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América Latina endurece posição contra operação de Israel em Gaza

Durante a 46ª cúpula do Mercosul, os presidentes dos países do bloco expressaram sua posição contra os ataques de Israel à população palestina e exigiram um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Durante a 46ª cúpula do Mercosul, os presidentes dos países do bloco expressaram sua posição contra os ataques de Israel à população palestina e exigiram um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Roberto Stuckert Filho/PR
RFI

Enquanto os Estados Unidos continuam vendendo munições ao exército israelense e autoridades europeias tentam relativizar a sangrenta operação Limite Protetor com inócuos pedidos de cessar-fogo em Gaza, países da América Latina figuram como os maiores críticos do governo de Israel até o momento. Hoje (31), a Bolívia foi além dos protestos e incluiu Israel na lista de “estados terroristas”.

 

A Bolívia, que rompeu suas relações diplomáticas com Israel em 2009, após a violenta operação “Chumbo Fundido”, já havia feito um pedido à ONU para que abrisse um processo contra Tel Aviv de crime contra humanidade, logo nos primeiros dias da atual ofensiva. Ontem, o presidente boliviano, Evo Morales, declarou que incluiu Israel na lista de “países terroristas”.

“Israel não é um Estado que garante os princípios de respeito à vida e os direitos básicos para a coexistência pacífica e harmoniosa na comunidade internacional”, afirmou Morales. “Nós declaramos Israel como um Estado terrorista”, ratificou.

Outros países reagiram à continuidade das violências contra os civis em Gaza nos últimos dias. O Chile classificou as operações militares israelenses como uma “agressão coletiva contra a população” da região. Já o Peru diz estar profundamente decepcionado com a violação dos vários cessar-fogos dos últimos dias e a continuidade da operação militar de Israel em Gaza.

Na terça-feira (29), durante uma reunião privada da 46ª cúpula do Mercosul, na Venezuela, os integrantes do bloco divulgaram um comunicado contra os ataques à população palestina e exigiram um cessar-fogo. Além do presidente venezuelano Nicolás Maduro, assinaram a declaração os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, do Brasil, Dilma Rousseff, do Uruguai, José Mujica, do Paraguai, Horacio Cartes, e da Bolívia, Evo Morales.

Brasil critica Israel

Na semana passada, o governo brasileiro condenou  “energicamente” o uso desproporcional da força de Israel na Faixa de Gaza, “do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças”. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil também reiterou seu chamado a um imediato a uma trégua. Além disso, Brasília convocou seu embaixador em Tel Aviv para consultas.

O porta-voz do governo de Israel, Yigal Palmor, ironizou a posição brasileira. “Desproporcional é perder uma partida de futebol por 7 a 1”, disse, em entrevista ao Jornal Nacional. Já em declaração ao The Jerusalem Post, Palmor, afirmou que a convocação do embaixador brasileiro em Israel “era uma demonstração lamentável de como o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático”.

As declarações do governo israelense contra o Brasil não intimidaram outros países da América Latina, como Equador, Chile, Peru e El Salvador que convocaram igualmente seus embaixadores em Tel Aviv para consultas.

Desde o início da operação

A reação dos países latinos não é tardia. Desde o começo da ofensiva israelense contra o movimento islâmico Hamas em Gaza, vários países do continente americano já haviam se posicionado contra o governo de Israel. Uma semana após o início dos ataques, o ministério mexicano das Relações Exteriores pediu a proteção dos palestinos e condenou o uso da força e a operação militar.

Há três semanas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, classificou a ofensiva de “guerra de exterminação” contra o povo palestino. Já em Cuba as autoridades pediram que “a comunidade internacional exija que Israel cesse a escalada de violência”. Ambos os países também romperam as relações com Tel Aviv em 2009.

Logo nos primeiros dias da operação Limite Protetor, o ministério das Relações Exteriores do Uruguai condenou a “resposta desproporcional” dos israelenses aos tiros lançados pelos palestinos. Em meados de julho, o Equador “condenou com energia todos os atos de violência” na região e pediu “o fim imediato das hostilidades”.

