Ameaças surgiram após Davi Kopenawa contribuir com a PF no combate ao garimpo ilegal em terras indígenas
Portal Amazônia
BOA VISTA – O líder indígena Davi Kopenawa, da etnia Yanomami, informou que está sendo ameaçado de morte. De acordo com o relato ao Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR) e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), as ameaças são de garimpeiros e fazendeiros em função das operações policiais realizadas nas áreas indígenas nos últimos seis anos com o objetivo de combater o garimpo ilegal.
A denúncia realizada pelo presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Davi Kopenawa, em junho deste ano, alegou que homens armados invadiram a sede do Instituto Socioambiental (ISA), localizado em Boa Vista, e levaram computadores, telefones celulares e GPS. Desde então pessoas em motos são vistas rondando as proximidades da HAY e a sede do ISA.
Segundo a Hutukara, as ameaças iniciaram em maio deste ano em uma viagem do diretor da Associação, Armindo Góes. O diretor estava em São João da Cachoeira, localizado no Estado do Maranhão, quando garimpeiros o procuraram para falar que pessoas que obtiveram prejuízos com operações de combate ao garimpo dentro de terras Yanomami, procuravam por Davi e que o líder não permaneceria vivo até o fim do ano.
Apuração da denúncia
A Funai declarou que enviou relatório para Brasília acompanhar o caso, pois o líder indígena é servidor da Fundação. Davi Kopenawa colabora com a Funai e com a Polícia Federal no combate ao garimpo ilegal e fornece informações como localização de garimpos nas terras indígenas, nomes de pessoas envolvidas no processo ilegal.
Na última quarta-feira (30), a Polícia Federal instaurou inquérito para apurar as ameaças de morte denunciadas pelo líder indígena e o roubo na sede do Instituto Socioambiental (ISA). Em nota, o Ministério Público Federal em Roraima e a Polícia Federal informaram que os fatos são graves e que o inquérito vai apurar as denúncias realizadas por Davi.
Os órgãos afirmaram que a Secretaria de Segurança Pública de Roraima vai reforçar o policiamento nas regiões citados na denúncia, como forma de prevenção. Ainda segundo a nota, na reunião foi solicitado que o caso seja encaminhado a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República para que o nome de Davi Kopenawa seja incluído no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos.