Arquivo da tag: imprevidência

Falta d’água em São Paulo muda cotidiano de famílias afetadas

 
Sabesp nega que exista racionamento ou restrição de consumo de água nos municípios.

Sabesp nega que exista racionamento ou restrição de consumo de água nos municípios.

Flickr/ Creative Commons

A população reclama da falta d’água, mas o governo do Estado de São Paulo nega que exista racionamento. Entre a estiagem recorde e a falta de planejamento público para evitar o problema, a crise no abastecimento de água assusta quem mora na cidade e também quem pretendia se instalar na capital paulista.

Rhossane Lemos, colaboração especial para RFI

Desde o ano passado não chove o suficiente em São Paulo para repor o nível da água dos mananciais que abastecem a população. O sistema Cantareira, formado por 5 reservatórios, mais perece um deserto nos últimos dias. Ele garantia água para cerca de 9 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo e nessa segunda-feira (28) o volume útil não ultrapassava a marca dos 8%. A SABESP, fornecedora de água do estado, recorre ao volume morto, uma reserva técnica de água que é acionada em casos de urgência. A companhia também foi obrigada a buscar água em outros sistemas como o Alto Tietê e o Gurapiranga.

A população convive há mais de um mês com racionamentos que chegam a até 21 horas de corte. Na casa da diarista Rosa Cardoso, em Diadema, ABC Paulista, não tem água nos fins de semana. “Eles cortam a água na sexta-feira e voltam a ligar na madrugada de segunda. Na casa da minha filha é ainda pior, porque falta água durante a semana também”, conta ela. Para garantir o abastecimento, a Sabesp conta atualmente com outros sistemas de captação de água e espera as chuvas anunciadas pelo fenômeno climático El Niño.

Crise da água altera projetos de vida

O administrador de empresas Raymundo de Freitas Junior conta que o prédio onde mora já é ambientalmente responsável, e eles aproveitam, por exemplo, a água da chuva. Mas mesmo assim, se a crise no abastecimento de água se agravar, Raymundo considera a possibilidade de mudar de cidade.
“Pessoalmente eu fico chateado porque estamos nos sacrificando cada vez mais na utilização consciente da água tratada, mas 40% da água é desperdiçada em encanamentos. Para apurar uma denúncia de vazamento, por exemplo, a empresa demora de 20 a 22 horas. Então, em último caso eu me mudaria de São Paulo, porque não dá para viver sem água”, desabafa Freitas.

A fotógrafa Isabelli Neri e o artista plástico Ari Vicentini tinham planos de mudar de Curitiba para morar em São Paulo até o final desse ano. Lá, eles têm perspectivas profissionais mais interessantes por conta da região ser um centro cultural efervescente. Mas o casal decidiu adiar a mudança por medo de ter que enfrentar racionamentos com o filho pequeno. “Não posso dizer que vou mudar para São Paulo nessa semana ou no próximo mês, sabendo que logo posso passar por uma situação extremamente ruim. Eu não quero passar por situações assim com meu filho de dois anos. É preciso pensar na questão ambiental em São Paulo para resguardar a qualidade de vida do paulista”, afirma ela, temerosa.

Sabesp nega crise no abastecimento de água

A assessoria de imprensa da Sabesp enviou uma nota a Rádio França Internacional em que afirma não existir rodízio, racionamento ou restrição de consumo de água em nenhum dos 364 municípios operados pela empresa no Estado de São Paulo. Ainda segundo a nota, a Sabesp vai garantir o abastecimento de água na Região Metropolitana de São Paulo até meados de março de 2015. A empresa acredita que, com a volta do período chuvoso na região, que inicia em outubro, os níveis de armazenamento dos sistemas que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo devem voltar à normalidade.

