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Risco de atentados leva Reino Unido a reforçar a segurança nos voos para os EUA

Zona de controle de passaportes em Londres.

Zona de controle de passaportes em Londres.

REUTERS/Neil Hall

O Reino Unido anunciou nesta quinta-feira (3) ter reforçado a segurança nos aeroportos britânicos, atendendo a uma solicitação feita ontem pelo governo americano. Os serviços de inteligência dos Estados Unidos temem novos atentados.

Diante das novas estratégias utilizadas pelos extremistas para enganar os controles de segurança na hora do embarque, o governo americano recomendou a aeroportos da Europa, África e Oriente Médio que reforcem as medidas de precaução para os voos com destino aos Estados Unidos.

O governo britânico garantiu que o aumento do dispositivo não deve afetar os viajantes, em plena temporada de férias de verão na Europa. Mas especialistas acreditam que as medidas preconizadas podem provocar atrasos, já que haverá mais revistas e, para alguns voos, todos os passageiros terão que tirar os sapatos.

Os serviços de inteligência americanos suspeitam que jihadistas da Frente Al Nosra, atuante na Síria, e o braço armado da Al Qaeda na Península Arábica (Aqpa), grupo baseado no Iêmen, trabalhem juntos para produzir explosivos capazes de passar desapercebidos nos controles de embarque.

“Europeus temerários”

No domingo, o presidente Barack Obama advertiu que “europeus temerários”, envolvidos na guerra santa islâmica (Jihad) na Síria e no Iraque, constituem uma nova ameaça aos Estados Unidos, porque o país não exige visto para portadores de passaportes da União Europeia. Essa situação torna a identificação de potenciais terroristas mais difícil. Muitos extremistas islâmicos possuem passaportes europeus e americanos, o que dificulta o trabalho de prevenção dos serviços de inteligência.

Neste momento, os Estados Unidos enfrentam um aumento do risco de atentados, com o retorno de alguns soldados ao Iraque, para ajudar o governo iraquiano a combater a ofensiva jihadista. Além disso, o julgamento, em Washington, do principal suspeito do ataque ao consulado americano de Benghazi, na Líbia, ocorrido em 11 de setembro de 2012, também eleva a tensão. O suspeito Ahmed Abou Khattala clama sua inocência diante da justiça americana. O atentado matou o embaixador americano na Líbia, Christopher Stevens, e três agentes de segurança.

Jihadistas anunciam criação de califado na Síria e no Iraque

Abou Bakr al-Baghdadi, chef de l'Etat islamique, proclamé calife.

Abou Bakr al-Baghdadi, chef de l’Etat islamique, proclamé calife.

(Foto: AFP PHOTO / HO /US Department of State)|RFI

Os jihadistas do movimento Estado Islâmico do Iraque e do Levante anunciaram neste domingo (29) a criação de um califado nas regiões conquistadas pelos combatentes na Síria e no Iraque. Os extremistas, também presentes em território sírio, lançaram uma ofensiva no Iraque e controlam diversas cidades próximas de Bagdá.

Em uma gravação de áudio divulgada na Internet, o grupo extremista informou que seu líder Abu Bakr al-Baghdadi foi designado o “califa”, “chefe dos muçulmanos em todo o mundo”. A área vai do norte da Síria ao leste do Iraque. De acordo com o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, o califado reuniria todos os muçulmanos sob a autoridade de um um líder supremo, que sucederia o profeta Maomé e poderia, assim, governar todos seus seguidores ao redor do mundo, independentemente de fronteiras geográficas.

Por esta razão, o grupo resolveu retirar de seu nome qualquer referência geográfica e se apresentar a partir de agora somente como Estado Islâmico.

Já existem dissidências internas : embora os jihadistas tenham proclamado Abu Bakr al-Baghdadi emir de todos os muçulmanos, a própria comunidade tem suas restrições. Um rebelde sírio, que no início da guerra contra o regime al-Assad lutou ao lado do EIIL, declarou à agência AFP que a “revolução na Síria começou por um estado livre e democrático, não por um califado”.

Este sistema político seria o único aceito pelo Alcorão e regeu a maior parte do mundo muçulmano até a queda do Império Otomano, em 1924. Os primeiros califas eram descendentes diretos de Maomé e reinaram logo após sua morte. Mas o auge do califado foi com os Abássidas, no período de 750 a 1517.

