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Ministro francês diz que atos antissemitas em manifestações pró-palestinas serão punidos

Manifestação pró-palestina será realizada nesta quarta-feira (23) em Paris.

Manifestação pró-palestina será realizada nesta quarta-feira (23) em Paris.

REUTERS/Philippe Laurenson
RFI

O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, afirmou nesta quarta-feira (23) que “provocadores” em manifestações pró-palestinas serão castigados. “Não vamos aceitar que se grite ‘morte aos judeus’ em uma marcha. Se isso acontecer hoje, os manifestantes serão punidos”, sublinhou. A capital francesa abriga nesta noite a primeira marcha autorizada, após a proibição dos protestos no último fim de semana.

 

Cazeneuve reconheceu que as dezenas de manifestações autorizadas foram realizadas de forma pacífica em todo o país. Apenas dois protestos, proibidos pelo governo, terminaram em atos de vandalismo e agressões antissemitas, em Paris, no último sábado (19), e em Sarcelles, no último domingo (20).

Interrogado sobre as provocações dos integrantes da Liga de Defesa Judaica (LDJ), que se juntaram à primeira manifestação pró-palestinos parisiense, no dia 13 de julho, o ministro classificou os atos como “repreensíveis”. A invasão do grupo judaico teria incitado a revolta de manifestantes pró-palestinos, que, em seguida, foram protestar diante de uma sinagoga.

O presidente francês François Hollande reafirmou hoje que a responsabilidade do Estado “é de fazer respeitar a ordem republicana”. Criticado por uma parte da opinião pública por proibir as manifestações e agravar a tensão entre judeus e muçulmanos, o chefe de Estado é repetiu que o governo não vai aceitar “slogans que exprimam o ódio”.

Manifestações em toda a França

Várias manifestações em apoio aos palestinos estão programadas para esta quarta-feira (23) na França, em Paris, Lyon, Lille ou Toulouse. O governo francês autorizou uma passeata na capital, organizada pelo Coletivo Nacional pela Paz Justa e Durável entre Israelenses e Palestinos, apesar das agressões ocorridas no último fim de semana contra judeus em atos que estavam proibidos.

O trajeto da manifestação parisiense, a partir das 18h30 locais (13h30 pelo horário de Brasília), foi alterado para evitar passar em frente a sinagogas. A polícia francesa contará com o apoio de seguranças treinados por Israel para proteger os judeus de agressões. Não se trata de uma milícia, mas de voluntários não armados de uma organização judaica francesa, treinados em lutas marciais.

O último ato organizado pelo Coletivo, há uma semana, reuniu 900 pessoas em Invalides, no centro da capital. Os policiais prevêem que o número de participantes será maior hoje.

Novo antissemitismo

Em editorial, o jornal Le Monde aponta para o surgimento de um novo fenômeno na França: “o novo antissemitismo”. Em sua edição de hoje, o diário lembra que a maioria das manifestações realizadas em solo francês foram pacíficas, mas que as agressões antissemitas em três delas trouxeram a tona slogans “intoleráveis” como “Morte aos judeus” ou “Hitler tinha razão”.

Para Le Monde, há 15 ou 20 anos, esse tipo de violência erra inadmissível, mas atualmente, ela não é “excepcional”. “É o novo antissemitismo banalizado, normalizado, geralmente expressado por uma parte da população muçulmana ou por seguidores de extrema direita”, publica.

O jornal acredita que é compreensível que o conflito israelo-palestino sensibilize particularmente os muçulmanos e os judeus franceses, suscitando uma solidariedade natural. Mas que “essa maneira mecânica de se alinhar sem nuances sobre o conflito” mostra que o “antissionismo nada mais é que a face escondida do antissemitismo”.

Franceses a favor da proibição

Uma pesquisa divulgada hoje pelo Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop) para o jornal Le Figaro, aponta que 62% dos franceses são a favor da proibição das manifestações. Para o público entrevistado, os protestos geram atos violentos.

França ordena extradição de suspeito de ataque a museu judaico belga

Chegada ao Tribunal do suposto autor do atentado contra o Museu Judaico de Bruxelas, Mehdi Nemmouche.

