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Valls diz que violência de militantes pró-palestinos justifica proibição de manifestação

Policiais tentaram acabar com a manifestação em apoio ao povo palestino e revoltaram militantes neste sábado (19), em Paris.

Policiais tentaram acabar com a manifestação em apoio ao povo palestino e revoltaram militantes neste sábado (19), em Paris.

REUTERS/Philippe Wojazer
RFI

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, declarou na manhã deste domingo (20) que as violências de alguns manifestantes ontem, durante o ato em favor pró-palestinos em Paris, justificam a proibição do protesto pelas autoridades. O chefe do governo denunciou o nascimento de um novo tipo de antissemitismo que se espalha “na internet, nas redes sociais e nos bairros populares através de jovens sem consciência histórica”.

 

Em uma cerimônia que lembrou o aniversário de 72 anos de crimes antissemitas do Estado francês durante a Segunda Guerra Mundial, Valls apoiou hoje a decisão da prefeitura parisiense e do ministério do Interior que proibiram a manifestação em defesa do povo palestino ontem e resultaram em confrontos entre militantes e policiais. No último domingo (13), um ato reuniu milhares de pessoas no norte de Paris e terminou com violências diante de duas sinagogas da capital.

Mesmo sob proibição, os militantes realizaram ontem a manifestação pró-palestinos e uma multidão tomou as principais ruas do bairro de Barbès, no norte de Paris. O ato manteve seu clima pacífico até a chegada dos policiais, que tentaram acabar com o protesto. Revoltados, alguns manifestantes atiraram pedras e garrafas contra as forças de segurança, que respondeu com bombas de gás lacrimogênio, transformando o norte da capital em cenário de guerrilha urbana. Trinta e três militantes foram presos.

“O que aconteceu ontem em Paris foram excessos inaceitáveis, o que justifica ainda mais a escolha corajosa do ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, de proibir a manifestação. A França não deixará os provocadores alimentarem qualquer conflito entre comunidades”, declarou o primeiro-ministro.

Muitos partidos acusam o governo francês de incitar as tensões entre as comunidades árabes e judias de Paris com a proibição da manifestação pró-palestinos. Uma das diretoras do único partido político a manter sua participação no ato de ontem, o Novo Partido Anticapitalista (NPA), Sandra Demarcq, julgou “ilegítima e escandalosa” a decisão do ministro do Interior. “Temos direito de expressar a nossa solidariedade ao povo palestino”, declarou.

A proibição da manifestação foi uma decisão inédita na Europa. Em várias outras cidades francesas e europeias, milhares saíram às ruas para apoiar os palestinos da Faixa de Gaza e pedir o fim dos ataques israelenses. Com exceção de Paris, os atos realizados em toda a Europa não registraram violências.

Após resultados da extrema-direita, premiê francês destaca queda de impostos

O premiê francês, Manuel Valls, deixa o Palácio do Eliseu após reunião com o presidente François Hollande, nesta segunda-feira, 26 de maio.

O premiê francês, Manuel Valls, deixa o Palácio do Eliseu após reunião com o presidente François Hollande, nesta segunda-feira, 26 de maio.

REUTERS/Philippe Wojazer|RFI

No dia seguinte à vitória histórica na França do partido de extrema direita Frente Nacional nas eleições europeias, o governo socialista reafirmou nesta segunda-feira (26) a disposição de baixar os impostos, principalmente para as famílias de baixa renda. A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu o aumento da competitividade na Europa como uma resposta ao recado das urnas.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, excluiu a possibilidade de demissão do governo ou dissolução da Assembleia, após o Frente Nacional ter chegado em primeiro lugar nas eleições para o Parlamento europeu, com 24,9% dos votos no país. O premiê pediu “mais tempo” para o governo implementar reformas para aquecer a economia. Analistas indicam que os efeitos sociais da crise e as medidas de austeridade adotadas para ajustar as contas públicas foram uma das principais razões para explicar o aumento do eleitorado de extrema-direita.

Valls defendeu “novas reduções dos impostos” em 2015, em referência aos anúncios feitos no início do mês para diminuir o peso da austeridade econômica sobre as famílias de baixa renda. “A alta tributação pesa demais nas camadas populares e nas classes médias”, afirmou.

O principal partido de oposição, o UMP, obteve 20,8% dos votos e o Partido Socialista, do presidente François Hollande, teve apenas 13,98%, o pior resultado em uma eleição europeia. “Não vamos baixar a guarda, negar as nossas responsabilidades e abrir espaço para a extrema-direita”, afirmou o primeiro-ministro, em uma entrevista à rádio RTL.

Valls também julgou “preocupantes” os índices de abstenção na eleição, “principalmente dos socialistas”. Ele admitiu que a Europa deve se “reorientar” depois da votação de domingo, que tornou os conservadores do Partido Popular Europeu (PPE) a maioria no Parlamento, em Estrasburgo. “Estou convencido de que o lugar da França é na Europa, e que a Europa pode ser reorientada para apoiar ainda mais o crescimento e o emprego, algo que ela não faz há anos”, declarou.

Merkel pede competitividade

Em apoio ao governo francês, a chanceler alemã, Angela Merkel, parabenizou Paris por ter iniciado reformas e disse que “uma política de mais competitividade, crescimento e emprego é a melhor resposta” à subida dos partidos extremistas. “Isso também vale para a França”, destacou a chanceler. Para Merkel, o aumento do apoio a partidos eurocéticos e nacionalistas “é lamentável”.

Na Alemanha, os conservadores do CDU/CSU foram os vencedores do pleito, oito pontos à frente dos social-democratas do SPD. Merkel participou ativamente da campanha eleitoral em favor do ex-presidente do Banco Central Europeu Jean-Claude Juncker, representante do PPE, para a presidência da Comissão Europeia.