EUA ficam “profundamente decepcionados” com libertação de ex-general venezuelano

O presidente Nicolás Maduro e o general Hugo Carvajal, no domingo, em Caracas.

O presidente Nicolás Maduro e o general Hugo Carvajal, no domingo, em Caracas.

REUTERS/Miraflores Palace/Handout via Reuters

Hugo Carvajal, ex-chefe da inteligência militar da Venezuela no governo de Hugo Chávez, tinha sido preso na quarta-feira passada na ilha holandesa de Aruba, a pedido dos Estados Unidos, por tráfico de drogas. Atendendo a um recurso judicial, o governo holandês ordenou a libertação de Carvajal e seu retorno à Venezuela com base no princípio da imunidade diplomática.

 

O general aposentado estava em Aruba aguardando que sua nomeação como cônsul da Venezuela, decidida em janeiro passado, fosse ratificada pela ilha caribenha.

A justiça americana estava no encalço de Carvajal desde 2008, acusando o ex-colaborador de Chávez do porte de 5 quilos de maconha e coisas mais graves, como armar e financiar as Farc, a guerrilha marxista colombiana. Desde 2008, Carvajal fazia parte da “lista Clinton”, elaborada pelo departamento do Tesouro, por suposto financiamento de grupos guerrilheiros.

Ao saber da prisão de Carvajal em Aruba, o presidente Nicolás Maduro denunciou “um ato ilegal, que viola o direito internacional”. Ele até ameaçou “responder com a força”, se a dignidade da Venezuela fosse prejudicada. Ao tomar conhecimento da libertação, Maduro elogiou a coragem do governo holandês, que não extraditou Carvajal para os Estados Unidos.

O ex-chefe da inteligência militar venezuelana retornou a Caracas neste domingo. Ele foi recebido com festa por Maduro e os colegas socialistas que participavam do congresso do partido governista.

Carvajal foi declarado “persona non grata” na Holanda e em seus territórios ultramarinos.

Amazônia venezuelana pode ganhar seu próprio Inpa

Criação de um instituto de pesquisas na Venezuela ajudaria a descobrir potencial da biodiversidade da região

Portal Amazônia

Parceria entre Inpa e Venezuela deve ajudar a descobrir potencial de frutas da região e tratamento para doenças. Foto: Reprodução/Amazônia

MANAUS – Um bioma em comum e experiência de 60 anos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) contribuíram para estabelecer um espaço de diálogo e as diretrizes para a criação futura de um instituto de pesquisas amazônicas na Venezuela. O assunto foi debatido no terceiro Seminário Nacional da Comissão Nacional Permanente do Tratado de Cooperação Amazônica, Ciência e Tecnologia, que ocorreu na Amazônia venezuelana, em Puerto Ayacucho, na calha do rio Orinoco, divisa entre Venezuela e Colômbia.

Representante do Inpa no evento, o coordenador de extensão Carlos Bueno, disse que o instituto sediado em Manaus está disponível para ajudar a Venezuela em estabelecer seu próprio centro de pesquisas sobre a Amazônia.

“Certamente os cursos de pós-graduação do Inpa e as tecnologias sociais disponíveis poderão ser um caminho importante em curto prazo de apoio à criação de um instituto de pesquisas amazônicas da Venezuela. Isso é de grande importância para o Inpa nas perspectivas de compartilhamento de pesquisas e treinamento de pessoal”, completou.

Segundo o coordenador, a biodiversidade venezuelana tem muitas semelhanças com a da Amazônia Brasileira e muitas soluções de problemas podem ser natureza semelhante, como em relação a doenças (malária, dengue, leishmaniose, oncocercose conhecida como cegueira dos rios) e potencial econômico de frutas que eles desconhecem, como cupuaçu, abacaxi, açaí, camu-camu, cubiu e mapati (uva-da-amazônia).

 

Apagão atinge várias cidades da Venezuela e provoca caos no transporte de Caracas

Funcionamento do metrô de Caracas foi interrompido e habitantes voltaram a pé para suas casas nesta sexta-feira (27).