Chegada ao Tribunal do suposto autor do atentado contra o Museu Judaico de Bruxelas, Mehdi Nemmouche|REUTERS/Benoit Tessier
RFI

A justiça francesa ordenou, nesta quinta-feira (26), a extradição para a Bélgica do suspeito de ser o autor do atentado que matou quatro pessoas no Museu Judaico de Bruxelas, no dia 24 de maio. O franco-argelino Mehdi Nemmouche, de 29 anos, preferia ter sido julgado na França.

A defesa alegava que o suspeito temia ser enviado da Bélgica para Israel, país de duas das vítimas. Mas o Tribunal de Versalhes, que julgou o caso, decidiu acatar o pedido de mandado de prisão europeu por assassinato no contexto de uma ação terrorista.

O suposto atirador disse que vai recorrer da decisão. Ele tem três dias para entrar com o recurso. “É direito dele e ele pretende exercê-lo”, declarou o advogado, Apolin Pepiezep. Após a deposição do recurso, justiça pode levar 40 dias para se pronunciar.

A justiça concedeu a extradição por considerar o procedimento das autoridades belgas “regular”. A Bélgica emitiu um mandado de prisão europeu contra Nemmouche por “assassinatos em um contexto terrorista”.

Reação silenciosa

O acusado, de 29 anos, chegou à audiência sorridente e relaxado, levado por agentes penitenciários de elite. Ele acenou para familiares que estavam na sala. Diante da do anúncio da decisão, o suspeito ficou em silêncio.

Nemmouche, que já tinha cumprido pena de prisão por outros crimes, ingressou no islamismo radical durante a detenção. Ele é suspeito de ter aberto fogo contra o museu judaico e depois ter fugido a pé do local. Além dos dois israelenses, uma aposentada francesa e um funcionário belga do estabelecimento foram mortos no ataque. O acusado foi preso ao chegar em Marselha, de ônibus. Ele levava uma sacola na qual estava a arma do crime. 
 

 
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França ordena extradição de suspeito de ataque a museu judaico belga

Chegada ao Tribunal do suposto autor do atentado contra o Museu Judaico de Bruxelas, Mehdi Nemmouche.

Chegada ao Tribunal do suposto autor do atentado contra o Museu Judaico de Bruxelas, Mehdi Nemmouche.

REUTERS/Benoit Tessier
RFI

A justiça francesa ordenou, nesta quinta-feira (26), a extradição para a Bélgica do suspeito de ser o autor do atentado que matou quatro pessoas no Museu Judaico de Bruxelas, no dia 24 de maio. O franco-argelino Mehdi Nemmouche, de 29 anos, preferia ter sido julgado na França.

 

A defesa alegava que o suspeito temia ser enviado da Bélgica para Israel, país de duas das vítimas. Mas o Tribunal de Versalhes, que julgou o caso, decidiu acatar o pedido de mandado de prisão europeu por assassinato no contexto de uma ação terrorista.

O suposto atirador disse que vai recorrer da decisão. Ele tem três dias para entrar com o recurso. “É direito dele e ele pretende exercê-lo”, declarou o advogado, Apolin Pepiezep. Após a deposição do recurso, justiça pode levar 40 dias para se pronunciar.

A justiça concedeu a extradição por considerar o procedimento das autoridades belgas “regular”. A Bélgica emitiu um mandado de prisão europeu contra Nemmouche por “assassinatos em um contexto terrorista”.

Reação silenciosa

O acusado, de 29 anos, chegou à audiência sorridente e relaxado, levado por agentes penitenciários de elite. Ele acenou para familiares que estavam na sala. Diante da do anúncio da decisão, o suspeito ficou em silêncio.

Nemmouche, que já tinha cumprido pena de prisão por outros crimes, ingressou no islamismo radical durante a detenção. Ele é suspeito de ter aberto fogo contra o museu judaico e depois ter fugido a pé do local. Além dos dois israelenses, uma aposentada francesa e um funcionário belga do estabelecimento foram mortos no ataque. O acusado foi preso ao chegar em Marselha, de ônibus. Ele levava uma sacola na qual estava a arma do crime.