse Baruke, que dará prosseguimento nas investigações.
Três estrangeiros presos no sábado
Policiais da 12ª DP (Copacabana) prenderam, no último sábado, os americanos Brian Jack Peters e Roy Richard Beard, e a italiana Rafaella Cinti pelos crimes de formação dequadrilha e cambismo. Segundo os agentes,uma equipe foi ao Hotel Merlin, em Copacabana, na Zona Sul, checar uma denúncia anônima e encontraram aproximadamente 200 ingressos para jogos da Copa do Mundo.
Estrangeiros foram presos pelos crimes de formação de quadrilha e cambismo
Foto: Divulgação
As entradas, no valor de 175 dólares, estavam sendo negociadas pela internet e vendidas por 1.172 dólares. No local foram apreendidos 10 mil dólares americanos, 750 dólares australianos e 160 Euros. A prisão em flagrante foi convertida em preventiva.
Oscar Tabárez não respondeu a nenhuma pergunta na coletiva pré-jogo desta sexta-feira e usou o tempo apenas para fazer uma declaração em defesa do atacante expulso da Copa
IG
Rio – Na véspera do confronto com a Colômbia pelas oitavas de final da Copa do Mundo, o técnico Óscar Tabárez deixou o jogo de lado em sua entrevista coletiva na noite desta sexta-feira, no estádio do Maracanã. O comandante do Uruguai não respondeu nenhum pergunta da imprensa internacional e fez apenas uma declaração em defesa de Luis Suárez.
Óscar Tabárez mostra solidariedade a Suárez ao renunciar a cargo na Fifa
Foto: Efe
Conhecido como “maestro” no meio do futebol, Tabárez reconheceu o erro de seu comandado, mas afirmou ter ficado surpreso com a punição excessivamente rigorosa de 9 jogos mais 4 meses de suspensão. Ele disse considerar a decisão uma estratégia da Fifa para usar Suárez como bode expiatório e, por isso, renunciou a seu cargo em um grupo de estudos técnicos da entidade.
“Sinto agora que devo abandonar esse cargo. Não é inteligente nem sequer prudente estar em uma organização em que as pessoas, pressionadas pela opinião midiática, tomam uma decisão com valores tão diferentes dos meus. Nos próximos dias apresentarei minha renúncia a esse cargo de acordo com os procedimentos formais”, afirmou.
No final de seu discurso, Tabárez mandou um recado a Suárez, dizendo que o atacante terá um difícil recomeço, “mas saiba que nunca estará sozinho”. Aos torcedores uruguaios, o treinador reconheceu que seu time está comovido com o castigo aplicado a seu maior astro e saberá usar isso a seu favor.
“Estamos feridos, mas com uma força incrível e uma grande rebeldia. No jogo de amanhã, mais que nunca, faremos o melhor que pudermos”, finalizou.
FIFA aplica castigo pesado ao avançado uruguaio, que não joga mais no Mundial 2014 e estará banido do futebol durante quatro meses.
Joseph Blatter, presidente da FIFA, anunciou nesta quinta-feira um pesado castigo a Luis Suárez, por ter mordido Chiellini no jogo entre Itália e Uruguai, na fase de grupos do Mundial 2014.
Em conferência de imprensa, no Maracanã, Blatter confirmou que Suárez foi suspenso por nove jogos internacionais oficiais pelo Uruguai, terminando assim a sua participação no Mundial 2014.
Além disso, Suárez foi banido durante quatro meses de qualquer atividade relacionada com o futebol. Quer isto dizer que, até ao final de outubro, não poderá jogar pelo Liverpool e fica, assim, invalidada a possibilidade de ser transferido para outro clube no mercado de verão.
Diário de Notícias|Portugal|Octávio Lousada OliveiraHoje
Organismo que tutela o futebol mundial diz que a partida vai realizar-se na mesma, apesar de grande parte da cidade estar inundada.
Chegou a escrever-se que o EUA-Alemanha desta quinta-feira estaria em causa devido à chuva intensa que se tem feito sentir em Recife, mas a FIFA já garantiu que o encontro vai mesmo realizar-se, apesar de os acessos ao Arena de Pernambuco estarem, na sua maioria, inundados e de o relvado poder não estar nas melhores condições.
Segundo o organismo que tutela o futebol mundial, o adiamento do encontro entre norte-americanos e germânicos condicionaria também a realização do Portugal-Gana e levantaria diversos problemas “logísticos e administrativos”.