Forças iraquianas lançam ofensiva para conter avanço jihadista

As forças iraquianas lançaram uma ofensiva militar para reconquistar cidades tomadas pelos jihadistas. Neste domingo o exército intensificou os contra-ataques na província de Salahedin, principalmente na cidade estratégica de Tikrit, que fica a 160 quilômetros da capital Bagdá. As forças governistas recebem apoio de drones e conselheiros militares norte-americanos, além de aviões de combate russos.

Neste domingo, testemunhas afirmam que jihadistas derrubaram um helicóptero militar na cidade. De acordo com o porta-voz do exército iraquiano, Qassim Atta, 142 “terroristas” morreram nos combates, 70 deles em Tikrit. O exército também controla a universidade local.

Tikrit tem importância estratégica para as forças de ordem, não apenas por sua proximidade da capital, mas também por ser a capital da região de Nineveh, que concentra a maior diversidade étnica do Iraque. A tomada desta região por um grupo salafista radical é preocupante para os cristãos, curdos, sunitas e as diversas seitas xiitas que ocupam a região há milênios.

Embora os combates ainda não tenham abalado o abastecimento, os preços do petróleo tiveram uma baixa menor do que o esperado, considerando o aumento da demanda norte-americana. Com 3,4 milhões de barris por dia, o Iraque é o segundo maior produtor de petróleo entre os países da OPEP. 

Premiê iraquiano convoca Parlamento para formar governo

O primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, recusou os apelos internacionais para formar um governo de emergência.

O primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, recusou os apelos internacionais para formar um governo de emergência.

REUTERS/Brendan Smialowski|Pool|RFI

O primeiro-ministro do Iraque, o xiita Nouri al-Maliki, convocou o Parlamento para a formação de um governo no país. A reunião acontecerá no dia 1º de julho. Diante da ofensiva dos radicais sunitas, a comunidade internacional tem pressionado pela criação do novo governo, após as eleições de 30 de abril.

Os Estados Unidos querem que os futuros ministros representem as diversas comunidades iraquianas. Nouri al-Maliki é acusado pela oposição de ter marginalizado a minoria sunita, o que contribuiu para a insurreição dos jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

“Nós devemos avançar em duas vias paralelas. A primeira é o trabalho em campo e as operações militares (…) e a segunda é a continuidade do processo político, a reunião no Parlamento para eleger um chefe do Parlamento, um presidente e a formação de um governo”, declarou o premiê ao ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague.

A ofensiva-relâmpago dos insurgentes e outras milícias sunitas – formadas por ex-membros do partido Baath, de Saddam Hussein – resultou na tomada de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, e de Tikrit, importante polo petrolífero do país. Ontem, o premiê tinha excluído a hipótese de formação de um governo de emergência, ao contrário do que pedia Washington.

Ataque da Síria

Maliki informou hoje, à emissora britânica BBC, que a Síria disparou contra insurgentes localizados no lado sírio da fronteira com o Iraque, na terça-feira. O premiê afirma não ter solicitado a intervenção, mas “recebe favoravelmente” qualquer ação contra os rebeldes, que ultrapassam as fronteiras iraquianas e se espalham pela região. O ataque das forças sírias teria ocorrido depois que os jihadistas tomaram o controle da cidade iraquiana de Al Qaim, no limite com a Síria.

O líder xiita Moqtada al-Sadr, por sua vez, pede a formação de um governo “com personalidades de todos os lados, sem cotas religiosas”. Adversário de Maliki, al-Sadr é contrário à presença no Iraque dos militares americanos enviados por Washigton para aconselhar as forças de segurança iraquianas na batalha contra o radicais sunitas, que ele promete combater. O líder é o chefe do Exército do Mahdi, uma milícia xiita que era uma das protagonistas dos combates contra a ocupação americana, a partir de 2003. 

Ex-mediador da ONU atribui avanço de jihadistas no Iraque a inércia na Síria

Exército iraquiano combate jihadistas em Jurf al-Sakhar.

Exército iraquiano combate jihadistas em Jurf al-Sakhar.

REUTERS/Alaa Al-Marjani|RFI

O ex-mediador da ONU na Síria, Lakhdar Brahimi, e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair afirmaram neste domingo (15) que ao avanço de jihadistas no Iraque é uma consequência da falta de ação da comunidade internacional no conflito sírio. Hoje, um ataque em Bagdá causou a morte de pelo menos nove pessoas.

