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Assad assume novo mandato presidencial fazendo ameaças a ocidentais e árabes

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, tomou posse nesta quarta-feira (16).

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, tomou posse nesta quarta-feira (16).

REUTERS/Syria TV via Reuters TV

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, tomou posse nesta quarta-feira (16) para um novo mandato presidencial de sete anos. Apesar da falta de legitimidade da eleição de junho, realizada somente em duas regiões do país controladas pelo Exército sírio, Assad não abre mão de reforçar seu poder. Em um discurso de cerca de uma hora, no palácio presidencial de Damasco, ele afirmou que vai combater o “terrorismo” até restabelecer a segurança no país.

 

Em um discurso marcado pelo triunfalismo, o presidente sírio afirmou que “os países ocidentais e árabes, que apoiaram o terrorismo, vão pagar muito caro” por essa posição.

Após três anos de guerra civil, mais de 170 mil mortos e milhares de refugiados, o regime sírio enfraqueceu nos últimos meses a insurreição que aspirava reformas democráticas. Por outro lado, a Síria foi invadida por milhares de combatentes islâmicos vindos do exterior, que transformaram o leste do país em uma nova terra para a Jihad. Os jihadistas do grupo Estado Islâmico, um movimento considerado ainda mais perigoso que a Al Qaeda, se emanciparam dos rebeldes e criaram um califado, em uma extensa área que vai do leste da Síria e o norte do Iraque. 

O presidente sírio enfatizou seu desejo de recuperar dos rebeldes os setores de Aleppo (norte) e a cidade de Raqa (norte), bastião do Estado Islâmico. O regime domina o centro e a costa oeste. Os insurgentes estão espalhados em áreas do norte e do sul do país, enquanto os jihadistas, em guerra contra os rebeldes desde janeiro, ocupam o leste.

Grande manipulador, Assad procurou associar o movimento de oposição ao regime com o extremismo islâmico. Ele disse que entre o momento em que “alguns sírios reivindicaram mais liberdade” e a situação atual, com a ofensiva jihadista, “a máscara da liberdade e da revolução caiu”. 

Mais uma vez, Assad fez um apelo ao “diálogo nacional” mas excluiu das negociações “aqueles que não demonstraram patriotismo”, referindo-se à oposição no exílio. “Enfatizamos a necessidade de uma nova reconciliação nacional a fim de parar o derramamento de sangue”, disse. “Reitero o meu apelo para aqueles que foram atraídos por ilusões a entregar as armas”, afirmou Assad, no poder desde 2000 e cuja família dirige a Síria com punho de ferro há mais de 40 anos.

Por fim, o presidente sírio agradeceu aos seus aliados, incluindo a Rússia e a China, que têm bloqueado resoluções do Conselho de Segurança da ONU condenando o regime. Ele também citou o apoio do Irã e do movimento xiita libanês Hezbollah, que ajudou o Exército sírio a recuperar vários bastiões rebeldes. 

Ofensiva militar do governo mata mais de 50 rebeldes na Ucrânia

27. Maio 2014 

Por Sabina Zawadzki e Gabriela Baczynska

Ícone de Jesus é visto em meio a estilhaços de vidro manchados de sangue, nos arredores do aeroporto de Donetsk, Ucrânia
DONETSK Ucrânia (Reuters) – Mais de 50 rebeldes pró-Rússia foram mortos em uma ofensiva sem precedentes de forças do governo ucraniano que entrou no segundo dia nesta terça-feira, após o recém-eleito presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, ter prometido esmagar a revolta no leste de uma vez por todas.

Jornalistas da Reuters contaram 20 corpos em roupas de combate em uma sala do necrotério de Donetsk. Em alguns dos corpos faltavam membros, sinal de que o governo havia utilizado forte poder de fogo contra os rebeldes pela primeira vez. 

“Do nosso lado, há mais de 50 (mortos)”, disse o primeiro-ministro dos rebeldes que se autointitulam República Popular de Donetsk, Alexander Borodai, à Reuters, em um hospital. 

O governo disse não ter sofrido perdas na operação, iniciada com ataques aéreos horas após os ucranianos terem elegido como presidente o bilionário Poroshenko.