As duas partidas que decidem as equipas do grupo G que seguem para os oitavos de final estão marcadas para as 17.00 (hora de Lisboa).
Atacante uruguaio pode ser suspenso e desfalcar a equipe nas oitavas
Fifa abre processo contra Suárez após mordida em zagueiro italiano Crédito: Javier Soriano / AFP / CP
A Fifa emitiu um comunicado no início da madrugada desta quarta divulgando ter aberto um processo disciplinar contra o atacante do Uruguai, Luis Suárez, que deu uma mordida no zagueiro Giorgio Chellini, da Itália, em duelo desta terça, na Arena das Dunas, em Natal (RN), válido pela última rodada da primeira fase do Grupo D da Copa do Mundo. A vitória por 1 a 0 classificou os uruguaios às oitavas de final diante da Colômbia e acabou eliminando os italianos do torneio.
De acordo com a entidade máxima do futebol, o camisa 9 celeste aparentemente violou os artigos 48 (má conduta contra oponentes ou um oficial da partida) ou 57 (comportamento ofensivo e falta de fairplay) do Código Disciplinar da Fifa. O jogador e a Associação Uruguaia de Futebol têm de apresentar um defesa até às 17h desta quarta-feira. Se for punido, Suárez pode ser desfalque do Uruguai no duelo de oitavas de final contra a Colômbia, que será disputado no próximo dia 28, no Maracanã.
O comunicado ainda lembra que o Comitê Disciplinar da entidade é responsável por punir sérias infrações que tenham fugido do árbitro durante a partida. No caso de Suárez, o árbitro mexicano Marco Rodriguez não deu nem sequer cartão amarelo para o jogador.
Suárez teve um dia ruim contra a Itália, em que quase nada em campo deu certo. Após o jogo, ele comentou brevemente o caso polêmico e afirmou que foi um “lance de jogo”. Zagueiro e capitão do Uruguai, Diego Lugano afirmou que o companheiro não deu uma mordida e disparou contra Chiellini, quem acusou de ser “caguete” na zona mista da Arena das Dunas. Ele ainda cobrou o italiano para ser mais homem e assimilar a derrota.
Marco Polo del Nero, presidente eleito da CBF, e os demais dirigentes da Fifa se deram um aumento de 100% em suas remunerações no início do ano, passando a receber mais de R$ 440 mil por ano para estar presente a cada dois meses às reuniões da entidade em Zurique. As informações são do jornal britânico Sunday Times, que publica neste domingo mais uma leva de documentos secretos da entidade que comanda o futebol mundial.
Marco Polo del Nero é um dos dirigentes beneficiados
Os cartolas do Comitê Executivo da entidade aprovaram o aumento depois que a auditoria da Fifa chegou à constatação de que os dirigentes não deveriam receber bônus pela Fifa, já que não faziam parte da estrutura que fechava acordos comerciais.
Com a redução dos privilégios, anunciada em dezembro na Costa do Sauipe, palco do sorteio dos grupos da Copa de 2014, e que entrou em vigor em 2014, a decisão dos dirigentes foi a de promover um aumento do valor que a entidade os concede a cada ano pelos trabalhos prestados. Os benefícios passaram de US$ 100 mil por ano para US$ 200 mil, sem contar com as viagens de luxo, hotéis 5 estrelas e privilégios por onde passam.
No Rio, neste período de disputa do Mundial, os cartolas estão hospedados no Copacabana Palace e Joseph Blatter, presidente da entidade, exigiu um tratamento equivalente a de um “dignatário”.
O Comitê Executivo da Fifa é formado por 24 cartolas das diferentes regiões do mundo e que tomam as principais decisões do futebol mundial. O assento brasileiro no organismo por anos foi por ocupado por Ricardo Teixeira. Mas, quando o dirigente deixou a CBF, ele também deixou vago seu lugar e Del Nero acabou ocupando o cargo.
A Fifa nunca esteve tão rica como agora. A Copa do Mundo no Brasil gerou uma renda recorde de US$ 4,5 bilhões para a entidade. Em apenas dez anos, o organismo triplicou o salário pago a seus 400 funcionários e cartolas, ultrapassando a marca de US$ 100 milhões. O salário de Joseph Blatter, presidente da Fifa, é mantido em sigilo.