O ex-emissário internacional para a Síria explicou, em entrevista à agência AFP, que um conflito como o da Síria “não pode ficar fechado nas fronteiras de um único país”. “Infelizmente, nós negligenciamos o problema sírio e não ajudamos a resolvê-lo. Este é o resultado”, declarou Brahimi. Ele pediu demissão do cargo em maio, depois de dois anos de esforços sem resultados para colocar um fim à guerra que já deixou mais de 160 mil mortos.

Brahimi também foi mediador no Iraque, após a invasão americana em 2003. Segundo ele, “a comunidade internacional não pode se surpreender” pela ofensiva jihadista ocorrida no Iraque, comandada pelo Estado Islâmico no Iraque e no Levante, que é uma das forças mais importantes no conflito sírio.

Os insurgentes são conhecidos pela brutalidade e, em apenas três dias, tomaram o controle da segunda maior cidade iraquiana, Mossul, e outras vastas regiões do norte e do centro do país. O grupo se concentra na fronteira entre o Iraque a Síria e sonha em criar um emirado islâmico entre os dois países.

“Uma personalidade iraquiana me disse em novembro que o grupo estava 10 vezes mais ativo no Iraque do que na Síria. Mencionei isso ao Conselho de Segurança e em outras conversas”, lembrou Brahimi. De acordo com ele, “todos os ingredientes para uma guerra civil” já estavam reunidos desde 2004 no Iraque, após a queda do ditador Sadam Hussein e o aumento da violência entre xiitas e sunitas. “Eu não defendo o regime de Sadam: era um regime odioso que deveria cair. Mas a maneira como isso foi feito, através de uma invasão, não tinha nenhuma justificativa.”

Blair defende queda de Saddam Hussein

Também o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, no poder durante a invasão americana e britânica ao Iraque, declarou neste domingo que a expansão dos jihadistas se deve ao conflito sírio. Blair, no entanto, rejeitou a queda de Saddam como um dos fatores para a situação.

“Se Saddam Hussein continuasse no poder em 2003, depois haveria 2011 e as revoluções árabes na Tunísia, na Líbia, no Iêmen, no Egito ou na Síria – e você teria, de qualquer maneira, um grande problema no Iraque”, afirmou, à emissora BBC. “Você pode ver o que acontece quando deixamos um ditador no poder, como é o caso de Assad. Os problemas não desaparecem.”

Na opinião de Blair, que atualmente é o enviado especial ao Oriente Médio do quarteto Nações Unidas, União Europeia, Estados e Rússia, “a guerra civil na Síria e a desintegração que a acompanha tem um efeito previsível e pernicioso”. “O Iraque agora está em perigo de morte. O conjunto do Oriente Médio está ameaçado”, observou, em um texto publicado em seu site na internet. O ex-premiê avalia que a comunidade internacional deve “repensar a estratégia a respeito da Síria” e apoiar a oposição moderada do país, sem uma invasão militar.

Ataque em Bagdá

Ao norte de Baquba, um centro de recrutamento de civis para combater os jihadistas foi bombardeado neste domingo, causando a morte de pelo menos nove pessoas. Os civis atenderam a um pedido do aiatolá Ali Al-Sistani, a maior autoridade xiita do Iraque, que solicitou a colaboração da população para defender o país dos insurgentes.

Na província de Salahedine, os extremistas teriam executado dezenas de membros do exército iraquiano feitos prisioneiros, de acordo com fotos publicadas na internet, cuja autoria ainda não foi confirmada. O governo iraquiano afirma que o contra-ataque aos jihadistas, iniciado no sábado, já matou 279 “terroristas”.

Líder pede para iraquianos se armarem para defender país de jihadistas

Voluntários são levados por caminhão do Exército para combater a capital Bagdá da chegada dos jihadistas.

Voluntários são levados por caminhão do Exército para combater a capital Bagdá da chegada dos jihadistas|REUTERS/Ahmed Saad|RFI

A maior autoridade xiita do Iraque pediu nesta sexta-feira (13) que os iraquianos peguem nas armas para enfrentar os jihadistas, que nos últimos dias tomaram o controle de importantes cidades do país e avançam em direção à capital, Bagdá. A ONU afirmou que 40 mil pessoas já fugiram dos últimos combates.