 
Captura vídeo da barragem do sistema Cantareira.

globo.com

Depois do Cantareira, estiagem agora ameaça Alto Tietê

Estadão Conteúdo

Considerada a solução emergencial mais eficiente para suprir a crise do Sistema Cantareira, a transferência de água de outros mananciais para socorrer bairros da capital está delineando um novo cenário crítico no segundo maior sistema da Grande São Paulo. Com seu pior nível pré-inverno em dez anos, o Alto Tietê – que abastece 4 milhões de habitantes – registra queda diária com a mesma velocidade do Cantareira e corre o risco de secar ainda neste ano, segundo estimativa de especialista na bacia hidrográfica.
 
Desde fevereiro, quando a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) passou a remanejar água dos Sistemas Alto Tietê e Guarapiranga para cerca de 1,6 milhão de pessoas que eram atendidas pelo Cantareira, o Alto Tietê perdeu 15,4 pontos porcentuais, chegando a 29% da capacidade na sexta-feira. No período, o Cantareira caiu 16,2 pontos e estava com 23,3% de armazenamento anteontem por causa do uso do “volume morto”. Apenas o Guarapiranga subiu, graças às chuvas de março.
 
Os dados da Sabesp mostram que não foram só os reservatórios do Cantareira que sofreram com a falta de chuva no verão. Nas cinco represas do Alto Tietê, distribuídas entre Suzano e Salesópolis, região leste da Grande São Paulo, o índice pluviométrico também ficou mais de 30% abaixo da média histórica entre fevereiro e maio. Enquanto reduziu a retirada de água do Cantareira em quase 10 mil litros por segundo, porém, a Sabesp manteve a produção de 15 mil litros do Alto Tietê e pretende avançar mais com a produção do sistema na capital.
 
“Estamos perdendo por dia 12 mil litros por segundo. Se continuar assim, o volume do Alto Tietê acaba em 150 dias e, pelo que sei, aqui não temos volume morto significativo para explorar. Estamos indo para o brejo do mesmo jeito e ninguém fala nada”, afirma o engenheiro José Roberto Kachel dos Santos, membro do Comitê da Bacia do Alto Tietê. Temendo o agravamento da situação, o grupo decidiu criar uma Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico semelhante ao grupo anticrise que acompanha a estiagem do Cantareira.

Crise no Sistema Cantareira é discutida por organizações não governamentais

Agência Brasil

N/A

Crise foi classificada como a pior do sistema

A Rede Nossa São Paulo, o Programa Cidades Sustentáveis, o Instituto Ethos e o Instituto Socioambiental (ISA) divulgaram nesta terça-feira um manifesto pedindo maior transparência na discussão sobre o abastecimento de água da capital paulista e região metropolitana de São Paulo. O documento foi divulgado durante um debate sobre a crise do Sistema Cantareira, que abordou os desafios e possíveis soluções para o problema do baixo nível de água nos reservatórios.

No texto, o grupo reivindica transparência total nos dados relativos à geração elétrica, com detalhamento de fontes e medidas que serão adotadas para manutenção do abastecimento, de forma que a sociedade fique informada sobre a real condição do sistema. Pede ainda a criação de uma comissão formada por representantes da academia, das empresas, da sociedade civil e de secretarias de governo.

A ideia é que o colegiado discuta estrategicamente o futuro da matriz energética brasileira e a contribuição de diversos setores para seu desempenho, além de debater ações de curto, médio e longo prazo para evitar situações semelhantes no futuro. A carta será entregue ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e à presidenta Dilma Rousseff.

O coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis, Maurício Broinizi, disse que o debate pretende mostrar que o Sudeste não pode depender exclusivamente das chuvas para abastecer os reservatórios de água que servem a região. “Nós precisamos proteger esses recursos naturais e a produção da água. Precisamos urgente de um programa de proteção às nascentes, de recuperação das matas ciliares e ao mesmo tempo, na cidade, de inverter a cultura do desperdício”.

O promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial e Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público, Rodrigo Sanches Garcia, explicou que o órgão vem acompanhando a renovação da outorga do Sistema Cantareira, feita há dez anos e com vencimento previsto para agosto deste ano. “Desde junho do ano passado acompanhamos as negociações de renovação. De dezembro para cá começaram a ser divulgadas as informações de que o balanço hídrico está muito baixo e que isso poderia levar a uma crise do sistema”.