DIREÇÃO – Segundo ainda o Sunday Times, cargos de diretores da entidade ganhariam cerca de R$ 2 milhões por ano (ou aproximadamente US$ 900 mil). Isso incluiria posições como a de Jérôme Valcke, secretário-geral, ou Thierry Weil, diretor de marketing.
Vinícius Lisboa – Repórter da Agência Brasil Edição: Andréa Quintiere
A organização não governamental (ONG) Rio de Paz fez hoje (21) um protesto na Praia de Copacabana em que deu “cartões vermelhos” para a Fifa, cobrando maior contrapartida social na Copa do Mundo. A ONG critica isenções de impostos dadas à entidade que representa o futebol internacional e afirma que o valor desses impostos não pagos chega a R$ 1 bilhão.
ONG Rio de Paz faz ato na Praia de Copacabana e cobra da Fifa mais ações sociaisTomaz Silva/Agência Brasil
“Queremos que ela pegue o dinheiro que pagaria de impostos e invista em quadras esportivas em escolas públicas, por exemplo, ou nas favelas brasileiras. Seria uma forma de dar um retorno ‘padrão Fifa’. A Fifa está manchando sua imagem perante o mundo inteiro”, disse o fundador da ONG, Antônio Carlos Costa.
ONG Rio de Paz dá “cartão vermelho” para a Fifa e critica gastos públicos Tomaz Silva/Agência Brasil
Doze cartões vermelhos com 2 metros de altura foram posicionados na areia da praia, em frente ao Hotel Copacabana Palace, e cerca de 30 pessoas mostravam cartões menores no ato, que, segundo Costa, não é contra a Copa, mas contra o modo como ela foi realizada, com muitos gastos públicos. No protesto, cartazes comparavam os custos dos estádios e das estruturas com hospitais, escolas e o combate à miséria.
“Quem não está lucrando é a democracia brasileira. Na cabeça de milhões de pessoas, a democracia não está mais associada à justiça social e à distribuição de renda, mas associada à proteção dos poderosos. Quando o pobre olha isso, ele diz: ‘a democracia não serve mais para nós’. Isso é péssimo porque ela deveria ser um valor inegociável em toda a sociedade”, criticou.
O Departamento de Imprensa da Fifa respondeu que a entidade depende da renda de uma Copa do Mundo para manter seus projetos de desenvolvimento do futebol ao longo dos quatro anos entre uma Copa e outra e que muitas federações nacionais não conseguiriam se manter sem ajuda financeira. A Fifa também afirma que criou um fundo para o desenvolvimento do futebol no Brasil que terá o valor divulgado depois da Copa do Mundo, mas que, inicialmente, tem a aprovação de 20 milhões de dólares. Entre os 108 programas de desenvolvimento do futebol que apoia em todo o mundo, a Fifa informa que há 26 entidades brasileiras.
Sobre a isenção de impostos, a federação informa que “diz respeito primordialmente à importação de bens (isto é, uniformes para voluntários, frotas de automóveis e ônibus)” e afirma que paga impostos sobre a venda de ingressos e que tem suas subsidiárias tributadas. A federação também paga impostos à Suíça, onde fica sua sede.
Encastelados em um centro de convenções na zona sul de São Paulo, dirigentes do futebol mundial apoiam Joseph Blatter às vésperas da Copa mais controversa da história
A Copa do Mundo está em todas as partes e, pelo planeta, milhões de pessoas aguardam com ansiedade o início do torneio hoje. Mas existe um lugar onde o futebol não é discutido e sequer tem credencial para entrar: no Congresso da Fifa. Em uma mistura de caudilhismo, coronéis, feudos europeus, monarquias asiáticas e clãs africanos, o evento anual da entidade é o retrato de uma organização bilionária, mas falida moralmente.
209 federações nacionais se reuniram nos últimos dois dias no Transamérica Expo Center, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, em um encontro que explicitou a guerra pelo poder dentro da Fifa e escancarou manobras para comprar votos e ganhar aliados. Tudo graças ao sequestro da emoção de milhões de garotos e famílias pelo mundo que dão parte de seu dinheiro ao futebol.
No centro do debate nesta semana estava a permanência de Joseph Blatter como presidente da organização, um cargo que ele ocupa desde 1998. Na Fifa, ele já está desde 1975. Mas sua avaliação é de que sua missão “ainda não acabou”.
