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Cinco anos depois, acidente do AF447 ainda gera disputa jurídica

Flores são colocadas em memorial das vítimas do AF447 no cemitério Père Lachaise

Flores são colocadas em memorial das vítimas do AF447 no cemitério Père Lachaise|Reuters|Taíssa Stivanin

Na noite de 31 de maio de 2009, o voo AF447, com 228 passageiros a bordo, deixava o Rio em direção a Paris. Eles jamais chegariam a seu destino. Cerca de três horas depois da decolagem, uma série de incidentes técnicos resultou na queda do Airbus330 da Air France no meio do oceano Atlântico.

Neste fim de semana, no Brasil e na França, duas cerimônias aconteceram em memória às vítimas do acidente. Em Paris, uma homenagem aconteceu às 15h do sábado no cemitério Père Lachaise; e no Rio, flores serão colocadas sobre o monumento construído no Alto Leblon.

As Associações dos Familiares das Vítimas, entretanto, não escondem sua decepção em relação ao último documento divulgado pela Justiça francesa, no processo penal contra a Airbus e a Air France.

O relatório, encomendado pela Airbus e aceito pela juíza francesa Sylvia Zimmerman, foi divulgado há cerca de duas semanas. Ele atesta que o acidente ocorreu por falha humana e que a responsabilidade é dos pilotos, que não tiveram as reações “apropriadas” que possibilitariam salvar a aeronave.

A culpa é dos mortos

Uma conclusão que revolta os familiares e até mesmo a companhia aérea, que considerou o documento unilateral. O próprio BEA, a agência civil francesa, responsável pela investigação do acidente, concluiu em seu relatório final divulgado em 2012 que o acidente não teria ocorrido se os sensores Pitot, que medem a velocidade do avião, tivessem funcionado corretamente.

No voo 447, o congelamento desses sensores provocou uma sucessão de panes que levaram à desestabilização do avião, que acabou caindo. Os pilotos também não ouviram o alarme de perda de sustentação, o que levou a agência a incluir uma recomendação no relatório final propondo a instalação de um sinal visual, além do sonoro, no cockpit.

“É preciso indiciar pessoas físicas, para que elas respondam pessoalmente pelos seus erros neste caso. Como você sabe, todo mundo se esconde atrás dos cadáveres dos pilotos. É a melhor opção para todos!”, diz o ex-piloto da Air France Gérard Arnoux, representante das famílias brasileiras na França.

Anulação do relatório

A Associação francesa das Vítimas, Entraide et Solidarité AF447, pretende entrar com um recurso na Justiça em julho. Uma audiência está prevista no Palácio de Justiça de Paris, explica um de seus membros, Laurent Lamy: “Como parente de uma das vítimas, eu não posso aceitar esse relatório. Vamos pedir aos advogados que ele seja anulado”, garante.

O presidente da Associação Brasileira das Vítimas do AF447, Nelson Marinho, concorda. “Este relatório mostra, parodiando De Gaulle, que a França não é um país sério”. Ele também pretende lançar uma ação paralela no país para contestar a responsabilidade da Airbus, acusada de negligência. Elas alegam que o excesso de automatização do avião foi responsável por vários incidentes envolvendo as aeronaves da fabricante.

Livro de memórias

Para lembrar os cinco anos do acidente, as famílias das vítimas pretendem lançar no fim de julho um livro reunindo depoimentos e fotos dos passageiros mortos no acidente. “O livro não terá fins comerciais”, explica Deborah Barochel Pereira Leite.

Ela mora em Munique e ajuda a organizar a publicação, ao lado da Associação Alemã das Vítimas. De acordo com ela, “trata-se de uma homenagem póstuma aos nossos entes queridos, com uma tiragem limitada”.

Tragédia: filho de 11 anos atropela e mata a mãe após conduzir carro

Menino entrou em estado de choque após o ocorrido no Jardim Araruna

Jornal da Cidade|Thiago Vendrami com Paola Patriarca 

Uma mulher de 38 anos morreu, na noite desta terça-feira (27), após ser atropelada no estacionamento de um estabelecimento comercial, localizado na rua Felício Atala, Jardim Araruna, em Bauru. O que seria um acidente de trânsito grave tomou conotações ainda mais trágicas ao se saber que o próprio filho da vítima, uma criança de 11 anos, é quem estava na direção do veículo.

Quioshi Goto
Mulher morre após ser atropelada, na noite desta terça-feira (27), pelo próprio filho

Segundo registro do boletim de ocorrência (BO), o fato aconteceu por volta das 20h30. Testemunhas informaram aos policiais militares de que o carro da vítima, um Fiat/Palio, com placas de Bauru, estava estacionado em frente ao estabelecimento, quando o menino sentou no banco do motorista e teria circulado com o veículo pelo estacionamento.