“Os cidadãos que puderem pegar em armas e combater os terroristas para defender o país, o povo e os lugares santos, devem ser voluntários e se unir às forças de segurança para atingirmos esse objetivo sagrado”, declarou o xeque Mehdi al-Karbalai, em nome do aiatolá Ali al-Sistani, a maior autoridade religiosa xiita do Iraque. O líder é extremamente influente, embora não tenha qualquer papel político no país.

De acordo com ele, o Iraque enfrenta “um grande desafio e um perigo extraordinário”. “Os terroristas não querem controlar apenas algumas províncias: eles anunciaram querer tomar todas as províncias, inclusive Bagdá, Kerbala e Najaf. A partir deste momento, a responsabilidade de combatê-los e de lutar contra eles incumbe a todos e não se limita a uma única confissão religiosa ou a uma única parte da população”, explicou, afirmando que os mortos em confrontos serão considerados mártires.

O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu hoje às autoridades iraquianas “monstrarem união” para enfrentar o avanço dos combatentes. “Essa é uma advertência real para todos os dirigentes políticos iraquianos. Chegou o momento de eles se juntarem e se mostrarem unidos”, afirmou, em Londres.

ONU preocupada com crise humanitária

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) demonstrou hoje preocupação com a situação no país. Segundo a OIM, 40 mil pessoas já fugiram dos combates em Tikrit e Samarra, duas cidades invadidas pelos jihadistas. A organização prevê uma “crise humanitária prolongada” no Iraque.

“A situação está muito volátil. As pessoas estão fugindo dos combates”, declarou uma porta-voz da OIM, Christiane Berthiaume, em uma coletiva de imprensa em Genebra (Suíça). Conforme a organização, 500 mil civis já fugiram do conflito em Mossul, a segunda maior cidade iraquiana.

Operação fulminante

A partir de terça-feira (10), aproveitando-se da retirada do Exército, os extremistas do grupo Estado Islâmico no Iraque e no Levante conseguiram tomar Mossul e a província de Ninine, Tikrit e outras regiões da província de Salahedine, além de setores das províncias de Diyla e Kirkuk. Falluja, a 60 quilômetros de Bagdá, está controlada desde janeiro pelos extremistas.

Nesta sexta, os jihadistas avançavam em três eixos em direção a Bagdá, uma ofensiva fulminante marcada por “execuções sumárias” pelo caminho, conforme a ONU. O governo anunciou o início de um plano de segurança para proteger a capital, incluindo o envio de centenas de militares e o reforço das operações de informação, e destacou que civis estão se apresentando como voluntários para defender a cidade.

O Programa Alimentar Mundial da ONU lançou uma primeira operação de urgência para fornecer ajuda alimentar para 42 mil pessoas em situação vulnerável devido ao conflito. Em um primeiro momento, o PAM vai enviar 550 toneladas de comida por mês para o país, ao custo de 1,5 milhão de dólares. A organização enviou funcionários para o Curdistão, na fronteira com o Iraque, para determinar as necessidades alimentares na região.

Jihadistas controlam segunda maior cidade do Iraque e civis fogem em massa

Imagem de carro destruído por bombas durante a invasão de Mossul, no norte, pelos jihadistas neste 11 de junho de 2014.

Imagem de carro destruído por bombas durante a invasão de Mossul, no norte, pelos jihadistas neste 11 de junho de 2014|Reuters/Stringer

Nesta quarta-feira (11), vários grupos de jihadistas tomaram o controle de Mossul, a segunda cidade iraquiana, além da província petrolífera de Nínive, no norte do país. Cerca de 500 mil habitantes fugiram da região nos últimos dias, com medo dos combates. Sem forças capazes de assegurar a defesa da região, o governo decidiu armar os cidadãos.
 

O governo iraquiano está impotente diante do avanço dos combatentes do grupo islamita radical Estado Islâmico do Iraque em Levante (EIIL), que invadiu e tomou o controle de Mossul, capital de Nínive, com outros grupos jihadistas. A formação é considerada pelos Estados Unidos e pela ONU como a grande ameaça para a estabilidade da região. Na terça-feira (10), eles se apossaram da província de Nínive, a província petrolífera, da qual Mossul é a capital.

O exército e a polícia estão despreparados para enfrentar os experientes e bem armados insurgentes. Testemunhos comprovam que os próprios oficiais fugiram antes dos jihadistas chegarem à cidade. Diante desta realidade, o governo do primeiro-ministro Nouri al-Maliki decidiu armar os cidadãos para apoiar a luta contra os extremistas, numa demonstração de que a segurança no país está totalmente fora de controle.

