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Novas sanções podem ter graves consequências para economia russa

O presidente Vladimir Putin se prepara para enfrentar as consequências que as sanções ocidentais podem ter para a economia russa.

O presidente Vladimir Putin se prepara para enfrentar as consequências que as sanções ocidentais podem ter para a economia russa|REUTERS/Alexei Druzhinin/RIA Novosti/Kremlin|RFI

Novas sanções ocidentais contra Moscou podem agravar o crescimento econômico da Rússia, disse neste sábado (28) o ministro russo da Economia, Alexei Ulyukayev. O país se prepara para enfrentar as conseqüências das medidas prometidas pelos Estados Unidos e União Europeia devido à continuação dos combates da rebelião separatista russa no leste da Ucrânia.

Ulyukayev anunciou que o país preparou três cenários, caso as sanções ocidentais contra Moscou endureçam. O mais otimista deles prevê o bloqueio das exportações de produtos de luxo, como caviar e peles, e o pior cenário englobaria o setor da metalurgia, petroleiro, e o gás, disse o ministro russo da Economia à televisão do país.

Se o quadro mais pessimista se confirmar, avaliou Ulyukayev, o crescimento econômico da Rússia seria gravemente afetado. “Os investimentos chegariam ao negativo, os juros baixariam, a inflação aumentaria e as reservas do Estado diminuiriam”, analisou. Para o ministro, no entanto, a economia russa tem capacidade de “suportar” essa perspectiva.

Cessar-fogo prolongado

Ontem (27), ao assinar um acordo histórico de associação com Kiev, os dirigentes da União Europeia estipularam que Moscou tem até segunda-feira (30) para tomar medidas contra a rebelião separatista russa no leste da Ucrânia. Esperando obter ações concretas por parte do vizinho, Kiev prolongou ontem o cessar-fogo com insurgentes durante mais 72 horas, na esperança da abertura de um diálogo de paz.

Tanto a União Europeia como os Estados Unidos aplicam uma série de sanções contra autoridades russas ou ucranianas pró-russas há quatro meses. O presidente Vladimir Putin, que no começo desdenhou as medidas, começa a ter os primeiros resultados concretos das mesmas. Na semana passada, o banco central russo admitiu que o crescimento da economia do país teria um recuo de 0,4% este ano.

Ontem a agência americana Moody’s rebaixou a avaliação de crédito da Rússia de “estável” para “negativa”, argumentando que a economia de Moscou está ameaçada pelo conflito na Ucrânia. A instituição também avaliou que a rebelião elevou o perigo de um “evento geopolítico arriscado” na Rússia.

Combates continuam

Apesar da extensão do cessar-fogo, os combates continuam no leste da Ucrânia. De acordo com o porta-voz das operações militares pró-russas na região industrial de Donbass, a madrugada foi “mais ou menos calma”. Ele anunciou a morte de três soldados ucranianos hoje nos arredores de Slaviansk, reduto dos insurgentes.

Guardas russos da fronteira com a Ucrânia afirmaram que a localidade de Rostov-na-Donu e outras cidades russas da região foram atingidas hoje por três mísseis do exército ucraniano. Ontem à noite, os rebeldes tomaram o controle de uma base do ministério do Interior na periferia de Donetsk.

França ameaça Rússia com nova rodada de sanções europeias

Laurent Fabius, ministro francês da Relações Exteriores, criticou a posição da Rússia sobre as eleições na Ucrânia.

Laurent Fabius, ministro francês da Relações Exteriores, criticou a posição da Rússia sobre as eleições na Ucrânia.

REUTERS/Benoit Tessier
RFI

O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, disse nesta segunda-feira (5) que os europeus estão dispostos a adotar uma nova rodada de sanções contra a Rússia, caso as eleições presidenciais ucranianas não possam ser realizadas, como previsto, no dia 25 de maio. O chanceler critica Moscou, que se opõe à realização do pleito.

 

Laurent Fabius afirmou que “se as eleições de 25 de maio não forem realizadas, nós passaremos a uma fase 3 das sanções” contra a Rússia. Na sexta-feira (2), o presidente norte-americano, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, também ameaçaram impor novas medidas visando punir economicamente Moscou em caso de degradação da situação ucraniana.

