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Combates na Ucrânia já deixaram mais de 1.100 mortos desde abril

Um separatista pró-russo ao norte da cidade de Donetsk, bastião da insurgência.

Um separatista pró-russo ao norte da cidade de Donetsk, bastião da insurgência.

AFP PHOTO/ BULENT KILIC

Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (28), a ONU denunciou as mortes de 1.129 pessoas desde o início da operação do Exército contra os separatistas no leste da Ucrânia, em meados de abril. Além do elevado número de mortes, os combates deixaram 3.442 feridos, segundo a ONU.

 

O texto chama de alarmantes as informações sobre os combates em Donetsk e Lugansk, onde as duas partes “utilizam armas pesadas como artilharia, tanques, foguetes e mísseis” em áreas residenciais.

Citada pelo comunicado, a comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, afirma que a queda do avião da Malaysia Airlines, abatido por um míssil no leste da Ucrânia, pode se assimilar a um crime de guerra. “Tudo será feito para que os responsáveis dessa tragédia sejam levados à justiça”, disse ela. O Boeing fazia a rota entre Amsterdã e Kuala Lumpur no dia 17 de julho, com 298 pessoas a bordo. Kiev e as potências ocidentais apontam a responsabilidade dos rebeldes pró-russos e de seus aliados em Moscou.

Dez dias depois do acidente, fragmentos de corpos e pedaços da aeronave continuam espalhados pela região sob controle dos separatistas. Apesar de um frágil cessar-fogo ter sido estabelecido ao redor do área, os combates voltaram a se intensificar.

Equipes de policiais holandeses e australianos tentam chegar ao local do acidente. Ontem, eles desistiram da incursão por conta dos confrontos entre tropas ucranianas e rebeldes pró-russos, que aconteciam não só na estrada que leva à região, mas no próprio local do acidente, a cerca de 60 quilômetros de Donetsk, bastião da insurgência. A ministra australiana das Relações Exteriores, Julie Bishop, viajou a Kiev para discutir o assunto com as autoridades locais.

Desarmados, os policiais não estão encarregados da segurança do perímetro. Eles vão simplesmente observar o local em detalhes, uma etapa importante para a investigação, que deve durar entre cinco e sete dias.

Ucrânia avança contra rebeldes antes de reunião de ministros em Berlim

Por Richard Balmforth e Natalia Zinets

KIEV (Reuters) – Forças do governo ucraniano prosseguiram com uma ofensiva militar contra separatistas nesta quarta-feira, à medida que Ucrânia, Rússia, Alemanha e França se preparavam para uma reunião de ministros a fim de tentar controlar a crise no leste do país.

Rebeldes lançaram foguetes e conseguiram danificar um avião de ataque SU-24, disse um porta-voz militar, e um guarda de fronteira da Ucrânia foi morto por um ataque de morteiro em seu posto na divisa com a Rússia.

“As forças armadas e a Guarda Nacional estão prosseguindo com a ofensiva contra terroristas e criminosos. As ações de nossos militares são eficazes e estão dando resultados”, disse o presidente do Parlamento, Oleksander Turchynov.

O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, sob pressão interna para adotar uma linha dura contra separatistas que têm combatido as forças do governo desde abril, se recusou a renovar o cessar-fogo na segunda-feira à noite, e ordenou uma ofensiva do governo para “responder aos terroristas, militantes e saqueadores”.

A medida teve apoio dos Estados Unidos, mas foi criticada pelo presidente russo, Vladimir Putin, que disse que o recém-eleito líder ucraniano se desviou do caminho para a paz.

O levante separatista ganhou força no leste ucraniano, de língua russa, em abril, quando rebeldes tomaram prédios e pontos estratégicos na região, declarando “repúblicas populares” e dizendo que queriam a união com a Rússia.

Até 30 de junho um total de 191 ucranianos das forças de segurança tinham sido mortos, incluindo 145 soldados, disse nesta quarta-feira Andriy Lytsenko, porta-voz do conselho nacional de segurança e defesa. Centenas de civis e rebeldes também foram mortos.