O presidente russo, Vladimir Putin, que declarou o direito de Moscou de intervir para proteger a população de língua russa na Ucrânia, exigiu a paralisação imediata da ofensiva militar. Moscou também disse que não consideraria receber uma visita por parte de Poroshenko para quaisquer negociações. 

Até agora, as forças ucranianas estavam avitando de modo geral lançar ofensivas contra os separatistas, em parte por medo de que, segundo eles, isso pudesse precipitar uma invasão de dezenas de milhares de soldados russos posicionados na fronteira. 

Mas o governo em Kiev parece ter interpretado a grande vitória eleitoral de Poroshenko – com mais de 54 por cento dos votos em uma disputa com 21 candidatos – como um mandato para ação decisiva. 

Após rebeldes terem tomado o aeroporto de Donetsk na segunda-feira, aviões de guerra ucranianos e helicópteros os atacaram pelo ar, e paraquedistas foram usados como parte da ofensiva.

O tiroteio aconteceu durante a noite e, nesta terça-feira, a estrada para o aeroporto tinha sinais de combate. 

“O aeroporto está completamente sob controle”, disse o ministro do Interior, Arsen Avakov, a jornalistas em Kiev. “O adversário sofreu pesadas perdas. Não perdemos ninguém”, acrescentou. 

“Vamos continuar a operação antiterroristas até que não sobre nenhum terrorista no território da Ucrânia”, afirmou o primeiro-vice-primeiro-ministro Vitaly Yarema após uma reunião do governo.

Borodai, o primeiro-ministro rebelde, confirmou que o aeroporto estava agora sob controle do governo. 

(Reportagem adicional de Natalia Zinets, Pavel Polityuk, Richard Balmforth e Gareth Jones em Kiev, e Katya Golubkova e Denis Pinchuk em Moscou)

Reuters

Rebeldes das Farc anunciam cessar-fogo durante eleições

Negociações: líderes das Farcs chegam à Havana para encontro

ImagemOs rebeldes de esquerda das Farc, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, declararam um cessar-fogo unilateral entre 20 maio e 28 maio, um período que inclui a eleição presidencial de 25 de maio, enquanto os guerrilheiros e o governo prosseguiam com as negociações de paz em Havana  ontem (16).

“Estamos ordenando a todas as nossas unidades que cessem com qualquer ação militar ofensiva contra as forças armadas ou a infra-estrutura econômica a partir da zero hora de terça-feira, 20 de maio, até a meia noite da quarta-feira, 28 de maio”, afirmou o líder rebelde Pablo Catabumbo a jornalistas em Havana.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo do presidente colombiano, José Manuel Santos, participam de negociações de paz em Havana desde novembro de 2012, em uma tentativa de acabar com um conflito de 50 anos. As negociações foram retomadas após Catabumbo ler o comunicado.

O Exército de Libertação Nacional (ELN), um outro grupo rebelde, não está participando das negociações, mas é também signatário do aviso de cessar-fogo. Quaisquer desdobramentos das negociações de paz podem afetar a eleição presidencial, em que Santos, de centro-direita, está buscando a reeleição.

Favorito na disputa e forte defensor do processo de paz, Santos viu sua vantagem diminuir em pesquisas de opinião pública. O candidato de direita Oscar Iván Zuluaga conseguiu um empate nas sondagens.

Zuluaga pertence ao partido do ex-presidente Álvaro Uribe, cuja popularidade aumentou adotando uma linha dura contra as Farc. Zuluaga ameaçou interromper as negociações de paz se ganhar as eleições e as Farc não declararem um cessar-fogo definitivo.
No entanto, nenhum dos dois candidatos deve conseguir os 50 por cento necessários para vencer em 25 de maio, o que forçaria um segundo turno em 15 de junho.

Os negociadores de paz estão a tentando acabar com o mais longo conflito de guerrilha da América Latina, que já matou mais de 200 mil pessoas desde que começou em 1964.

“Drama de Odessa integra plano russo para destruir o país”, diz premiê

Um mulher deposita flores em memória das vítimas do incêndio que deixou 42 mortos em Odessa.