Funcionamento do metrô de Caracas foi interrompido e habitantes voltaram a pé para suas casas na sexta-feira (27)|REUTERS/Carlos Garcia Rawlins|RFI

Um blecaute em cerca de oito Estados na Venezuela deixou parte do país sem eletricidade durante várias horas nesta sexta-feira (27). Na capital Caracas, o apagão resultou em um caos no trânsito, com falhas nos semáforos e buzinaços nas ruas. O funcionamento do metrô também foi interrompido e muitos passageiros ficaram bloqueados nos vagões e elevadores. Milhares de pessoas tiveram que voltar a pé para suas casas após o trabalho.

O apagão teve início ontem à tarde, por volta das 15 horas locais e atingiu, além de Caracas, a segunda maior cidade do país, Maracaibo, e o pólo industrial de Valência, além de várias outras localidades de oito Estados. Na capital, muitos habitantes perambulavam à noite pelas ruas, procurando alternativas para voltar para suas casas após o trabalho. Várias pessoas tiveram dificuldade para utilizar seus celulares já que as linhas ficaram congestionadas.

De acordo com o ministro da Eletricidade, Jesse Chacón, a falha que teria originado os cortes de energia teve origem na linha de transmissão San Geronimo – La Arenosa. A eletricidade foi restabelecida à noite, depois de três horas de pane no sistema. No entanto, nem a Corpoelec, a companhia nacional de eletricidade, nem o ministério da Eletricidade, forneceram maiores detalhes sobre o problema.

Os blecautes ocorreram no momento em que o presidente venezuelano, Nicolas Maduro, fazia um discurso em rede nacional de televisão. Quando voltou a entrar no ar, declarou: “Parece que há alguns problemas. Vamos investigar as dificuldades que encontramos no serviço de eletricidade em alguns locais do país”. Horas depois, no final da noite, foi o próprio Maduro quem anunciou que “99% da energia elétrica” havia sido restabelecida na capital.

Pane gigantesca

Este é o segundo apagão nacional em menos de um ano. No dia 3 de dezembro de 2013, uma pane gigantesca no sistema de energia elétrica do centro-oeste da Venezuela atingiu 70% do país durante quatro horas. Segundo Maduro, os cortes seriam “atos de sabotagem”.

Há dois anos, o governo tomou uma série de medidas para estabilizar o fornecimento de energia em nível nacional. O sistema enfrenta problemas frequentes desde a era Chávez devido ao crescimento da demanda e o enfraquecimento dos investimentos no setor, nacionalizado em 2007.

Judiciário fraco na Venezuela prejudica estado de direito, diz grupo de juristas

05. Junho 2014 

Por Stephanie Nebehay

GENEBRA (Reuters) – O sistema judiciário da Venezuela está perseguindo estudantes, dissidentes e juízes, enquanto fecha os olhos para a maioria dos crimes em um país com uma das maiores taxas de homicídio do mundo, disse uma entidade de defesa de direitos humanos nesta quinta-feira.

Cerca de 1.500 estudantes enfrentam processos depois de três meses de protestos de rua neste ano, sem evidências de que eles participaram de qualquer ato criminoso, incluindo cerca de 160 ainda atrás das grades, disse a Comissão Internacional de Juristas (CIJ).

Quarenta e duas pessoas, incluindo 38 civis, foram mortas nas marchas para condenar a criminalidade, inflação e escassez de alimentos na Venezuela. O uso excessivo da força por parte das forças de segurança tem sido documentado, bem como pelo menos 14 casos de tortura.

No entanto, não houve nenhum progresso substancial na investigação desses casos, disse a CIJ.

A independência das instituições judiciais na Venezuela é “muito fraca”, o grupo de juristas com sede em Genebra concluiu em um relatório.

“É de extrema importância que as instituições jurídicas e políticas do Estado – especialmente o Poder Judiciário e o Ministério Público – sejam reforçadas e se tornem o pilar fundamental da democracia, como guardiões do Estado de Direito.”