Em uma nova tentativa de tentar estancar a crise, que resultou no pior embate entre a Rússia e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria, ministros das Relações Exteriores da Rússia, Ucrânia, Alemanha e França tinham planos de se reunir em Berlim nesta quarta-feira.

Diplomatas alertaram contra expectativas de algum avanço.

“Não há um objetivo preciso. É uma oportunidade para trabalhar em esforços de paz, mas não queremos criar expectativas”, disse uma fonte diplomática francesa na terça-feira.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, apoiou a ideia da reunião com seus colegas francês, Laurent Fabius, e ucraniano, Pavlo Klimkin, durante uma conversa por telefone com o ministro alemão Frank-Walter Steinmeier na noite de terça-feira, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

Poroshenko, que acusa a Rússia de atiçar o conflito e permitir que combatentes e equipamentos cruzem a fronteira para apoiar seus rivais, não renovou um cessar-fogo unilateral que já durava 10 dias.

Porochenko expõe plano de paz na TV; Putin pede diálogo ‘genuíno’ com rebeldes

Famílias ucranianas que fogem dos combates em Donetsk são transferidas de helicóptero para campo de refugiados instalado em Rostov, na fronteira russo-ucraniana.

Famílias ucranianas que fogem dos combates em Donetsk são transferidas de helicóptero para campo de refugiados instalado em Rostov, na fronteira russo-ucraniana|REUTERS/Eduard Korniyenko

O presidente ucraniano, Petro Porochenko, expôs neste domingo (22) à nação seu plano de paz para superar o conflito com os separatistas pró-russos no leste do país. O governo propõe um diálogo com os rebeldes que não tenham cometido assassinatos e torturas. Mas na prática, o cessar-fogo é ignorado pelo Exército e os separatistas, que travam combates intensos nas regiões de Donetsk e Slaviansk.

Porochenko expôs seu plano de paz em um pronunciamento de 12 minutos na TV, transmitido pelos principais canais do país. “Nosso objetivo é a paz, mas aqueles que pretendem utilizar estas negociações com o único objetivo de ganhar tempo e reunir suas forças devem saber que temos um plano B detalhado. Eu não vou falar agora, porque eu acho que o nosso plano pacífico vencerá”, declarou o presidente ucraniano.

Em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, convidou o governo de Kiev e os rebeldes pró-russos a iniciar um “diálogo genuíno e substancial”. Putin reafirmou que o Exército ucraniano deveria cessar suas operações militares nas regiões rebeladas. “Para que o plano de paz funcione, os ucranianos que falam russo devem se sentir uma parte inalienável da Ucrânia e ter seus direitos garantidos pela Constituição”, disse Putin. “Isso vai garantir o sucesso do plano de paz”, acrescentou. “A Rússia vai apoiar estes esforços. Mas o mais importante é o processo político”, concluiu o presidente russo

Na sexta-feira, Porochenko anunciou um cessar-fogo unilateral de uma semana no leste do país, onde as tropas ucranianas lutam desde abril contra separatistas pró-russos. A Rússia tem enviado mensagens contraditórias às autoridades de Kiev. O Kremlin colocou suas tropas em estado de alerta no centro da Rússia, ao mesmo tempo em que declara que vai apoiar o plano de paz de Kiev.

Separatistas não respeitam cessar-fogo declarado pela Ucrânia

O presidente ucraniano Petro Poroshenko supervisiona campo militar no leste do país, um dia após declarar o cessar-fogo.

O presidente ucraniano Petro Poroshenko supervisiona campo militar no leste do país, um dia após declarar o cessar-fogo|REUTERS/Stringer|RFI

O presidente ucraniano Petro Poroshenko declarou um cessar-fogo de uma semana na noite de sexta-feira (20), na tentativa de lançar um plano de paz com os separatistas no leste do país. Mas a trégua de Kiev não foi respeitada pelos rebeldes e novos ataques foram registrados na manhã deste sábado. Apesar das críticas da comunidade internacional, Moscou avisou que seu exército está em estado de “alerta máximo”.