Um mulher deposita flores em memória das vítimas do incêndio que deixou 42 mortos em Odessa.

REUTERS/Gleb Garanich
RFI

Mais uma noite de grande tensão na Ucrânia. Após a libertação dos 12 observadores europeus, soltos ontem (3) em Slaviansk, as forças de Kiev intensificaram a ofensiva contra outras cidades controladas pelos rebeldes e os pró-russos pensam em vingança dois dias depois da onda de violência que deixou mais de 40 mortos em Odessa. O primeiro-ministro ucraniano Arseni Iatseniuk visita neste domingo (4) a cidade portuária do sul do país e acusou a Rússia pelo drama. Um luto oficial de dois dias foi decretado na Ucrânia.

 

Odessa, cidade portuária do sul do país, continua em estado de choque após o incêndio que matou cerca de 40 pessoas, a maioria de pró-russos, na noite de sexta-feira (2). O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Iatseniuk, visita hoje na cidade e prometeu uma investigação completa e independente sobre a onda de violência. Em um primeiro discurso, o premiê disse que “o drama de Odessa integra o plano russo para destruir a Ucrânia”.

Dois dias de luto nacional pelos 42 mortos de Odessa foram decretados pelo presidente interino Olexandre Tourtchinov. Ontem, uma multidão formada principalmente por militantes pró-russos se reuniu na frente do prédio incendiado para rezar, cantar e depositar flores em memória das vítimas.

Kiev acusa Moscou

A ultima sexta-feira foi o dia mais violento na Ucrânia desde 21 de fevereiro quando dezenas de manifestantes pró-europeus foram mortos a tiros na praça da independência de Kiev. Essa violenta repressão provocou a queda do presidente Viktor Yanukovitch.

As autoridades ucranianas acusam a Rússia de estar por trás dos confrontos, de “incentivar uma verdadeira guerra para eliminar a Ucrânia e a independência do país”, segundo o premiê Iatseniuk. Moscou rejeita as acusações e considera “absurda” a manutenção da eleição presidencial no próximo dia 25 de maio que deve escolher o sucessor de Yanukovitch.

Ofensiva ucraniana

Em Kostiantynivka, a 50 km de Donetsk, vários pontos de controle e barricadas separatistas foram destruídos pelo exército ucraniano nas últimas horas, mas a prefeitura da cidade continua nas mãos dos pró-russos. Em Lugansk, as perdas foram das forças ucranianas. Dois soldados ficaram feridos num ataque rebelde. Em Kharkiv, a Justiça proibiu duas manifestações previstas para este domingo, uma pró-russa e a outra pela unidade da Ucrânia, temendo novos confrontos violentos como os ocorridos em Odessa.

Já no reduto rebelde de Slaviansk, a situação parece tranqüila neste domingo, no dia seguinte da libertação dos observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que eram mantidos como reféns há oito dias. Os sete estrangeiros do grupo chegaram a Berlim na noite de ontem, para grande alívio dos ocidentais. Mas os confrontos da última noite entre forças ucranianas e rebeldes separatistas mostram que a trégua esperada com a libertação dos observadores estrangeiros não aconteceu.

Exército da Ucrânia lança nova ofensiva contra separatistas no leste do país

Soldados ucranianos em operação em  Slaviansk.

Soldados ucranianos em operação em Slaviansk.

REUTERS/Baz Ratner
RFI

O leste da Ucrânia volta a ser palco de combates entre o exército e grupos separatistas pró-russos neste sábado (3). Em uma coletiva de imprensa realizada na manhã de hoje, o chefe do centro antiterrorista do governo ucraniano, Vasil Kutov, afirmou que o leste do país vive uma verdadeira situação de “guerra”. Em Slaviansk, os observadores da OSCE, que eram reféns de separatistas há uma semana, foram libertados hoje.

 

No início da manhã deste sábado, o exército ucraniano lançou uma nova ofensiva contra os rebeldes separatistas de Slaviansk onde violentos confrontos foram registrados ontem. Segundo o ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, as forças do governo conseguiram tomar o controle de uma torre de televisão na cidade de Kramatorsk, no leste do país”, escreveu Avakov na sua página do Facebook. Ele não informou, porém, se houve vítimas.

