A Tribuna|Fernanda Balbino
Um total de US$ 963 milhões, cerca de R$ 2,19 bilhões, é o valor das perdas sofridas pelo setor com a redução do calado operacional (distância vertical da parte do navio que permanece submersa) do Porto de Santos entre os meses de janeiro e maio últimos. Os números fazem parte das estatísticas do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar) e mostram ainda que cerca de 600 mil contêineres sofreram algum tipo de atraso no embarque no cais santista neste período.
Em janeiro, usuários do Porto de Santos foram pegos de surpresa com a redução do limite no calado operacional dos navios que escalam no complexo. A decisão, tomada pela Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP), foi motivada pela falta de dragagem de manutenção no Trecho 1 do estuário, que fica entre a Barra de Santos e o Entreposto de Pesca.
Antes da redução, o calado máximo permitido para os navios era de 13,2 metros. Com as falhas na dragagem, somente embarcações com até 12,3 metros de calado tiveram permissão para trafegar pelo local.
A situação mudou há cerca de 15 dias, após uma dragagem de manutenção ter retirado cerca de 1 milhão de metros cúbicos de sedimentos do estuário. Com o serviço, o calado máximo para navios que entram do canal de navegação do cais santista passou a ser de 12,7 metros.
O Sindamar somou os prejuízos causados pela restrição à navegação e, consequentemente, às operações no Porto de Santos entre janeiro e maio. Segundo a entidade, 600 mil contêineres sofreram atrasos nos embarques, perdendo os navios para os quais estavam programados.
“Como consequências, tivemos prejuízos para exportadores, contratos não cumpridos e perda de produtividade nos terminais. Aumentaram a quantidade de contêineres depositados nos terminais e os custos adicionais para o exportador”, explicou José Roque, diretor-executivo do Sindamar.
Na soma dos prejuízos feita pelos agentes marítimos, os que mais saíram perdendo foram os armadores. Neste caso, a estimativa alcança a marca de US$ 960 milhões, o equivalente a R$ 2,1 bilhões. Eles foram os principais afetados porque não conseguiram utilizar toda a capacidade de transporte de cargas de suas embarcações.
Os prejuízos dos exportadores alcançaram US$ 2,6 milhões – R$5,9 milhões.
Eficiência
“Nos navios de contêineres, a cada um centímetro de redução de calado, deixa-se de carregar de sete a oito contêineres. Em dez centímetros, de 70 a 80 contêineres. Esses navios têm saído com sua capacidade de carregamento prejudicada”, explicou José Roque.
Já no caso das embarcações graneleiras, segundo ele, a cada um centímetro reduzido no calado, deixa-se de embarcar 100 toneladas. A estimativa leva em conta navios tipos Cape Size ou Panamax.
O levantamento do Sindamar também aponta prejuízos causados às empresas transportadoras de cargas. Neste caso, as contas são feitas com base na relação entre o preço do frete e a quantidade de toneladas que tiveram seus embarques atrasados. De acordo com Roque, as perdas desse segmento foram de aproximadamente US$ 400 mil, cerca de R$ 912 mil.
Os impactos da redução do calado nos terminais do Porto ainda não foram computados pelo Sindamar. Mas é certo que eles também tiveram prejuízos.