As forças de segurança ucranianas, instaladas na fronteira com a Rússia, confirmaram que os separatistas pró-russos ignoraram a declaração de cessar-fogo de Poroshenko. Segundo as autoridades de Kiev, o exército ucraniano foi atacado novamente no leste do país na manhã deste sábado, e pelo menos três soldados ficaram feridos após a explosão de um morteiro em Donestk durante a madrugada. “Ninguém vai entregar as armas enquanto não houver uma retirada total das tropas ucranianas de nosso território”, declarou Valeri Bolotov, um dos chefes separatistas.

A declaração do cessar-fogo feita por Kiev foi interpretada por Moscou como uma ameaça, e não como uma tentativa de trégua. “Uma primeira análise mostra infelizmente que não se trata de um convite à paz e às negociações, e sim a um ultimato lançado aos insurgentes para que eles baixem as armas”, declarou o serviço de comunicação do Kremlin na noite de sexta-feira.

O ministro russo da defesa, Sergei Shoigu, também informou que as forças armadas do país estavam à postos. “Seguindo a ordem do presidente Vladimir Putin, desde às 11h em Moscou (4h em Brasília) as tropas militares situadas na região (da fronteira com a Ucrânia) foram colocadas em estado de alerta máximo”, explicou.

Já o presidente ucraniano avisou, ao declarar o cessar-fogo, que sua tentativa de trégua “não quer dizer que não responderemos em caso de agressão contra nossas tropas”.

França e Estados Unidos ameaçam com novas sanções

A comunidade internacional continua preocupada com a violência dos confrontos que tomam conta do leste ucraniano desde o mês de abril, e que já tiraram a vida de pelo menos 370 pessoas. Em conversa telefônica na noite de sexta-feira, os presidentes da França, François Hollande, e dos Estados Unidos, Barack Obama, ameaçaram novamente Moscou – acusado de incitar os conflitos – com sanções em caso de intervenção das forças russas no leste ucraniano. 

Separatistas abatem avião com militares a bordo

UCRÂNIA

por LusaHoje

 
Separatistas abatem avião com militares a bordo
Fotografia © Reuters

Separatistas pró-russos abateram um avião militar ucraniano, fazendo vários mortos, na cidade de Lugansk, no leste do país, faz informou hoje o Ministério da Defesa.

O número de mortos na sequência do ataque ao avião de transporte Il-76, perpetrado na noite de sexta-feira, ainda não foi, contudo, especificado.

“Os terroristas cínica e traiçoeiramente abriram fogo com uma metralhadora de alto calibre contra um Ilyushin-76 da força aérea ucraniana que transportava soldados e que se preparava para aterrar no aeroporto de Lugansk”, indicou o ministério em comunicado.

Veja aqui o vídeo:

O Ministério da Defesa ucraniano enviou condolências aos familiares dos “soldados mortos” mas não avançou um número concreto de vítimas do ataque ao avião que também transportava “equipamento”.

De acordo com a agência ucraniana TSN, a bordo do avião militar, seguiam cerca de 30 paraquedistas de uma brigada aeromóvel.

Lugansk, que se situa perto da fronteira russa, é a principal cidade de uma de duas regiões do leste da Ucrânia atingidas por uma onda de violência separatista que autoproclamou a sua independência de Kiev.

Pelo menos 270 pessoas, entre soldados ucranianos, separatistas e civis, foram mortas na operação “antiterrorista” lançada, a 13 de abril, para eliminar o levantamento armado separatista nas regiões pró-russas de Lugansk e de Donetsk.

Combates pelo controle do aeroporto de Donetsk deixam 50 mortos

Helicóptero ucraniano atira em rebeldes no terminal principal do aeroporto internacional de Donetsk, na segunda-feira, 26 de maio de 2014.