O chefe do centro antiterrorista do governo ucraniano, Vasil Kutov, também falou sobre os combates na cidade de Kramatorsk. “Houve tiros e confrontos [entre o governo e os rebeldes]. O que está acontecendo na região de Donetsk e em Kramatorsk não é uma insurreição passageira. É uma guerra”, reiterou. Segundo a imprensa russa, uma pessoa morreu e nove ficaram feridas em Kramatorsk.

Já em Slaviansk, o balanço da ofensiva do exército ontem é dois soldados mortos na queda de helicópteros atingidos pela artilharia dos separatistas em terra. Segundo os rebeldes, cinco pessoas também morreram ontem nos confrontos. Em Odessa, pelo menos 37 pessoas morreram ontem em um incêndio de um edifício que abrigava militantes pró-russos.

Libertação de observadores internacionais
Depois de passarem uma semana detidos por grupos separatistas russos, os observadores internacionais da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa foram libertados neste sábado de manhã no leste da Ucrânia. Segundo os separatistas, não foi imposta nenhuma condição para a libertação dos observadores. “Todas as 12 pessoas que constavam da minha lista foram libertadas”, disse o enviado russo Vladimir Lukine.

Influência do Kremilin

Hoje o Kremilin acusou o governo ucraniano e seus aliados ocidentais pelas mortes em Odessa e pela escalada da violência no leste do país. Segundo o governo russo, Moscou “perdeu a sua influência” nas comunidades russófonas ucranianas. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou hoje que a Rússia não conseguirá convencer os separatistas de se “desarmarem” diante da “ameaça direta que paira sobre as suas vidas”. No contexto atual de violência, a Rússia também considerou « absurda » a manutenção da eleição presidencial no próximo dia 25 de maio. 

Rebeldes sul-sudaneses negam massacre de civis e acusam exército

AFP – Agence France-Presse

22/04/2014 

Os rebeldes sul-sudaneses liderados pelo ex-vice-presidente Riek Machar negaram nesta terça-feira ter massacrado centenas de civis em Bentiu (norte) e acusaram deste crime as tropas governamentais e seus aliados, contra os quais lutam desde dezembro.

A ONU acusou na segunda-feira as tropas leais a Machar pela morte de centenas de civis quando tomaram do exército governamental o controle de Bentiu. Segundo a Missão da ONU no Sudão do Sul (Minuss), os massacres começaram no dia 15 de abril.

A rebelião respondeu nesta terça-feira denunciando acusações sem fundamento e “alegações ridículas elaboradas por (seus) inimigos”, ao mesmo tempo em que acusou as forças pró-governamentais de serem “inteiramente responsáveis pelas mortes sistemáticas de civis sul-sudaneses e estrangeiros em Bentiu” e de terem “cometido crimes odiosos ao se retirar”.

No dia 15 de abril, as forças pró-Mashar anunciaram que haviam terminado com “as operações de limpeza” e assegurado Bentiu, capital do estado petroleiro de Unidade (norte), e seus arredores.

No mesmo dia, segundo a ONU, massacraram mais de 200 civis refugiados em uma mesquita, depois de selecioná-los por etnias, e mataram mais civis em uma igreja católica.

Em um hospital da cidade mataram também outros civis, incluindo pessoas da etnia dos nuergs – a mesma à qual Mashar pertence e que forma a maior parte de suas tropas – por não celebrarem a entrada na cidade das forças do líder rebelde.

Também foram assassinados moradores de Darfur, região atingida pela rebelião contra Cartum, acusados pelos insurgentes do Sudão do Sul de ajudar o exército sul-sudanês.

Ao conflito no Sudão do Sul, que começou com uma disputa interna entre Kiir e Mashar, se somaram velhas disputas étnicas entre os povos dinka de Kiir e nuer de Mashar, que remontam à guerra civil sudanesa contra Cartum (1983-2005) que levou à independência do Sudão do Sul em julho de 2011.

Os combates, que deixaram milhares de mortos desde a explosão do conflito, no dia 15 de dezembro, são acompanhados frequentemente por massacres de caráter étnico.