Porém, a mãe da criança, ao ver que o filho estava com o carro, tentou tirar a chave da ignição pelo lado de fora, mas foi atropelada. Em seguida, o carro chocou contra um Fiat/Siena, que estava estacionado.

A vítima foi socorrida pela Unidade de Resgate do Corpo de Bombeiros e encaminhada para o Pronto-Socorro Central (PSC), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

Conforme a reportagem apurou, uma mulher que estava nas proximidades tentou socorrer a criança e acabou abraçada pelo menino, que teria dito “matei minha mãe”. Ele também foi socorrido ao PSC em estado de choque.

Ainda de acordo com o boletim, a Polícia Cientifica foi acionada para realizar Perícia Técnica no local.  A ocorrência foi registrada como ato infracional, homicídio culposo na direção de veículo automotor e seguirá sob investigação da Polícia Civil.

Em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), nomes dos envolvidos nesta ocorrência são preservados pela reportagem.

Quioshi Goto
Menino de 11 anos entrou em estado de choque após o acidente no Jardim Araruna

Independência que Israel celebra hoje é vista como tragédia pelos palestinos

 
Israel iniciou na noite de segunda-feira, 5 de maio, a comemoração da criação do Estado de Israel.

Israel iniciou na noite de segunda-feira, 5 de maio, a comemoração da criação do Estado de Israel.

REUTERS/Ronen Zvulun

Israel comemora nesta terça-feira (6) o Dia da Independência, data que, para os palestinos, é conhecida como “nakba”, a catástrofe. O país celebra os 66 anos de sua criação em15 de maio de 1948, alguns meses depois da decisão histórica das Nnações Unidas de partilhar a palestina entre árabes e judeus.A data é celebrada pelo calendário judaico, por isso este ano caiu no dia 6 de maio.

Daniela Kresch, correspondente da RFI Brasil em Tel Aviv

As festividades começaram na noite de ontem (5), com shows e fogos de artifício nas principais cidades do país. E continuam durante o dia de hoje até o anoitecer.

A celebração acontece sempre um dia depois do chamado Dia da Lembrança, quando são rememorados os cerca de 23 mil cidadãos que morreram nas guerras e em ataques terroristas dos últimos 66 anos.

Tragédia palestina

Se a data é comemorada pela maioria judaica de Israel,  é lembrada de outra forma pela minoria árabe.

Para a maioria dos árabes-israelenses, pouco mais de 20% da população do país, o dia é conhecido como “nakba”, ou Dia da Tragédia. Cerca de 76% de árabes gnoram a data ou participam de manifestações em lembrança da “nakba”, que acontecem em geral no dia 15 de maio – data do calendário gregoriano na qual Israel foi criado.

Os palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza também consideram o dia como uma data trágica. Estima-se que 700 mil árabes tenham fugido ou sido expulsos de suas aldeias durante a guerra da Independência, que começou no dia seguinte à proclamação de criação de Israel.

Muitos foram para a Cisjordânia e a Faixa de Gaza e hoje lutam por um estado palestino. Outros foram para o Líbano, Síria e Jordânia, onde seus descendentes são até hoje refugiados e sonham em voltar as aldeias de seus antepassados.

Aplicativo inabka

A “nakba” ganhou até um aplicativo para telefones celulares. Para coincidir com o Dia da Independência de Israel, ou a catástrofe sob o ponto de vista árabe, uma ONG de direitos humanos lançou um aplicativo para celulares chamado “inakba”.

O aplicativo localiza no mapa atual de israel os 400 vilarejos árabes que foram destruídos ou evacuados desde 1948, ano da criação do estado.

Alguns viraram ruínas, outros foram repovoados por imigrantes judeus que foram chegando ao recém-criado estado de Israel.

O aplicativo é trilingue, em árabe, hebraico e inglês e ajuda descendentes a identificar onde seus antepassados moravam na época da criaçao de Israel.

O aplicativo foi criado pelaONG Zochrot (“lembram”, em português), baseada em Nazaré, a maior cidade árabe de Israel.

Os responsáveis pelo aplicativo são cidadãos árabes de Israel, mas se identificam com os palestinos.