Helicóptero ucraniano atira em rebeldes no terminal principal do aeroporto internacional de Donetsk, na segunda-feira, 26 de maio de 2014|REUTERS/Yannis Behrakis

As manobras militares pelo controle do aeroporto de Donetsk, na Ucrânia, continuam nesta terça-feira (27), 24 horas após milicianos separatistas terem invadido o complexo e provocado a intervenção das Forças Armadas, que contra-atacam com soldados, helicópteros e aviões de caça.

Andrei Netto, enviado do jornal “O Estado de S.Paulo”, especial para RFI

O prefeito de Donetsk, Alexandre Lukiantchenko, anunciou a morte de 48 pessoas nos enfrentamentos, incluindo dois civis. O separatista Alexander Borodai, autoproclamado primeiro-ministro da República Popular de Donetsk, disse que mais de 50 pró-russos morreram em combate. O governo de Kiev declarou não ter perdido nenhum soldado.

No centro de Donetsk, a situação é de calma relativa, com fluxo de veículos e parte do comércio aberto. Mas a tensão é palpável, já que na segunda-feira pelo menos um civil morreu atingido por um morteiro em frente à Estação Central de Trens de Donetsk.

Presidente eleito recusa negociar com separatistas

A operação deve continuar nas próximas horas, já que o presidente eleito no domingo, Petro Porochenko, prometeu ontem não dialogar com o que chamou de “terroristas”. “Os que se recusam a depor as armas são terroristas, e nós não negociamos com terroristas. Eu não deixarei que ninguém faça isso no território de nosso Estado. Espero que a Rússia apoie minha abordagem”, disse Porochenko.

Hoje pela manhã, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia pediu aos observadores internacionais da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) que intercedam para acabar com o confronto. “Nós esperamos de Kiev o cessar-fogo das operações militares contra seu próprio povo”, afirmou em nota o ministério russo, em Moscou.

A OSCE perdeu contato com quatro membros de sua equipe enviados a Donetsk. Os quatro civis, que não tiveram suas nacionalidades reveladas, deram notícias pela última vez nesta segunda-feira, quando foram barrados em um check point separatista. Quarenta minutos depois, a OSCE perdeu contato com o grupo. 

Gazprom ameaça cortar fornecimento de gás para a Ucrânia

Sede da Gazprom na Rússia

Sede da Gazprom na Rússia|REUTERS/Maxim Shemetov/Files|RFI

A Gazprom cortará as entregas de gás para a Ucrânia a partir do dia 3 de junho se o governo provisório ucraniano não pagar sua dívida. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (12) pelo presidente da companhia Alexeï Miller, depois de um encontro com o premiê Dmitri Medvedev.

 “Se a Ucrânia não pagar por suas entregas, a Gazprom informará antes do dia 3 de junho, às 10h, qual volume de gás será disponibilizado”, informou o representante da companhia estatal de gás russa. Segundo ele, o valor da dívida será informado por Moscou nesta terça-feira.

Se a interrupção das entregas de gás para a Ucrânia for confirmada, o fornecimento para a União Europeia pode ser afetado, como já ocorreu em 2006 e 2009. Os países do bloco importam um quarto do gás consumido da Rússia , sendo que metade do produto transita pela Ucrânia.

“A Ucrânia tem até o final de maio para regularizar a situação”, disse o primeiro-ministro. “Mas, por enquanto, parece que os ucranianos infelizmente não têm intenção de pagá-la”, acrescentou. Ele ressaltou que o governo provisório na Ucrânia recebeu a primeira parcela do Fundo Monetário Internacional e “têm dinheiro” para pagar a conta.

O Banco Central Ucraniano anunciou na semana passada que o governo recebeu um empréstimo de U$ 3,19 bilhões do FMI, que corresponde à primeira parte do plano de ajuda de U$ 17 bilhões proposto pelo Fundo.