O líder da oposição Leopoldo López, preso em fevereiro por liderar os protestos, está sendo mantido em isolamento em uma prisão militar pelo governo socialista do presidente Nicolás Maduro, disse a CIJ.

Um juiz em Caracas determinou nesta quinta-feira que López seja julgado por acusações que incluem incêndio criminoso em conexão com os protestos. Quatro estudantes irão a julgamento por acusações similares.

O governo diz que os protestos são parte uma conspiração apoiada pelos Estados Unidos para derrubar o sucessor do falecido presidente Hugo Chávez.

Na maioria, os cerca de 2.000 juízes da Venezuela estão no cargo sem estabilidade e, por isso, são vulneráveis ​​às pressões e às vezes a represálias por parte do governo, do Parlamento ou de outras forças, disse a comissão.

Os promotores também pode ser facilmente demitidos, de acordo com o grupo, que é composto por 60 juízes e advogados.

“LEALDADE POLÍTICA” 

“Há falta de independência dos juízes na Venezuela, começando com o Supremo Tribunal Federal. Nomeações são feitas com base em lealdade política”, disse Carlos Ayala, um professor de direito da Venezuela e membro do Comitê Executivo da CIJ, em entrevista coletiva em Genebra.

“Os juízes são usados ​​para perseguir os dissidentes, ou seja, juízes e promotores são usados contra as pessoas que fazem reivindicações, como líderes sindicais e estudantes”, disse ele.

O país, com 30 milhões de pessoas, é um dos com maior nível de violência no mundo.

(Reportagem de Stephanie Nebehay em Genebra; reportagem adicional de Brian Ellsworth, em Caracas)

Reuters

Venezuela denunciará interferência e ameaças dos EUA à ONU

O governo venezuelano vai denunciar os Estados Unidos à organizações internacionais por “ingerência” e ameaças de sanções contra a Venezuela. De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Elías Jaua, o governo vai formalizar a denúncia na Organização das Nações Unidas (ONU) por violação da Carta das Nações Unidas e na Organização dos Estados Americanos (OEA) por violação da Carta Interamericana.

Jaua anunciou ainda que a Venezuela fará uma denúncia formal perante a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e a União das Nações do Sul (Unasur).

Segundo ele, as denúncias começarão a ser feitas na próxima semana, durante a reunião ordinária dos ministros de Negócios Estrangeiros da Unasur, no Equador.

“Vou apresentar, em nome do presidente, Nicolas Maduro, a primeira denúncia formal com um registro de todas as declarações de ingerência de pessoas como o presidente (dos Estados Unidos, Barack) Obama, o secretário (de Estado, John) Kerry e outros porta-vozes nos assuntos internos da Venezuela”, disse.

Elías Jaua assegurou ainda que nas denúncias também estão incluídas as “ameaças permanentes da aplicação de sanções ou legislação sobre a Venezuela, sem qualquer consideração pelo direito internacional”. 

Fonte: Terra

Venezuela testa lança-foguetes russo

AFP – Agence France-Presse

12/05/2014 

As Forças Armadas venezuelanas realizaram nesta segunda-feira exercícios militares para testar um sistema de lançamento múltiplo de foguetes adquirido recentemente da Rússia, informou o comandante da operação.

Com a manobra, “evidenciamos (…) a capacidade e a tecnologia de nosso sistema de lançamento múltiplo de foguetes, com propulsão própria, que alcança uma distância de aproximadamente 90 quilômetros”, declarou o general Vladimir Padrino López, chefe do Comando Estratégico Operacional (CEO).

Os testes incluíram veículos lançadores de foguetes BM-21 Grad e BM-30 Smerch.

De acordo com Padrino, o novo armamento dará apoio às unidades de manobra, de modo a “destruir, neutralizar ou aniquilar” qualquer alvo. “São sistemas de batalha de última geração”, disse a seus convidados, um grupo de militares colombianos.

Venezuela e Rússia mantêm uma forte aliança política e econômica.

As maiores compras venezuelanas da Rússia foram de armamentos. Também são realizadas regularmente manobras militares conjuntas e visitas a unidades de guerra russas.

