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Le Monde constata que desenvolvimento levou índios à miséria no Brasil

Reportagem do jornal Le Monde desta quinta-feira sobre a pobreza dos indios em Manaus.

Reportagem do jornal Le Monde desta quinta-feira sobre a pobreza dos indios em Manaus|RFI

As populações indígenas acabaram sendo vítimas colaterais do desenvolvimento do Brasil nos últimos anos. Essa é a conclusão de uma reportagem publicada na edição de quinta-feira (26) do jornal francês Le Monde, que foi à periferia de Manaus conhecer a situação “de miséria” na qual vivem centenas de índios.

O jornal constata que os índios “tentam, em vão, fazer valer os seus direitos, diante das ameaças de expulsão e do apetite por terrenos das indústrias que sondam as suas terras”. Representantes das tribos amazônicas afirmam ao jornal que apesar de a Constituição garantir direitos aos indígenas, cada vez mais as leis têm sido adaptadas ao gosto dos grandes proprietários de terra e grupos de mineração.

“Na bulimia do crescimento que conhece hoje o Brasil, a Amazônia e seus seis milhões de quilômetros quadrados alimentam as ambições”, afirma o jornal. Os tenharins são um exemplo de tribo que hoje “precisa brigar para conservar seus territórios”.

O Le Monde diz que apesar de Manaus ter construído um estádio de futebol inspirado nas aldeias, “a situação da população indígena permanece frágil”, inclusive pela sensação de perda de apoio à causa pela população brasileira, em comparação com 20 ou 30 anos atrás, segundo o jornal francês.

Preconceito

O diário foi ao encontro de famílias que vivem na periferia da capital do Amazonas, como a de Bernardino Pereira. “Desorientado pela vida urbana, perdido pela mudança do modo de vida”, o índio tikuna reclama do preconceito sofrido junto aos habitantes da cidade, que o insultam. Muitos, como ele, sobrevivem de artesanato. Diante das dificuldades, outros acabam se tornando alcoólatras, enquanto as índias viram empregadas domésticas ou até prostitutas.

O jornal observa que, ainda assim, os índios são apaixonados por futebol como qualquer brasileiro e estão acompanhando a Copa do Mundo como podem. “Eles não têm dinheiro para comprar um ingresso, mas não perdem um jogo na televisão.”
 

 
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Le Monde constata que desenvolvimento levou índios à miséria no Brasil

Reportagem do jornal Le Monde desta quinta-feira sobre a pobreza dos indios em Manaus.

Reportagem do jornal Le Monde desta quinta-feira sobre a pobreza dos indios em Manaus.
RFI

As populações indígenas acabaram sendo vítimas colaterais do desenvolvimento do Brasil nos últimos anos. Essa é a conclusão de uma reportagem publicada na edição de quinta-feira (26) do jornal francês Le Monde, que foi à periferia de Manaus conhecer a situação “de miséria” na qual vivem centenas de índios.

 

O jornal constata que os índios “tentam, em vão, fazer valer os seus direitos, diante das ameaças de expulsão e do apetite por terrenos das indústrias que sondam as suas terras”. Representantes das tribos amazônicas afirmam ao jornal que apesar de a Constituição garantir direitos aos indígenas, cada vez mais as leis têm sido adaptadas ao gosto dos grandes proprietários de terra e grupos de mineração.

“Na bulimia do crescimento que conhece hoje o Brasil, a Amazônia e seus seis milhões de quilômetros quadrados alimentam as ambições”, afirma o jornal. Os tenharins são um exemplo de tribo que hoje “precisa brigar para conservar seus territórios”.

O Le Monde diz que apesar de Manaus ter construído um estádio de futebol inspirado nas aldeias, “a situação da população indígena permanece frágil”, inclusive pela sensação de perda de apoio à causa pela população brasileira, em comparação com 20 ou 30 anos atrás, segundo o jornal francês.

Preconceito

O diário foi ao encontro de famílias que vivem na periferia da capital do Amazonas, como a de Bernardino Pereira. “Desorientado pela vida urbana, perdido pela mudança do modo de vida”, o índio tikuna reclama do preconceito sofrido junto aos habitantes da cidade, que o insultam. Muitos, como ele, sobrevivem de artesanato. Diante das dificuldades, outros acabam se tornando alcoólatras, enquanto as índias viram empregadas domésticas ou até prostitutas.

O jornal observa que, ainda assim, os índios são apaixonados por futebol como qualquer brasileiro e estão acompanhando a Copa do Mundo como podem. “Eles não têm dinheiro para comprar um ingresso, mas não perdem um jogo na televisão.”

Le Monde questiona corte de protesto indígena durante abertura da Copa

Jovem é da aldeia Krukutu, em Parelheiros, São Paulo.

Jovem é da aldeia Krukutu, em Parelheiros, São Paulo.