Sanches informou que o Gaema fez, em fevereiro, uma recomendação para que o volume de água  extraído fosse diminuído, o que não foi atendido e levou à piora da crise. “Em março, houve uma redução, mas ainda não suficiente. O que questionamos é por que não houve uma redução lá atrás quando poderia preservar o sistema por mais tempo. Era possível fazer uma redução em janeiro”, avaliou.

O presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, disse que as pessoas têm se preocupado com a possibilidade de falta de água durante a Copa do Mundo que começa daqui a poucos dias, mas que o problema principal pode não ocorrer no próximo mês, mas daqui a pelo menos quatro meses quando o Mundial já tiver terminado. “Nossa preocupação é com nossa população, com nossa situação nas cidades, no Sudeste. Por que o governo não usa seu poder de convocação, de diálogo para discutir, conscientizar? As transformações vêm daí. E esse problema não é desse ano, isso poderia ter sido enfrentado de outra maneira”.

A colaboradora do ISA, Marússia Whately, classificou a crise do Sistema Cantareira como a pior do sistema e da região e destacou que o problema é resultado de um verão mais seco este ano, mas com influência de outros verões menos chuvosos. “Apesar disso, continuamos tirando a mesma quantidade de água. Outro aspecto que também piora a intensidade da crise é o fato de o Sistema Cantareira ter suas condições naturais muito comprometidas, com 70% da sua área desmatada. Além disso, as áreas de preservação permanente não estão mais com vegetação, coisas que são fundamentais para o ciclo de produção de água.”  

Reserva do Cantareira pode acabar em outubro, diz Sabesp

03/06/2014

São Paulo, 03 – Após incorporar cenários mais pessimistas no plano de emergência para o Sistema Cantareira, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) prevê que a reserva atual do manancial, já incluindo os 182,5 bilhões de litros do “volume morto” que começaram a ser retirados há 19 dias, pode acabar em 27 de outubro.

A estimativa foi divulgada nesta segunda-feira, 02, pelo comitê anticrise que monitora o Cantareira. O cálculo considera uma retirada média de água pela Sabesp de 21,2 mil litros por segundo nos próximos meses e uma vazão afluente (água que chega aos reservatórios) equivalente a 50% da mínima histórica no período. Neste cenário, a capacidade atual do sistema não dura até o fim de novembro, prazo definido como horizonte do plano emergencial.

Pelas contas da Sabesp, se isso acontecer, faltarão 51 bilhões de litros para garantir o abastecimento da Grande São Paulo até 30 de novembro sem a necessidade de adotar racionamento de água generalizado. Há informações de que a companhia já pediu aos órgãos gestores, a Agência Nacional de Águas e o Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), autorização para retirar mais 100 bilhões de litros do “volume morto”, que nunca havia sido usado pela Sabesp antes da crise atual – oficialmente, a empresa não confirma a informação.

O presidente da ANA, Vicente Andreu, já se manifestou contrário ao pleito da Sabesp, que comprometeria 70% dos 400 bilhões de litros da reserva profunda. “Nós entendemos que é preciso trabalhar com uma segurança hídrica em função do volume de água afluente. Se chove mais, libera mais. Se chove menos, libera menos”, disse.

A precaução deve-se ao fato de que a situação do Cantareira está pior do que o previsto no cenário mais pessimista da Sabesp. Em maio, por exemplo, a vazão afluente ao manancial foi equivalente a apenas 39% da mínima história deste mês, registrada em 2000. Ou seja, abaixo dos 50% que a Sabesp considerou como o mais desfavorável. Apenas no cenário mais otimista, com afluências mensais iguais às piores da história, é que sobrariam 45 bilhões de litros da atual reserva para dezembro. Por ora, ANA e DAEE diminuíram a vazão liberada para a Sabesp em 4% até o dia 15. São 21,5 mil litros por segundo, volume que a companhia já vinha operando antes.

