O ESTADO DE S.PAULO|
PEDRO VENCESLAU , RICARDO CHAPOLA –
14 Junho 2014
Segundo colocado nas pesquisas, empresário, que será confirmado hoje na disputa diz que não será ‘novo Russomanno’
Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto na disputa pelo governo paulista, com 21%, o empresário Paulo Skaf, de 58 anos, presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), será oficialmente lançado hoje como candidato do PMDB com a crença de que chegou ao fim a polarização entre PT e PSDB no Estado. A confiança se escora nos números: no mais recente levantamento do Datafolha, publicado no dia 7, o ex-ministro Alexandre Padilha (PT) tem 3% e o governador Geraldo Alckmin, 43%.
Skaf não aceita que o comparem ao ex-deputado Celso Russomanno (PRB), que liderou as pesquisas nas eleições municipais de 2012 e acabou fora do segundo turno, atrás de PT e PSDB. “O cenário de hoje é muito diferente. O tempo de TV está mais equilibrado”, disse Skaf, que disputou o governo pelo PSB em 2010 e ficou em quarto lugar, com 4,5%.
O sr. acha que a crise de abastecimento de água vai prejudicar Geraldo Alckmin?
O índice dele nas pesquisas é muito bom, mas houve uma queda. Há alguns meses ele tinha dez pontos a mais do que no último Datafolha. O fato é que ele é conhecido por 100% das pessoas, enquanto o nosso grau de conhecimento está abaixo de 40%. Mas uma coisa ficou clara: não há mais aquela polarização que vinha ocorrendo há 20 anos em São Paulo. Há uma nova polarização no Estado, e ela se dá entre o PMDB e o PSDB. Isso é nítido. É o fato novo neste momento.
Em 2012, Russomanno também aparecia bem colocado nas pesquisas. Na época se falava no fim da polarização PT-PSDB…
O cenário de hoje é muito diferente. Depois das manifestações de junho de 2013, a sociedade quer de fato uma renovação. Além disso, o tempo de TV está mais equilibrado em relação a 2012.
O desempenho ruim de Alexandre Padilha na última pesquisa foi uma surpresa?
Não estou preocupado com isso. Acho bom que haja outros candidatos. Faz 20 anos que São Paulo é governada pelas mesmas pessoas. Ouvi centenas de vezes as pessoas dizendo que votariam em um candidato por não gostar do outro.
Qual foi o papel da Fiesp na construção de sua candidatura?
Até 2010 não me viam como político, mas como liderança empresarial. Só naquele ano me filiei a um partido e começaram a me ver como político.
O senhor, que já foi do PSB, foi socialista por um tempo?
O socialismo do século 21 é dar oportunidade às pessoas. Estamos em 2014. Não há mais guerra entre classes sociais. Entrei e saí do PSB pela porta da frente.
O senhor foi criticado por ter protagonizado as propagandas da Fiesp na TV…
Houve uma representação que já foi julgada pelo TSE. Ela não existe mais. Foram 5 votos a 1. Isso é uma pagina virada.
Mas o sr. reconhece que a exposição foi determinante para seu desempenho nas pesquisas?
Eu não reconheço. Como explicar o crescimento do final do ano para cá se eu estava fora da mídia? Há dez anos eu presido a Fiesp, o Sesi e o Senai. Procure juntar mídia espontânea por força da função neste período. Some isso à campanha de 2010 e vai encontrar um volume muito grande de visibilidade. Este é um assunto já julgado. Essas acusações são um absurdo.
Em eventual 2º turno, o sr. conta com o apoio do Padilha?
Vamos por etapas. Estamos coligados com o PROS e o PDT, mas não negociamos cargos e espaços com eles. Nosso tempo de TV já passa de 4 minutos, um tempo muito bom. Mas nas conversas sobre coligação a gestão do governo não está na pauta. Não vamos acertar cargos e espaços.
O sr. pediu que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula subam no seu palanque?
Não pedi nada. Não posso pedir isso a um partido que em São Paulo é meu adversário.
Isso quer dizer que Padilha não será poupado pelo senhor durante a campanha eleitoral?
Não sei o que você chama de poupar. Não vou fazer agressões injustas ou falsas. Vou respeitar todos os candidatos.
Chegou a convidar o ex-prefeito Gilberto Kassab para vice?
Nunca convidei. Houve conversas, mas em nenhum momento isso foi ventilado: nem Senado nem vice.
Ficou surpreso com a aproximação dele com o Alckmin?
Nesse momento de negociações nada é surpreendente. Mas isso não é problema meu.