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Mais de 60 palestinos morrem e 200 ficam feridos em ataque israelense na periferia de Gaza

Vista da periferia de Gaza após o violento ataque do exército israelense neste domingo (20) contra o bairro de Shajaya.

Vista da periferia de Gaza após o violento ataque do exército israelense neste domingo (20) contra o bairro de Shajaya.

REUTERS/Mohammed Salem
RFI

Pelo menos 60 palestinos morreram e mais de 200 ficaram feridos na manhã deste domingo (20) em ataques do exército israelense na periferia de Gaza. No começo da tarde, um bombardeio no sul da região deixou mais cinco mortos. De acordo com os serviços de socorro, 425 palestinos morreram e cerca de 3 mil ficaram feridos durante os 13 dias de ofensiva israelense.

 

O ataque deste domingo é o pior desde que Israel deu início à operação Limite Protetor na Faixa de Gaza, há 13 dias. Ao menos 60 palestinos morreram no ataque do exército israelense no bairro Shajaya, na periferia de Gaza hoje. De acordo com fontes médicas, o filho, a nora e os dois netos de um alto responsável do movimento radical Hamas, Khalil al-Hayya, morreram na ofensiva.

Durante o ataque, milhares de moradores em pânico fugiram do bairro como puderam, a pé, de carro ou mesmo empilhando-se em caçambas de caminhões. Muitos feridos se dirigiram diretamente ao hospital Chifa de Gaza, que em poucos minutos foi invadido por centenas de pessoas feridas. Idosos contaram aos jornalistas no local que este foi o ataque mais violento que viveram desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Interrogada sobre a violenta ofensiva, uma porta-voz dos militares respondeu que os palestinos de Shajaya haviam sido avisados há dois dias por Israel para deixarem suas casas e se protegerem em abrigos. Mas o Hamas pediu que as ordens de evacuação fossem ignoradas.

Bombardeio no sul

Um bombardeio no início desta tarde em Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza, matou mais cinco palestinos. Três pessoas de uma mesma família, entre elas, uma mulher de 33 anos e um garoto de 12 anos, estão entre as vítimas. Intensos ataques também foram registrados no leste da cidade de Gaza e em Jabaliya, no norte.

O porta-voz do serviço de urgências medicais da Faixa de Gaza, Achraf al-Qodra, disse esperar que o número de vítimas aumente neste domingo. “A maioria das pessoas mortas e feridas até o momento são civis”, informou, contabilizando mais de 3 mil feridos nos últimos 13 dias.

Do lado de Israel, sete pessoas morreram desde o início da ofensiva, no dia 8 de julho: dois civis e cinco soldados.

Trégua humanitária

Após os violentos ataques em Shajaya, a Cruz Vermelha fez um pedido de trégua a Israel e ao Hamas, que aceitaram pausar a ofensiva na região durante duas horas, entre 13h30 e 15h30 locais. No entanto, o cessar-fogo não durou o tempo previsto e o exército israelense deu seqüência aos ataques argumentando que o Hamas não respeitou o acordo.

No plano diplomático, os esforços que envolvem especialmente o Egito, o Qatar, a França e a ONU não obtiveram nenhum resultado nos últimos dias.

Neste domingo, o presidente palestino Mahmoud Abbas se encontra com o chefe do Hamas no exílio, Khaled Mechaal, no Qatar. Logo depois, Abbas se reúne também com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

Ontem (19), o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, encontrou o premiê israelense Benjamin Netanyahu, após participar de reuniões sobre a questão israelo-palestina no Egito e na Jordânia. Decepcionado, após o encontro com Netanyahu, Fabius declarou: “Neste momento, a sensação que paira é que os pedidos para um cessar-fogo não estão sendo considerados e que há um risco ainda maior que civis morram nos próximos dias, e isso nos assusta muito”.

França, Inglaterra, Alemanha e EUA vão discutir cessar-fogo em Gaza

Fumaça se eleva acima da cidade de Gaza após ataque aéreo israelense neste sábado (12).

Fumaça se eleva acima da cidade de Gaza após ataque aéreo israelense neste sábado (12).

REUTERS/Ahmed Zakot
RFI

O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, anunciou neste sábado (12) que discutirá a possibilidade de um cessar-fogo na Faixa de Gaza com os chanceleres norte-americano, francês e alemão, durante a reunião sobre o programa nuclear iraniano neste domingo em Viena. A ofensiva militar israelense contra o território palestino já deixou em cinco dias ao menos 127 mortos.

 

“Precisamos de uma ação internacional urgente e conjunta a fim de estabelecer um cessar-fogo, como em 2012. Vou falar sobre isso com John Kerry, Laurent Fabius e Frank-Walter Steinmeier amanhã em Viena”, declarou o chefe da diplomacia britânica em um comunicado.

William Hague acrescentou que insistiu na necessidade de uma redução imediata da violência e do restabelecimento do cessar-fogo instaurado em novembro de 2012 durante suas conversas telefônicas deste sábado com o chanceler israelense, Avigdor Lieberman, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.

“Também expressei nossa profunda preocupação com o número de vítimas civis e o imperativo, para os dois lados, de evitar novas perdas de vidas inocentes”, acrescentou o ministro.

De manhã, William Hague já havia se declarado “extremamente preocupado” em sua conta no Twitter. Essa foi a primeira reação oficial de Londres desde o apoio firme oferecido a Israel pelo primeiro-ministro, David Cameron, na quarta-feira, um dia depois do início da ofensiva contra Gaza que visa acabar com os tiros de foguetes realizados por combantentes palestinos.

Vítimas civis

Desde então, o exército israelense multiplicou os ataques aéreos contra a Faixa de Gaza, deixando ao menos 127 mortos e 940 feridos, em sua maioria civis, segundo os serviços de saúde palestinos.

Ao mesmo tempo, o exército israelense identificou 564 foguetes lançados contra Israel. Cerca de 140 deles foram destruídos em pleno voo pelo sistema de defesa “Domo de Ferro”. Esses tiros deixaram cerca de dez feridos, mas nenhum morto.

Em novembro de 2012, uma operação militar israelense que também tinha como objetivo acabar com os lançamentos de foguetes a partir de Gaza deixou 177 mortos palestinos e 6 israelenses.

Na sexta-feira à noite, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que resistirá a toda intervenção internacional com vistas a proclamar um cessar-fogo.