Sabesp

Em nota, a Sabesp informou que “mantém as projeções iniciais” e diz que o comitê anticrise “obrigou a companhia a apresentar projeções muito mais pessimistas”. “Mas esta não é a posição da Sabesp”, afirma. “É importante anotar que não há qualquer decisão dos reguladores, ANA e DAEE. Trata-se de mera recomendação do GTAG (comitê anticrise).” 

Sabesp compara crise hídrica a tsunami

Presidente justifica que empresa não tem culpa por seca, pois se trata de um fenômeno natural, o mais severo em 84 anos

Agência Estado17:57

A presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, comparou nesta terça-feira, 27, a estiagem histórica do Sistema Cantareira a fenômenos naturais como terremotos e tsunamis. Em entrevista à rádio Estadão, ela afirmou que a população de São Paulo tem compreendido que a crise de abastecimento na Grande São Paulo não é um problema operacional ou de investimento do governo paulista.

“Está havendo um entendimento da população de que não é um problema de operação, não é um problema de investimento. É um problema de escassez de chuva. É um evento extremo. É como se fosse um terremoto no Chile, ou uma enchente no sul da Inglaterra, que aconteceu este ano. Ou até mesmo um tsunami no sudoeste asiático, como acontece sempre”, disse Dilma Pena. Os tsunamis, na realidade, ocorreram no sudeste da Ásia.


“Estamos vivenciando um fenômeno da natureza. Nós temos que entendê-lo. Nós temos que buscar atender a população, e temos que, cada vez mais, nos preparar, tanto os prestadores de serviços essenciais, água, energia, alimentos, quanto do ponto de vista da nossa concepção de vida, nosso conceito de vida. Nós temos que, individualmente, ser cada vez mais poupadores dos recursos da natureza, e a água é um deles. Então, o consumo racional é muito importante”, completou.

Dilma repetiu que a seca do Cantareira é a mais severa dos últimos 84 anos, quando teve início a série histórica de medição. Conforme o Estado revelou no início do mês, um estudo contrato pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) afirma que estiagens críticas como a registrada entre outubro de 2013 e março deste ano no principal manancial paulista só ocorre a cada 3.378 anos.

Multa

A presidente da Sabesp destacou que a companhia já reduziu em 9 mil litros por segundo a retirada de água do Cantareira com o remanejamento de água e a economia de consumo pelo população. Quanto à multa anunciada por Alckmin em abril para quem aumentar o consumo, Dilma disse que ainda não há data definida para implementá-la. “Não temos data para implantar essa tarifa de contingência. Não é nada ilegal”, afirmou. A medida é questionada por órgãos de defesa do consumidor. Segundo eles, a legislação prevê que a multa só pode ser implantada em um cenário de racionamento.

Nível do volume morto da Cantareira segue em queda e atinge 26,4%

18/05/2014 

São Paulo, 18 – O nível do Sistema Cantareira, conjunto de reservatórios de água usados para abastecer oito milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo, continua a diminuir. Conforme a assessoria de imprensa da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o reservatório contabiliza 26,4% da capacidade total neste domingo, 18, queda de 0,1 ponto porcentual na comparação com o nível de 26,5% de ontem. Na sexta-feira estava em 26,7%.

Desde o começo do mês até hoje até às 16h30, o acúmulo de precipitações na região é de 0,7 milímetros. Para o período, a mínima histórica era de 8,8 milímetros de chuva e a média para o mês de maio é de 83,7 milímetros, de acordo com a Sabesp. A página da internet da empresa que contém esses dados está fora do ar por problemas técnicos que, conforme a companhia, devem ser brevemente sanados.

Por conta da falta de chuva, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) autorizou o bombeamento das águas que ficam nos níveis mais profundos das represas, o chamado “volume morto”, desde a última quinta-feira. Por isso, o nível do Sistema, que estava em 8,2% elevou-se para 26,7% na sexta-feira. Esse volume adicional de água já está chegando na casa dos consumidores.