Em uma entrevista concedida na manhã desta segunda-feira à rádio France Inter, o chefe da diplomacia francesa defendeu a realização do pleito na Ucrânia. “Quando queremos sair de uma situação rumo à democracia, temos que ter eleições”, disse Fabius, antes de criticar abertamente a posição de Moscou sobre o tema.

“Eu noto uma contradição insustentável dos parceiros russos, pois de um lado eles dizem que não se deve fazer eleições na Ucrânia, enquanto que, na Síria, um país em guerra, com 150 mil mortos, eles defendem o voto para Bashar Al-Assad, no início do mês de junho”, declarou o chanceler, em alusão ao apoio da Rússia ao líder sírio, fortemente criticado pelos ocidentais.

As declarações de Fabius são feitas em um momento de tensão extrema no leste ucraniano, que torna cada vez mais incerta a realização das eleições presidenciais no país. Desde a queda do presidente Viktor Yanukovich, em fevereiro, a Ucrânia é dirigida pelo presidente interino Olexandre Turchinov. A Rússia, acusada pelos ocidentais de incitar a violência e a instabilidade no país, não reconhece o governo de transição e considera as eleições “absurdas”.

Obama e Merkel ameaçam ampliar sanções à Rússia. Violência explode na Ucrânia.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente dos EUA, Barack Obama, em coletiva de imprensa na Casa Branca em 2 de maio de 2014.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente dos EUA, Barack Obama, em coletiva de imprensa na Casa Branca em 2 de maio de 2014.

Reuters

A crise ucraniana atravessou o oceano, tendo sido um dos principais temas do encontro nesta sexta-feira (2), em Washington, entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler alemã Angela Merkel. Em coletiva de imprensa na Casa Branca, as declarações dos dois dirigentes foram marcadas pelas ameaças. No leste da Ucrânia, confrontos continuam entre separatistas pró-russos e forças ucranianas, com dezenas de mortos e feridos.

 

O presidente norte-americano, Barack Obama, pediu para a Rússia fazer o possível para os separatistas pró-russos deixarem o leste da Ucrânia, além de ajudar nas negociações para a libertação dos 11 observadores internacionais, “um escândalo”, segundo ele. Obama ameaçou Moscou de “sanções mais severas” caso as eleições de 25 de maio na Ucrânia venham a ser prejudicadas pelos separatistas.

O tom da declaração da chanceler alemã, Angela Merkel, também foi de ameaça: “A Europa está pronta para a “fase 3″ das sanções contra Moscou. Estamos prontos, já preparamos esta etapa”, afirmou Merkel.

Diversas empresas europeias são contra o aumento de sanções, que poderiam até atingir pessoalmente o presidente russo Vladimir Putin.

Apesar do tom forte, Merkel e Obama reafirmaram seu desejo comum de uma solução diplomática para a crise.

Sexta-feira violenta

Durante o dia, confrontos entre pró-russos armados e pró-Kiev deixaram quatro mortos e 15 feridos em Odessa, cidade portuária no Mar Negro, no sul. Um prédio foi incendiado no começo da noite, matando 31 pessoas, que foram intoxicadas ou saltaram pela janela. A Rússia reagiu, dizendo ter ficado “indignada” com as mortes em Odessa, “que refletem a irresponsabilidade do regime de Kiev”.

A manhã começou com a ofensiva do exército da Ucrânia para atacar e recuperar das mãos dos separatistas a cidade de Slaviansk, no sudeste, causando a morte de dois pilotos e dois soldados ucranianos. Os combates continuam e os pró-russos não cederam até agora.

Observadores

O líder separatista pró-russo, Denis Pouchiline, afirmou que o ataque ucraniano a Slaviansk vai retardar a libertação dos 11 observadores internacionais da OSCE -Organização para a Segurança e Cooperação da Europa – detidos pelos separatistas desde 25 de abril passado.

As discussões para a libertação dos homens (sete estrangeiros e quatro ucranianos) “estão numa fase muito delicada”, reconheceu o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. Pressionada pelos ocidentais, a Rússia enviou um mediador, Vladimir Loukine, para participar das negociações.

A Rússia ficou igualmente indignada com a iniciativa de Kiev lançar a ofensiva militar a fim de recuperar a cidade separatista e convocou uma reunião de urgência no Conselho de Segurança da ONU, nesta sexta-feira. A reunião terminou sem nenhum resultado ou avanço e os dois lados se acusaram mutuamente de “hiprocrisia”.