DR|RFI

O jornal francês Le Monde questionou neste domingo o corte das imagens da transmissão da cerimônia de abertura da Copa do Mundo, no momento em que um jovem indígena abre uma faixa de protesto. O garoto, que participava do evento, tirou do bolso e exibiu uma faixa onde se lia “demarcação”, quando deixava o campo.

A imagem, entretanto, foi cortada durante a transmissão da cerimônia. Junto com uma criança branca e uma adolescente negra, o indígena havia soltado uma pomba branca no centro do campo, antes do início da primeira partida, entre Brasil e Croácia.

Aplaudidos pelos jogadores, os três começam a sair do campo quando o indígena abre a faixa vermelha. “A imagem é forte mas não foi ao ar. O gesto de protesto não foi transmitido para as televisões do mundo inteiro”, relata o correspondente do diário francês no Brasil, no blog sobre a Copa do Mundo no site do jornal.

“Estranha omissão”, constata o jornalista. A faixa era um apelo para o governo brasileiro consolidar a demarcação de terras indígenas no país, “uma luta ancestral que conhece, nos últimos anos, uma mobilização cada vez maior em razão da intensificação dos processos para reduzir ou enfraquecer o direito constitucional dos índios”, afirma o texto.

Até o momento, diz a matéria, os organizadores da cerimônia não comentaram a divulgação das fotos do índio com a faixa, publicadas na internet. 

Flechadas de índios brasileiros contra policiais repercutem na imprensa estrangeira

Imagem impressionante de índios brasileiros diantes de militares a cavalo nos protestos de 27 de maio de 2014.

Imagem impressionante de índios brasileiros diantes de militares a cavalo nos protestos de 27 de maio de 2014|Reuters

O confronto entre índios e policiais durante uma manifestação anti-Copa em Brasília, nessa terça-feira (27), teve repercussão na imprensa internacional. Manifestando pela demarcação de suas terras em frente ao Congresso, cerca de 300 índios cruzaram uma passeata dos sem-teto no Eixo Monumental e tomaram a direção do estádio Mané Garrincha, onde a exposição da taça do Mundial deveria ser inaugurada. Diversas fotos nos sites de mídias estrangeiras mostram os indígenas com os arcos voltados para os PMs, assustando os cavalos dos militares. Um cabo teve a perna atingida por uma flecha.

 

Daily Mail   

Gás lacrimogênio contra arcos e flechas” destaca o jornal inglês DailyMail em seu site, anunciando o conflito entre os manifestantes e as forças da ordem e lembrando que a cerimônia da inauguração da exposição da taça da Copa do Mundo foi anulada.

No artigo do “Daily Mail” podem ser vistas 21 fotos de tamanho grande e um vídeo dos protestos.

El País

Arcos y Flechas contra gases lacrimógenos“, diz a manchete do jornal espanhol “El País”.

Em um longo artigo, o diário descreve os acontecimentos em Brasília, explicando que diversas tribos indígenas, sem teto e movimentos sociais contra o Mundial acabaram se concentrando em uma passeata única.

“El País” fala das reivindicações dos manifestantes: demarcação de terras indígenas, casas para as pessoas transferidas das áreas em que foram construídos novos estádios, derrogação da lei que dá isenção fiscal à FIFA e seus associados comerciais, desmilitarização da polícia e fim da repressão social aos movimentos sociais.

Os índios foram a Brasília para participar da Mobilização Nacional Indígena, que será celebrada até quinta-feira (29) e se juntaram aos manifestantes por considerar que “esta é uma causa de todos os brasileiros”, publica o jornal espanhol.

“El País” também lembra que em São Paulo os professores e funcionários públicos estão em greve há 35 dias, reivindicando um aumento salarial de 15,38%; e que os motoristas e cobradores de ônibus iniciaram na terça-feira uma greve de 24 horas no Rio de Janeiro e Belo Horizonte, além dos médicos da rede municipal, que suspenderam seus serviços por dois dias em todos os centros de saúde, sempre pedindo melhores salários.

Libération

Gás lacrimogênio contra índios e sem teto em Brasília“. É o título do jornal francês“Libération”.

O diário de esquerda lembra que cerca de 500 caciques, entre eles o famoso Raoni, defensor da Amazônia, subiram no telhado do Parlamento da capital federal para exigir políticas justas para seus povos. “Aos 84 anos, a figura lendária da resistência dos povos indígenas do Brasil mostrou sua coragem”, publica o jornal.

“Afastar o espírito do Mal” é o objetivo dos índios, escreve Libération, lembrando que a taça da Copa do Mundo chegou na terça-feira no estádio Mané Garrincha de Brasília, uma das etapas da turnê em 27 cidades, das quais doze serão palco de jogos do Mundial.

TVs e sites de vários países também noticiaram os protestos, destacando a imagem forte dos índios com arco e flecha diante de militares armados e montados a cavalo.