 

Em cidade de SP com racionamento, morador perde emprego por falta de banho Leia mais em: http://zip.net/bqnp4c

Fabiana Marchezi

Do UOL, em Campinas (SP)

O racionamento de água em Valinhos (a 89 km de São Paulo) já afeta o dia a dia dos moradores e a situação pode piorar. A Prefeitura pode estender nas próximas semanas o racionamento de água de 36 horas para 48h semanais, caso a captação da cidade continuem baixos.

Muitos moradores já perderam compromissos importantes por não terem água para tomar banho, como o caso do pedreiro Nelson da Costa, de 51 anos. “É triste essa situação, eu deixei de pegar uma obra porque não tinha como ir conversar com a pessoa todo sujo. Passei o dia inteiro trabalhando em uma outra construção e estava sujo. Não dava pra ir falar com ninguém daquele jeito. Se o tempo sem água aumentar mesmo, nossa situação vai piorar ainda mais. A gente chega do trabalho cansado, sujo e não pode tomar banho”, lamentou.

A filha dele, Daniele da Costa, contou que deixou de ir ao aniversário de 15 anos de uma amiga pelo mesmo problema. “Perdi um festão. O aniversário caiu bem no dia do nosso rodízio. Aí acabei não indo”, disse. A família tem tentado economizar água ao máximo. “Mesmo enchendo a caixa na noite anterior, está bem difícil. Não podemos usar água pra nada. A louça fica toda suja na pia, as plantas estão todas morrendo. Eu tinha bananeira, abacateiro, mangueira, mas está tudo seco. A água que eu bato a roupa no tanquinho, aproveito para lavar os braços e jogar um pouco no chão pra tirar a poeira”, disse o pai.

Ampliar

Falta de chuvas afeta abastecimento de água em São Paulo62 fotos

56 / 62

15.mai.2014 – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), e uma delegação observa água escorrer do reservatório Jaguari, que faz parte do sistema Cantareira, um dos principais no abastecimento da cidade de São Paulo. O governo acionou nesta quinta-feira (15) o conjunto de bombas que darão início à captação de água do “volume morto” do Sistema Cantareira. Alckmin afirmou que essa água é “igual” a que é usada atualmenteLeia mais Rogerio Casemiro/Reuters

Racionamento há três meses

Segundo o Departamento de Água e Esgoto (Daev), a medida tem o objetivo de garantir abastecimento aos moradores no inverno, período típico de estiagem. O racionamento na cidade começou há mais de três meses.

Neste período, Valinhos reduziu a oferta diária de água em 7 milhões de litros, o que gerou economia de 679 milhões de litros, volume suficiente para abastecer o município por 17 dias. Em abril, o Daev confirmou que o racionamento deve continuar ao menos até setembro.

No esquema atual, o município foi dividido em sete regiões e cada uma delas tem o abastecimento interrompido por 18 horas, duas vezes por semana, ou seja, cada morador fica 36 horas semanais sem água. Caso a medida seja ampliada, o fornecimento será suspenso nos mesmos dias, mas com acréscimo de seis horas diárias, somando 48 horas semanais.

Segundo o Daev, a situação dos mananciais é monitorada diariamente, inclusive do Sistema Cantareira, que é responsável por metade do abastecimento da cidade por meio do Rio Atibaia. Para o departamento, a opção de aumentar o número de horas no mesmo dia é melhor do que ampliar o número de dias com abastecimento suspenso, mesmo que houvesse diminuição do período de corte no serviço aos consumidores.

“Caso seja preciso, é melhor ficar mais horas sem água em um mesmo dia para não alterar ainda mais a rotina e os moradores terem de se adaptar novamente a ficar mais um dia sem água. Até porque os imóveis que têm caixas d’água proporcionais ao total de moradores suportam um dia de desabastecimento. Mas tudo ainda é possibilidade. Caso haja mesmo a necessidade, faremos a devida divulgação à população para que ninguém seja pego de surpresa”, explicou a assessoria.

