Pesquisa desvendará detalhes sobre cerâmicas e artefatos em pedras; ossos humanos serão analisados em dezembro
Portal Amazônia
MACAPÁ – As análises dos artefatos encontrados junto às urnas funerárias com três câmaras laterais localizados na comunidade de Curiaú Mirim (distante oito quilômetros de Macapá), em julho deste ano, serão divulgadas em 60 dias. Os achados arqueológicos são estudados há duas semanas pelo Centro de Pesquisas Arqueológicas (CPArq) do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa).
Durante a escavação foram encontradas urnas em cerâmica com restos mortais humanos e de caça, além de bancos e outros artefatos que podem pertencer à etnia Palikur. As primeiras observações indicaram que a datação do achado arqueológico é de mil anos d.C., onde o grupo viveu na área por cerca de 300 anos. O material também indica que o local servia como ponto de troca de mercadorias entre os indígenas de outros lugares como Tapajós e Marajó, no Pará, e escudo das Guianas.
De acordo com o arqueólogo e coordenador da pesquisa, João Saldanha, as primeiras informações vão possibilitar definir com exatidão a origem e os detalhes sobre as cerâmicas e os artefatos em pedras. A princípio, trata-se de material marajoara e ‘cerâmica mazagão’- tipo característico utilizado pelos grupos que habitavam o estuário do rio Amazonas e que serviam para distinguir os grupos sociais que ali viveram. “Assim que as peças foram retiradas do sítio [arqueológico] iniciamos o processo de limpeza e higienização para começar a pesquisa. A conclusão dos estudos ficará pronta em dois anos, em média”, afirmou.
Para a análise dos ossos humanos, o Instituto contará com o apoio do Museu Nacional/UFRJ- a mais antiga instituição científica do Brasil e o maior museu de história natural e antropológica da América Latina. Em uma das urnas escavadas foi encontrado ossos humanos de um indivíduo e restos de fauna como casca de caranguejo e restos de caça, que poderiam ser acompanhamentos funerários dedicados aos mortos- ritual comum na cultura indígena. “Um de nossos funcionários está fazendo estágio no Museu Nacional, onde trabalha a tese de mestrado sobre esse achado no Amapá. Ele acompanhará sua orientadora até ao Amapá para ajudar a explorar as urnas funerárias em dezembro de 2014”, afirmou Saldanha em entrevista ao Portal Amazônia.