Nos dias que antecederam o Congresso, ele fez o que qualquer político faria: percorreu seus currais eleitorais, fez promessas, apertou mãos, sorriu para câmeras e criticou a oposição. Uma aula para qualquer iniciante e mesmo alguns dos políticos mais experimentados.
Para as organizações regionais pequenas, prometeu que vai estudar novos lugares para as seleções na Copa do Mundo, cargos na Fifa e programas sociais, numa espécie de assistencialismo com direito à retribuições em votos. Aos cartolas africanos, prometeu atacar o racismo e, para os asiáticos, insistiu em dar um lugar especial para a questão palestina.
Mas Blatter teve uma surpresa. Ao se reunir com as federações europeias, não apenas não ganhou o apoio da Uefa como foi fortemente questionado sobre os diversos escândalos de corrupção e sobre suas intenções de se perpetuar no comando da Fifa. O último escânalo gira em torno de denúncias que dirigentes teriam recebido dinheiro para escolher o Catar como sede da Copa de 2012.
“Nunca fui tão desrespeitado”, declarou Blatter, pouco acostumado a ser pressionado ou ser exigido a dar explicações. Para os europeus, havia chegado a hora de dar um basta no “reinado” de Blatter, e não foram poucos os que acusaram de “não ter a capacidade de lidar com a corrupção”. Mas o golpe dos europeus duraria apenas algumas horas. Hábil e acionando sua rede de aliados, Blatter fez questão de mostrar quem é que manda na entidade.
Uma nova Fifa, uma nova Era
O primeiro passo do contra-golpe foi organizar o pagamento do que equivale a uma “propina oficial”. Logo no início do Congresso – que contou com a cicerone Fernanda Lima apresentando o suiço como “o homem que guiou a Fifa com sucesso desde 1998″ – Blatter fez questão de anunciar que estava usando parte da receita da Copa do Mundo no Brasil, a mais lucrativa da história, para repartir bônus a todas as federações nacionais. No total, o cartola usou US$ 200 milhões para ganhar aliados. “Nunca estivemos tão ricos e tão fortes como agora”, declarou.
Cada dirigente saiu de São Paulo com US$ 700 mil a mais no bolso. Se o valor não seria significativo para um alemão ou inglês, o dinheiro fez delegações menores ovacionarem o “grande líder”. “Vocês estão felizes?”, gritava de seu púlpito o dirigente suíço.
A distribuição do “presente” não era por acaso. Momentos depois, surgiria na pauta do Congresso a proposta da Europa de limitar o mandato do presidente da Fifa. A Uefa queria estabelecer uma idade máxima de 72 anos para que um dirigente pudesse ser eleito. Os europeus ainda propunham uma lei que limitava os mandatos a apenas oito anos.
Para Blatter seria desastroso se qualquer uma das propostas fosse aprovada. O dirigente de 78 anos estaria fora do “limite” e teria de deixar sua cadeira em Zurique para um sucessor. O limite no número de mandatos também não agradava
Afinal, são poucos no Comitê Executivo da Fifa que têm qualquer intenção de aceitar princípios de alternância de poder. Blatter, uma vez mais, cobrou a aliança dos pequenos países em torno de seus votos para derrubar o projeto europeu.
Assim, antes da votação, uma sequência de dirigentes pedia a palavra para apoiar Blatter. Todos vindos de federações com pesos insignificantes no futebol.
O primeiro foi o presidente da Federação de Futebol de Cuba, Luis Hernandez. Vindo de um país cujos líderes se perpetuam no poder, o cartola pediu ao Congresso que não aderissem à onda democrática. “Cuba considera o limite como discriminatório”, declarou. “O que importa é a capacidade de trabalho. Sua capacidade física é importante. Mas sua liderança e moral é o mais relevante”, disse. “Ninguém troca um jogador por idade se ele vai bem. Ninguém troca um treinador e nem o presidente da Fifa quando ela é vencedora”, afirmou.
Quem também saiu em apoio a Blatter foi a delegação do Haiti, país que recebeu dinheiro da Fifa durante anos. “Seria uma discriminação catastrófica”, declarou Yves Bart, presidente da Federação haitiana. Omari Selemani, presidente da Federação do Congo, Sri Lanka e Palestina, também sairam em apoio ao cartola.