Uma outra medida adotada pela Prefeitura para tentar amenizar a crise hídrica é levantar a documentação para pedir ao Daee a outorga que permite captação de água dos córregos Ponte Alta e Invernada, que hoje não têm água aproveitada. A aplicação de multa por desperdício de água também foi uma opção encontrada pela Administração que, segundo o Daev, vem dando resultados positivos. “Desde o início do racionamento foram cerca de 120 multas, mas depois disso, a população se conscientizou e as denúncias diminuíram bastante”, afirmou a assessoria. O valor da multa, de R$ 336, pode dobrar em caso de reincidência.

Por causa das multas, Rosangela Aparecida Assis Rocha, 40 anos, responsável pela limpeza de uma igreja no bairro São Bento, está sentindo na pele os efeitos da falta d` água. Desde o início do rodízio, ela está proibida de lavar os vitrais do templo com a mangueira, o que dificulta o trabalho e leva muito mais tempo. “O trabalho não rende. Com a mangueira é rapidinho. Limpar só com pano e água não é a mesma coisa. Além de ser mais demorado e mais cansativo, parece até que não limpa direito. Está bem difícil, mas a gente precisa fazer a parte da gente pra não faltar água de vez, né?”, reclamou.

 

Leia mais em: http://zip.net/bqnp4c

Com menor nível da história, São Paulo recorre à reserva técnica do Cantareira

Agência Brasil

O Sistema Cantareira, que responde pelo abastecimento de água para 9 milhões de habitantes da região metropolitana de São Paulo, chegou nesta quinta ao menor nível de sua história, 8,2%, de acordo com a Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp).

O governo estadual e a Sabesp iniciaram a captação de água da reserva técnica da represa Jaguari/Jacareí, anunciada para ter início hoje. A reserva técnica é o volume de água das represas que fica abaixo da cota mínima de captação.

A água retirada da reserva técnica ou volume morto, como também é chamada, será levada para a Estação de Tratamento de Água Guaraú, na zona norte de São Paulo. O nível do Sistema Cantareira será acrescido de 182,5 bilhões de litros de água, o que fará com que o nível suba 18,5% a partir de sexta-feira.

Para retirar a água do volume morto, foram instaladas 17 bombas flutuantes, que levarão a água por túneis até a estação de tratamento. A instalação das bombas foi iniciada em 17 de março, com a construção de dois canais com  3,5 quilômetros de extensão. Foram dois meses de obras e investimento de R$ 80 milhões.

O volume da reserva técnica é formado pela mesma água do atual volume útil do sistema e o total chega a 400 bilhões de litros. A estimativa da Sabesp é que a quantidade de água seja suficiente para abastecer a região metropolitana de São Paulo até 2015. Se começar a chover com regularidade o uso do volume morto será suspenso.

O governador Geraldo Alckmin, que acompanhou o acionamento das bombas que farão a captação da água, disse que o governo está se empenhando para sanar o problema de abastecimento de água.

“O Governo de São Paulo não está esperando São Pedro para resolver o problema da seca. Nós estamos trabalhando 24 horas por dia com todo o empenho, engenharia e técnica para garantir o abastecimento de água à população. Quero agradecer à população da região metropolitana de São Paulo, que tem aumentado, mês a mês, o uso racional da água. Chegamos à primeira quinzena de maio com um índice de 84% de redução no consumo”, falou Alckmin.

O Sistema Cantareira trata em média 32.560 litros por segundo, representando 47% da água distribuída na região metropolitana de São Paulo e 65% da demanda da capital paulista. O Sistema Cantareira libera também, no mínimo, 3.000 litros por segundo para as regiões de Campinas e Piracicaba.

De acordo com nota do governo estadual, entre 2013 e 2014 a quantidade de chuva foi desfavorável na bacia de contribuição do Cantareira, provocando a pior seca desde que as medições dos institutos de meteorologia começaram, há 84 anos. Em dezembro de 2013, foi registrado índice 72% menor que a média. Em janeiro e fevereiro, choveu 65% menos que o normal.
 

noticias gerais e, especificamente, do bairro do Brás, principalmente do comércio