Em Kirkuk, a leste de Mossul, os jihadistas do EIIL executaram hoje 15 membros das forças de segurança iraquianas, assumindo o controle de vários bairros da cidade.

Êxodo

As violências dos últimos dias provocaram a fuga de mais de 500 mil pessoas dos 2 milhões de cidadãos que habitam a província de Nínive, segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM). Como é proibido circular de carro, os habitantes fogem a pé e já falta água potável e comida. Eles deixam Mossul, do lado oeste do rio Tigre, para o leste, na direção de outras regiões da província de Nínive e também para o Curdistão.

A organização também confirma que há um grande número de vítimas entre os civis e que o acesso aos quatro hospitais é impossível por se situarem em áreas de combate.

França mantém na prisão suspeito da matança no Museu Judaico de Bruxelas

Retrato falado de Mehdi Nemmouche, suspeito de atentado ao Museu Judaico de Bruxelas em 24 de maio de 2014.

Retrato falado de Mehdi Nemmouche, suspeito de atentado ao Museu Judaico de Bruxelas em 24 de maio de 2014|Reprodução Youtube|BFMTV

A detenção para interrogatório do francês Mehdi Nemmouche, principal suspeito de ter matado quatro pessoas no Museu Judaico de Bruxelas no mês passado, foi prolongada além dos quatro dias, prazo determinado pela lei da França. A medida, raríssima, foi tomada pela justiça no quadro da investigação antiterrorista.

Na França, a prolongação por mais 24 horas de uma detenção para interrogatório pode ser tomada em apenas dois casos: risco iminente de atentado ou razões ligadas às necessidades de uma cooperação internacional. Este é o caso do suspeito, que deveria ser conduzido diante de um juiz para ser notificado do mandado de prisão europeu em seu nome.

Silencioso desde que foi detido na sexta-feira passada (30 de maio), Mehdi Nemmouche recusou-se a sair de sua cela para ouvir fo mandado do qual é objeto e fazer uma nova deposição. Segundo fontes judiciais, a notificação está prevista para a quarta-feira (4).

Extradição e investigações

A próxima etapa para Mehdi Nemmouche deve ser a detenção durante o período em que aguardará a sua extradição para a Bélgica. O prazo vai depender do suspeito, que deve dar o seu acordo para ser extraditado.

Enquanto isso, as investigações continuam na França e na Bélgica. Em Paris, diante do silêncio do acusado, os investigadores tentam descobrir a razão pela qual ele veio para Marselha. Ele já cumpriu pena de prisão na região, mas as perguntas sem resposta são muitas: “Ele veio ao encontro de alguém?”; “Ele pretendia fugir de navio para a Argélia?”; “Por quê o risco de viajar com as armas?”; “Ele teria a intenção de fazer um novo ataque na França”?

Bélgica

Será em Bruxelas que as investigações devem realmente se completar. A perícia deve confirmar as suspeitas de que as armas apreendidas em Marselha foram as mesmas usadas em Bruxelas para matar as quatro pessoas. 

A polícia belga também vai aprofundar as investigações sobre as relações de Nemmouche na Bélgica, onde os candidatos ao jihad na Síria crescem a cada dia.

Um novo Merah

A questão é saber se Nemmouche é um novo Mohamed Merah. Segundo uma fonte policial, no período em que esteve preso o suspeito demonstrava “um certo fascínio pelos atos de Mohamed Merah”, que assassinou três militares e quatro judeus, dos quais três crianças, em Toulouse e Montbauban, em março de 2012.

Ambos têm o mesmo perfil de delinquente em ruptura social, com a diferença de que Nemmouche nunca se interessou muito pela religião enquanto Merah vivia numa família salafista. Foi na prisão que Nemmouche se radicalizou, inclusive lançando apelos aos gritos aos outros detentos para as orações a Maomé.

Europeus e Jihad

Os estudos dos serviços secretos internacionais indicam que entre 2 mil e 3 mil europeus foram para a Síria, partindo da França, Inglaterra, Dinamarca, Noruega e Bélgica. Eles são treinados por jihadistas, radicais islâmicos que pregam a “Guerra Santa”, para realizar atentados na Europa.