 

Venezuela tem novos protestos após prisão de 243 ativistas

 

Manifestante com o rosto pintado protesta contra o Governo venezuelano (foto)

Policiais militares venezue-lanos prenderam na quinta (8) centenas de jovens ativistas e desmontaram acampamentos de protesto contra o presidente Nicolás Maduro, e um policial foi morto a tiros nas manifestações e confrontos que se seguiram em torno de Caracas.

A incursão da Guarda Nacional Bolivariana começou na madrugada e desmontou quatro acampamentos mantidos por ativistas estudantis na capital do país durante três meses de protestos.
Depois da operação, centenas de manifestantes e moradores tomaram as ruas e montaram barricadas, uma tática comum ao longo dos meses de agitação popular. Os protestos haviam diminuído nas últimas semanas, mesmo se confrontos esporádicos continuavam.
Jovens mascarados atiraram pedras e coquetéis molotov, en-quanto a polícia usou gás lacrimogêneo na sofisticada região leste de Caracas. Um policial morreu de ferimentos de bala, disseram autoridades. Testemunhas contaram que os tiros foram disparados dos edifícios em direção às ruas.
“Um atirador matou o policial enquanto ele estava limpando os detritos deixados por estes manifestantes assassinos e violentos”, disse um Maduro sombrio, durante discurso à nação. “Ele foi miseravelmente assassinado.”
Tropas liberaram a região, onde estudantes de todo o país moraram temporariamente em tendas, cantando e tocando violão e exibindo cartazes com slogans contra o governo, tais como “Maduro, assassino”.
“Estas detenções são irresponsáveis , porque este é um protesto pacífico e não estamos tentando derrubar o governo”, disse José Manuel Perez, de 22 anos, um líder estudantil. “Senhor presidente, pense no que está fazendo. Exigimos respeito aos alunos”.
O governo afirmou que os soldados prenderam 243 pessoas em acampamentos que seriam as bases dos protestos violentos. Funcionários exibiram itens apreendidos nos locais, incluindo morteiros e coquetéis molotov.
Entre os detidos estavam uma mulher grávida e “aparentemente” um estrangeiro, disseram autoridades.
Os números oficiais mostram que durante os protestos de fevereiro e março 42 pessoas foram mortas e cerca de 800 ficaram feridas. Cerca de 3.000 pessoas foram presas desde fevereiro. Com as detenções desta quinta-feira, cerca de 450 pessoas ainda estão atrás das grades.

Protestos violentos atingem localidades venezuelanas

por LusaHoje

Os protestos contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro intensificaram-se nas últimas horas em várias localidades da Venezuela, deixando um número indeterminado de feridos, detidos e elevados danos materiais.

Em Caracas, um grupo de manifestantes encapuçados bloqueou a avenida Luís Roche de Altamira, leste da cidade, incendiou uma viatura da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) e tentou sequestrar um camião cisterna, numa ação em que ficou ferido um funcionário da polícia municipal de Chacao.

Em Barquisimeto, a oeste da capital, um grupo de encapuçados cercou durante 10 horas estudantes da Universidade Fermín Toro que protestavam contra o aumento do preço do transporte público.

Os “coletivos armados” (grupos de motociclistas alegadamente simpatizantes da revolução) tentaram várias vezes reprimir o protesto e atiraram engenhos incendiários contra as instalações daquela universidade, provocando um incêndio que provocou danos em vários pisos.

Através das redes sociais estudantes e professores denunciaram que os atacantes roubaram vários computadores dos escritórios e que várias pessoas ficaram feridas, entre elas um estudante que foi baleado.

O comandante dos bombeiros de Iribarrem, Stiven Castillo, disse aos jornalistas que foram atacados com pedras e outros objetos por alegados membros dos ‘coletivos’.

No estado de Carabobo, a oeste de Caracas, residentes em Naguanágua colocaram barricadas em várias ruas e incendiaram pneus. A polícia tentou dispersar os cidadãos mas encontrou resistência. Sete pessoas foram detidas e outras quatro ficaram feridas, entre elas um polícia militar.