Rússia pede que vontade dos separatistas seja respeitada

A Rússia pediu nesta segunda-feira que a vontade dos separatistas do leste “seja respeitada”, um dia depois do resultado do referendo sobre a independência de Donetsk e Lugansk, que teve cerca de 90% de votos favoráveis. O país, entretanto, não reconheceu formalmente a separação de Donetsk.

Paralelamente, o Conselho Europeu anunciou nesta segunda que a União Europeia reforçou suas sanções contra a Rússia. Outros 15 nomes de personalidades russas ou pró-russas foram acrescentadas à lista de 48 pessoas proibidas de entrar na Europa, que também tiveram seus bens congelados. 

Europa continua articulações políticas sobre crise na Ucrânia

Tanque nas ruas de Slaviansk, oeste da Ucrânia com uma bandeira pró-russa. 12 de maio de 2014.

Tanque nas ruas de Slaviansk, oeste da Ucrânia com uma bandeira pró-russa. 12 de maio de 2014|REUTERS/Yannis Behrakis|RFI

A ofensiva diplomática europeia para tentar uma solução pacífica para a crise ucraniana é intensa após o referendo de domingo (11) sobre a independência das regiões de Lugansk e Donetsk. Nesta terça-feira (13), o chefe da diplomacia alemã foi o segundo representante do bloco europeu a visitar Kiev em menos de 24 horas para apoiar o diálogo nacional.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, se encontrou nesta manhã com o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Iatseniuk, e defendeu a importância da eleição presidencial antecipada no país. Para Steinmeier, a votação do próximo dia 25 de maio terá um papel decisivo para superar a divisão ucraniana.

Logo após o encontro com o ministro alemão, o premiê ucraniano viajou a Bruxelas para discutir com a Comissão Europeia medidas de apoio a Kiev e ao diálogo nacional, propostas pelas autoridades ucranianas. Uma mesa redonda com responsáveis políticos e representantes da sociedade civil está prevista para começar na quarta-feira (14). No entanto, o presidente interino, Oleksander Turtchinov, é contrário à participação dos separatistas pró-russos, dificultando o diálogo antes mesmo de sua abertura.

Anexação à Rússia

Depois da vitória no referendo de domingo, os separatistas do leste da Ucrânia anunciaram a soberania sobre os dois territórios e pediram a anexação deles à Rússia, assim como fez a Crimeia.

Os europeus e os Estados Unidos consideram as votações de Donetsk e de Lugansk ilegais e martelam que só vão reconhecer o resultado da eleição presidencial do próximo dia 25. Moscou pediu respeito ao desejo da população do leste ucraniano, mas ainda não respondeu ao pedido de anexação feito pelas duas regiões separatistas e nem reconheceu formalmente o resultado dos referendos.

Tentando pôr panos quentes, Vladimir Putin disse ontem apoiar a mediação da Organização pela Segurança e Cooperação da Europa (OSCE) durante conversa pelo telefone com o presidente da instituição, o suíço Didier Burkhalter. A OSCE tenta organizar uma reunião entre as autoridades interinas de Kiev e os separatistas pró-russos ainda esta semana.

Rússia pede que separatistas ucranianos adiem referendo em Donetsk

O presidente russo Vladimir Putin ao lado de Didier Burkhalter, dirigente da OSCE e presidente da Suíça

O presidente russo Vladimir Putin ao lado de Didier Burkhalter, dirigente da OSCE e presidente da Suíça

REUTERS/Sergei Karpukhin
RFI

O presidente russo Vladimir Putin pediu nesta quarta-feira (6) aos separatistas pró-russos na Ucrânia que adiassem o referendo previsto para o dia 11 de maio sobre a independência de Donetsk, e anunciou que a Rússia havia retirado suas tropas das fronteira com a Ucrânia, o que a OTAN não confirmou.

 

O chefe de estado russo anunciou sua decisão na coletiva de imprensa depois do encontro com o presidente suíço e dirigente da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação da Europa), Didier Burkhalter. Os separatistas pró-russos haviam anunciado para o dia 11 de maio a realização de uma consulta sobre independência da república de Donetsk, perto da fronteira com a Rússia.