Coreia: sobe para 58 os mortos em naufrágio

Das 476 pessoas a bordo, 244 seguem desaparecidas

Parentes fazem vigília enquanto aguardam notícias de estudantes a bordo de balsa naufragada / Kim Doo-Ho/AFPParentes fazem vigília enquanto aguardam notícias de estudantes a bordo de balsa naufragadaKim Doo-Ho/AFP

Sobe para 58 o número de mortes confirmadas em naufrágio de balsa na Coreia do Sul. O acidente aconteceu na quarta-feira e a embarcação contava com 476 pessoas a bordo, sendo mais de 350 estudantes de nível médio da cidade de Ansan. Apenas 174 foram resgatados com vida e 244 seguem desaparecidos.

Os corpos foram colocados em barracas instaladas na ilha de Jindo, onde parentes dos passageiros da balsa acampam em um ginásio desde o naufrágio, para a tentativa de identificação. Boa parte dos 500 mergulhadores que trabalham no local da catástrofe são voluntários civis.

Marcha de protesto até Seul

Na manhã de domingo, quase 200 pessoas, parentes dos mortos e desaparecidos, retomaram uma passeata de protesto de Jindo até a sede da presidência em Seul, uma distância de 420 quilômetros. 

Quando foram impedidos de cruzar a ponte que leva à terra firme e foram obrigados a retornar, os manifestantes iniciaram uma briga com a polícia.Capitão acusado de negligência

O capitão Lee Joon-seok e dois membros da tripulação foram detidos neste sábado e terão que responder por acusações de negligência e falhas na segurança dos passageiros, uma violação do código marítimo.

O homem de 69 anos tem sido muito criticado por ter abandonado a embarcação que naufragou na quarta-feira na costa meridional da Coreia do Sul, enquanto centenas de pessoas, em sua maioria adolescentes em viagem escolar, permaneciam presas a bordo.

Das 476 pessoas a bordo, mais de 350 eram estudantes da mesma escola de nível médio na cidade de Ansan (ao sul de Seul). Apenas 174 pessoas foram resgatadas com vida.

Os familiares receberam neste sábado uma mensagem de pêsames do papa Francisco, que tem uma visita programada ao país em agosto. “Rezem comigo pelas vítimas da catástrofe da balsa na Coreia do Sul e por suas famílias”, escreveu o pontífice no Twitter.

Decisão de adiar a saída

O subdiretor da Guarda Costeira, que afirma ainda ter esperanças de encontrar sobreviventes, informou que serão instaladas redes ao redor da balsa para impedir o afastamento dos corpos. O capitão e dois tripulantes foram levados para a delegacia de Jindo, a ilha vizinha ao local da tragédia.

Lee Joon-seok tentou explicar os motivos de sua decisão de adiar a saída dos passageiros depois que a embarcação ficou imobilizada.

As 476 pessoas que estavam a bordo receberam ordem para que permanecessem em seus assentos por mais de 40 minutos, segundo sobreviventes.

Quando a balsa começou a afundar, era muito tarde, já que os passageiros não conseguiam avançar pelos corredores inclinados, ao mesmo tempo que a água dominava a embarcação. “Naquele momento (durante os 40 minutos posteriores ao choque), os barcos de emergência não haviam chegado. Também não havia pesqueiros ou quaisquer outros barcos que pudessem nos ajudar”, declarou o capitão com a cabeça abaixada e coberta por um capuz.

“As correntes eram fortes e a água estava muito fria. Pensei que os passageiros seriam arrastados e teriam dificuldades se a retirada acontecesse em desordem, sem coletes salva-vidas”, disse. “E teria acontecido o mesmo com coletes”, acrescentou.

Revolta dos parentes

Não foram encontrados sobreviventes desde a manhã de quarta-feira. Os 174 sobreviventes foram resgatados poucas horas depois do naufrágio, no mar ou quando pulavam da balsa que ainda afundava.

A embarcação transportava 476 pessoas, incluindo 352 estudantes do colégio Danwon de Ansan, uma localidade ao sul de Seul, que estavam em uma viagem escolar.

O vice-diretor da escola, que havia sobrevivido à catástrofe, foi encontrado enforcado na sexta-feira, em um aparente suicídio. “Sobreviver é muito difícil… Eu assumo toda a responsabilidade”, escreveu em uma carta encontrada em sua carteira, segundo a imprensa local.

A revolta dos familiares aumentou nas últimas 48 horas. Os pais acusam as autoridades e os serviços de emergência de incompetência e indiferença. “Não temos muito tempo. Muitos acreditam que é o último dia possível para encontrar passageiros vivos”, disse Nam Sung-Won, que tinha um sobrinho de 17 anos a bordo. “Depois de hoje, tudo estará acabado”, completou.

A causa do acidente ainda não foi determinada. As informações da Marinha indicam que a balsa girou bruscamente antes de enviar um sinal de socorro. O choque pode ter desequilibrado a carga – 150 automóveis – e inclinado a embarcação.