EUA e União Europeia anunciam novas sanções contra Rússia

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou que as novas sanções contra a Rússia são devido aos "atos de provocação" na Ucrânia.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou que as novas sanções contra a Rússia são devido aos “atos de provocação” na Ucrânia.

REUTERS/Francis R Malasig/Pool
RFI

Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (28) novas sanções contra sete autoridades russas, todas próximas ao presidente russo Vladimir Putin, e 17 empresas russas. As medidas foram criadas em represália ao que o presidente norte-americano Barack Obama classificou de “atos de provocação” na Ucrânia. A União Europeia declarou que vai adicionar 15 nomes à lista.

 

A decisão foi anunciada após a reunião entre representantes americanos e 28 embaixadores de países membros da UE em Bruxelas. A informação foi divulgada em um comunicado em Manila, nas Filipinas, onde Obama realiza uma visita de Estado.

“Os Estados Unidos decidiram por novas ações hoje em resposta à continuação da intervenção ilegal da Rússia na Ucrânia e a seus atos de provocação que prejudicam a democracia” no país e “ameaçam a paz, a segurança, a estabilidade, a soberania e a integridade nacional” da Ucrânia, diz o documento assinado pelo porta-voz da Casa Branca, Jay Carney. Washington também pretende revisar as condições de exportação à Rússia de alguns equipamentos de alta tecnologia que podem ter utilização militar.

No sábado (26), os Estados Unidos já haviam adiantado a imposição das medidas em razão, após a prisão de oito integrantes da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) em Slaviansk, leste a Ucrânia. Apenas um observador, de nacionalidade sueca, foi libertado, na noite de segunda-feira, devido a seu estado de saúde frágil, já que ele é diabético.

Uma primeira série de sanções contra Moscou e integrantes do movimento separatista na Ucrânia já havia sido aplicada pelos Estados Unidos e a União Europeia em março, em resposta à anexação da Crimeia. A decisão, no entanto, não trouxe nenhum resultado concreto sobre a crise no leste europeu.

Repugnada

Moscou se disse “repugnada” com o anúncio das sanções contra próximos de Putin e empresas russas. “O comunicado da Casa Branca nos inspira asco”, declarou o ministro adjunto das Relações Exteriores, Serguei Riabkov. Para ele, a iniciativa americana demonstra “uma ausência total de compreensão de Washington sobre o que acontece na Ucrânia”.

Riabkov também declarou que a a Rússia pretende dar uma resposta aos Estados Unidos. “Temos certeza que esta resposta terá um efeito doloroso para Washington”, ameaçou dizendo que Moscou tem uma vasta gama de opções para retaliar.

Represálias econômicas

A UE deve pretende adicionar mais 15 nomes à lista anunciada pelos Estados Unidos. A porta-voz da Comissão Europeia, Pia Ahrendkilde Hansen, disse que as medidas são relativas a uma situação na qual não há “recuo” por parte do movimento separatista pró-russo no leste na Ucrânia, apoiado por Moscou. “Nós consideramos as sanções da ‘fase 2’ como o nível mais apropriado para este momento, e que podem evoluir para a fase 3”, declarou referindo-se a possíveis represálias de ordem econômica.

Muitos países europeus temem, no entanto, que a imposição de sanções de ordem econômica possam provocar medidas de retaliação por parte de Moscou, especialmente sobre a importação de gás russo, do qual muitos dependem.

O chefe da diplomacia de Luxemburgo, Jean Asselborn, fez um apelo para que Moscou tome alguma iniciativa prática para amenizar as tensões no leste ucraniano. “Entendo que os russos não controlam todos os agitadores na Ucrânia. Mas eles podem começar a mudar a situação se retirarem suas tropas nas regiões fronteiriças”, estimou.

Insurgentes tomam mais uma prefeitura

Na manhã desta segunda-feira, cerca de 20 insurgentes fortemente armados tomaram a prefeitura de Kostiantynivka, cidade de 80 mil habitantes no leste da Ucrânia, a 20 quilômetros de Donetsk, capital da região. No local, eles hastearam uma bandeira com a inscrição “República de Donetsk” e construíram barricadas.