Em Guayana, a sudeste de Caracas, pelo menos seis pessoas ficaram feridas, entre elas um oficial de segurança e um guarda nacional, na sequência de confrontos entre estudantes e as forças de segurança junto da Universidade Católica Andrés Bello, quando um grupo de estudantes protestava devido à detenção de um colega.

Já em Maracaibo, a oeste de Caracas, guardas nacionais dispersaram um protesto de universitários que exigiam a libertação de vários companheiros detidos pelas autoridades, junto da Universidade Rafael Urdaneta. Um estudante ficou ferido e 12 foram presos.

Em Táchira, a sudoeste da capital, oito estudantes ficaram feridos durante protestos e outros 10 foram detidos pelas autoridades. Os manifestantes incendiaram um camião de distribuição de gás.

Desde há três meses que se registam protestos diários em várias regiões da Venezuela, contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro devido à crise económica, inflação, escassez de produtos, insegurança, corrupção, alegada ingerência cubana e a repressão por parte de organismos de segurança do Estado.

Os protestos ocorrem ainda contra a politização do ensino e a criminalização do direito de manifestar. Segundo dados não oficiais, 42 faleceram desde o início dos protestos, 6.081 feridos, 22.851 detidos (privados temporariamente de liberdade até serem presentes a um juiz) e 1.682 presos.

Jornalista demite-se de TV que censurou Vargas Llosa

Texto da Lusa, publicado por Lina SantosHoje

A jornalista venezuelana, Shirley Varnagy, disse hoje que se demitiu do canal de televisão privado de notícias Globovisión porque a estação censurou parte de uma entrevista ao escritor peruano, Mário Vargas Llosa, prémio Nobel da Literatura 2012.

“Não transmitiram a entrevista completa que fiz a Vargas Llosa. Não farei silêncio no meu espaço. Até hoje trabalhei em Globovisión”, escreveu na sua conta no Twitter.

Em declarações à imprensa explicou que a parte não transmitida incluía opiniões sobre a política venezuelana e que o último bloco do programa “Shirley” foi submetido a cortes permanentes.

“A liberdade é a minha forma de paz (…) devo agradecer às minhas produtoras que lutaram pela pluralidade e a liberdade de vozes”, frisou.

Férreo crítico das políticas do falecido Presidente Hugo Chávez, o escritor Mário Vargas Llosa visitou recentemente a Venezuela para participar num encontro promovido pelo Centro de Divulgação do Conhecimento Económico para a Liberdade (Cedice) e apoiar os protestos que há quase três meses se registam diariamente no país contra o Governo de Nicolás Maduro.

Na Venezuela são cada vez mais frequentes as queixas de jornalistas de censura na imprensa que, por sua vez, é frequentemente criticada pelo Governo venezuelano.

A Globovisión é um canal privado de notícias da Venezuela fundado em 1994, e transmitindo via satélite para várias operadoras e países da América Latina, Estados Unidos, Caraíbas e Europa, incluindo Portugal.

Crítico do chavismo, o canal passou por uma mudança na linha editorial, em maio de 2013, posicionando-se “mais ao centro” depois de ter sido comprado por três empresários tidos como próximos do chavismo.

A venda abrangeu 80% das ações da empresa, porque os outros 20% tinham sido confiscados pelo Governo, estando em curso ações em tribunais para a sua recuperação.

Pela sua linha editorial crítica do regime, o canal acumulou vários processos administrativos abertos pelo Governo venezuelano que, em várias ocasiões, ameaçou encerrá-lo, além de impor multas através da Comissão Nacional de Telecomunicações.

Uma situação parecida acontece com o consórcio Cadena Capriles, proprietário de vários jornais e revistas, entre eles o diário de maior tiragem do país, Últimas Notícias, que em junho de 2013 foi comprado por um grupo bancário com ligações ao Governo venezuelano.

A oposição acusa o governo de comprar órgãos de comunicação social para implementar uma linha de pensamento único no país.