O chefe dos separatistas, Denis Pouchiline, disse que a proposta de Putin será analisada nesta quinta-feira durante uma reunião. O presidente russo também disse considerar primordial o diálogo direto entre as autoridades de Kiev e os representantes no sudeste da Ucrânia.

“A população do sudeste precisa acreditar que, depois das eleições do dia 25 de maio, seus direitos serão garantidos”, disse o presidente russo. Putin também afirmou que Moscou havia retirado suas tropas da fronteira com a Ucrânia, onde a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estima que 40 mil homens estivessem posicionados no fim de abril.

Segundo a OTAN, por enquanto não há uma oconfirmação da mudança de posição das tropas russas.

A discussão entre o presidente russo e o dirigente da OSCE também demonstra que ambos estão coordenados nas propostas para solucionar a crise no país. As propostas, segundo o representante da OSCE, engloba quatro pontos: cessar-fogo, desarmamento, abertura do diálogo e novas eleições.

Putin também indicou que é favorável à proposta da chanceler alemã Angela Merkel, que propôs reunir as autoridades de Kiev e os representantes dos separatistas do sudeste da Ucrânia em uma mesa redonda. Por enquanto, uma nova conferência de Genebra, a exemplo da reunião realizada no dia 17 de abril, não está sendo cogitada. 

Europeus tentam evitar guerra civil na Ucrânia

O ministro interino de Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Deshchitsia,(esquerda) foi recebido em Viena pelo ministro das Relações Exteriores da Áustria, Sebastian Kurz.

O ministro interino de Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Deshchitsia,(esquerda) foi recebido em Viena pelo ministro das Relações Exteriores da Áustria, Sebastian Kurz.

REUTERS/Leonhard Foeger
RFI

Os combates continuam intensos no leste da Ucrânia e o risco de uma guerra civil no país parece cada vez mais próximo, preocupando os europeus. Balanço divulgado nesta terça-feira (6) indica que mais de 30 pessoas morreram no país ontem. A crise ucraniana foi discutida nesta manhã em Viena em reunião do comitê ministerial do Conselho da Europa.

 

Em Viena, 30 chanceleres, incluindo os ministros de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov e da Ucrânia, Andrii Dechtchitsa, participaram da reunião do Conselho da Europa. No início do encontro, o britânico William Hague acusou a Rússia de tentar desestabilizar a organização da eleição presidencial ucraniana prevista para o próximo dia 25. A maioria dos países presentes enviou uma mensagem clara de apoio a realização da votação.

O presidente francês, François Hollande, declarou, paralelamente em Paris, temer o caos e o risco de guerra civil na Ucrânia se a eleição não acontecer. Moscou não reconhece o governo provisório de Kiev e considera a eleição absurda no contexto atual de confrontos.

Confrontos no leste do país

Um balanço divulgado hoje pelo ministro do Interior ucraniano aponta a morte de 30 separatistas e 4 soldados nos enfrentamentos com o Exército, nesta segunda-feira, na cidade de Slaviansk.

A situação também é tensa em Donetsk e Kramatorsk. Nesta manhã, as autoridades ucranianas fecharam temporariamente o aeroporto internacional de Donetsk, sem dar explicações.

O presidente da Duma, a assembleia russa, comparou a ofensiva ucraniana para controlar as cidades rebeladas a um “genocídio”. O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos pediu diálogo entre nacionalistas e separatistas.

Queda do turismo na Rússia

O conflito já começa a afetar o setor do turismo na Rússia. A associação que reúne as agências de turismo russas informou hoje que as reservas de viagens para o país diminuíram 30%, desde o inicio do conflito com os ocidentais.

A tensão entre nacionalistas e separatistas na Ucrânia aumenta com a aproximação de duas datas: na quinta-feira, 8 de maio, é celebrada a vitória dos aliados sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial, e os separatistas prometem ações. No dia 11, os separatistas programaram referendos de autodeterminação na região de Donetsk.