A rádio France Info diz que a única certeza é que no dia 12 de junho o Brasil vai estrear contra a Croácia, mas o resto ainda é um grande ponto de interrogação. A seleção e os torcedores estão prontos para o Mundial, mas os estádios e muitas obras de infraestrutura ainda não, alerta a emissora, que destaca a preocupação crescente com as manifestações sociais e os problemas relacionados à segurança.
France Info ainda revela que os aeroportos podem chegar rapidamente à saturação e, nos estádios, as conexões de internet e telefone ainda apresentam problemas. As emissoras de televisão vivem uma verdadeira “angústia” diante da falta de garantias de uma transmissão perfeita.
A France Info informa ainda que a Copa do Mundo virou sinônimo de desperdício do dinheiro público para os 200 milhões de brasileiros que vivem num país onde ainda impera a desigualdade.
A festa vai depender da seleção
O jornal Le Figaro dedica uma extensa reportagem para responder a pergunta: O Brasil está pronto para a Copa do Mundo? A correspondente do jornal relata os vários riscos que ameaçam a competição: as obras inacabadas, contestação social e a violência endêmica.
A reportagem lembra que o ritmo acelerado para concluir os estádios contribuiu para o país registrar a oitava vítima fatal. Um operário que morreu eletrocutado na Arena Pantanal, em Cuiabá. Com o atraso nas instalações das redes de telecomunicação, jornalistas terão dificuldades para trabalhar e até os torcedores podem não conseguir postar fotos nas redes sociais quando estiverem dentro dos estádios.
O setor de transportes é um dos mais problemáticos, aponta o jornal, já que nem metade das obras previstas nos aeroportos será concluída. O exemplo é o aeroporto internacional de São Paulo que estará operacional apenas parcialmente.
Le Figaro reproduz uma reportagem do Instituto Datafolha em que 55% dos brasileiros acreditam que a Copa trará mais problemas do que benefícios ao país. O jornal fez um comparativo com as edições anteriores do Mundial e mostra que o dinheiro público investido pelo governo brasileiro não tem concorrência.
O jornal informa que foram investidos mais de 10,7 bilhões de euros (R$ 32,5 bi) no evento, ou seja, cinco vezes mais do que a África do Sul gastou de seu orçamento para organizar a Copa de 2010. O retorno dos investimentos para o setor hoteleiro e turístico é questionável, segundo a reportagem, citando os casos de Cuiabá e Manaus que colocaram dinheiro em obras para um evento que deve durar apenas 30 dias.
Sem clima de Copa
Diferentemente de outras Copas, Le Figaro constatou que o verde-amarelo ainda não enfeita ruas e as cidades brasileiras, mas deixa a entender que o clima de festa pode contagiar o país. É que segundo o jornal, o futebol é uma religião no Brasil e pode superar todos os obstáculos. Para isso, vai depender do que vai fazer a seleção brasileira dentro de campo.