Quando seus aliados acabaram de falar, Blatter cortou o papo e pediu que a votação fosse iniciada. No momento de apurar o resultado, nenhuma surpresa: as propostas feitas pelos europeus para reformar a Fifa e permitir uma mudança de geração no comando da entidade foram enterradas. E os dirigentes comemoraram como se tivessem feito um gol.
Enquanto uma vez mais a Fifa mostrava sua cara, as aberrações eram em parte encobertas por salas elegantes do centro de convenções que ocupa 100 mil metros quadrados, ao redor dos quais o trânsito era desviado pela CET para evitar protestos. E pelos dirigentes com seus ternos impecáveis, carros de luxo e uma proteção equivalente a de chefes de estado. Nos corredores, eles repetiam um comportamento de um clã que deve poucas explicações ao mundo. Questionamentos são tratados como traições. Aliados ganham beijos. E a ordem de todos é a de não falar a palavra maldita: corrupção.
Nesta semana, o presidente da Fifa ainda teve de substituir um de seus membros do Comitê Jurídico da Fifa. O motivo: o cartola havia sido preso em seu país de origem, a Nova Caledonia.
Ao final do encontro, sem qualquer pudor, Blatter anunciouque ele conduziria a “nova Fifa” a uma “nova era”, e pediu votos para as eleições, que ocorrem em 2015. Seria o quinto mandato do suiço. Quando foi questionado por um jornalista como ele teria coragem de fazer tal declaração, depois de estar 39 anos na entidade, recusou-se a dar uma resposta.
Hoje, quando a Copa do Mundo começar, o mundo volta a fixar seus olhos no espetáculo do futebol, no campo e nos gols. Nas arquibancadas de mármore do Itaquerão, Blatter e seus aliados, mas também a oposição, voltam a se unir para mostrar a influência de um grupo que não passaria em qualquer exame de credibilidade, mas que controla o esporte mais democrático do mundo.
“Hoje, a maior ameaça para a Fifa são seus próprios dirigentes”, disse Domenico Scala, o chefe do grupo de auditoria independente da Fifa, visivelmente frustrado diante do resultado.
“A Fifa age como uma família mafiosa, com uma tradição de décadas de propinas e corrupção”, completou ontem Lord Triesman, ex-presidente da Federação Inglesa de Futebol.
Organismo que tutela o futebol mundial considera que a tarja exibida durante o jogo particular com a Eslovénia, na qual se lia “As Malvinas são argentinas”, viola os regulamentos disciplinares.
O Comité Disciplinar da FIFA abriu um processo disciplinar à Associação de Futebol Argentino (AFA), devido a um incidente ocorrido no jogo particular frente à Eslovénia, no dia 7 de junho, na localidade de La Plata.
“Antes do encontro, membros da seleção nacional da Argentina seguraram uma tarja com a inscrição ‘As Malvinas são argentinas'”, lê-se no site oficial do organismo que tutela o futebol mundial, que acrescenta que o procedimento disciplinar se baseia nos artigos referentes à prevenção ou provação e ações agressivas, dos regulamentos de estádios e segurança do organismo, e ao mau comportamento das equipas, do seu código disciplinar.
De acordo com o comunicado da FIFA, os responsáveis federativos da Argentina foram convidados a fundamentar a sua posição junto do Comité Disciplinar.
As Malvinas são um território ultramarino britânico, situado no sul do Atlântico, mas a soberania do arquipélago é reclamada há várias décadas pela Argentina.
Apesar de ter comprado ingresso para o evento, parte do público gritou palavras contra a presidenta e a entidade
O DIA
São Paulo – A falta de discurso não evitou que as vaias rolassem no Itaquerão, em São Paulo, durante a abertura da Copa do Mundo. Pouco antes do momento previsto para a homenagem aos operários que trabalharam nas obras dos 12 estádios que serão palco das partidas do Mundial, a presidenta Dilma Rousseff foi alvo de xingamentos de parte do público.
Os torcedores gritaram palavrões direcionados à presidenta. O mesmo público também xingou a Fifa, apesar de tere comprado os ingressos do evento organizado pela entidade.
As vaias surgiram da parte superior da arquibancada Norte, onde ficam as pessoas que compraram os ingressos mais baratos da partida. Depois, outros torcedores de diversos pontos do estádio continuaram.
Dilma e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, já haviam sido vaiados durante a festa de abertura da Copa das Confederações, em Brasília.
noticias gerais e, especificamente, do bairro do Brás, principalmente do comércio